O manguito

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 14/04/2023)

Miguel Sousa Tavares

Um artista plástico resolveu fazer a milionésima réplica do manguito do Zé Povinho, de Rafael Bordalo Pinheiro, com dois metros de altura, e colocá-la em frente ao Palácio de Belém, como sinal do “descontentamento dos portugueses pelo desgoverno do país”. Antecipando a sua remoção pelos serviços camarários, Marcelo mandou recolher o manguito e colocá-lo nos jardins do palácio, onde ficará para exposição pública, contemplação presidencial ou ambos os fins. Fez mal. O mesmo Presidente que no início do seu mandato teve a lucidez de pôr a sua popularidade ao serviço do combate ao populismo, não pode agora descer à rua para trazer o populismo para dentro do palácio. Se também ele está descontente com o desgoverno do país, se está farto das brincadeiras dos boys socialistas e impaciente com a falta de alternativas eleitorais de curto prazo, tem outras maneiras mais sérias e adequadas de o expressar (e que, aliás, não se coíbe de usar abundantemente), sem necessidade de cair na demagogia do manguito. Até porque convém perceber de que falamos a tal propósito.

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Rafael Bordalo Pinheiro deu berço ao seu Zé Povinho e respectivo manguito na revista “A Lanterna Mágica”, em 1875. É extraordinário, mas eloquente, que, passados quase 150 anos, o imaginário nacional ainda continue a ver na figura do Zé Povinho e no seu gesto de desafio ao poder e aos poderosos um símbolo de virtudes patrióticas e de subtil resistência contra os abusos. Contudo, o próprio Rafael Bordalo Pinheiro tinha caracterizado assim o Zé Povinho: “Resignado perante a corrupção e a injustiça, ajoelhado pela carga dos impostos e ignorante das grandes questões, o Zé Povinho olha para um lado e para o outro e fica como sempre… na mesma.” Ou seja, os 150 anos de glorificação não passam de um embuste: o Zé Povinho não é um herói, é um cobarde. O seu manguito não é feito na cara dos poderosos, mas nas suas costas, quando não o estão a ver; ele não se revolta, conforma-se; é mandrião e ocioso; ignorante mas presumido; invejoso e não lutador; acomodado, dissimulado, maledicente. Mas não admira que este embuste tenha perdurado até hoje e que o mito do Zé Povinho, herói do povo, se mantenha vivo: as redes sociais, as caixas de comentários dos jornais estão pejadas de Zé Povinhos com estas mesmíssimas características e cuja única diferença para o original é não estarem ajoelhados pela carga dos impostos pela simples razão de que, regra geral, não pagam impostos, vivem dos impostos que os outros pagam.

<span class="creditofoto">ILUSTRAÇÃO HUGO PINTO</span>

2 A seu tempo, no Governo PSD/CDS, fui contra a privatização da TAP, porque nunca acreditei que ela não poderia receber uma ajuda de 200 ou 300 milhões do Estado para resolver problemas de tesouraria e encerrar a ruinosa subsidiária de manutenção do Brasil, mantida pelas mesmas razões de delicadezas e subserviências diplomáticas pelas quais ainda hoje mantemos o ridículo Acordo Ortográfico. Mas posto que o Governo do PS e da extrema-esquerda resolveram ‘patrioticamente’ renacionalizar a TAP, e que, quando sobreveio a pandemia, dispensaram os accionistas privados de qualquer esforço de refinanciamento da companhia, até lhes pagando para se irem embora, aproveitando para ficarem donos daquilo tudo e conseguirem da tal Comissão Europeia, que antes não autorizara nem 200 milhões de financiamento público, uma injecção de €3,2 mil milhões, depois de terem confiado os destinos da TAP e do nosso dinheiro a essa jovem vedeta socialista que se gabava de ser capaz de pôr os credores da nossa dívida externa a tremer de medo, Pedro Nuno Santos — alguém que nunca tinha tido de viver de um salário ‘civil’ ou de pagar um salário —, e depois de ele, após nove meses de scouting, ter desencantado para CEO da TAP uma francesa que tinha como currículo a falência de uma companhia de aviação regional inglesa e que obviamente não só não falava uma palavra de português como falava e fala um inglês típico, talvez, da Guiana Francesa, a minha fé no futuro da TAP acabou de vez. Cheirou-me a desastre e o desastre é uma evidência: hoje, da bela companhia que outrora nos orgulhava, não resta nada. Já não dou mais para o peditório da companhia de bandeira, do hub de Lisboa (ou de Beja ou de Santarém?), para a ligação com os PALOP ou o abraço aos emigrantes. Qualquer outra companhia fará isso melhor e mais barato do que a TAP. E dos €3,2 mil milhões é claro que não veremos de volta nem um euro. O desastre é inominável, mas era previsível e foi anunciado. Tal como com a CP, a única coisa que a decência manda é saber como pôr fim a este pesadelo. Ter vergonha perante os utentes, pedir perdão de joelhos aos contribuintes.

