Um ano de estupidez humana

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 24/02/2023)

Miguel Sousa Tavares

Um ano depois, a Ucrânia, sobretudo as suas pequenas cidades e aldeias do interior, continua a ser paulatinamente devastada e nem Putin conseguiu a rápida vitória que teria previsto nem a NATO conseguiu, por interposto Zelensky, correr com os russos da Ucrânia. No terreno, a guerra de artilharia levada a cabo incansavelmente por ambos os lados, e sem saída militar à vista, é mantida, do lado russo, pelo envio constante de cada vez mais soldados para a morte e, do lado ucraniano, por uma tão persistente exigência de mais armas ao Ocidente que se atingiu a situação jamais vista de exaustão de munições nos arsenais da NATO. Entretanto, a continuação da guerra devora economicamente a Europa e num só dia gasta-se 10 vezes mais em armas na Ucrânia do que aquilo que seria necessário para acorrer a oito milhões de sírios que dormem ao relento e morrem de fome e frio, sem auxílios internacionais, depois do terramoto de há três semanas. Mas, sintetizando aquilo que é a voz comum de uma Europa “unida como nunca”, decretou há dias o nosso António Costa que “a paz só é possível com a vitória da Ucrânia e a derrota da Rússia”. Mas o que será essa esperada derrota da Rússia? A retirada de todos os territórios conquistados nesta invasão — seguramente que sim, que é exigível; a participação na reconstrução da Ucrânia, sim; a entrega à justiça dos responsáveis por crimes de guerra, como os de Bucha, sim. Mas também a renúncia aos Acordos Minsk II assinados pela Ucrânia? A devolução da Crimeia, que por breves 23 anos numa história secular e por descuido de um irresponsável chamado Ieltsin, pertenceu à Ucrânia independente? A aceitação da Ucrânia como membro de pleno direito da NATO e também da Geórgia e uma base americana em Odessa? Ou a derrota militar total no terreno dos exércitos russos, custe isso o que custar aos ucranianos e sejam quais forem os riscos de escalada envolvidos? António Costa e os seus iluminados pares acreditam mesmo que a “solução pacífica” estará em conseguir fazer sair a Rússia, esmagada e humilhada, da Ucrânia?

<span class="creditofoto">ILUSTRAÇÃO HUGO PINTO</span>
ILUSTRAÇÃO HUGO PINTO

E, se bem que seja este o único horizonte de esperança que estes líderes europeus têm para nos oferecer para o próximo ano, há coisas curiosas e contraditórias nesta guerra, onde alguns espíritos, outrora mais lúcidos, comparam a invasão russa à “barbárie nazi” e insistem que não há outra solução para a paz que não a guerra. Ora, reparem: esta é uma guerra onde, a todo o tempo, os dois lados trocam entre si prisioneiros de guerra; onde um dos lados, a Rússia, permite ao outro que continue a escoar o grosso das suas exportações — os cereais — através de portos no mar Negro, que lhe seria fácil bloquear, ao mesmo tempo que viu as suas exportações de gás para a Europa serem definitivamente encerradas através da sabotagem dos gasodutos civis Nord Stream I e II, numa operação que, sendo “nossa” e não “deles”, não pode, obviamente, ser classificada como terrorismo; onde, apesar da destruição causada pelos invasores, as principais cidades da Ucrânia e, sobretudo, as cidades cuja história está intimamente ligada à da Rússia, Kiev e Odessa, permanecem fundamentalmente intactas e com uma vida tão normal quanto possível em tempo de guerra: a “barbárie nazi” não tocou em Odessa, onde 60 mil soldados russos morreram na II Grande Guerra para a resgatar dos nazis, nem em Kiev, onde todos os líderes europeus se passeiam livremente e Joe Biden foi reafirmar ao “assassino” Putin que não tem nada a negociar com ele, depois de o ter cautelarmente avisado de que iria ali fazer uma corajosa “visita-surpresa”.

Dez pacotes de sanções à Rússia puseram de joelhos a Europa, mas não a Rússia e, menos ainda, os Estados Unidos, e deixaram de fora os preciosos diamantes da praça de Antuérpia, e Boris Johnson, o grande campeão da solidariedade ocidental para com a Ucrânia, exibe-se pelo “mundo livre” a expor as virtudes da continuação da guerra sem fim ao preço de 200 mil euros por conferência. Mas se mesmo em plena guerra, e apesar dela, é possível estabelecer acordos destes, não seria possível, havendo um mínimo de vontade séria, de lançar bases exploratórias de uma negociação de paz?

Sim, não tenho dúvidas, Vladimir Putin toma-se por um novo czar. Eu, se fosse russo e habitasse no Palácio de Inverno de S. Petersburgo ou no de Tsarskoye Selo e se conhecesse a história da Rússia imperial, também era capaz de sofrer da mesma patologia. Mas tão culpado é o doente como os que se aproveitam da sua demência. Só passou um ano e ainda é cedo; por ora, conhecemos apenas os inacreditáveis erros de avaliação e estratégia de Vladimir Putin; um dia conheceremos toda a história por detrás deles. Oxalá ainda valha a pena.

