(Carlos Coutinho, 28/08/2021)

Foi, inesquecivelmente, há 58 anos, 58 inqualificáveis anos, naquele irrepetível 28 de Agosto de 1963, que Martin Luther King, encabeçando uma multiétnica Marcha Sobre Washington, parou em frente ao Memorial Lincoln e disse a mais de 250 mil pessoas idas de todas as regiões do país (e também a todos nós, ainda hoje): “Eu tenho um sonho…”
A verdade é que tal sonho nunca se cumpriu, porque assassinos ligados à CIA e ao Ku Klux Klan o abateram a tiro em Memphis, à saída do hotel em que pernoitara, naquele dies horribilis de 4 de abril de 1968. Ou, mesmo quando em parte se cumpriu, foi apenas na alma de muito menos de metade dos seus compatriotas, visto que em pleno século XXI, o empresário caloteiro Donald Trump ainda manda, tanto no Congresso como em Joe Biden, o que acaba de entregar o Afeganistão aos bichos.
Para mim esse sentimento de derrota é ainda mais profundo, porque hoje, no Porto, o meu irmão Olímpio Amálio deveria festejar os seus 70 anos, mas não o vai conseguir, porque partiu para sempre, alguns anos antes da mãe, no dia 23 de Dezembro de 2013. Requiescat in pace.
Vou tentar pensar noutros eventos. Felizes, de preferência. Por exemplo, faz três anos o rebento mais novo dos Coutinhos do Porto, a Sofia, uma menina com o nome da Catedral de Constantinopla (Hagia Sophia = Sagrada Sabedoria) e que herdou, da mãe e da bisavó paterna, uma beleza não muito comum.
Dá para perceber como são caprichosos os deuses do destino na confeção de calendários e fisionomias memoráveis!
Um dos meus autores de eleição, Johann Wolfgang von Goethe, também faria anos, hoje 272. Visitei a sua casa-museu em Weimar, naquela data remota de 1978.
É certo que ele nasceu muito mais a norte, em Frankfurt, mas por Weimar, que deu nome a uma república azarada depois de uma guerra mundial, passaram muitos outros grandes vultos germânicos. Schiller e Nietzsche, por exemplo.
Mas o meu Goethe preferido não é o do mortífero “Werther”, nem o do melífluo e implacável “Fausto”, aquele que que vendeu a alma ao Diabo para que este o ajudasse a decifrar os enigmas do Universo. É outro, ´´e o de “As Afinidades Electivas”.
Claro que, se descer muito na escala de valores, também posso deter-me um pouco na figura repulsiva do anafado Ai Huei, aquele hiperbadalado artista plástico chinês que faz hoje 64 anos e está muito ativo em Portugal.
Também está cada vez mais obeso e apalhaçado, a pontos de se deitar de lado, adiposo e nu, num caldeirão de fruta, a comer melancia, para aparecer na televisão como mais ninguém até hoje terá aparecido. Bom proveito.