A CPI à TAP, tal como também era mais do que previsível, não se vai ocupar de nada disto. PS, PSD e CDS, os actores principais desta pública vilania, estão e vão entreter-se com um lavar de roupa suja partidária que serve para pôr a nu toda a imensa mediocridade de toda aquela gentalha — governantes, gestores, advogados, intermediários e outros abutres desgarrados —, mas que em nada contribui para ajudar a resolver o essencial: como nos podemos livrar da TAP com um mínimo de dignidade, de danos controlados e de futuro garantido para os seus trabalhadores, a única mais-valia daquela empresa.

Os 150 anos de glorificação não passam de um embuste: o Zé Povinho não é um herói, é um cobarde

A “verdade doa a quem doer”, de que fala António Costa, a verdade de toda esta suja realidade, não é novidade para ninguém. Mesmo a ‘escandalizada’ imprensa que faz de cada nova ‘revelação’ um inesgotável tema de notícia, de debate, de inflamados editoriais, há muito que sabe ou suspeita que é assim que as coisas acontecem nesse mundinho dos cursus honorum da política, onde os jovens saem das juventudes partidárias, frequentam aqueles cursos de Verão onde os seniores lhes vão pregar umas lições de como subir no partido servindo a pátria, e daí vão para assessores do grupo parlamentar e depois, em o partido chegando ao poder, é sempre a subir: vereador municipal, secretário de gabinete, adjunto de ministro, chefe de gabinete, secretário de Estado. E um dia, sem nunca, sequer, terem gerido a sua assembleia de condóminos, veem-se, deslumbrados, a dar ordens à CEO da TAP, a mandar adiar voos para agradar ao Presidente ou a arbitrar indemnizações de meio milhão com o dinheiro dos contribuintes, e à noite, antes de adormecerem, gabam-se à mulher dos seus feitos do dia e mandam um WhatsApp ao ministro: “Tudo tratado na TAP. Agora, vou-te mandar um draft do discurso contra o capitalismo predador.”

3 Isto somos nós. De um lado, temos o Zé Povinho, que habita nas redes sociais, suspira pelo Chega e alimenta o Chega. O Chega e o Zé Povinho são a face da mesma moeda, o pior que temos: o português da inveja em vez da competitividade, do bota-abaixo generalizado, do boato em vez dos factos, do insulto em lugar da discussão de ideias, da nostalgia por uma ditadura como forma de nivelar todos na mediocridade. Do outro lado, temos os filhos bastardos da democracia, o lúmpen partidário dos carreiristas que não conhecem outro modo de vida senão à sombra da protecção do Estado capturado pelo partido. E aí, louvam-se de pergaminhos que não têm e invocam uma legitimidade que não lhes pertence. Decerto que temos de ser governados por alguém e decerto que ainda não se inventou melhor fórmula de o ser do que por quem ganha eleições livres, organizando-se em partidos políticos que representam diferentes formas de pensar a sociedade e diferentes programas de Governo. Mas as eleições não esgotam tudo, elas são um meio mas não um fim em si mesmo. Não esgotam, nem as obrigações dos governantes nem as do Zé Povinho. Num país a sério os governantes, por mais mal tratados que se sintam, têm, acima de tudo, uma noção de serviço público, e o Zé Povinho, por mais injustiçado que se ache, não tem orgulho na sua ignorância nem se contenta em fazer manguitos nas costas daqueles que considera poderosos. A mim, que desde os 15 anos me considero um social-democrata, o que me custa não é chegar a pagar 48% de IRS dos meus rendimentos de trabalho. Países sociais-democratas, como a Dinamarca, chegam a cobrar 60%. Com duas grandes diferenças: cobram isso a milionários, não à classe média, e, em contrapartida, os serviços públicos são grátis e de excelência. Enquanto aqui, os professores do ensino público batem recordes de baixas e de dias de greve e estão todos ‘desmotivados’, excepto quando aparecem a manifestar-se felizes na televisão; os médicos do SNS bateram recordes de baixa durante a pandemia e depois e, assim que acabam de se formar à custa de dezenas de milhares de euros pagos pelos contribuintes, correm a servir no sector privado; os funcionários judiciais fazem greves de três meses paralisando os tribunais e os conselheiros do Tribunal Constitucional não conseguem sequer cooptar quem substitua os que terminaram o mandato; a querida ‘ferrovia’, exclusivo do transporte ferroviário, transformou-se num insulto sindical feito a centenas de milhares de utentes.

