Um saneamento político disfarçado de interesse público na Santa Casa

(Carmo Afonso, in Público, 01/05/2024)


O Governo inventou uma narrativa para iludir os portugueses. E combinou tudo com a CML. Nunca o executivo de Moedas tinha feito qualquer comunicado a dar conta de uma insatisfação com a Santa Casa.


Gosta da Estátua de Sal? Click aqui

O comunicado do Governo que anuncia a exoneração da Mesa da Santa Casa da Misericórdia, incluindo a provedora Ana Jorge, contém acusações e considerações gravíssimas sobre a atuação da equipa. Não me ocorre nada mais grave do que afirmar que aquela gestão não se pautava pelo grau de diligência, rigor e transparência que são devidos pelo interesse público. Não fizeram por menos. Basicamente acusaram a Mesa de incompetência e de falta de integridade.

O comunicado é descritivo das situações que identificam como graves e das falhas que imputam à equipa de Ana Jorge, como por exemplo a redução da ação social da instituição. Notou-se uma extrema preocupação com a fundamentação da decisão tomada. É impossível não associar este comunicado ao da vereadora da Câmara Municipal de Lisboa (CML) Sofia Athayde, que, no mesmo dia, denunciou a falta de capacidade da Santa Casa no domínio da ação social. É inegável a concertação. Chega a ser infantil esperarem que os dois comunicados sejam interpretados como sendo uma coincidência.

Assine já

Antes da exoneração foi dada oportunidade a Ana Jorge de apresentar um plano de reestruturação para a Santa Casa. Mas também aqui houve manha. Deram à provedora um prazo de 15 dias para apresentar esse plano e qualquer pessoa que tenha a mínima noção do que é um plano de reestruturação sabe que não é possível fazê-lo em 15 dias.

O Governo montou uma encenação: um comunicado contendo acusações gravíssimas, articulado com outro comunicado, do mesmo dia, da CML, que lhe dava razão e exigiu um prazo que não tinha cumprimento possível. Porquê?

Não é fácil acreditar que estavam a acautelar o interesse público. Do que se sabe a situação financeira da Santa Casa melhorou no último ano, aliás, teve um resultado positivo. E, acima de tudo, quando se age em conformidade com o interesse público não é preciso inventar tanto. Os factos costumam falar por si e não é preciso criá-los.

O Governo inventou uma narrativa para iludir os portugueses. E combinou tudo com a CML. Reparem que nunca o executivo de Moedas tinha feito qualquer comunicado a dar conta de uma insatisfação com os serviços da Santa Casa. Calhou terem-no feito logo no mesmo dia em que o Governo afirmou que “multiplicam-se os alertas de redução significativa da ação social da SCML”. Como é que um executivo camarário está disponível para alinhar nestes esquemas? Bom, deu-se ainda outra improvável coincidência: é que no mesmo dia soubemos dos resultados financeiros do exercício de 2023 da CML e as notícias não eram agradáveis. Um prejuízo de quase 19 milhões de euros. Costa e Medina tinham conseguido pagar as dívidas do município e equilibrar as contas. Carlos Moedas, que parecia ser tão bom com números e contas, não conseguiu melhor do que isto. Mas a verdade é que essa notícia foi eclipsada pelas notícias da exoneração de Ana Jorge. Tudo correu de feição.

Pelo caminho, denegriram o bom nome e a honra de muitos profissionais. A acreditar no comunicado do Governo, esses profissionais não passam de uma cambada de incapazes. O que dá mais graça às afirmações de ontem de Luís Montenegro: “É preciso desdramatizar.” Claro, organizam uma fita para acusar as pessoas de não estarem à altura – em competência técnica, dedicação e código ético – das funções que desempenham e, a seguir, apelam à desdramatização.

Deveriam ter sido os próprios a não dramatizar. Queriam uma equipa com a qual tivessem mais afinidade política? Muito bem. Dispensavam-se as manobras para fazer parecer necessária uma decisão que não era nada necessária. Invocar o interesse público para justificar decisões que se prendem com afinidades políticas (já nem digo pessoais) é de alguma forma uma heresia.

