Viva o 1º de Maio, sempre

(Por Estátua de Sal, 01/05/2021, republicação de 01/05/2017)

1ºMAIO1

Já banalizámos a Liberdade. Como banal já é também o sol, a guerra, a miséria e a morte. Como se pela Liberdade não tivesse sido necessário lutar, sofrer, trepar muros a pique, e também morrer. Como se aquilo que aos trabalhadores é dado fosse uma dádiva divina e não o resultado de um combate de séculos, sangrento muitas vezes, e que irá durar até ao fim dos tempos.

Numa época prenhe dos sobressaltos da dívida, do déficit, do PIB e dos cofres vazios de um Portugal carente, esquecemos muitas vezes que há coisas que nenhum dinheiro compra. A História e a memória dos homens. “Aqueles que se vão da lei da morte libertando”, como dizia Camões. Temos, pois, a riqueza do nosso passado.

Um passado nem sempre trágico, nem sempre marítimo, e por vezes heróico.

Como em Abril de 1974. Como em Maio de 1974. Para que a memória dos mais velhos não se apague, para que a memória dos mais novos nos acolha, em testemunho e norte para a luta dos vindouros.

Não festejamos a chegada da Primavera. Essa já chegou. Festejamos o trabalho e os trabalhadores. Porque a festa também pode ser luta, rumo para a fraternidade que gera a união. União na festa, união na luta contra a exploração.

Contra a precariedade. Luta pela alvorada de uma vida digna a que muitos não tem direito. E são cada vez mais. Sem esperança e sem futuro mas com medo. Medo do amanhã porque nada mais têm de seu que não o suor, as lágrimas e a vontade de estar vivos.

E dizem os oráculos que tem que ser assim. Menos direitos, menos salários, mais e mais horas de trabalho. É a competitividade, dizem também os fariseus, os adoradores do bezerro de ouro.

Mas nada é imutável, mas também nada nos é dado sem peleja. Em 1974 lutou-se e celebrou-se a Liberdade de lutar. Hoje podemos e devemos lembrar esse momento. (Ver textos, fotos e vídeos, aqui). Para que nos sirva de guia. A luta, aparentemente, é diferente. Ou talvez não. Porque a luta é sempre contra o conformismo, contra o nosso silêncio perante a arbitrariedade, a injustiça e a desigualdade.

E, essa luta será sempre uma labareda perene no coração de todos aqueles que se empenham em lutar por um mundo melhor. Que sejamos muitos. Que sejamos cada vez mais.


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5 pensamentos sobre “Viva o 1º de Maio, sempre

  1. Um texto de conteúdo marxista/estalinista…., muita parra e fachada, pouca uva e respeito pelos trabalhadores!
    Não sabe dos ordenados de miséria que se praticam em Portugal, os mais baixos de toda a UE? Não sabe que há um Banco Alimentar contra a Fome porque ela existe e muita? Não sabe que há famílias sem luz e água potável por fal ta de habitação condigna e dinheiro? A culpa é da classe política parida pelo 25Abril, que empobreceu e endividou os portugueses!

    • Ó Bruegas, tudo isso era pior antes do 25.

      Ainda me lembro de ver Lisboa cheia de bairros de barracas, grande parte da população não tinha água, electricidade, esgotos, não havia SNS, nem salário mínimo, nem férias pagas ou direitos laborais. A mortalidade infantil era muito maior e a esperança de vida muito menor. Nos campos e na costa ainda se viam pessoas sem sapatos. E o principal “motor” e meio de transporte na agricultura era o burro.

      Se achas que isso era o paraíso podes ir viver para o terceiro mundo onde encontras condições parecidas com as de Portugal antes do 25 de Abril.

  2. O primeiro primeiro de Maio foi um dia radioso.

    Infelizmente quando começámos a sair da crise do petróleo e da agitação do período revolucionário levámos com a recuperação da direita – muito por culpa do PS – e logo a seguir com a revolução mundial neoliberal que cortaram cerce os sonhos de um país tipo social democrata como eram as potências europeias no pós guerra e ainda vão sendo os países nórdicos.

  3. Quem passa 50 anos a repetir “A luta continua! A luta continua!” é porque perdeu a luta. O PCP perdeu a luta. Já pensaram nisso? A luta continua, a luta continua… mas nunca ganham a luta! Francamente, camaradas, como é que foi possível fracassarem assim? Se Lenin fosse vivo, desprezava-vos por completo.

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