Mas mandamos tanques para a Ucrânia, enquanto nada mais funciona nas Forças Armadas, condecoramos bombeiros por apagarem fogos, enquanto os aviões e os helicópteros estão fora de serviço, e estamos embevecidos a seguir a novela da TAP para descobrir quem vai apunhalar quem amanhã e quem vamos levar ao cadafalso depois de amanhã, em lugar de procurar saber para que serviram os €3,2 mil milhões que lá pusemos e se ainda há alguma salvação para aquilo. Não admira: quanto é que você, Zé Povinho, deu para a TAP?

PS: Outra coisa que começa a cheirar a desastre anunciado é a escolha do local para o novo aeroporto de Lisboa pela tal Comissão Técnica Independente. A avaliar pelo entusiasmo com que a sua presidente acolhe todas as sugestões de locais e até as incentiva, mesmo que o tal futuro aeroporto de Lisboa fique a 90, 150 ou 200 km de Lisboa, isto, na hipótese benigna, vai acabar em anedota. E por isso, ainda dentro do prazo das sugestões e com legitimidade igual aos demais, venho por este meio sugerir para o futuro aeroporto de Lisboa a localização que me fica mais à mão: Moncarapacho. À consideração.

Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia

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17 pensamentos sobre “O manguito

  1. «nostalgia por uma ditadura como forma de nivelar todos na mediocridade»
    Fica a questão de saber se, quando o poder cultiva a mediocridade, não resulta para uma maioria ter no manguito, a par de uma qualquer nostalgia sebastiânica, o conforto possível.

  2. A nossa “democracia” está em perigo. Estamos a lidar com um poder executivo que exerce o seu poder de forma minimamente despótica.

    Eu, um simples cidadão, vejo as pessoas morreram, na miséria, vítimas do milagre americano (neoliberalismo). É disso que se trata. Que escolha temos nós? Solidariedade ou selvajaria?

    Apenas vejo um conjunto comum de argumentos ouvidos em todo o lado, que conta a mesma história que o poder que está a ser contestado. Nomeadamente, a pretensão de defender que Portugal é independente e soberano.

    A nação é uma colónia americana sem nada mais para mostrar senão a sua história como uma velha nação em declínio, que vendeu a sua indústria para comprar o conforto da sua dívida, e que só tem um lugar à mesa dos grandes por cortesia.
    E a cortesia, na diplomacia, é apenas uma venda sobre os olhos de um homem condenado. Dura apenas por pouco tempo.

    Todos os acontecimentos actuais, políticos, económicos, ecológicos ou geopolíticos, são uma demonstração constante da total submissão de Portugal às decisões estratégicas americanas, que obviamente não defendem os seus interesses, através do funcionamento do sistema oligárquico estabelecido nas “democracias avançadas”.

    A democracia ateniense – que aparentemente é a nossa referência – é uma democracia directa. A nossa “democracia” é “representativa”, ou seja, odeia o povo.

    A LIBERDADE é um princípio que é difícil de viver diariamente.
    Algumas pessoas preferem ser tratadas por disciplinas, proibições, autorizações, etc…
    O que é preocupante é que os REGIMES AUTORITATIVOS parecem ter o vento nas suas velas neste momento no mundo.