Não é a primeira vez. Também no caso de Fernando Araújo foi criada toda uma narrativa para fazer algo que era simples: afastá-lo do cargo. O Governo parece não ter coragem para afirmar a sua vontade sem rodeios e sem justificações. Essa falta de coragem provoca danos na reputação daqueles que quer afastar dos cargos. A razão para estas atuações é fácil de perceber: o Governo não quer ser acusado de fazer saneamentos políticos.

Mas é péssima estratégia e péssimo procedimento. Além dos saneamentos políticos, que são evidentes, põem-se a jeito para descodificarmos o método calculista, premeditado e pouco sério.

A autora é colunista o PÚBLICO e escreve segundo o novo acordo ortográfico


20 pensamentos sobre “Um saneamento político disfarçado de interesse público na Santa Casa

  1. Por estas e por outras deixei de comprar jornais. Coisa que nunca pensei que aconteceria, mas que, de tantas vezes os pagar e depois de os folhear, nada se aproveitar., deixei de os comprar.

    Sobre o assunto:
    https://paginaum.pt/2024/04/28/chuva-de-milhoes-da-santa-casa-da-misericordia-de-lisboa-ja-chegam-tambem-ao-facebook-e-ao-google/

    Sobre os jornais e os jornalistas, mais um que se cansou:
    https://www.kenklippenstein.com/p/why-im-resigning-from-the-intercept

  2. Até era para falar das armas químicas na Ucrânia…outro embuste do ocidente?
    Europa , o império da mentira!
    Encontraram as armas químicas no Iraque e na Síria?
    Eles estão tão interessados na sua 3ª guerra mundial para os lucros da Blakrock e Vanguard.
    Os EUA não estão a anunciar “armas de destruição maciça” na Rússia? Traz-me recordações! Estamos num impasse….
    O truque das armas químicas, eles ainda não o fizeram? que comediantes os EUA são… é pena que tenham importado os seus fantoches para nós…
    Os EUA já não têm crédito!

    É uma grande coisa!
    De trinta em trinta anos, os EUA fazem a mesma coisa!
    Desde o Iraque e o frasco…
    Felizmente, desde então, o “mijo” do Collin Pauwel lá dentro tem de estar estragado!
    Estamos à espera que Colin Powell, desculpem, queria dizer Antony Blinken, nos mostre as amostras!

    Falemos disto depois!

    Voltando ao tema : Os cidadãos estão a dormir. Sem reação… Nem sequer para defender os seus filhos, o seu futuro, a sua saúde, as suas esperanças. São como autómatos, cujo sistema está parado…. Temos a estranha impressão de que vivem em câmara lenta, vendo e ouvindo apenas o que se pode ouvir e ver, com um tal distanciamento que temos vontade de os abanar, ao mesmo tempo que tememos que se desintegrem perante os nossos olhos…

    Perante isto penso que a corrupção não é um partido político, é um “sistema”.

    Quando penso que os nossos líderes dão lições aos líderes africanos!

    A corrupção pode não ser um desporto, mas é uma competição entre políticos e elites.

    E nem sequer escrevo do aspecto moral de tudo isto…

    É claro que, quando um sistema é corrupto, é difícil reformá-lo, porque os corruptos não estão destinados a “suicidar-se” numa altura em que dispõem de todos os meios para aumentar a sua vantagem. Um sistema mais virtuoso é possível em caso de crise e de mudança de regime, porque os “não corrompidos” podem aceder ao poder, mas, mais cedo ou mais tarde, a corrupção voltará a infiltrar-se para minar os instrumentos criados para a conter. É inevitável.
    Nesta perspetiva, os “virtuosos” podem ser levados a acreditar que não há outra alternativa senão utilizar as ferramentas dos corruptos para tornar a batalha mais igualitária, porque quem tem como armas apenas a verdade e a honestidade é impotente face a quem tem também a mentira, a manipulação, a batota e a corrupção.