2 Depois de confiscarem a terra aos proprietários — o que bem se justificava —, os revolucionários russos de 1917 trataram também de confiscar os cereais aos pequenos produtores e camponeses face à escassez de oferta no mercado. Revoltados, os mujiques reduziram a produção e esconderam o pouco que produziam para consumo próprio. Apesar dos fuzilamentos em massa, seguiram-se anos de fome que mataram milhões de pessoas na Rússia e na Ucrânia. Quando a oferta escasseia, a tentativa do Estado de se sobrepor à força às leis do mercado raramente melhora a economia e dificilmente não perturba a liberdade. Mas não foi por súbito assomo de ideologia “comunista” que o Governo resolveu lançar mão dos arrendamentos compulsivos das “casas devolutas”, intervir administrativamente no preço dos alugueres ou atacar os AL: foi por desespero. Esse desespero é compreensível e a tentativa de finalmente fazer alguma coisa é louvável. Até porque, ao contrário da indignação hormonal da direita, eu não acho que exista um direito à propriedade ao abandono. Simplesmente este não é o caminho, e bastaria ter visto a ministra da Habitação completamente à toa na SIC para o perceber: não só essa solução lançaria o país numa guerra política e de litigância sem fim à vista, como jamais o Estado teria a capacidade de pôr em execução uma medida abrangendo as 730 mil casas devolutas do país com um mínimo de eficiência e justiça.

Saiba mais aqui

 

Porém, o pacote Mais Habitação tem coisas boas, como o fim dessa mistificação que são os vistos gold ou a simplificação dos processos de licenciamento de construção. Omite coisas em falta de há muito, como a municipalização de solos urbanos públicos e a sua entrega a sociedades mistas de construtores e cooperativas de habitação ou compradores para habitação própria a preços controlados. Mas erra por completo o tiro ao alvo principal, que é a inexistência desde há décadas de um mercado de arrendamento funcional. Por isso é que somos o país europeu onde mais gente é proprietária de casa própria ou, melhor dito, devedor ao banco de um empréstimo para compra de casa própria (o que, por sua vez, demonstra até que ponto é uma vergonha que, com este maná nas mãos, a banca tenha tido de ser tantas vezes socorrida pelos contribuintes). Perceber por que razão tão poucos investidores estão interessados em comprar casas para as arrendar deveria, pois, ser o primeiro passo para atacar o problema a prazo. Mas como a situação é de emergência, não há outro caminho a curto prazo que não o do alívio fiscal sobre os rendimentos dos senhorios. Isso deixará a extrema-esquerda aos berros e obrigará a fazer poupanças na despesa com a clientela fixa do Estado. Mas a alternativa é deixar tudo na mesma, uma geração inteira sem direito a uma casa.

3 Tão certo como a seguir ao Outono vir o Inverno, era de esperar que depois da divulgação do relatório da Comissão Independente sobre os abusos sexuais sobre menores na Igreja Católica Portuguesa surgisse o contra-ataque da parte desses católicos ajoelhados perante a sua hierarquia, beatos, confessionais, em tudo dispostos a desvalorizar, justificar, ocultar, contrapor: os sobreviventes da Igreja do nojento padre Frederico e do sinistro bispo do Funchal, que o cobriu e o comparou a Cristo. Os argumentos do contra-ataque foram os mesmos de sempre: anticlericalismo, ódio à Igreja, ateísmo militante e mais umas banalidades de ocasião. Mas também houve excepções, entre as quais o provincial dos Jesuítas, que não hesitou em ir ao fundo das questões, de forma desassombrada e corajosa. E agora, que a Igreja está debaixo de fogo, eu, que andei oito anos nos Jesuítas, de onde saí com uma amarga experiência pedagógica e ética, sinto-me, porém, obrigado a dizer, por dever de consciência, que, no que toca àquilo de que hoje se fala, jamais vivi de perto ou testemunhei qualquer coisa que pudesse ir parar ao relatório da Comissão. Da mesma forma que, na minha vida profissional errante, vi — em África, na Índia ou no Brasil, e em Portugal também — lugares e situações onde os sacerdotes católicos eram as únicas ou as mais evidentes presenças de humanismo e da palavra do Evangelho, e, para além disso, gente que eu gostaria de ter em minha casa, para os ouvir, para partilhar um vinho, para ficarmos amigos. Mas também conheci ou vi os outros, os padres betinhos, os deslumbrados, os da subterrânea Opus Dei. Um destes é o padre Gonçalo Portocarrero, de Almada, colunista do “Observador”. O que ele escreveu esta semana no jornal a tentar minimizar os abusos de décadas da Igreja é uma peça absolutamente abjecta e que merece ser publicamente denunciada. No seu texto, ele começa por tentar desvalorizar e ridicularizar o número de casos ocorridos através de uma aritmética da ocultação. A seguir, defende que o relatório não deveria ser público, mas apenas entregue à Comissão Episcopal (que adequado!), e que os relatos dos abusos foram uma violação da privação das vítimas e deveriam ter sido omitidos (que conveniente!), para concluir que, em tudo isto, a “Igreja portuguesa não foi cúmplice, mas sim vítima”. E, no fim, remete a coragem das denúncias para a Igreja e as culpas dos abusos para as “famílias”, que a Igreja doutrina: “É de esperar que a sociedade civil reconheça a nobreza deste gesto (da Igreja) e o saiba imitar.” À Igreja Católica, a que eu não pertenço, mas a que pertencem tantas pessoas que eu admiro e que nela acreditam, este padre Portocarrero, de Almada e da Opus Dei, não devia poder pertencer, pois que só lhe causa danos.

Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia


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14 pensamentos sobre “Um ano de estupidez humana

  1. O festival de delírio que vai por estas cabecinhas é… Delirante.

    Então, como diz o outro, vamos lá ver: o objetivo declarado da Federação Russa, independentemente do quanto nos queiram fazer crer o contrário, não é o de conquistar território.

    O objetivo declarado sempre foi, desde o princípio, resolver o problema do Donbass, nomeadamente as campanhas de discriminação, perseguição e o conflito que grassava na região desde o golpe de estado, financiado pelos regimes ocidentais e que derrubou o governo legítimo de Viktor Yanukovich, da Praça Maidan em 2014.

    O único objetivo da Operação Militar Especial não pode de forma alguma ser dissociado de um facto que é continuamente escondido nas redes sociais e que é: desde 16 de Fevereiro de 2022, as agora conhecidas como Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk estavam debaixo de fogo, como demonstrado em relatórios diários da OSCE – a organização que observava o cumprimento do acordo de cessar fogo na região do Donbass entre o governo terrorista, e disseminador de simbologia que estava presente em paradas das SS nazis durante a Segunda Guerra Mundial, de Kiev e as milícias separatistas das Repúblicas.

    O blog Moon of Alabama fez uma série, desde dia 16 de Fevereiro deste ano, em que reuniu um conjunto de informações e expôs o que foi o desenrolar dos acontecimentos de 13/14 de Fevereiro de há um ano até 24. Série absolutamente indispensável e altamente informativa.

    Ficamos a saber, entre outras coisas, que os relatórios da OSCE davam conta do amontoar de tanques, carros de combate, Howitzers e outros tipos de equipamento militar do lado da linha de cessar fogo que estava sob controlo do governo genocida e apoiado pelo Ocidente de Kiev.

    Ficamos também a saber que o número de violações de cessar fogo aumentou exponencialmente ao longo desses dias relativamente à média de 7 dias e relativamente ao número de violações registados no dia anterior a cada relatório. Ficamos a saber que os locais de impacto de explosões, nalguns dias, eram desproporcionalmente maiores no lado das Repúblicas do que do lado do Governo.

    Sabemos também que dezenas de milhares de pessoas começaram a reunir os seus bens no lado das Repúblicas e fugiram para a Rússia.

    Sabemos ainda que ANTES de 16 de Fevereiro, a 12 de Fevereiro, o diretor da CIA foi a Kiev falar com Zelensky (muito possivelmente entregar uma mensagem de Biden), e a 13 de Fevereiro a Lloyds (seguradora britânica) interrompeu a sua atividade na Ucrânia, diplomatas estrangeiros começaram a sair da Ucrânia nesse mesmo dia e revoadas de oligarcas ucranianos marcavam voos privados para fora do país e as escolas privadas ficavam sem alunos, pois os oligarcas estavam todos a sair do país.

    Pergunta-se: porquê ?

    Porque é que, antes de 16 de Fevereiro, a data efetiva do interregno dos Acordos de Minsk, os oligarcas ucranianos estavam a fugir do país, sabendo-se que a Federação Russa tinha apresentado uma proposta aos colegas americanos em Dezembro de 2021 para evitar todo este imbróglio ?

    É difícil para os apoiantes de nazis responderem a isto, não é ?

    Porquê fugir 3 dias antes do início da invasão documentada pelos nazis, mas não durante 2 meses em que só se ouvia dizer que os russos iam invadir a Ucrânia ?

    Porque foi tudo uma charada para desviar a atenção do que era importante.

    Isto enquanto a Federação Russa ia insistindo no cumprimento dos Acordos de Minsk, aprovados pela resolução 2202 da ONU, e também na necessidade da criação de uma arquitetura de segurança mundial que tenha em conta as necessidades e a indivisibilidade de segurança de todos os países.

    Que é como quem diz para parvos: tu queres defender-te, mas não o podes fazer à custa da minha segurança. Algo perfeitamente lógico, racional e sensato.

    Ninguém quer mísseis russos no México, eu incluído.