    Hoje em dia a classe média está a ficar cada vez mais pobre, a crise democrática é inseparável da crise social, e especialmente das nossas liberdades e da soberania de Portugal.

    A nossa “democracia” nunca foi concebida para ser uma verdadeira democracia.
    É uma “democracia” representativa…
    Ou temos a escolha entre burgueses que defendem mais ou menos a oligarquia.
    Se aparecer outra pessoa melhor para o povo. Ele é logo destruído pelos meios de comunicação social para que as pessoas intelectualmente preguiçosas nunca votem nele.

    Em todo o caso, as leis passam apenas com uma minoria de eleitores e isso também é “democrático”…
    O pretexto “é constitucional, por isso é democrático” é, na minha opinião, errado e especialmente mal utilizado.

    Vivemos apenas num sistema que não é bem uma democracia (mesmo que martelemos a mensagem para o fazer parecer). E agora as pessoas estão a aperceber-se disso (bem… algumas delas…). Antes, já era o mesmo, mas aqueles que estavam no lugar ainda tinham o cuidado de não o deixar mostrar demasiado, e eram menos ultrajantes . Apercebemo-nos apenas que temos um sistema feito e desejado por uma casta cujos únicos objectivos são a sua preservação e os seus interesses. Os “eleitos” não têm absolutamente nenhuma vocação para traduzir a vontade da população. Além disso, a população… não se importa!

    Os nossos sucessivos governos ocupam-nos há décadas com falsos problemas para mascarar a sua incompetência. Em 40 anos passámos de 10 para 270 mil milhões em dívidas! Estamos agora nas mãos dos nossos credores e da Europa, e portanto sujeitos a eles! Já não temos futuro. Se queremos um, temos de o estragar. Se deixarmos que a Europa o faça, estamos condenados!!!!!!

    Não basta ser eleito “democraticamente”…é preciso governar democraticamente….. para lembrar que a democracia é o <>

    Votamos em pessoas que já são muito frequentemente de classes sociais superiores.

    Uma vez eleitos, eles têm de representar os seus constituintes, enquanto os constituintes entre si têm nuances nas suas opiniões, mesmo que concordem com o candidato.

    O deputado está então sujeito à estratégia do partido que o obriga a votar de acordo com os desejos de muito poucas pessoas, se alguma…. E isto correndo o risco de ser expulso do partido se o voto do deputado for diferente.

    É de notar também que os deputados, devido às decisões que podem tomar, estão sujeitos a muitos conflitos de interesses e corrupção.

    Chamem-lhe o que quiserem, mas nós certamente não estamos numa democracia.

    Não podemos continuar a seguir os americanos no seu projecto…” ou seja, arrastar-nos para guerras que não nos dizem respeito e forçar-nos a aplicar sanções a países com os quais temos interesses estratégicos. Mas deixemos de nos queixar de assuntos que não têm qualquer interesse estratégico para o país e para a sua soberania. O mundo está a mudar e uma nova ordem mundial está a ser posta em prática. Para que serve a Tap se a Europa se tornar a próxima Ucrânia?

    Aqueles que acreditam ter legitimidade, (graças a menos de 20% dos Portugueses em idade de votar) ou que confundem governar com abuso de poder… devem compreender que o povo, para além de dar uma lição de DEMOCRACIA, DEFENDE-A.

  3. ”Poucos sabem, por exemplo, mas o Português já teve 2 grandes reformas ortográficas no Brasil (1943 e 1971 ) e passando também 3 vezes por reforma ortográfica em Portugal ( 1911, 1945 e 1973) o que aumentou ainda mais a distância entre a escrita das palavras nestes dois países.”
    ”…também é ensinado em algumas escolas públicas da Argentina e Uruguai.” (Graças ao Mercosul, adendo meu)
    https://www.guiadacarreira.com.br/blog/nova-reforma-ortografica