    Isto é uma guerra de clãs!

    • “Perante isto penso que a corrupção não é um partido político, é um “sistema”.
      (…)
      A corrupção pode não ser um desporto, mas é uma competição entre políticos e elites.”

      De vez em quando lá te distrais, escorregas e estatelas-te ao comprido, mas continua assim que vais bem. Uma coisa te garanto, o Ventrulhas assina por baixo. Les beaux esprits…

  3. Quando muita gente fala contra o facto que garantem ser verdade de que os funcionários públicos são todos uns malandros porque não podem ser despedidos como no privado deviam pensar em coisinhas destas.
    Sempre que o Governo muda das se a viradeira, gente nomeada pelo anterior Governo é defenestrada e o novo Governo instala os seus próprios boys. Os Governos mais a direita são bastante eficientes nisso porque são também quem trata de temperar a coisa com calúnia pura e simples contra os defenestrados.
    Trata se de denegrir de tal forma que até tornará difícil encontrar um cargo noutro lado.
    E provavelmente a pensar nessas coisas que os cargos de concurso são praticamente blindados e não é fácil por o sujeito no olho da tua.
    Imaginem um Governo que manifesta toda esta energia na substituição dos Boys pelos seus próprios a poder fazer o mesmo em relação ao mais raso soldado da GNR ou da polícia, aos funcionários da administração pública em geral dos funcionários não docentes das escolas, aos das Conservatórias, finanças e assim por diante. Era o paralisar do país enquanto os boys do Governo entravam e outros procurariam outro emprego, suicidavam se ou emigravam. Uma confusão de todo o tamanho.
    Quem tratou de blindar os contratos efectivos na função pública não estava a fazer favor nenhum aos funcionários. Estava a prever coisinhas destas. Se cada vez que muda o Governo se pudessem defenestrar todos os funcionarios da administração pública era uma confusão de todo o tamanho e a paralisia de um país. E com um Governo como o actual seria mesmo uma confusão de todo o tamanho.
    Não tenho qualquer simpatia pela senhora Ana Gomes que está agora a provar o remédio que deu ao jornalista Bruno Carvalho quando o desgraçado ainda estava na Ucrânia pondo o homem a ter ainda mais possibilidade que lhe acontecesse o que aconteceu a Gonzalo Lira se caísse nas unhas dos ucronazis.
    Mas o que lhes está a ser feito é uma canalhice. É ponto assente que quando o Governo muda o novo Governo tem direito de colocar os seus próprios boys em lugares de nomeação. Não é preciso recorrer a baixaria mas já Passos Coelho o tinha feito. Há coisas que nunca mudam.

  4. A provedora da Santa Casa da Misericórdia demitida pela nova quadrilha do pote não é a Ana Gomes mas sim a Ana Jorge. Que eu saiba, Ana Jorge nunca desbocou fosse o que fosse, pelo menos em público, sobre Bruno Amaral de Carvalho, como fez Ana Gomes naquele vergonhoso acto público de bufaria.

  5. Pois não, não é a maoista convertida em defensora do ladrão do FCP, Rui qualquer coisa.
    Ahhh! já me lembro, Pinto. Mais um Pinto e mais PS’s à mistura.
    Assange?
    Num conheço! como diria o Papa Negro agora corrido numa eleição.

    Esta Ana foi ministra da”vacinas” na Gripe Aviária (2004), e ao que consta não a tomou, burra seria ela. As “vacinas” da negociata, essas foram para o lixo.
    Claro que desta vez o algoritmo, que é quem governa e manda, estava afinado e foi a Ditadura Sanitária do Costa, que se viu. O castigo que teve, foi ter que governar em maioria, com muita pena da “esquerda” que não se enxerga.

    Foi corrida e bem corrida.
    Dos anteriores espertalhões que assentaram a bunda na SCML, o que é que os jornaleiros dizem?
    Ahhhhh! a ética… os princípios… as maneiras …. os modos….

