Aos betos da IL  e ao povo neoliberal que não sabe que o é!

(Hugo Dionísio, in CanalFactual, 11/12/2023)

Como se esperava, Milei veio com a teoria do choque. Quem não a conhece? Quem não a esperaria? Talvez os betos da IL e demais liberais. A técnica desta gente é sempre a mesma: “Agora é que é”; “primeiro vai doer muito, mas depois vai sarar”… Para todos descobrirmos, uma e outra vez, que o “Agora” quer dizer “para sempre” e o “depois vai sarar” quer dizer “amputação”. Como charlatanice que é, para o pobre enganar, enquanto o rico mais rico fica, só resta continuar a enganar… Uma e outra vez! Como o bruxo com a sua bola de cristal. Só que desta, o bruxo usa fatinho azul, camisinha branca e cabelinho lambido.

A teoria do choque é a teoria mais praticada nos últimos 60 anos, com menos resultados obtidos. É como a terra prometida de Israel; para eles, o céu, para os outros um inferno. O liberalismo e a teoria do choque nem no papel funcionam. O que é grave e demonstra a charlatanice, em que consiste. Ainda parece que estou a ouvir Portas (ex-governante do CDS da direita cristã e reacionária) dizer que Bolsonaro só poderia acertar… Também ouvi dizer o mesmo de Milei… Dos mesmos de sempre… Daqueles que os ricos contratam para serem apresentados aos pobres comos eus salvadores.

Imaginem um cientista fazer a mesma experiência todos os dias, sempre da mesma forma, à espera de resultados diferentes! Os liberais prometem sempre o paraíso, mas ele só chega para os 10% mais ricos… Invariavelmente. Para os outros, um inferno sem fim!

Agora que sabemos vir aí borrasca da grossa para o povo argentino, quer ver o que vêm dizer os betos da IL e os liberais do costume, quando tudo começar a dar para o torto. Para começar, um deles, já veio dizer que não é neoliberal. Só me resta dizer: coitado, quer governar um país e nós sabemos melhor o que ele é, do que ele próprio.

Vai uma lição rápida: o liberalismo, como doutrina económica, surgiu no século XVIII, em pleno iluminismo. Foi muito moderno, há 300 anos! O que nos apresentam como moderno, é a coisa mais bafienta que podemos imaginar! Pior que isto só a salvação das almas e a inquisição. Que era a teoria da pilhagem, quando ainda não se chamava teoria do choque.

Para os betos que criticam o PCP de ultrapassado… Como teoria económica e social, o Marxismo é muito mais moderno (século XIX) e, falando de modelo orgânico partidário, o partido de novo tipo idealizado por Lenine, é o mais moderno de todos. Os partidos “liberais” adoptam todos uma estrutura orgânica, com pelo menos 300 anos, se não quisermos ir à Roma da República ou à Grécia de Sócrates.

À data, perante o advento dos ideais de libertação (na revolução francesa), os fisiocratas (os que consideram deverem ser os proprietários a governar) foram obrigados a encontrar uma forma mais suave de dizer: a burguesia tem de ter acesso livre ao dinheiro e à riqueza. A forma encontrada foi o liberalismo, cruzando-o com o laicismo, os direitos individuais e a “democracia” liberal.

De lá para cá, nunca o liberalismo funcionou para os pobres. Como doutrina de exploração, elevou a base material e deu gás ao capitalismo, contudo, nunca libertou os pobres da pobreza. Os países mais liberais, são também os que mais miséria têm. Vejam-se os EUA, Colômbia, Inglaterra… Quanto mais liberalismo, menos estado, quanto menos estado, menos capacidade de redistribuir riqueza produzida com o trabalho. É assim. Quanto mais pesa o estado na economia, melhor para os pobres, desde que o estado seja bem governado, claro.

E a história prova também que o liberalismo económico é compatível com o fascismo. Pinochet e as ditaduras sul-americanas do século passado estão para a história humana da economia, como os campos de concentração nazis para a história política. Nunca o deveríamos repetir, não obstante, há sempre alguém que, por ganância, o prometa. Israel reergue o nazismo, Milei, a IL e os liberais do costume, reerguem as piores facetas de terrorismo económico. Sendo que, o nazismo e o sionismo também convivem com o terrorismo económico liberal. Israel é um exemplo disso mesmo, o único país da OCDE que consagra 6 dias semanais de trabalho e 45 horas de período normal de trabalho semanal.