    ”POR QUE A CHINA APOSTA NA LÍNGUA PORTUGUESA
    O ensino da língua portuguesa encontra-se em vertiginosa expansão em universidades chinesas, e o governo de Pequim não tem medido esforços nem investimentos para liderar os estudos sobre a língua de Camões e Machado de Assis na Ásia.
    O vetor dessa expansão está em Macau – cidade chinesa que foi domínio português entre 1557 e 1999. Segundo o coordenador do Centro da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau, professor Carlos Ascenso André, a crescente presença da língua em universidades chinesas é fruto de uma estratégia clara de difusão e expansão do português na China. Nos últimos dez anos, o número de universidades chinesas que ensinam português praticamente quadruplicou, passando de seis para 23 instituições.”
    https://www.bbc.com/portuguese/internacional-41022424

    Não sei da subsidiária da TAP (aliás, por vocês, dela (a TAP) bem sei e de quem herdamos nossos políticos), mas o Acordo Ortográfico é muito maior do que qualquer um de nós; bem ou mal e”x”crevamo”s”, é uma Constituição para a manutenção de uma língua, a nossa língua, para séculos (basta ver o destino do latim original). Só não o entende quem se guia com antolhos e pelo hoje que na verdade é um ontem.

    E eu não escrevo em brasileiro, mas falo em portuguê”s” (não fosse isso, em breve tempo não conversariam um timorense e um moçambicano) que é a 5º língua mais falada do mundo, com cerca de 258 milhões de falantes nativos e segunda língua de 35 milhões de pessoas (dados de 2021).
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_l%C3%ADnguas_por_n%C3%BAmero_total_de_falantes

    Só daí dá para perceber o quanto o Acordo Ortográfico está correto.
    Simples assim…

    Ps.: só falamos em português porque o falamos ”sobre os ombros de gigantes”.

    • ”Minha pátria é a língua portuguesa.
      Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

      Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.”

      “Livro do Desassossego”, por Bernardo Soares. Vol. I, Fernando Pessoa

  4. Todo o meu apoio pra o o aeroporto em Moncarapacho. ! Também me dá jeito !. Era demasiado bom e não acredito. O decisor ainda está para nascer e provavelmente em Badajoz!

  5. Estimo que o armado em “social-democrata” do berço de ouro que nunca defendeu um trabalhador ou um serviço público na vida vá para o raio que o parta, deve saber tanto da aviação como sabe da ferrovia, da saúde ou da educação, acima de tudo do resultado da sua entrega a privados, seja na província ou noutro sítio qualquer. Quem mantém o país a funcionar tem tanto culpa de quem os dirige como dos tudólogos eucaliptais, igualmente destruidores do bem comum, cujo único esboço de pensamento consiste em encontrar um índice que lhes valide a tese de que bons são a elite que os rodeia e mais nada.
    Ficou irritado de não ter sido reverenciado numa entrevista, metesse rolhas, mais a sua “coragem” de dizer coisas no posto garantido. Que saia mas é da zona de conforto e vá mas é ver as condições de trabalho e os milagres que se fazem com o completo desinvestimento apesar da total ausência de carreira.

      • Facho, Fachinho,
        Não andas bem do tino.
        Se visses a testa ao Rosa Coutinho,
        Cag*vas-te todinho!

        Explicares que as pessoas não são pagas pelo seu trabalho na íntegra não convém. Explicares que uma pessoa leva para casa uma percentagem bem inferior àquilo que produz é lixado.

        Mas ai, têm de trabalhar! Desde que não levem aquilo que fazem, está tudo bem.

        Não convém explicar como é que as petrolíferas, as empresas de energia e as grandes distribuidoras andam a lucrar à custa das pessoas (através da especulação de preços) e dos trabalhadores (não aumentando os salários), mas que os gestores, diretores executivos e accionistas andam todos na pândega e no bem-bom com os dividendos que andam a receber da exploração a que submetem todos aqueles que produzem no dia-a-dia.

        Ou agora vais dizer que o trabalho tem de ser aumentado de acordo com a inflação em vigor ? Vai berrar essa para os escritórios da SONAE a ver o que te fazem…

        Tu deves é ter vontade de trabalhar, enquanto recuperas o sono perdido de 18 horas passadas no trabalho… No penico!

