Porque os Estados Unidos fabricaram o Catargate?

(Adina de Souzy, in Réseau International, 22/12/2022)

(Confesso que me andava a fazer confusão terem tramado a Eva, tão simpática e tão prendada… Eis que o presente artigo esclarece tudo. O Império não dá ponto sem nó e descarta qualquer um quando deixa de ser útil ou quando “outros valores mais altos se levantam”. Foi o caso. Coitada da Eva. Tem que se portar bem e não falar demais, sob pena de lhe cortarem mesmo o pio. É que, com as coisas “sérias” do Império não se brinca…

Estátua de Sal, 22/12/2022)


Que a UE fede a corrupção não é nenhuma surpresa. Na verdade, a corrupção é o mecanismo pelo qual opera toda a máquina manipulada pelos Estados Unidos. Sem corrupção não poderiam colocar as mãos nos funcionários europeus – que roubam, mas com a permissão dos mestres. Como ninguém se importava com a Ursula, porque atacaram o suposto suborno de 600.000 euros de Eva Kaili? Algo está errado. Mas a questão é mais complexa do que parece.

Eva Kaili foi nem mais nem menos que a concretizadora da política europeia de cooperação com o Catar. As luvas que recebeu têm lógica porque em todo o mundo, ao mais alto nível, sabe-se que os decisores têm de ser lubrificados. Sem subornos, não fazem nada! É do conhecimento comum agora. Então, onde é que Kaili falhou?

Bem, houve uma mudança de perspetiva de última hora por parte dos Estados Unidos. Eles decidiram que era útil destruir o relacionamento da UE com o Catar. Porquê? Para que a UE não tivesse mais acesso ao gás liquefeito do Catar. É simples assim. A UE já não tem acesso ao gás da Rússia, nem do Irão, e agora do Catar. Os três maiores produtores mundiais. O que isso significa senão que a UE será absolutamente dependente do gás do quarto maior produtor mundial, ou seja… OS ESTADOS UNIDOS. Gás que, diga-se de passagem, também é muito caro, muito mais caro! Vale a pena sacrificar alguns dos seus idiotas úteis por tal ação.

Sem falar que, dessa forma, é dado o sinal de que todo o fio da corrupção está nas mãos do Big Brother do outro lado do oceano…


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8 pensamentos sobre “Porque os Estados Unidos fabricaram o Catargate?

    • Claro Clarisse ! O grande problema é que ainda hà muita gente que nao vê nesse vasto mundo, o papel dos EUA na nossa vida de todos os dias. A influência de Hollywood, durante tantos anos, ainda perdura na mente dos povos…A cegueira é imensa.Um dia vao acordar dum pesadelo.

  1. Vem a despropósito, mas não resisto e à frente explico porquê. Transcrevo da Wikipédia em português, na entrada sobre o herói acidental dos ocidentais borregos:

    “Zelensky referiu que cresceu em uma “família judia soviética comum”, não muito religiosa, eis que a religião era reprimida pela União Soviética. Quando era criança, sua família se mudou para a cidade de Erdenet, na Mongólia, diante de compromissos profissionais de Oleksandr. Ali a família permaneceu durante quatro anos e Zelensky aprendeu a língua mongol, embora posteriormente afirmou que, por conta da falta de prática, não sabia mais pronunciar nenhuma palavra em mongol. Também é um falante nativo de russo, assim como muitos moradores da região de Dnipropetrovsk, e atingiu fluência em ucraniano e inglês.

    Após quatro anos na Mongólia, Zelensky e sua família retornaram para Kryvy Rih, onde ingressou no ensino primário. Durante a juventude, tinha a aspiração de ser guarda fronteiriço; posteriormente, desejava seguir carreira diplomática. Aos 16 anos, foi aprovado no Teste de Inglês como uma Língua Estrangeira e recebeu uma bolsa de estudos para estudar em Israel, mas seu pai não permitiu a mudança para aquele país. Em 1995, matriculou-se no Instituto de Economia de Kryvy Rih e graduou-se em Direito por esta instituição em 2000. Zelensky não exerceu nenhuma atividade jurídica.”

    E passo a explicar. O despropósito vem a propósito do que a propósito da visita do herói aos seus generosos patronos de além-mar disse, no Telejornal de anteontem, dia 21, uma comovidíssima, entusiasmadíssima e excitadíssima Márcia Rodrigues, “Editora de Internacional da RTP”, a partir do minuto 20:08:

    “Mas recordando as imagens que acabámos de ver aqui, há 300 dias, João [Adelino Faria], ninguém acreditava que aquele homem, que era um actor, que era um presidente recente, sem qualquer experiência política, um homem que nem sequer falava inglês, aprendeu a falar inglês debaixo de fogo, sozinho, ainda conseguiu ter tempo para isso, ouvimo-lo agora falar inglês.”