A determinada altura, perante a falência teórica do liberalismo, surgiu o neoliberalismo (consenso de Washington). Sabendo-se, de ciência certa, que aquele liberalismo, idealizado por Adam Smith, de pequenas empresas e concorrência leal, era uma utopia, devido à tendência para a concentração da riqueza… Os neoliberais assumiram, frontalmente, a sua contenda: o estado é um inimigo pois usa dinheiro que poderia ser nosso! Com a queda da URSS já se podiam dar ao luxo de passar à fase seguinte do processo de exploração: a da pilhagem dos seus próprios povos e em ritmo acelerado.

A partir daí surgiram os Chicago Boys de Friedman e a teoria do choque económico. O liberalismo falhou? Não faz mal, damos-lhes com liberalismo a decuplicar. Os resultados são conhecidos no mundo inteiro. Ricos muito mais ricos, pobres ainda mais pobres, em qualidade e em quantidade. Não existe um único exemplo para ser apresentado, como exemplo de sucesso. Todos os exemplos de liberalismo, que os liberais e os superbetos da IL, utilizam, não passam de exemplos de economias liberais limitadas por estados providência (Holanda, países escandinavos…). Ora, das duas, qual é aquela que os superbetos não gostam? Vejam lá se os superbetos pegam em exemplos dos EUA, Colômbia, ou Chile de Pinochet, ou da Rússia de Ieltsin? Está quieto!

Não obstante, os betos da IL, não sei se por falta de estudo, de inteligência ou por viverem em circuito fechado – entre CEO’s, COO, CTO, CFO e outros C’s que só servem para se distinguirem e competirem selvaticamente uns com os outros, enquanto quem neles manda esfrega as mãos de contente, para, de forma tão fácil, lhes entregarem as suas vidas, em prol da sua riqueza – foram a correr dar os parabéns a Milei

Ou seja, foram a correr dar os parabéns a alguém que prometeu ainda mais inferno, quando há uma semana ganhou umas eleições a prometer o céu!

Claro que, com tal atitude, não apenas comprovaram a inexistente distância entre as doutrinas reaccionárias e o liberalismo que advogam, como demonstraram, também, o que pretendem, realmente, para o país que dizem querer governar.

 Milei não enganou ninguém. Trabalhar para o Fórum Económico Mundial é a chancela top do governante neoliberal. Se não o for, não trabalha lá. Ponto Final.

Mas Milei também foi dando muita informação sobe as suas pretensões económicas. Nada que assustasse os betos da IL. Todos sabemos que são filhos de Passos Coelho e companhia. Se na troika pudemos ter um cheirinho do que é a governação neoliberal, com Milei, provavelmente, depois de Chile, Brasil, Argentina, Rússia, e muitos outros, vamos voltar a presenciar ao vivo e a cores o terrorismo económico em prática: a teoria do choque!

Parece que já estou a ver o betos da IL e demais liberais da praça (que vão do PS/Livre ao Chega (nuances relativas aos costumes à parte)) a darem o dito pelo não dito e dizerem: a culpa não é de Milei, a culpa é de quem não o deixou trabalhar! Deles é que nunca é!

Como têm dinheiro, a comunicação social, as redes sociais e os comentadeiros da ordem, não obstante o logro, lá irão continuando a prometer o que não defendem e a defender o que nunca prometem, mas querem concretizar. No final, o rebanho neles continuará a votar e todos ficarão contentes, porque é a “democracia”.

Não fiquem, pois, em choque!

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10 pensamentos sobre “Aos betos da IL  e ao povo neoliberal que não sabe que o é!

  1. Tenho que sempre explicar?!!!
    «o rico mais rico fica»
    Essa é a função social do rico: aplicar com sucesso o seu capital, não desbaratar o rendimento e, consequentemente, enriquecer!

    Invejosos e idiotas que queriam ver os ricos empobrecerem, o que seria um desastre!