    E para aqueles que acham que não se passava nada, aqui está:

    https://t.me/russianhead/11569

    Ah, quantos refugiados UCRANIANOS é que a Federação Russa acolheu desde 2014 ? Só para saber… Sim, porque russófonos são ucranianos na mesma… A não ser que estejam a pensar na mística e ancestral raça ucraniana e aí… Estão a ir na lenga-lenga dos nazis.

    Quanto ao resto, é história e conversa. MST vem falar da reconstrução da Ucrânia, retirada de territórios, etc… Onde é que esta gente anda com a cabeça ?

    Ainda não perceberam que, por mais que repitam as histórias da Comunicação Social, qualquer território “perdido” não vai ser “recuperado” pela Ucrânia ? Ainda não perceberam que o conflito está totalmente limitado ao Donbass e às zonas onde se fazia sentir a maior repressão do regime nazi de Kiev ? Precisamente porque é nessa faixa de território onde se encontram as populações russófonas e as concentrações de armamento e de tropas de choque nazis dos Krakens, Azovs, Aidars, C14 e outros que tais.

    O C14, aquele grupo que dispara arco-íris das armas, cujo líder admitiu em público, num evento em honra de Stepan Bandera (criminoso genocida de judeus e polacos) que os nazis ucranianos que ele comanda receberam as armas ocidentais durante anos porque eles gostam de matar e que, se não fossem os nazis presentes na Praça Maidan (8 a 10% dos manifestantes totais, segundo o que Yehvan Karas diz), aquilo tinha virado uma parada gay.

    Daí a “desmilitarização” (que engloba a parte de uma Ucrânia neutra e não-membro da NATO, mas refere-se particularmente à impossibilidade do regime terrorista de Kiev de ameaçar novamente as populações russófonas) e a “desnazificação”.

    E agora deixo aqui algumas informações que não se ouvem em lado nenhum nos OCS: no blog Moon of Alabama (eu sei que os comentários valem o que valem, mas…) tenho visto comentários, assim como artigos que se juntam às análises feitas pelo Defense Politics Ásia no YouTube.

    Neste momento, a Federação Russa tem, dos 300.000 mobilizados desde Setembro/Outubro e re-treinados na Bielorrússia e noutras zonas da Rússia, 190 batalhões na reserva, ou seja, que não estão em missões de combate, mas divididos entre a Bielorrússia e o sul da Ucrânia (zona de Kherson e Zaporizhzhia).

    Para uma pessoa ter uma noção, um batalhão pode variar muito nos seus números, mas no máximo terá 1200 homens. Isso significa que, neste momento, 228.000 homens não estão ativos nas frentes de combate.

    Por outro lado, há relatos de que a Federação Russa acumulou ao longo da frente 450 aviões, 300 helicópteros, centenas de tanques e carros de combate e 11 navios de guerra no Mar Negro. Se isto é verdade ou não, não sei.

    O que sei é que a famigerada ofensiva de Inverno ainda não ocorreu por causa do tempo e dos solos não terem congelaeo, fator crítico naquela região.

    Também sei que Artyomosvk/Bakhmut está prestes a ver-se cercada operacionalmente (já foram capturadas localidades a norte da cidade, Yahidne e Berkhivka, e ainda uma secção de auto-estrada que liga Artyomosvk/Bakhmut a Krasna-Hora por causa das tropas russas que avançaram vindas de Soledar) e que, uma vez quebrado o eixo de defesa assente nessa cidade altamente fortificada durante 8 anos, as tropas ucranianas têm apenas trincheiras mal preparadas e a céu aberto para onde recuar e onde montar uma próxima linha de defesa – vai ser uma mortandade de artilharia e bombardeamentos.

    Outras frentes de combate envolvem Vuhledar, a sudoeste de Donetsk, e ainda Kreminna no norte, perto de Lysychansk, e que daqui, uma vez avançando em direção a Siversk e Lyman, todos os locais re-capturados pelos nazis na ofensiva de Verão serão retomados, permitindo avançar para sul (libertar definitivamente a totalidade da República de Donetsk) e consolidar, possivelmente, Kharkov.

    Outra coisa importante é: pela primeira vez em meses, as tropas russas começam a atingir Avdeevka, um bastião altamente fortificado pelos nazis e que lhes permitiu bombardear a cidade de Donetsk durante este ano de conflito, mas que é extremamente difícil de conquistar porque (se a memória não me falha) a cidade está situada no topo de uma colina e é difícil alcancá-la.

    O essencial é: a Ucrânia, independentemente do que a propaganda ocidental diz, vai manter os territórios até ao rio Dnieper, mas daí para Leste… A “guerra” está perdida.

    E quando a “Ucrânia” cair, ou seja, o regime ocidental que apoia o regime nazi que bombardeou durante anos as populações do Donbass, vá-se lá saber qual vai ser o efeito geral no Ocidente “Civilizado”.

    E não vai ser em Abril quando chegarem os tanques alemães… Se chegarem nessa altura.

