Que havemos de fazer? Que venha 2019

(Por Estátua de Sal, 31/12/2018)

2019

Aos profetas é dado o dom da visão do futuro, visão que se queira que seja boa. Contudo, os profetas e pitonisas que povoam o espaço mediático só nos acenam e ameaçam com profecias da desgraça.

Ele é os juros, ele é o Trump descontrolado, ele é o Brexit, ele é a China constipada a espilrar, ele é intempérie sobre intempérie, furacões, maremotos e vulcões a cuspir, ele é o fascismo a ganhar eleições,  ele é, em resumo, a nossa vida a andar para trás.

É fácil fazer de profeta da desgraça. Se esta vier, o profeta colhe os louros da sua presciência e dirá: – Eu bem vos avisei. Se não vier, respiramos todos de alívio, e até passamos a ver o profeta com um olhar de condescendência simpática, pedindo-lhe que faça mais previsões “negras”, para que se tornem numa espécie de vacina, e falhem no futuro.

O perigo da disseminação de uma excessiva onda de pessimismo é que tal disseminação contém em si mesma, no que toca à dinâmica das sociedades humanas, nomeadamente no que tem a ver com os fenómenos económicos, muita probabilidade de auto-realização: isto é, a desgraça não vinha mas como todos acreditámos que viesse, agimos em conformidade e impulsionámos a sua vinda!

Assim, perante este cenário, que havemos de fazer? Parar o calendário à meia-noite, para fechar as portas a 2019 e assim evitar as desgraças que se anunciam? Se isso fosse possível pararíamos sempre o calendário nas horas em que fomos felizes e aí ficaríamos para sempre. Alinhar no coro das Cassandras e começar a sofrer, roendo as unhas, os malefícios premonitórios que nos querem servir por antecipação? Também não vale a pena porque, dessa forma, estaríamos a auto castigar-nos duplamente e a penar por desgraças que podem não passar de ameaças imaginárias.

Logo, meus caros amigos, devemos isso sim, comemorar o final de 2018, como um momento único e irrepetível, como um tempo de não retorno, celebrando o milagre de estarmos vivos. e assim querermos continuar em 2019. Uns melhor, outros pior, uns bem, outros mais mal que bem, todos devemos celebrar esse improvável acontecimento da vida, da nossa vida, no meio de um Universo infinito, e num mundo cheio de escolhos, perigos, armadilhas e tormentas.

É esse o espírito que anima este blog, é esse o espírito que anima a Estátua de Sal e que quer transmitir a todos aqueles que a lêem e seguem.

Aproveito para agradecer aos que nos tem ajudado a fazer este blog, quer com ajudas monetárias variadas que temos recebido, quer com os textos que muitos amigos nos permitem publicar e nos ajudam a discutir o futuro do nosso querido país e do mundo, a política e a democracia, exercendo assim a nossa cidadania em liberdade.

Podem contar com a presença da Estátua de Sal, em 2019. E ela vai continuar a contar com a ajuda de vocês, para se manter de voz erguida, diariamente atenta, acutilante e viva.

Que as desgraças anunciadas por muitos sejam só uma quimera de mentes negras, são os meus votos.  Entrem todos em 2019 com alegria e confiança. Ergam a taça à vida e acreditem que só seremos derrotados quando desistirmos de lutar por um mundo melhor.

Bom ano de 2019 para todos vocês!

15 pensamentos sobre “Que havemos de fazer? Que venha 2019

    • Ontem, ao telefone.
      VSV – É simpático ter um local onde se concentram opiniões divergentes e interessantes.
      MG – De nada, a simpatia é toda sua (e do Dieter, Vassalo e José Neves, uns amores!).
      VSV – Em 2019 é que vai ser… Duarte Lima, Vara.
      MG – ?
      VSV – E. pelas minhas contas, o Zé vai ser lá para 2025. Uns incompetentes, estes tipos!
      MG – Ahhhhhh, adeus, saúde e-e-e-.e…

      [Socorroooooooooooo!]

