(Martim Silva, in Expresso Curto, 07/10/2019)
Bom dia, esta é a sua newsletter matinal do Expresso, poucas horas depois dos portugueses terem ido votar e deixado o país um pouco mais cor de rosa que na véspera.
Como ficou o país depois destas legislativas?
PS 36,65%
PSD 27,90%
BE 9,67%
PCP-PEV 6,46%
CDS 4,25%
PAN 3,28%
Chega 1,30%
Iniciativa Liberal 1,29%
Livre 1,09%
E em deputados na AR?
PS 106
PSD 77
BE 19
PCP-PEV 12
CDS 5
PAN 4
Chega 1
Iniciativa Liberal 1
Livre 1
(faltam os habituais quatro deputados dos círculos da emigração, que só serão conhecidos nos próximos dias, para perfazer os 230).
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Vamos à política. Que quer isto tudo dizer para o futuro político do país?
Aqui lhe deixo o link essencial com todos os resultados, a distribuição dos deputados, qual a votação no seu concelho e na sua freguesia e quais as maiorias absolutas que podem vir a ser formadas.
E aqui o texto global de análise da noite eleitoral.
O PS venceu as eleições com uma margem de nove pontos para o PSD mas ficou longe de conseguir uma maioria absoluta dos deputados na AR (só atingida com… Sócrates). Para ter uma maioria estável para governar, Costa vai precisar de pelo menos um dos partidos da geringonça (PCP ou Bloco), mesmo que se socorra dos deputados do PAN, que quadruplica, e do Livre.
António Costa sinalizou isso mesmo no discurso de vitória da noite eleitoral, lembrando que os portugueses gostaram da geringonça e que agora a ideia é não só repeti-la como alargá-la a outras forças, como o Livre de Rui Tavares e o PAN reforçado de André Silva. Uma espécie de renovação dos votos de casamento, mas com mais parceiros…
(aqui fica o texto sobre a noite eleitoral socialista)
Pelo lado de Rui Rio, a queda do partido para valores junto dos 28 por cento dos votos, apesar de ser dos piores resultados de sempre, permitiu ao líder do PSD dizer que não houve nenhum desastre nem nenhuma hecatombe, e deixar ainda no ar que não vai atirar a toalha ao chão e que deverá recandidatar-se a líder do partido (embora não o tenha dito explicitamente). Pelo meio, Rio fez um daqueles discursos à Rio, atacando por exemplo a comunicação social (nomeou diretamente o Expresso e a SIC).
(aqui fica o texto sobre a noite eleitoral laranja)

A grande novidade política da noite veio de Assunção Cristas, curiosamente a primeira líder partidária a falar aos portugueses. Demite-se, vai-se embora e agora está aberto o processo de sucessão da sua liderança. Motivo? O regresso do partido aos tempos da bancada do táxi (em bom rigor, um táxi mais um passageiro). Até agora, tinha 18 deputados mas vai ficar-se pelos cinco…
(aqui fica o texto da noite eleitoral centrista)
À esquerda, Bloco e PCP mantiveram-se como terceira e quarta forças políticas, mas com resultados que devem ser lidos politicamente de forma distinta.
Os bloquistas de Catarina Martins perderam 50 mil votos mas mantém o número de deputados na AR – não sobem nem descem.
Os comunistas têm perdas bem maiores, de mais de cem mil votos nas urnas, o que faz com que passem a ter menos cinco deputados no Parlamento (ainda assim, Jerónimo promete continuar), de 17 para 12.
Quanto às restantes forças, o PAN quadruplica a sua presença, mais que duplica o número de votos… e André Silva promete atender o telefone de Costa para negociar, quando este chegar. Mais um para a geringonça…
O Livre, de Rui Tavares (que não vai ser deputado) chega finalmente ao Parlamento, com a negra Joacine, depois de ter falhado a eleição em 2015 (curiosamente quando foi a primeira força a defender a aliança das esquerdas, que seria feita sem a sua presença).
Outras novidades significativas são a estreia no Parlamento da Iniciativa Liberal, e ainda do Chega, de André Ventura.
Sobre estas três novas forças, pode ainda ler estes textos (Livre, Chega e Iniciativa Liberal) que explicam melhor quem são e o que defendem e ao que vêm.
Nota ainda para o falhanço de Santana Lopes, que depois de deixar o seu PSD de sempre formou a Aliança, mas não conseguiu entrar no Parlamento. E isto logo na eleição em que mais pequenos partidos conseguiram de uma só vez esse feito: Livre, Iniciativa Liberal e Chega. Isto para além da passagem do PAN de um para quatro deputados.
Com isto, o próximo Parlamento será aquele com mais partidos representados no Parlamento. Dez! Um recorde na nossa democracia.
Aqui pode olhar para os resultados distrito a distrito e perceber o que mudou face a 2015 e que levou a que desta vez o PS pudesse cantar vitória em 15 dos vinte círculos do continente e ilhas.
Recorde também, mas pela negativa, foi o valor da abstenção, que voltou a subir nestas eleições. 45,5%.
Agora, a bola está do lado do Presidente da República que deverá começar já terça-feira a receber um por um os dez partidos com assento parlamentar, para a indigitação de um primeiro-ministro, que será António Costa.
Na opinião, vale a pena ler o Daniel Oliveira e o João Vieira Pereira.
Para terminar este longo capítulo eleitoral, deixo-lhe ainda estes quatro links.
O primeiro sobre o trabalho que fomos fazendo ao longo da noite eleitoral ao vivo na redacção.
O segundo sobre qual o estado da economia que o novo governo de António Costa se prepara para encontrar.
O terceiro e o quarto são trabalhos sobre os resultados eleitorais e contém alguns dos dados mais significativos destas eleições e que podem ser bem úteis, por exemplo, quando estiver no café a discutir o tema com amigos e colegas. Exemplos? Onde é que o PS teve mais votos? E o PSD? Quem votou em Tino de Rans? E quantos votos teve o PAN em Barrancos?