    Caros amigos e companheiros, não fazeis ideia do esforço que estou a fazer para não despejar aqui uma torrente de vernáculo que faria corar o Bocage na sua fase mais desbocada. Eu até já sabia que o caramelo falava inglês (ainda que com uma pronúncia esquizóide), porque logo no início da invasão o ouvi em entrevistas à CNN e à Sky News, mas será possível que a Márcia Rodrigues, “Editora de Internacional”, não soubesse? Será que não há limites na construção (aldrabilhação) de mitos e narrativas? A minha dúvida, se dúvidas tivesse, seria esta: esta gente é estúpida e incompetente, é simplesmente mentirosa e leviana em função do objectivo do momento, tem um desprezo total pela audiência a que se dirige ou todas as vinte ao mesmo tempo? Sendo esta, sem sombra de dúvida, mais uma confirmação da bondade do Princípio de Peter, opto pela última hipótese.

    • Joaquim Camacho tem razão. Se sair de Portugal, encontrará os mesmos aldrabões sem vergonha nenhuma, vomitar as mesmas mentiras em todo o Ocidente. Creio que os donos das cadeias de informação, televisiva e impressa, encontram facilmente pobres diabos estúpidos e miseráveis, que precisam de ganhar a sua vida, e aceitam as funções que lhes oferecem. Mesmo Goebbels não conseguiu mentir tanto, ao mesmo tempo, em tantas nações. Só se lhes impõe uma condição: ser ferozmente anti comunista e anti russo. O resto não conta. Mesmo antigos militares de alta patente vêm juntar-se ao rebanho para ganhar algum…

  2. O CEO da Ucrânia não quer saber do sofrimento da sua população,
    apoiado nisto pelos europeus que estão no mesmo delírio!
    A FIFA tomou por uma vez uma decisão sensata!

    A FIFA recusou-se a transmitir o discurso de CEO da Ucrânia!

    Se a FIFA transmitisse o discurso do CEO da Ucrânia, teria de fazer o mesmo com todos os presidentes dos países invadidos por aqueles que conhecemos: Líbia, Iraque, Síria, Iémen, Afeganistão, …. Vietname, Camboja, Cuba,etc,etc …. !!

    Por outro lado, precisamos de limitar a influência de lobbies e grupos de pressão, e claro que a das ONG.

    Todos os lobbies estão presentes na Europa, uma verdadeira instituição. O lobby farmacêutico, o lobby da energia, o lobby militar, etc. dos grandes grupos internacionais.

    Em Portugal é pior, há ainda menos instrumentos de vigilância, se as pessoas quisessem realmente transparência, fariam as mesmas comunicações, mas à classe política Portuguesa… é bem conhecida,mas quando é a UE a coisa muda de figura ….

    É que nenhum Portugués é rápido a votar nos membros eleitos da Comissão Europeia, para não mencionar que está diluído com alemães, finlandeses, italianos, espanhóis, sérvios, holandeses, belgas, polacos…devo continuar?

    E a mesma limpeza e monitorização deve ser feita a nível da Comissão Europeia, onde também reina a corrupção. E, mais cedo ou mais tarde, Van Der La Leyen terá de ser solicitada a fornecer os contratos que assinou com as empresas farmacêuticasnorte americanas.
    É provável que ela continue a empatar por mais algumas semanas, uma vez que o Parlamento Europeu acaba de perder uma boa parte da sua credibilidade. Talvez valha a pena perguntar se Von Der La Leyen está neste momento a desencorajar garrafas de champanhe….A Von Der La Leyen pode continuar a varrer os seus próprios erros para debaixo do tapete.

    Não creio que seja apenas o Qatar a oferecer malas e viagens.
    E esta história de que o lobbyismo é legal e supervisionado deixa-me muito intrigado. A Monsanto, antes de ser comprada pela Bayer, tinha acesso a todos os gabinetes dos parlamentares e da Comissão Europeia, agora é a vez da UBER. Só espero que o Qatar não seja o bode expiatório, para encobrir os outros assuntos..

    A corrupção não é lobbying?
    Os europeus não votaram na maioria das instituições europeias, a população não tem forma de comunicar com elas, mas as empresas podem ter reuniões e oferecer-lhes presentes? Será esta democracia europeia onde a população é impedida de se exprimir às suas instituições, mas onde as empresas podem fazer quase o que querem?

    A presença de lobbies no Parlamento Europeu é uma hipocrisia crassa, o imaginário deste parlamento é o foco preferido dos lobbies, já o sabíamos agora, é claro. A presença destes lobbies, sejam eles quem forem, seria o mínimo que poderíamos fazer para tentar restaurar a imagem desta instituição, que é mais do que defeituosa e prejudicial para os Estados europeus e os seus povos.

