Greta Thunberg, as agressões ao Planeta e João Miguel Tavares

(Carlos Esperança, 04/12/2019)

Nem todas as evidências têm as causas que se apontam, mas as agressões ao Planeta são a certeza de que só os tolos e os malfeitores duvidam.

Vale a pena ler o que tem escrito a esse respeito o Prof. António Galopim de Carvalho, um sábio, de notável sensibilidade humana e inexcedível espírito pedagógico, e reparar na ternura com que se refere a Greta Thunberg, adolescente com síndrome de Asperger, refletido na obsessão, agressividade e desadequação social que, numa adulta normal, a tornaria insuportável.

Não se pede um julgamento de carácter de quem, inteligente e obsessivamente dedicada a uma causa, se tornou uma referência mundial na luta contra as agressões ecológicas que ameaçam a sobrevivência humana. É a bondade da causa em que se empenha que está em causa. É a enorme capacidade de irritar que a tornou uma figura planetária ao serviço da mais urgente e assustadora das causas, quando dirigentes políticos de grandes países, manifestam a mais aterradora indiferença e afrontosa insensibilidade.

A forma boçal e indigna como a referiu o adulto pouco recomendável que o PR alugou para os discursos do último 10 de Junho, e as acusações soezes que lhe fez no Público de 26 de setembro p.p., sob o título “O sacrifício de Santa Greta no altar do Deus Verde”, marcam a diferença entre uma adolescente obstinada por uma causa justa e um brejeiro que acusa o s-g da ONU de “continuar a confundir pateticamente razão e coração” e que “já devia saber distinguir uma retórica totalitária quando a ouve».

O plumitivo rasca considera que as palavras iradas de Greta Thunberg “poderiam estar impressas, sem tirar nem pôr, no manual de um qualquer grupúsculo de extrema-esquerda dos anos 70 que procurava impor as suas ideias à bomba”. J. M. Tavares é um anacronismo da extrema-direita que o Público acoita e o PR contratou para animar o dia em que a ditadura distribuía veneras às mães de filhos mortos na guerra colonial. Ontem, insatisfeito com a prosa de 26 de setembro, codetentor da última página do Público, escreveu aí «A minha carta para Greta Thunberg», numa prosa onde os ataques à esquerda e o paternalismo insuportável para com a visada definem a sua insanidade e reacionarismo primário. Fonte aqui .

Face a imbecis de diversas origens e posições, a jovem sueca marca a agenda climática, transmite a noção da emergência à opinião pública mundial e intimida os capatazes da poluição e os políticos a quem apenas interessa a próxima eleição.

Os insultos à jovem são provenientes de adultos mais autistas do que ela, quase sempre com menos conhecimentos e mais raiva, e sem o carisma e a eficácia com que ela nos convoca para a tarefa urgente de defender o ar, a água e o solo para os filhos e netos.

Por mais que uivem, ululem e crocitem de raiva os adversários da jovem que tem apenas a palavra e a deficiência como armas, prefiro as suas mensagens, que me interpelam, às diatribes de quem vocifera contra a mensageira em papel impresso.

Obrigado, Greta Thunberg, pela consciência crítica que nos obriga a formar e o remorso que nos faz sentir cada vez que deixamos a luz acesa, usamos o carro, sem precisão, ou devastamos a natureza com pilhas, plásticos, metais pesados e outros poluentes letais.

Marcelo, a preparar cínica e metodicamente a recandidatura, produziu a mais hilariante declaração, não a vai cumprimentar para «evitar aproveitamentos políticos», mas não a ignorou.


14 pensamentos sobre “Greta Thunberg, as agressões ao Planeta e João Miguel Tavares

  1. Gostei muito da resposta ao senhor mais ou menos imbecil. Greta é um símbolo e na sua simplicidade diz coisas certíssimas que precisam ser ouvidas. Ela tem coragem de lutar por um mundo melhor enquanto esse JMT é apenas uma mente encardida. Bem haja a Estátua de Sal

  2. O JMT, se estivesse em 1939 na Inglaterra ainda era capaz de dizer que era necessário fazer reformas estruturais para que os privados fossem capaz de mais eficazmente combater a calamidade.

    • Caro Senhor,

      Quando você tinha a idade da menina Thunberg era de certeza um adolescente imbecil a quem os adultos, com grande acerto, não permitiam que colocasse o pé em ramo verde. Hoje em dia, os adultos que manipulam a menina Thunberg utilizam-na para distrair a cáfila de adultos imbecis que você tão despudoradamente integra.
      Entregue-se pois o governo do mundo aos adolescentes e aos idiotas úteis.

      • Quando tinha a idade da menina Thunberg já tomava a alteração climática causada pelo homem como um facto. Qual é a desculpa do kullervo para não ter aprendido?
        A menina Thunberg não tem plano de governo nenhum, nem tão pouco de poder, vá-se queixar doutra.

  3. Fraude! A taxação do carbono serve números, não pessoas. Isto é lavagem cerebral para as massas que, fazem esta paneleirice toda e depois atiram beatas de cigarro e latas para o chão. Hipócritas. São as elites que estão por detrás da manipulação desta criança – é urgente acordar para as verdadeiras causas das alterações climáticas: H.A.A.R.P, Geo-Engineering, Chemtrails! Alguma vez se ouviu a menina a falar sobre isto? Não. Porquê? Porque ela tem uma unica agenda e não convem arruinar as ideias que ela regurgita. Sociedade triste.

    • Não ouviu porque na Suécia não há Limbaugh nem Alex Jones a dizer que o governo é incompetente, menos a controlar pessoas.

  4. Infelizmente a imbecilidade de JMT não significa que a jovem Greta Thunberg esteja certa na sua asserção de uma «crise climática»… A temática das alterações climáticas é uma daquelas questões ditas «transversais», embora seja verdade que a «Esquerda» norte americana (estas aspas não são inocentes) seja «alarmista» (já estas aspas indicam apenas que é a designação genérica que lhes é atribuída), e embora seja verdade que a denúncia do alarmismo (ou catastrofismo) climático venha primordialmente de instituições conotadas com a Direita (sem aspas…), aquilo que constato – para mal dos meus pecados já fui “desamigado” por antigos companheiros de luta – é que aquelas instituições de Direita (ou melhor, os cientistas que convidam e a quem dão a palavra) têm razão em «deitar água na fervura do alarmismo». Infelizmente confunde-se (então nos comentários que se encontram em dezenas de blogues e no Youtube, é um fartote), confunde-se, dizia, «poluição» com «emissões de CO2». Claro que temos todos a obrigação de limpar o Planeta. Claro que temos todos a obrigação de deixar o Planeta em melhores condições (mais habitável) do que o encontrámos. Mas, a «Neoverdade» Orweliana faz com que, por exemplo, as inundações da Praça de São Marcos em Veneza (cidade que se está a fundar há séculos), «sejam culpa das alterações climáticas»…
    A diabolização da molécula da Vida (o dióxido de carbono) é algo que ultrapassa a minha capacidade de compreensão. Ainda me lembro de quando – há muitos, muitos, anos – estudei Química Orgânica, também se chamava «Química do Carbono»… Paradoxalmente (ou estranhamente…) constato que pessoas que se reclamam do Marxismo parece não se darem conta de que estão a dar apoio/cobertura a posições que Marx e Engels rejeitariam liminarmente: o Malthusianismo. Já ouvi um professor universitário afirmar que «a única solução é reduzir a população»… E também já li artigos de antigos cientistas Neomalthusianos (incluindo na área da Ecologia) declarando abertamente que «somos demais»… «O planeta não aguenta»…

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