        Nunca percebi muito bem esse suposto “argumento” (que deverá valer alguma coisa na cabeça de quem anda a tresvariar), que é atirado ao ar quando as pessoas querem manter ou melhorar as condições de vida, de que, para se ser pago, é preciso mostrar trabalho.

        Então o que raio é que os caixas do pingo doce andam a fazer ? A coçar o c* ? É um bocado difícil, estando sentados o dia inteiro.

        Deves achar que o CEO da Jerónimo Martins faz muito mais do que isso!

        E fá-lo com penas de pavão para não avermelhar o rotundo traseiro, habituado às leves seduções de sedas da Índia!

        As pessoas a trabalharem o dia inteiro, não terem tempo de estar com os filhos, de se cultivarem (a nível de saúde, a nível intelectual, etc.), de estarem com amigos, stressadas com a carga de trabalho que têm de levar para casa, com os salários a não chegarem para o fim do mês e a não darem o futuro que os seus filhos merecem e ainda têm que levar por aqui com um imbecilóide que os manda trabalhar.

        Louvado seja Deus que nos oferece um Messias com capacidades meta-humanas de análise política e intelectual numa linha: “é isto e tenho dito”.

        • Não conseguires explicar «que uma pessoa leva para casa uma percentagem bem inferior àquilo que produz» reconduz-te à condição de caçador-recolector de que nunca deverias ter saído.
          Talvez num qualquer recôndito da Amazónia ainda possas encontrar a felicidade.

        • Já de seguida, o incansável Medalha de Ouro da estupidez vai defender o esclavagismo. Assim como assim, um avanço histórico em relação aos tempos do caçador-recolector. E, assim como assim again, o regime de eleição nos (seus dele) saudosos tempos coloniais. Ai o Rosa Coutinho que mal pode esperar, que saudades ele tem de te inseminar o juízo e te recordar os bons tempos que não voltam mais!

  6. Bravo Miguel Sousa Tavares, mas aquela ascendência de que fala no interior dos partidos, é exactamente feita no seio do Zé Povinho. E de repente até parece que existem duas entidades: o Zé Povinho e a nomenclatura dos partidos. Mas esse é o nosso erro: são uma e a mesma coisa. Ouve-se tanto: são todos uns bandidos, mas se eu lá estivesse só era parvo se não fizesse o mesmo. E é por aqui que nós estamos condenados, e é por aqui que nós temos que agarrar e pensar no problema.

  7. Estava tudo tão bem até o MST aproveitar para atacar quem faz greves. Primeiro critica o Zé Povinho por só dizer mal nas costas, mas depois ataca quem frontalmente luta para mudar alguma coisa, esquecendo-se que esses que lutam não o fazem por regalias ou benesses mas por justas condições de trabalho que só dignificariam precisamente o serviço que prestam ou seja o serviço público. Os professores por exemplo são colocados nas escolas por um concurso público, com regras objectivas, não sujeito a lobbies ou cunhas ou juventudes partidárias. Por isso lutam contra um governo que pretende alterar essa essência. Não é coisa pouca.

  8. QUANDO SE METE TUDO NO mesmo saco,ao abri-lo pode sair ,cobra ou lagarto…..se se não abre o saco podem morrer os dois ,só se salvam aqueles que fecharam o saco,que me pareçe que são aqueles que o MST quer “salvar” e tvz eles lhes deem “salvo conduto” na sua “jangada de luxo” pq os outros morrerão antes de chegar à praia ……como se vê nos descamisados no Mediterraneo ,que naufragos olham os Paquetes de luxo ,aonde os unicos beneficiáios das riquezas do Planeta ostentam a sua indiferença a toda equalquer ignominia Humana……

    • Em qualquer inanidade discursiva, em que se visa interpretar o pensamento alheio, fica sempre bem ao autor, a par de uma nota caridosa, uma referência ao luxo a que se associa o visado.
      Princípio maior da má-língua, ou dialéctica d’esquerda.

  9. quando há dinheiro, mantém se uma maioria razoavelmente satisfeita. quando não há, a maioria está a lutar pelo seu quinhão e a barafustar por causa das disputas. a democracia funciona quando há abundância. quando não há, surgem outras hipóteses. digo eu, enquanto houver escolha, a ditadura sempre é melhor que a guerra.

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