    O Grande Timoneiro (marca registada em nome do Camarada Mao Tse-tung) lá disse: ”
    “A revolução não é o convite para um jantar, nem a composição de uma obra literária, nem a pintura de um quadro ou a confeção de um bordado, ela não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa. A revolução é uma insurreição, é um acto de violência pelo qual uma classe derruba a outra.”

    • As voltas que a tua mente retorcida dá para expelir esses grupúsculos de ideias que tentas organizar em texto são um caso de estudo psiquiátrico.
      A tua sociopatia manifesta-se na forma como desdenhas comunistas (a ofensa proibida de dirigir ao senhor capelão), para logo a seguir estares a citar tiradas do Mao porque servem para justificar (ou ilustrar) um saneamento político feito pelo governo da Aliança Plutocrática. E do Ministro da Demag… Defesa e o seu exímio plano de alistar delinquentes nas Forças Armadas, não arranjas aí uma citação do Estaline que demonstre ser o camarada Nuno Melo digno herdeiro dos pergaminhos revolucionários?

  6. Correcção:
    Em vez de Gripe Aviária (2004), leia-se Gripe A (2009). Gripe suína.
    Em 2004 o ministro era um economista, Luís Filipe Pereira.

  7. Seja como for,nunca compreendi porque um funcionário da santa casa ganha muito bem,como outros funcionários de outras instituições…Nunca compreendi porque esta gente que na maioria das vezes nunca deu provas de nada(seja quem for) são promovidas a chefes e afins…Se isto não é corrupção o que é?Nunca compreendi porque os deputados de Bruxelas tiveram um aumento de 30% e os trablhadores quase zero…Se isto não é corrupção então o que é? Nunca compreendi porque a lei vai sempre a favor dos politicos e dos ricos e nunca a favor do povo,se isto não é corrupção então o que é? Nunca compreendi porque eu como trabalhador com os meus impostos em dia porque tenho menos privilégios que um funcionário publico,esou eu que trabalho para esse mesmo funcionário,se isso não é corrupção então o que é?

    Nas cãmaras municipais o festim através dos patos bravos é uma alegria,parecem piranhas.

    Quando o Império Romano estava no seu apogeu, era a maior administração humana que o mundo havia visto. A legislação romana era tão eficaz, que ainda é a base do código jurídico de muitos países. Apesar das consecuções de Roma, porém, suas legiões não foram capazes de vencer um inimigo traiçoeiro: a corrupção. Por fim, a corrupção acelerou a queda de Roma.

    Vemos a corrupção em todos os níveis da sociedade. Seja no governo, na ciência, no desporto, na religião, ou nos negócios, a corrupção parece fora de controle.

    Muitos que se comprometeram a servir aos interesses do povo são expostos como cuidando de seus próprios interesses por receber suborno . Os chamados crimes de colarinho branco tornaram-se generalizados. Cada vez mais pessoas da alta sociedade ou de bom poder aquisitivo cometem violações éticas e criminais sérias no exercício da profissão.

    Há uma preocupação crescente com o que uma revista européia descreve como “‘corrupção nas altas esferas — prática em que funcionários de alto escalão, ministros, e com muita freqüência, chefes de estado exigem subornos antes de aprovar compras de vulto e projetos grandes”. Num certo país, “dois anos de investigação policial e detenções quase que diárias não frearam os corruptos incorrigíveis”, declarou a revista britânica The Economist.

    A maioria das pessoas simplesmente a ignora. Mas mesmo que a ignore, serão sempre prejudicados. Como?

    Tanto a corrupção nos altos escalões como a que ocorre em pequena escala aumentam o custo de vida, baixam a qualidade dos produtos, e fazem com que haja menos empregos e os salários sejam mais baixos. Para exemplificar, estima-se que crimes como apropriação indébita e fraude acarretam uma perda pelo menos dez vezes maior do que o arrombamento de casas, assalto e roubo combinados. The New Encyclopædia Britannica declarou que “o custo do crime corporativo nos Estados Unidos tem sido estimado em duzentos bilhões de dólares por ano — três vezes mais que o crime organizado”.