  2. O rico mais rico fica porque muitas vezes foge aos impostos e explora quem trabalha. Para além de muitas vezes andar a mamar na teta do Estádo. Nada mais que isso. Não se trate de investir, ser poupadinho mas sim de extrair o mais possível.
    Mas para os neoliberais não se pode dizer isso. É tudo inveja, dizer que os grandes grupos económicos portugueses transferiram as suas sedes para paraísos fiscais como os Países Baixos para fugir ao nosso fisco e, claro, só inveja.
    Mhita gente acha isso normal é diz, “eu fazia o mesmo”. Mas depois queixas se que paga muitos impostos e entra na Repartição de Finanças a chamar ladrao ao desgracado que está atrás do balcão.
    E depois quem precisa de tratamento psiquiátrico é quem não acha isto normal.
    Em vez de irem todos fazer uma monumental cagada no dia da 10 de Março condenando a miséria neoliberal quase toda a população não querem emigrar para a Argentina?
    O liberalismo é uma m**da que só foi bom quando foi alternativa ao direito de pernada medieval e não se falava dessas paneleirices de reformas na velhice e sistemas de saúde universais.
    Na realizade o liberalismo é a lei da selva nas cidades de betão. Ou nas casas de madeira dos guetos para onde são lançados os pobres.
    Por isso o liberalismo se deu bem nas sangrentas ditaduras da América Latina. Porque a verdade é que o abandono a que o liberalismo puro e duro vota a maior parte da população so pode ser imposto com muita porrada. O liberalismo, que tanta liberdade promete, só pode ser imposto pela lei da porrada. O resto é conversa para boi dormir.
    E muita gente dorme porque o liberalismo lhes promete que não vão pagar impostos. Para depois lhes dizerem que as empresas a quem devem os seus salários miseráveis precisam de dinheiro e esse so pode provir dos seus impostos. E é quando os protestos surgem que o cacete bate com força. O estado polícia de que os liberais do Século XIX reconheciam que precisavam. Porque eles já sabiam a miséria a que boa parte da população ia estar votada e que seria preciso calar as revoltas. A ferro e fogo.
    Senhores neoliberais. Vao ver se o mar dá choco.

  3. Na Coreia do Sul, país da OCDE, até 2017 o horário de trabalho era de 68 horas semanais , em seis dias, ou seja 11h30min por jornada de trabalho. De 2017 a 2023 ,face à miséria exsitencial derivada do facto, o governo sul coreano legislou que a o horário semanal de trabalho passaria a 52 horas. Recentemente, pretendem voltar às 68 hoas. Na vizinha Coreia do Norte o horário de trabalho é de 40 horas semanais. Enfim….

  4. Pelo que conheço dos betos, tesos que nem um carapau fresquinho na lota.

    A bem falar, precisam mais do estado que os restantes para evitarem a ignomínia de cairem no proletariado.

    Por isso medram nas carreiras especiais.

  5. “A toda a parte chegam os vampiros
    Pousam nos prédios, pousam nas calçadas
    Trazem no ventre despojos antigos
    Mas nada os prende às vidas acabadas”

    José Afonso, “Os Vampiros”

    A velha canção de onde saiu o verso acima, nunca esteve tão atual como nos dias que correm, à medida que a sociedade do dinheiro caminha rapidamente para o seu fim. Vale tudo para prolongar a sangria da manada durante mais alguns anos antes da inevitável derrocada final. E depois, bem, sempre se podem resolver as coisas com uma nova Guerra Mundial. Será preciso destruir tudo o que for possível e depois, quem tiver suficiente capital acumulado, poderá liderar a reconstrução sobre os milhões de cadáveres. Uma nova era terá então início, exatamente igual à que a precedeu. E depois, ao fim de mais um século, poderá começar tudo de novo.

    Isso já foi feito duas vezes só no século passado, e poderá ser feito novamente. Corresponde à “evolução natural” de um sistema capitalista. Não é preciso ser-se criativo e estar sempre a inventar soluções novas. E, dado que a manada permanece mansa e ignorante, poderá sempre voltar a ser encaminhada para o matadouro.

    Há agora um “pequeno problema”, que é a existência de armas de destruição que não existiam no passado e que podem muito bem provocar que depois não sobre nada para reconstruir. Mas isso não é razão para se desistir, vamos só tomar mais cuidado, avançar passo a passo. Uma boa ideia parece ser a utilização de terceiros em guerras por procuração. E no fim pode ser que não aconteça nada de especial para o nosso lado e tenhamos todo um planeta para governar e explorar. É preciso ser otimista.

    Eu tenho realmente alguma dificuldade de comunicação e ela não se deve ao facto evidente de não medir as palavras quando se trata de dizer as verdades. Algumas pessoas podem achar que as “verdades” de uns têm exatamente o mesmo valor que as “verdades” de todos os outros, da mesma forma que acreditam que a verdade mentira têm o mesmo valor. É tudo uma questão de “perspetiva”. Por acaso foi assim que chegámos a isto.

    Os russos têm uma piada sobre a “perspetiva” dos tempos da União Soviética: “Perspetiva é procurar um gato preto, dentro de um buraco negro, onde não existe nenhum gato preto. E depois dizer que o encontrou.”