    Os lobbies sempre estiveram lá, foi além disso o assassinato político do de Gaulle que tinha avisado. É aqui que a centralização cria a boa vontade destes lobbies. A Europa é uma sucursal , ou se realmente se olhar para ela, descobrirá que nestes longos corredores as decisões são tomadas noutro lugar, a milhares de quilómetros de distância, através de um oceano num outro continente nos EUA. Sim, é lamentável porque a Europa,e Portugal está sujeita a encomendas, basta observar perante os nossos olhos o desmantelamento de todas as suas forças vitais que constituem a indústria europeia. Para citar um deles, entre muitos outros, recentemente, levando o que toca o coração, onde dói, energia. Sim, a energia, com a alta traição da Alstom que marca a história da UE.

    Portanto, escândalos ou falsos escândalos não são novos, mas quando se trata da independência energética de uma UE, estamos a falar de sobrevivência e escravatura, dívida… Trata-se de sensibilização e questionamento.

    E é através da usura que eles vão fazer a sua riqueza e segurar-nos pelos tomates..

    É um pouco coincidência que este caso de corrupção com o Qatar esteja a despontar agora. Mesmo que Eva Kaila não seja branca como a neve, tenho a impressão de que ela e os outros devem ter incomodado algumas pessoas. Assim, livraram-se dela desta forma com o habitual circo da indignação.
    O timing suspeito, investigação autorizada, malas de dinheiro para flagrante delicto, enquanto este tipo de corrupção é normalmente pago em contas offshore..

    Metsola quer uma investigação interna, ou seja, uma investigação por funcionários da UE: podemos então ter a certeza de que tudo será feito para encobrir todos os outros casos de corrupção. Mesmo com investigadores externos, não teríamos a certeza de saber a verdade: quem os escolheria? Quem verificaria a sua integridade?

    Dos 800 milhões de euros reclamados pelo CEO da Ucrânia (dos nossos impostos), que percentagem será desviada e que percentagem irá directamente para as suas contas pessoais nos paraísos fiscais? Talvez a sua esposa tenha estado em Paris para resolver estes detalhes mundanos.

    Sendo assim oQatargate não é uma vergonha para a Europa, mas sim uma honra.

    É claro que isto dura há anos, e não apenas no Qatar. Os seus vizinhos ainda mais, Argélia, Líbia de Gaddafi, Israel… toda a gente sabe disso. Mas a questão é: porquê o Qatar especificamente…e porquê agora?
    A resposta óbvia é que o Qatar é o único, juntamente com o regime de Erdogan (que também apoia), que não se curva para o sistema de valores degenerados que a UE está a tentar impor aos países da região e, acima de tudo, conseguiu um grande golpe de Estado com o seu Campeonato do Mundo

  3. E lembram-se do que os EUA fizeram quando se começou a falar que a “ilha energética” da Península Ibérica deveria ser ligada ao resto da Europa, de maneira a que o gás (que vem da Argélia) fosse partilhado via França?

    Os EUA deram logo início à ronda de $edução do governo Espanhol e de Marrocos para que estes se entendessem sobre a anexação do Sahara Ocidental, em vez de respeitar o Direito Humano à Autodeterminação de quem vive nessa zona a Sul de Marrocos, e ex-colónia Espanhola.

    Ora, como este tema é querido para os Argelinos, o resultado imediato foi um mau estar ainda maior entre os dois países do Norte de África, e uma recusa da Argélia em negociar mais gás para os gasodutos que servem Espanha e Portugal.

    Do lado da Argélia, a reação foi uma ainda maior aproximação à Rússia e renovado acordo para aquisição de armamento. Pois, o tal país que “os running out of missiles” desde Março, ainda é um exportador. Ou seja, fábrica para si, para se defender de um ataque quase total da NATO via proxy UkraNazi, e ainda sobra para exportar!

    Mas este foi um mal menor na big picture do regime dos EUA, pois a Argélia já era cliente da fábrica Russa, já era uma país não alinhado como o regime genocida ocidental, e portanto aí pouco mudou.
    Mas no que os EUA vão ganhar a mais por cada metro cúbico de gás que a vassala Europa lhes comprar, isso sim é só lucro.

    Há gente a sofrer, a empobrecer, e a morrer no Mundo, e quem o planeou e com isso lucra, abre garrafas de champanhe em Washington e arredores.
    Nada mudou na “rules based world order” desde 1945, e é exatamente por isso que a diplomacia dos EUA anda tãm atarefada. É o último ataque antes do apito final e só estavam a vencer este jogo pela margem mínima. O jogo seguinte é no campo do adversário (ordem mundial multipolar) e o outro candidato ao título (Eurásia, ou a maior aliança de todos os tempos: China+Rússia+amigos) está quase a ultrapassá-los no campeonato.

    E a equipa azul escuro com estrelas amarelas anda toda contente por perder de propósito num jogo combinado com os EUA (que deram apitos e chuteiras douradas atroco disto), e por poder tirar pontos ao(s) adversário(s) dos EUA num jogo em que se esfarrapam todos, mesmo que isso signifique ficar sem jogadores nem condição física para o seguinte jogo decisivo que ditará se permanecem ou descem de divisão…
    É triste. Se não fosse para chorar, seria para rir à gargalhada com tanta idiotice.

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