    A corrupção tem ficado tão generalizada e tão sofisticada, que ameaça minar a própria estrutura da sociedade. Em alguns lugares não se consegue nada sem dar suborno. Quando se suborna a pessoa certa, consegue-se passar em exames, fechar um contrato .

    Com o aumento da escala desta corrupção, as conseqüências se tornaram catastróficas. Diz-se que na década que passou, o capitalismo de “camaradagem” — práticas corruptas de negócios, que favorecem uns poucos privilegiados com quem se tem bom relacionamento — arruinou a economia de países inteiros.

    É inevitável que os que mais sofrem com a corrupção e a devastação econômica que causa são os pobres …aqueles que raras vezes estão em condições de subornar alguém…a corrupção é apenas uma forma de opressão. Pode-se superar este tipo de opressão ou é a corrupção inescapável? Para obter as respostas a estas perguntas temos de primeiro identificar algumas das causas fundamentais da corrupção.

    Por que preferem algumas pessoas ser corruptas em vez de honestas? No caso de algumas delas, ser corruptas pode ser o modo mais fácil, ou mesmo o único modo, de conseguirem o que querem. Às vezes, um suborno pode ser o meio conveniente de evitar de ser punido.

    Ao passo que a corrupção aumenta vertiginosamente, ela se torna cada vez mais aceitável até se tornar, por fim, um modo de vida. Aqueles que têm uma renda lamentavelmente baixa acham que não têm outra opção. Precisam exigir subornos se querem uma renda satisfatória. E quando aqueles que exigem subornos ou os pagam para conseguir uma vantagem injusta escapam da punição, poucos estão preparados para ir contra a maré.

    Duas forças poderosas continuam a atiçar o fogo da corrupção: o egoísmo e a ganância. Por causa do egoísmo, os corruptos fecham os olhos ao sofrimento que sua corrupção causa a outros, e eles justificam o suborno simplesmente porque tiram proveito dele. Quanto mais benefícios materiais derivam, tanto mais gananciosos se tornam esses praticantes da corrupção.

    As consequências da corrupção estão em toda a parte. David Cameron, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, disse o seguinte: “A corrupção é uma teia grande e complexa — e todos os países acabam presos nela.”

    O grau de corrupção é assustador!

    • Exemplo paradigmático de corrupção é o copy paste implicitamente apresentado como autoria própria, a apropriação de textos de outrem exibidos como ideias originais. Chama-se plágio e não há melhor exemplo de corrupção, corrupção moral, mesmo que o seu autor não receba pela proeza notas de banco ou qualquer tipo de vantagem material. O plagiador é um corrupto e sobre corrupção nada do que um corrupto diga interessa a ninguém.

      • Enfim quando não agrada é copy paste,ou outra coisa qualquer…Já sabemos como é,não sou funcionário publico!Que tenho um certo repúdio de gente que pensa que está acima dos outros,isso tenho…Tenho uma filha ciêntista num laboratório da europa e nem imaginam a diferença de tratamento entre os filhos dos funcionários publicos e dos trabalhadores comuns…Não sei que lições me querem dar,talvez do copy paste,não há mais nada!