  1. O que têm de fazer? A minha sugestão: Deixem de publicar os textos do Dieter Dellinger. As crónicas dele não têm qualidade suficiente para serem publicadas, nem mesmo neste pequeno blog.

  2. Todos têm direito, desde que cumpram as regras, este blog é plural e, infelizmente, nem todos temos a qualidade suficiente de entendimento.
    Bom Ano

  3. Boas inspirações a todos, sem exceção, que escrevem neste blog.
    Nada de aceitar sugestões para silenciar quem quer que seja.
    Que continuem a ser uma voz livre.
    Um excelente 2019 para todos vós.

  4. Bem, eu não tenho por hábito comentar comentários. Mas vir aqui inventar conversas de pessoas que nem sequer têm o telefone umas das outras passa os limites da salutar convivência humana. Do comentador anónimo já li de tudo o que há de inventivo e deselegante. Dar aos outros a impressão de que me conhece e de que eu tenho o telefone de alguém da Estátua de Sal, ficcionando uma conversa, não é invenção, é desonestidade. Se o vazio feio dos comentários acoitados em perfil anónimo já eram pouco louváveis, isto raia a total falta de decoro.

    • Virgínia, tenha dó.

      Li-a pela manhãnzinha e tenho sorrido, aliás, se somar tudo o que aconteceu, atingi, há bocado, não o nirvana mas o patamar do bastante, e lamento que não tenho tempo para lhe responder com mais jeito do que isto.

      1. Tal como faz com o seu ex-PS para si própria, no fundamental, utiliza exactamente a mesma estratégia que é a da vitimização contra quem lhe aparece à frente. Uma verdadeira #socratete, acho qu’é isto.

      2. Dito isto, é vítima de quê (tem exemplos) a propósito? Do «chorrilho de disparates» que utilizou aqui há tempos n’A Estátua de Sal sobre o quadro do Júlio Pomar apreendido pelo MP olvidando todos os outros que fazem parte da acusação do MP quando, na sua nova vida, noções como Antigo Regime ou Estado Moderno ou sei lá o quê, pó dos arquivos, Braudel e todos os outros, deveriam estar presentes? Ah, e quê, coitada da senhora qu’isto não é desonestidade intelectual e política (há aqui uma diferença!), tens de compreender, menino, faltam-lhe as bases para abraçar, um pouquinho só que seja, esta vida nova e talvez, assim como assim, consiga perceber finalmente a importância do rasto documental deixado pela compra, transmissão e posse de propriedades várias nomeadamente das obras de arte (ou do nosso património, como hoje se diz)… É nabice, não se trata de desonestidade política, desculpa-se e eu segui o baile acredite. Mas, pergunto, nunca leu nada sobre isto, nunca ouviu uma ou duas conferências de HMC, um seminário?, em que estes e outros assuntos são obrigatoriamente debatidos?

      3. Desonestidade, senhora donzela atrevida, tal como já lembrei ao Dieter a propósito da alegadamente corrupta Joana Marques Vidal, num divertido comentário em que entrava o Silva Santos Carlos, o Gordo, perdão o Magro, uma caixa de robalos, perdão, umas latinhas de atum Tenório para a cave dos mormons é coisa que, vosotros/as, não devem usar sobre os outros. E é simples de perceber o porquê, acho, basta lembrarem-se do vosso cadastro político.

      [Tlim, e vivó velho!]

  5. Não é uma questão de pessimismo, é uma questão de evitar andar a voltar a chorar que vivemos acima das nossas possibilidades. Ou, se calhar, ter 3 refeições por dia e propriedade é mesmo um luxo que não cabe aos untermenchen da eurolândia.
    E é uma questão de aprender a fazer contas, e não a aturar propaganda capitalista disfarçada de progressismo, com as consequências que eram inevitáveis do surgimento do euro e com a consequente austeridade permanente.
    É uma questão de não voltar a tomar as mesmas opções no colapso de 2019 porque a GFC já mostrou que são desastrosas e sem retorno legal.

    Um bom 2019, dentro dos possíveis.

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