    Os filósofos gregos da Antiguidade diziam que a Verdade (o Real) deve ter a forma de uma esfera porque a sua aparência tem de ser igual independentemente do ângulo de visão.

    Chegar a consenso a partir de um debate cem por cento honesto de ideias devia ser om objetivo de qualquer discussão como forma de se chegar à Verdade. Isso não é possível nos dias de hoje porque as pessoas não conseguem despir-se dos seus preconceitos, condicionamentos e simpatias. A elite dominante alimenta isso mesmo porque é uma forma de evitar que os explorados se apercebam da verdade e se virem contra elas.

    Uma opinião idiota será sempre uma opinião idiota. Uma opinião fundamentada, baseada numa busca honesta do verdadeiro conhecimento, será sempre isso mesmo, ainda que, devido à complexidade da problemática humana, essa mesma busca nunca tenha um fim. Só é possível conseguir-se uma aproximação.

    Marx e Engels tinham perfeita consciência disso quando formalizaram as suas teorias sobre o Capital e o Comunismo. Eles deixaram escrito que “a ideologia, e a sua aplicação prática, são como duas linhas assíntotas num conjunto de eixos ordenados (x,y) que tendem uma para a outra à medida que a função gera novos valores, mas que nunca se encontram”. Ou, usando um termo matemático, encontram-se no infinito.

    O Socialismo é a aplicação prática do ideal comunista.

    Sabemos que, ao longo da História conhecida da Humanidade, digamos os últimos 10 000 anos desde a invenção da escrita, que existiram apenas três grandes sistemas económicos: o Esclavagismo, o Feudalismo e o Capitalismo. E todos eles se basearam na exploração de uma parte da Humanidade por outra.

    O esclavagismo, que se estendeu até à queda do Império Romano no século V da nossa era, baseava-se na apropriação do trabalhador pelos seus senhores, que eram também seus donos. Todo o produto do trabalho era propriedade do Senhor, que pelo seu lado tinha de os sustentar.

    O Feudalismo, que se seguiu aos tempos caóticos do fim do Império Romano e se calcula que tenha durado até ao século XV, caracterizava-se pela propriedade da terra pelos senhores, que a tomavam pela força, a terra que as populações tinham que trabalhar para gerarem o seu sustento, e eram depois obrigadas a entregar uma parte do que produziam aos respetivos suseranos em troca da permissão do usufruto dessa terra, e também de “proteção”.

    O Capitalismo, que terá tido as suas raízes no século XV alavancado pelo progressivo aumento do comércio entre as comunidades, teve um incremento decisivo com a Revolução Industrial na Inglaterra do século XVIII, que foi possível pela acumulação de capitais resultante da pilhagem de outros povos durante o período mercantilista. Ele caracteriza-se pela propriedade das elites, tanto da terra como de todos os meios de produção, pelo que os trabalhadores são obrigados a vender-lhes a sua força de trabalho para sobreviver.

    O trabalho é então visto como uma mercadoria como outra qualquer, mas com uma particularidade: enquanto que, para usarmos qualquer bem ou objeto que adquirimos para nosso uso, temos primeiro de o pagar, o trabalho é o único bem de que (o capitalista) pode beneficiar durante algum tempo antes de ter que despender qualquer quantia. Isto não é por acaso.

    Vemos assim que não existiu realmente uma evolução significativa nas relações económicas das civilizações humanas. Todas elas sempre foram baseadas na exploração de uma classe por outra e apenas terá mudado a forma organizacional e a respetiva fundamentação ideológica, isto é, a propaganda.

    Ao longo da História sempre estas duas classes se mantiveram unidas num processo dialético no qual, em ocasiões geograficamente localizadas e que não foram tão raras assim ao longo do tempo, uma delas destruiu a outra, ou esmagou pela força a resistência da outra parte. A grande revolta dos escravos liderada por Spartacus na Roma Imperial, a Comuna de Paris, a Revolução Bolchevique na Rússia e a Revolução Cultural Chinesa, são dos exemplos mais marcantes de ambas as situações resultantes dessa dialética.

    Claro que os trabalhadores, desde que suficientemente esclarecidos, corretamente liderados e decididos, podem destruir completamente a classe capitalista sua opressora. Esta última, no entanto, não pode proceder do mesmo modo. Sendo uma classe parasitária, ela precisa do povo trabalhador para sobreviver.