        • Um laboratório da Europa, presumo que não seja em Portugal. Um caso familiar, no estrangeiro, mas nós em Portugal não riscamos nada na política dos nossos “parceiros” europeus.
          Por cá, onde ainda riscamos alguma coisa, vejo os polícias a manifestarem-se a qualquer hora (gostam muito de cantar o hino e usar a bandeira, como se isso os fizesse ter mais legitimidade reinvidicativa que outros sectores do Estado), vejo os professores que querem melhoradas as repostas as horas/remunerações e progressões de carreira, e também é do sector público que se trata.
          Vejo os enfermeiros e os médicos e o pessoal dos hospitais, vejo os funcionários judiciais, todos funcionários públicos.
          Não digo que não haja sectores do privado igualmente injustiçados, mas o que não falta são funcionários públicos que ficaram congelados uma década ou mais. Nem todos são gestores ou directores administrativos da Santa Casa a ganhar balúrdios, às vezes parece que não se tem noção da proporção das coisas, apesar de haver situações absurdas ou cuja discrepância é fora do normal.
          Quanto aos textos, eu até costumo ler, pois contêm elementos e perspectivas interessantes, além de alguns dados e fundamentação, mas é verdade que por vezes parecem gerados num qualquer motor de busca e compostos com recurso a inteligência artificial, ou com passagens que parecem traduções automáticas de uma língua exótica.
          Mas pronto, cada um vê as coisas da sua maneira… desde que os níveis de mitomania e demagogia não ultrapassem os limites…

          • Já agora, outros que também gostam muito de cantar o hino e usar o escudo e a bandeira e as 5 quinas (não 7 como diz o “cientista” Sebastião Bogalho) são os manifestantes de extrema-direita. Muitos deles também devem ser funcionários públicos, deve haver lá estivadores, militares ou ex-militares, desempregados também… arrisco a dizer que metade deles (ou mais) trabalham para o estado…
            Para concluir quanto aos textos, por vezes também fica a sensação de alguma indefinição ideológica, e eu até compreendo em certa medida, há que manter o espírito crítico e a liberdade de posicionamento, e eu próprio também não sou partidário, mas por vezes surgem confusões típicas do discurso dos alt-right e QAnon, que são quase sempre distorções americanizadas de realidades que têm outras causas e fenomenologias, e que não passam de manipulações sem grande substância intelectual, facilmente desmontáveis. São as chamadas psy-ops e guerras cibernéticas de bots, clones e papagaios de arribação. Aí é que está o problema, quando se perde a capacidade de filtrar e perceber o conteúdo objectivo da informação…

            • “Quanto aos textos”, a sensação com que ficas é igual à minha, já vem de longe e por isso fiz o “diagnóstico” que fiz. Um dos sintomas mais notórios é o brasilês de parágrafos inteiros, inclusivamente com acentos circunflexos onde por cá usamos acentos agudos. De outras vezes, a construção frásica nitidamente espanhola, apesar de escrita em português (aí, ao menos, houve algum “trabalho” de tradução). E, last but not least, por vezes extensos bocados formalmente impecáveis, num “autor” que quando se mete a criar do próprio bestunto nos apresenta por vezes um festival de pontapés na coerência e na lógica só explicável por um curto-circuito nos neurónios. E é claro que não me estou a referir às citações como tal identificadas, com aspas e indicação do autor, que por vezes também aparecem e de que nada há a dizer.

              • Sim, mais pormenor menos pormenor é essa a sensação, apesar de ser um pouco mais tolerante. Mas esta história do caso pessoal de um familiar no estrangeiro (que país, que cultura, que ambiente político, que governantes?) servir para tirar ilações gerais entre o público e o privado também não colhe grande adesão da minha parte, e outros argumentos do género em que se parte de um caso particular e se generaliza como se fosse a situação prevalecente, e como se a subjectividade se sobrepusesse à objectividade da análise.
                É a mesma forma que os propagandistas de extrema-direita utilizam, pegando sempre em casos de pessoas “racializadas” (estúpida expressão, mas faço-me entender), mais ou menos expressivos e frequentes, e omitindo sempre os crimes e atentados e abusos cometidos por pessoas de extrema-direita (ainda agora se apanhou aquele cibernauta de 17 anos que organizava e expunha coisas do arco da velha, entre elas conteúdos de pedofilia, abusos e violência contra pessoas e animais, e propaganda nazi). Aí já os propagandistas assobiam para o lado. Serão “pecados por omissão”? O problema é mais recorrerem a casos peculiares para tomar o todo (dos imigrantes, dos estrangeiros, das pessoas de outras etnias, origens e religiões) pela parte.
                E quem usa esses métodos para mim é uma de duas coisas: um idiota, um patego ou então um propagandista, um manipulador de idiotas e pategos.
                Não creio que seja esse o caso, apenas ressalvo que há coisas que não concordo.
                E no entanto penso que ele tem alguma razão quando fala da corrupção generalizada nas e das instituições, ou melhor, nas pessoas que as controlam e fazem funcionar.
                Mas isso pode ter muitas causas, cada fenómeno é um fenómeno, cada caso é um caso, e conclusões precipitadas, como referi atrás,. não servem para os perceber e solucionar.

