O PSD e a ética política

(Carlos Esperança, 11/04/2019)

Se há canalhice bem urdida, onde uma maldade e a meia verdade se dão as mãos para o mais sórdido ataque de carácter a um membro do governo, a acusação de David Justino à ministra da Justiça é um exemplo exuberante.

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O vice-presidente do PSD, acusou ontem a ministra de ter estado a negociar o próprio salário para quando sair do Governo. Não se pode ser politicamente mais pusilânime e cínico.

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Francisca Van Dunem respondeu que em campanha eleitoral não pode valer tudo. E não. David Justino não teve a coragem de dizer que a proposta do PS para que os magistrados judiciais possam suplantar o vencimento do PM é iníqua, e uma capitulação perante o politizado sindicato dos juízes. Faltou-lhe a coragem, mas não lhe minguou a baixeza ética do ataque individual por uma medida do Governo. Nem Marques Mendes iria tão longe.

A ministra da Justiça é magistrada e, quando sair do governo, irá ganhar o vencimento a que tiver direito, mas admitir que a proposta de vencimentos do Governo, para os magistrados judiciais, subvertendo a hierarquia do Estado, resulta do interesse pessoal da ministra, é uma calúnia ao nível do PSD a que Passos Coelho o elevou.

Rui Rio teve o azar de se rodear dos piores que havia fora do círculo de Relvas, Santana Lopes e Marco António. David Justino merecia integrar esse grupo, e não o de Rui Rio que, afastado da máquina do partido, ficou com o refugo.

Uma vez mais condeno o Governo e todos os partidos que vierem a apoiar a subversão da hierarquia do Estado, através dos vencimentos dos magistrados judiciais, mas não deixarei de manifestar indignação por acusações tão torpes como a que David Justino lançou à sólida jurista e honesta magistrada, ministra da Justiça.

Mas, que dizer do empedernido cavaquista que acrescentou à infâmia contra a ministra a censura ao PM, pelo facto de admitir que haja funções do Estado mais bem remuneradas do que a sua própria função, esquecido do vencimento do atual presidente da CGD quando foi diretor-geral das Finanças e era ministra Manuela Ferreira Leite?!

Rui Rio afirmou que ninguém deve ganhar mais do que o PM e o PR. Se não esquecesse a segunda figura do Estado, o presidente da AR, tinha razão. É, de facto, uma vergonha que assim não seja, embora não fosse o caso do chefe de gabinete de Rui Rio na Câmara do Porto.

Isto não é política, é pornografia.


8 pensamentos sobre “O PSD e a ética política

  1. Nota, um statement.

    É graças aos intelectos esmagadores do Carlos Esperança, Dieter Dellinger (ui!), Virgínia da Silva Veiga e Vassalo de Abreu, todos eles medram n’A Estátua de Sal, à sempiterna e recauchetada firma Valupi, Tangas & C.ª, Limitada (inclui-se aqui a dondoca d’Um Jeito Manso, não dou mais…), aos mocinhos/as d’Os Truques, da Geringonça e das contas oficiais do PS no #Twitter, ao Pedro Marques, que por si só, sabia-se à partida qu’era um candidato #sexy e um balão cheio de nada, aos cabos de esquadra de alguns blogues, ao seu #frenesim e às coisas fofas da Isabel Moreira, Fernanda Câncio, Rui Tavares, Marco Sargentinho Ferreira, Daniel Oliveira, &etc., para além das responsabilidades próprias que devem ser assacadas ao partido de António Costa, aos seus amigos, às respectivas famílias e à sua entourage de meninas e raparigos. que acontecem, sem surpresa!, coisas lindinhas como esta.

    […]

    À medida que 2019 avança, PSD e PS começam a ficar cada vez mais próximos nas sondagens. O barómetro da Aximage relativo a abril, divulgado esta sexta-feira pelo “Jornal de Negócios”, revela que a distância entre os dois partidos na corrida às eleições legislativas encurtou-se este mês em cinco pontos percentuais, descendo para o nível mais baixo dos últimos dois anos e meio.

    O PS regista uma queda de 1,7 pontos para 34,6% enquanto o PSD dispara 3,4 pontos para 27,3%. É preciso recuar a outubro de 2016 para encontrar uma diferença menor entre os dois partidos, nota o matutino.

    Esta aproximação poderá dever-se, em parte, à polémica em torno das nomeações da familiares para o Governo – o caso “familygate”. De acordo com outra sondagem da Aximage, esta situação merece a condenação de 62% dos portugueses.

    No Expresso, hoje.

  2. Já vai sendo tempo de deixar de desculpar Rio pelos que os rodeiam. Ele conhece-os muito bem a todos? Só falta de dizer que também foram os outros que o empurraram para o populismo actual. Não fizesse o populismo sempre parte do verdadeiro adn do PPD.

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