    Está a preparar-se um desastre humanitário na Ucrânia. Aliás, já está um em andamento há meses. Nas últimas semanas, as baixas reportadas pelo Ministério da Defesa Russo em relação às tropas ucranianas atingem as altas centenas quando não chega a um milhar por dia. Não há menções a tanques quando antes havia sempre alguns que eram destruídos diariamente.

    Lembro-me de ter visto uma análise no Moon of Alabama que dizia que tal podia ser indicativo de duas coisas: ou já não há tanques (o que explica o desespero de Zelensky nas televisões) ou as tropas ucranianas recolheram todo o armamento pesado para apoiar as unidades com mais experiência (os batalhões nazis) que estão na retaguarda e servirão de último recurso quando os russos quebrarem as linhas atuais. Ou as duas.

    Entretanto, o exército Ucraniano serve-se de tropas mobilizadas à força, raptadas no meio das ruas de cidades como Kiev e enviadas para a linha da frente sem qualquer experiência ou treino de combate apenas para serem fuziladas se decidirem recuar ou se pensarem em desertar para o lado contrário.

    A definição de carne para canhão.

    E há tropas capturadas pelos russos que dizem que não sabem operar o armamento da NATO, para o qual não receberam qualquer tipo de treino…

    https://t.me/russianhead/11570

    É terrível pensar na situação daquelas pessoas.

    Por isso é que a paz devia estar no horizonte… Para proteger os ucranianos.

    (A continuar porque o comentário é demasiado grande e depois não é publicado)

    • «Porquê fugir 3 dias antes do início da invasão documentada pelos nazis, mas não durante 2 meses em que só se ouvia dizer que os russos iam invadir a Ucrânia ?»

      Porquê fugir da invasão documentada dos nazis e não pelos nazis, foi gralha.

  2. Seguidamente, isto é um festival de chicanas insuportável.

    Vamos lá então aos coitadinhos dos camponeses que tinham de proteger as pobrezinhas das colheitas do malvado do Lenine e do Estaline e dos diabos dos comunistas, ai meu deus só falta nacionalizarem as mulheres!

    Falemos do Holodomor (termo literalmente cunhado por nazis) porque cheira-me que o estimado autor do artigo deve estar a referir-se a isso.

    A fome de 1932/33 na Ucrânia teve um conjunto de causas, mas convém afirmar desde o princípio que todas as fontes que afirmam que o Holodomor foi um genocídio partem de um William Hearst, dono do Hearst Press, o indivíduo que foi considerado o fascista número dos Estados Unidos e cujo jornal (Hearst Press, portanto) foi comprado pela Alemanha Nazi em 1935.

    Btw, as fotos usadas por este excelso e irrepreensível jornalista datam da Guerra Civil Russa de 1918, fomes que ocorreram na sequência da Primeira Guerra Mundial e outras que nem eram da Rússia, mas do Império Austro-Húngaro.

    Começamos bem. Vê lá, MST, és difusor de propaganda… Nazi!

    Segundo, se foi a fome foi intencional e um ato de genocídio contra ucranianos porque é a dita fome afetou a Ucrânia, a Rússia e o Cazaquistão (três países diferentes que integravam a URSS) ? Porque é Mikhail Hrushevsky, historiador ucraniano e pertencente à seita dos nacionalistas integralistas (nazis) ucranianos admite que uma seca atingiu a Ucrânia no ano de 1932 e durante 3 anos seguidos (penso que se refira aos 3 anos anteriores).

    Terceiro, porque é Stalin enviou ajuda à Ucrânia num total de 320.000 toneladas de cereais e aproximadamente 520.000 toneladas de sementes para cultivo, na sequência de movimentação interna dos recursos disponíveis ? Afinal de contas, isso é que é socialismo, não é ?

    Partilha e distribuição justa dos recursos disponíveis.

    Quarto, antes e durante a fome, os camponeses ricos (Kulaks) mataram gado e queimaram colheitas propositadamente para fazer aumentar os preços dos produtos e extraírem lucros, uma vez que estava em decurso o programa de coletivização da economia soviética e os tempos do NEP de Lenin e da iniciativa privada tinham ficado para trás…

    Quinto, vamos a números: por causa da oposição dos Kulaks à coletivização, entre 1928 e 1933, o número de gado e de cavalos diminuiu drasticamente na União Soviética, dado que estes animais eram propriedade quase exclusiva dos Kulaks e destes terem iniciado uma campanha de matança desses animais.

    Entre 1928 e 1933, o número de cavalos na URSS passou de 30 milhões para 15 milhões, o número de bovinos com cornos passou de 71 milhões (31 milhões de vacas incluídas) para 38 milhões (20 milhões de vacas incluídas), o número de ovelhas e cabras passou de 147 milhões para 50 milhões e o número de porcos passou de 20 milhões para 12 milhões de espécimes…

    Fonte:

    Portanto, foram as autoridades que foram roubar a comida dos camponeses ? Ou eram os Kulaks que pegavam fogo aos Kholkozes (quintas de propriedade coletiva de camponeses) e matavam o que quer se mexesse e fosse fundamental para a base agrícola soviética ?