                • Corrupção existe, no público e no privado, sempre existiu e existirá, não me passa pela cabeça negá-lo, e deve ser denunciada e combatida. Mas trata-se, cá como em todo o lado, de casos pontuais, nuns países menos, noutros mais, não assumindo a forma generalizada, de cancro metastizado em último grau, com que as trompetas deste herói atroam os ares. O mesmo vale para a corrupção “dos políticos” (vade retro!), que seriam todos, “por inerência”, uma cambada de corruptos, com que as ditas trombetas nos rebentam os tímpanos. Isso é conversa de demagogo, de extrema-direita, de Ventrulhas aldrabão, de “taxista” para quem a solução é o homem providencial, incorruptível, perfeito, D. Sebastião parido em Santa Comba Dão, que vai meter os políticos corruptos na ordem, salvar o país e levar-nos todos à terra do leite e do mel. É paleio bom para arregimentar borregos, mas, para mim, é sintoma de gato escondido com o rabo de fora. Quando se entusiasma, a criatura até parece mais rabo escondido com o gato todinho de fora, diga-se. Só ainda não percebi se é apenas um ego desmesurado, que deseja muito, mas mesmo muito, desesperadamente, ser amado, e por isso tenta despejar, incansavelmente, quilometricamente, o que sabe que, neste blogue, será positivamente apreciado, ou se se se trata de um provocador, de um infiltrado.

  8. Pois, amigo Joaquim. Apresento as minhas desculpas pelo engano. Confundi as Anas. A verdade é que como não vejo telejornais desde 2011, e da célebre atoarda do Dentinho sobre a malta de Tripoli não vir para a rua por estar muito calor, não conhecia fisicamente a provedora da Santa Casa da Misericórdia e confundi “Jorge” com “Gomes”. Efectivamente a provedora da Santa Casa vilmente exonerada nada tem a ver com a truculenta senhora que pôs a vida de um seu compatriota em risco.
    Quando nos metemos a comentadeiros as vezes metemos a pata na poca. Foi o caso.

    • Amigo Whale, se eu tivesse notas de cem por cada vez que meto a pata na poça, podia jantar fora muito mais vezes do que faço actualmente.