    Como eu já referi aqui por diversas vezes, existem duas formas possíveis de nos relacionarmos com os acontecimentos passados e presentes. Podemos situar-nos a partir da aceitação e da compreensão do Todo (o Gestalt) para a partir daí tentarmos compreender as partes. Esse é o caminho difícil mas também correto. Ou podemos debruçar-nos sobre os casos particulares, ignorando toda a teia de acontecimentos em que eles sempre estão inseridos e de onde foram gerados.

    O “Todo”, de acordo com a Grande Filosofia, é a “o Real”, enquanto que os casos particulares configuram as várias formas de como ele se apresenta aos nossos sentidos. Dito de outro modo, temos o Real e a sua aparência. E nunca poderemos entender a verdadeira realidade do mundo que nos rodeia se nos fixarmos apenas nas suas múltiplas manifestações sensoriais. Este princípio constitui o eixo central de toda a sabedoria humana e é intemporal.

    É assim que muita gente se recusa a aceitar, por exemplo, que vivemos um período pré – holocausto, quando a compreensão da natureza das coisas indica claramente que ele se aproxima perigosamente e que ontem já era tarde para o tentar impedir.

    E é também por isto que pessoas aparentemente bem intencionadas e progressistas, de repente aparecem a defender ideias e protagonistas cuja própria natureza contraria os princípios que essas mesmas pessoas formalizaram em outras ocasiões. Essa aparente contradição surge a partir da ignorância da realidade e apenas gera mais ignorância e caos.

  6. Obrigada pelos textos lúcidos e esclarecidos de Hugo Dionísio e de José Neto.
    De facto é muito curioso que se teçam loas ao liberalismo, teoria politica desenvolvida no seculo XVIII, e simultaneamente se considere ultrapassado o marxismo que nos forneceu uma interpretação do processo histórico plena de atualidade e que tanto quanto se sabe ainda não foi ultrapassada por nenhuma outra.
    Que há um fosso abismal entre ricos e pobres, entre “os que têm” e “os que não têm”, é indesmentível, e também é indesmentível que o Estado e as instituições estatais existem não para harmonizar os interesses de uns e de outros, mas para proteger os de uns contra os de outros, usando sabiamente de uma boa dose de hipocrisia para nos convencerem de que se encontram ao serviço dos interesses de todos.
    Claro que a ignorância de uns, a ganancia e o oportunismo de outros e uma comunicação social na posse de quem detém o poder económico formam uma mistura explosiva que não augura nada de bom para o progresso da humanidade e se calhar a grande protagonista da mudança vai ser a própria natureza (natural) que não aguenta mais tanta malfeitoria, mas nesse caso será uma mudança fatal!!!

  7. A designação democracia liberal é uma falácia. Porque se so podemos ter um regime, o liberal, onde anda a democracia?
    Se democraticamente decidirmos que queremos que o Estado possa intervir na economia e criarmos um sistema económico em que o Estado pode contrapor se ao deixar fazer tudo e mais alguma coisa não importa quantas vítimas façam já não estamos em democracia porque o regime não é liberal?
    Se a democracia é uma possibilidade de termos escolhas claro que é um contrasenso dizer que tem por força de ser liberal.
    Se se trata de impor o liberalismo para que é que precisamos de democracia? Se calhar foi o que pensaram Pinochet e outros trastes que usaram o cacete a torto e a direito para impor a tal liberdade económica.
    Que é outra coisa que não existe ou só vai existir para quem tem dinheiro e o controle de meios de produção. Os outros caem numa miséria negra. E os outros são a maioria.
    Agora a razão porque é que pobres votam em gente que promete legalizar barbaridade como o trágico de orgaos, diz que o combate às desigualdades sociais é uma injustiça e outras sandiices semelhantes? Não me deito a adivinhar porque não sou psiquiatra.
    Claro que aos ricos não custa nada perceber porque é que um sistema destes agrada. Liberdade para pagar uma miséria a quem trabalha para eles, a poder abusar dos desgraçados porque sabe que os pode despedir sem mais espinhas, liberdade para não pagar impostos ou para lhes fugir. Para quem tem de seu o liberalismo e efectivamente so vantagens.
    Mas o que é assustador é que se ninguém votou no Pinochet, um traste como El Loco obteve muitos votos de gente pobre ou não estaria lá.
    Onde, prometendo combater a corrupção, a primeira coisa que fez foi acabar com a lei que impedia que titulares de cargos públicos contratasseem familiares para cargos públicos, tendo nomeado uma irmã para secretária da presidência.
    Assim qualquer um reduzia o número de ministros. Se em compensação puderem lá meter a família alguém fica a ganhar e não são certamente os que ouviram o canto da sereia.
    Pensem nisto com carinho no dia 10 de Março.

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