    Uma outra causa para a fome foi uma epidemia de tifo que assolou a Ucrânia e o Cáucaso Norte, não se sabendo até que ponto as vítimas de tifo se enquadram nas vítimas da fome, já que é impossível separar de forma segura as duas… Na altura houve também problemas com febre tifóide e disenteria, dado que antibióticos

    Vamos lá atinar com a História de uma vez por todas… Pode ser ?

    Ah e fomes na URSS… Acabaram todas depois da Segunda Guerra Mundial.

    (Continua)

  3. Seguidamente, isto é um festival de chicanas insuportável.

    Vamos lá então aos coitadinhos dos camponeses que tinham de proteger as pobrezinhas das colheitas do malvado do Lenine e do Estaline e dos diabos dos comunistas, ai meu deus só falta nacionalizarem as mulheres!

    Falemos do Holodomor (termo literalmente cunhado por nazis) porque cheira-me que o estimado autor do artigo deve estar a referir-se a isso.

    A fome de 1932/33 na Ucrânia teve um conjunto de causas, mas convém afirmar desde o princípio que todas as fontes que afirmam que o Holodomor foi um genocídio partem de um William Hearst, dono do Hearst Press, o indivíduo que foi considerado o fascista número dos Estados Unidos e cujo jornal (Hearst Press, portanto) foi comprado pela Alemanha Nazi em 1935.

    Btw, as fotos usadas por este excelso e irrepreensível jornalista datam da Guerra Civil Russa de 1918, fomes que ocorreram na sequência da Primeira Guerra Mundial e outras que nem eram da Rússia, mas do Império Austro-Húngaro.

    Começamos bem. Vê lá, MST, és difusor de propaganda… Nazi!

    Segundo, se foi a fome foi intencional e um ato de genocídio contra ucranianos porque é a dita fome afetou a Ucrânia, a Rússia e o Cazaquistão (três países diferentes que integravam a URSS) ? Porque é Mikhail Hrushevsky, historiador ucraniano e pertencente à seita dos nacionalistas integralistas (nazis) ucranianos admite que uma seca atingiu a Ucrânia no ano de 1932 e durante 3 anos seguidos (penso que se refira aos 3 anos anteriores).

    Terceiro, porque é Stalin enviou ajuda à Ucrânia num total de 320.000 toneladas de cereais e aproximadamente 520.000 toneladas de sementes para cultivo, na sequência de movimentação interna dos recursos disponíveis ? Afinal de contas, isso é que é socialismo, não é ?

    Partilha e distribuição justa dos recursos disponíveis.

    Quarto, antes e durante a fome, os camponeses ricos (Kulaks) mataram gado e queimaram colheitas propositadamente para fazer aumentar os preços dos produtos e extraírem lucros, uma vez que estava em decurso o programa de coletivização da economia soviética e os tempos do NEP de Lenin e da iniciativa privada tinham ficado para trás…

    Quinto, vamos a números: por causa da oposição dos Kulaks à coletivização, entre 1928 e 1933, o número de gado e de cavalos diminuiu drasticamente na União Soviética, dado que estes animais eram propriedade quase exclusiva dos Kulaks e destes terem iniciado uma campanha de matança desses animais.

    Entre 1928 e 1933, o número de cavalos na URSS passou de 30 milhões para 15 milhões, o número de bovinos com cornos passou de 71 milhões (31 milhões de vacas incluídas) para 38 milhões (20 milhões de vacas incluídas), o número de ovelhas e cabras passou de 147 milhões para 50 milhões e o número de porcos passou de 20 milhões para 12 milhões de espécimes…

    Fonte:

    Portanto, foram as autoridades que foram roubar a comida dos camponeses ? Ou eram os Kulaks que pegavam fogo aos Kholkozes (quintas de propriedade coletiva de camponeses) e matavam o que quer se mexesse e fosse fundamental para a base agrícola soviética ?

    Uma outra causa para a fome foi uma epidemia de tifo que assolou a Ucrânia e o Cáucaso Norte, não se sabendo até que ponto as vítimas de tifo se enquadram nas vítimas da fome, já que é impossível separar de forma segura as duas… Na altura houve também problemas com febre tifóide e disenteria, dado que antibióticos não existiam de forma acessível antes da Segunda Guerra Mundial…

    Vamos lá atinar com a História de uma vez por todas… Pode ser ?

    Ah e fomes na URSS… Acabaram todas depois da Segunda Guerra Mundial.

    (Continua)

    • Muito bem a desmontar essa treta nazi/ocidental do Holodomor. Nunca falam da seca extrema naqueles anos, nem de como nos países capitalistas daquela época também havia fomes tão ou mais mortais do que essa, por exemplo na Irlanda.