  9. Quando uma pessoa “racializada” comete um atentado, especialmente se se tratar de gente “islamica” vai tudo dentro. Vai a família toda e até o piriquito se tiverem um. Porque tinham obrigação de saber o que o malandro estava a preparar e sabiam, porque de certeza são seus cúmplices, porque de certeza foram eles que o radicalizaram simplesmente por manterem a sua religião e a sua cultura apesar de terem emigrado.
    Como se os tugas quando emigravam para países protestantes abandonassem o catolicismo para se fazerem evangélicos. Podiam fazer isso um ou outro mas a regra não era essa. Por isso não sei bem porque deveriam os muçulmanos lá porque emigram mamar copos e ir a missa, fazer se cristaos.
    Mas o que é certo é que se fizerem uma ate o cão vai preso.
    No caso dos sionistas e ainda pior. Se, alguém protagonizar um atentado o melhor que a família que resta tem a fazer é sair rapidamente da casa. Porque antes do dia acabar as Forças de Destruição de Israel e os seus buldozers vão estar lá e aí de quem esteja na casa.
    Já no caso dos atentados de extrema direita a feira sai barata.
    E sempre um acto isolado. Nunca houve um familiar, um amigo, alguém que o radicalizou.A não ser o autor do atentado ninguém e preso ou morto.
    Garantidamente ele começou a imaginar coisas sozinho, fez mesmo tudo sozinho.
    Depois é o deixar acontecer e depois chorar lágrimas de crocodilo.
    Como nos massacres em duas mesquitas na Nova Zelândia.
    A Nova Zelandia é um estado policial onde a polícia não parece ter mais nada que fazer a não ser parar as pessoas na rua a perguntar quem são, onde moram e para onde vao.
    Um australiano chega ao país, encomenda via correio um arsenal dos diabos e ninguém desconfia que aquilo não é para ir aos coelhos.
    Acredito que os pobres polícias que acorreram ao local, alguns dos quais desataram a chorar ao ver o cenário dantesco, não soubessem de nada. Mas alguém tinha obrigação de ter desconfiado.
    Se o homem fosse “racializado” poderia, encomendar um arsenal daqueles sem ninguém lhe pedir contas? Pensariam que era so para fazer tiro ao alvo ou ir a caça?
    Se persistirmos nessa ideia os atentados extremistas de direita cada vez serão mais.
    Quanto ao caso do tuga que orquestrou massacres em escolas de São Paulo e simplesmente perturbador. Que alguém que certamente não gosta de brasileiros por cá arrange maneira de os matar na sua própria terra. Que a extrema direita chegue a esse ponto. Não chega matar os que para cá vêem, vamos mata Los nas suas terras para que não venham.
    E assustador também porque continuamos a ser um país de emigrantes e não convinha nada que um alemão, inglês ou francês tivesse a mesma ideia.
    E nem sequer saberemos ao certo quantos morreram por instigação deste tuga. Um reporter dizia ontem que a divulgação de casos destes era perturbadora para quase todos mas para outras mentes perturbadas poderia ser um evento multiplicador. E o homem tem razão pois que se este bandido fosse o único o resultado das eleições tinha de ser outro. Assim foi aquilo que se viu.
    A mim é que até me arrepia pensar nisto de matar as pessoas na sua própria terra, na sua escola, a partir da casa do catano mais velho.
    Mas enquanto continuarmos a tratar a extrema direita é os seus crimes como uma sucesso de actos isolados coisas destas vão se mesmo multiplicar porque as consequências valem a pena.
    No caso deste energumeno é esperar que nenhum juiz tenha consideração pela sua pouca idade. Sao 25 anos de cadeia e se tiver mesmo de sair com dois terços da pena pois que seja mas não antes.
    A extrema direita é um perigo maior nas nossas sociedades que qualquer terrorismo “racializado”. Porque ainda por cima ganha eleições.
    E se nas escolas não tivessem perdido tempo a duabolizar a União Soviética e o comunismo e a branquear o fascismo e o nazismo nas aulas de história talvez não tivéssemos chegado aqui.
    A ter de fazer das tripas coração para não baixar a cara de vergonha quando vir um brazuca na rua. Porque alguém na minha terra cometeu uma barbaridade que não pensei possível.
    Uma coisa é espancar ou matar um desgracado aqui. Outra coisa é dizer lhes que por cometerem o crime de emigrar para cá nem na sua terra estão a salvo. Como se a sua própria criminalidade não lhes chegasse.
    Que é também para fugir a ela que muitos emigram. Ou alguém acha que os brazucas amam o frio assassino que por cá faz em metade do ano?
    E que se Portugal é temperado se comparado com países europeus mais a Norte para quem vem do Brasil, é um inferno dos índios apache em metade do ano. É a Alemanha deles. Por isso se esfolam para tentar juntar algum porque nenhum quer envelhecer ou morrer aqui.
    E ainda teem de levar com grunhos que acham boa ideia mata Los antes de virem. Porca de vida.

  10. Manobra de interesses. Afastam com artimanaha os presentes profissionais, para deitar a mão mais facilmente !…ao que por detrás escondem!…

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.