      Para os propagandistas do capital-fascismo, a culpa dos proprietários ucranianos destruírem colheitas é dos soviéticos que as queriam distribuir por quem tinha fome… Vai daí, “o comunismo é igual ao pior ao nazismo”…

      Da mesmo maneira, esta semana o capital-fascismo tuga acusou a Esquerda (Moedas apontou dedo ao PCP e BE) de ser quem provoca o aumento dos preços na habitação ao querer FINALMENTE distribuir as casas vazias por quem não tem casa. Sendo que a medida é do PS, ainda não foi implementada, e já é normal noutros países Europeus.

      O capital-fascismo só faz bem à humanidade quando é todo arrumado num gulag. Que os Soviéticos me perdoem de todas as vezes que os critiquei por isso. Afinal eles estavam certos. Há mesmo na humanidade quem não mereça andar à solta, pois tudo o que faz na vida é tentar f*der os outros. É esse o caso do capital-fascismo, que em Portugal é uma minoria na “elite” do PS, uma ala considerável do PSD (os Passistas), e todo o CDS, IL, e Chaga.
      Se esta corja estivesse toda na Sibéria, Portugal poderia vir a ser um grande país, bom para viver para todos.

      Nunca pensei desta forma violenta, mas 2022 mudou-se. Quem faz acordos com fascistas, defende censura, e apoia Nazis, não merece a minha tolerância.
      Não fui eu que deixei de ser Democrata. Foram os anti-democratas que deixaram cair a máscara. Tolerá-los não é defender a Democracia e a Liberdade. Pelo contrário, é deixar que a Democracia e a liberdade sejam destruídas.
      É a lição de Karla Popper que tantos palermas ainda nem sequer aprenderam, mas que eu nunca esquecerei.

      • Quanto ao BE e PCP, é incrível ver como algumas das medidas que os dois partidos apresentam como soluções são coisas que foram e são praticadas nas sociais-democracias nórdicas (a questão da habitação) ou, por exemplo, a questão do controlo de preços, que foi largamente utilizada nos EUA da década de 1940 até à administração Nixon – o período que é normalmente conhecido como Época Dourada do Capitalismo…

        Pois, mas havia sindicatos, políticas de esquerda, forte intervenção governamental em todos os setores…

        Mas agora é tudo comunismo…

        A questão é que nalguns casos até é. No controlo de preços foi e é, mas isso não tornou os EUA mais comunistas nos tempos de McCarthy…

        Querer regular o mercado especulativo da habitação ou acabar com os benefícios fiscais a estrangeiros que vêm comprar casas de férias e não contribuem para a economia do país ? Cruzes credo! Inconstitucional!

        Querer oferecer habitação a preços acessíveis às pessoas que vivem no país ? Ah, não…

        Não pode ser, interferem-se com as liberdades… Mesmo que a Habitação seja um direito consagrado na Constituição desde 1976…

        Quanto aos Gulags, os meus próximos comentários vão falar disso mesmo.

        E acrescento, Carlos Marques, em resposta a um comentário que aqui fez há dias: continue a comentar.

        Pode pensar que é pouco, mas não é. De informações e intervenção se constroem as democracias e não há intervenção melhor ou pior do que outra. Faz tudo parte e tudo deve ser aceitado, analisado e debatido.

        Quando o Carlos Marques deixa aqui sugestões de sites, blogs ou canais de geopolítica está a deixar um grande contributo para outros.

        E quando partilha as informações desses canais ou aquilo que pensa acerca dessas informações, ainda mais contribui.

        Continue que o seu contributo “anónimo” é importante e tem um impacto.

  4. É incrível como Miguel Sousa Tavares é capaz de dizer tanta coisa certa e tanta coisa errada, factualmente errada, no mesmo texto e às vezes na mesma frase.

    A Ucrânia violou a paz de Minsk e ia matar (ainda mais) os ucranianos do Donbass e os Russos da Crimeia, usando onódio Nazi para com armas da NATO se tornar ameaça existências à Rússia mesmo na sua fronteira, mas a Rússia inteira que se uniu para os defender é transformada por uma aberração da propaganda do ocidente aqui repetida pelo MST em apenas um Putin com patologia czarista a cometer um erro histórico?

    Qual era então a opção que evitava o “erro”? Ver as pessoas do Donbass morrer numa limpeza étnica ainda pior que a que Israel faz na Palestina, e ficar a ver as da Crimeia a serem invadidas como foram as do Iraque?

    Alguém dê o remédio para tratar a esquizofrenia do MST… E já agora, tratam-se todos os que apoiam a NATO e esta ditadura nazi que o regime genocida ocidental impôs na Ucrânia.

    Estou fartinho de tanta ignorância e desonestidade intelectual.

  5. Ora, porque é que eu falei da questão da Primeira Guerra Mundial, de invasões, do Exército Branco e de outras coisas ? Por um lado, porque poucas pessoas conhecem isto. E não é que tenham culpa. Quem é que vai à procura destas coisas se o comunismo é uma ditadura ?

    Basta saber isso e já ninguém se dá ao trabalho de investigar seja o que for.

    Por outro lado, importa por uma razão muito simples: em 1936, a URSS viu países como a Polónia, a Alemanha, a Bulgária, os Estados Bálticos, a Hungria, entre outros, a tornaram-se estados abertamente fascistas e viu essa ameaça no interior das suas próprias repúblicas: basta recordar o caso absolutamente emblemático da Ucrânia.

    Portanto, em 1936 pairava um ambiente de desconfiança e de incerteza. E iniciou-se uma Purga (convém relembrar que não foram apenas execuções, mas em muitos casos prisões ou simples expulsões do Partido Comunista) para impedir a disseminação do fascismo e de tendências contra-revolucionárias no interior da URSS.

    É preciso ter em consideração ainda o problema do Japão Imperial e das campanhas de sabotagem que eram montadas na URSS (principalmente na Sibéria), resultado do conluio dos imperialistas japoneses com os nazis alemães.

    Ora, com todos estes eventos e evoluções do panorama internacional, a URSS não se ia defender contra espiões, fascistas, reacionários de todos os tipos ?

    Só que à Purga não se chama Yezhovschina por nenhuma razão.

    O líder do NKVD, em 1936, era Nikolai Yezhov e este senhor foi executado em 1938. Após a sua execução e a nomeação de Beria como líder do NKVD, a campanha de execuções em que terão morrido 85% das pessoas executadas entre 1921 e 1953 terminou.

    Ainda quanto a isto:

    «It must also be noted that, contrary to the popular conception of Stalin’s USSR as a place of “total terror” (to quote Hannah Arendt), the majority of the population did not feel threatened by the purges. Referring to the time of the Great Purge, Professor Robert Thurston notes that “my evidence suggests that widespread fear did not exist in the case at hand.” He also notes that the Great Purge was an exceptional occurrence, which cannot be used to characterize the Stalinist-era as a whole:

    “I will not simply imply but will state outright that the Ezhovshchina [Great Purge] was an aberration. [Mas] Torture was uncommon until August 1937, when it became the norm; it ended abruptly with Beria’s rise to head of the NKVD in late 1938. Mass arrests followed the same pattern… A campaign for more regular, fair, and systemic judicial procedures that began in 1933-1934 was interrupted and overwhelmed by the Terror in 1937. It resumed in the spring of 1938, more strongly and effectively than before. Thus more than one trend was broken by the Ezhovshchina, only to reappear after it.”»

    Portanto, a Purga, o Grande Terror, não pode ser usado de forma alguma para qualificar o que quer que seja acerca de Stalin porque foi um evento que envolveu um indivíduo descarrilado e uma situação internacional e interna altamente instável.

    Já para não dizer o óbvio que é: Stalin não foi nem de longe, nem de perto o responsável pela campanha de execuções em massa…

    Agora convém abordar a questão dos Gulags:

    Os registos soviéticos (e já vamos a isso) indicam que 2.369.200 pessoas foram prisioneiras dos Gulags até 1954. Começaram a ser utilizados em 1930, mas também convém relembrar que os gulags da Sibéria foram construídos originalmente pelo regime do Czar.

    Ora bom, quanto ao número de pessoas, ninguém acusa os nazis (já que se comparam os gulags a campos de morte) de não manterem registos acertados do número de pessoas que passaram pelos seus campos de concentração… Mas todos questionam as causas da morte porque os nazis adulteravam-nas propositadamente, de maneira a esconderem o que neles se passava.

    Então, podemos confiar que os soviéticos não se enganaram quanto ao número de pessoas que passaram pelos campos que é o que já foi mencionado: 2.639.200 pessoas.

    Também se sabe que ao todo terão morrido entre 830.000 a 1.300.000 pessoas nos Gulags, sendo que há quem afirme que morreu 1 milhão de pessoas nos campos. Causas da morte intencionais ou não, vamos ver umas coisas.

    Sabe-se que 50% a 70% das mortes em Gulags ocorreram todas durante a Segunda Guerra Mundial, ou seja, numa altura em que a população comum morria por falta de comida e pelas condições agrestes em que era necessário viver (convém relembrar mais uma vez que não havia antibióticos disponíveis para tratar doenças graves como aconteceu após a Segunda Guerra Mundial e isso aplica-se ao resto do planeta).

    E não se esqueçam: a Rússia ficou quase obliterada na Segunda Guerra.

    Portanto, logo à partida, temos que, de 1.300.000 pessoas, entre 650.000 a 910.000 terão morrido na sequência de um deteriorar das condições de vida por causa da Segunda Guerra Mundial.

    Seguidamente, convém mencionar ainda que ao longo dos anos, anualmente, era libertada 20 a 40% da população dos Gulags pelo simples facto das sentenças serem cumpridas ou, simplesmente, porque as pessoas fugiam.

    Nalguns casos, os Gulags não eram mais do que vilas em que os prisioneiros faziam uma vida normal, que estariam delimitadas por vedações e que teriam guardas para controlar a vida prisional.

    Sabe-se que, dependendo do ano em questão (um podia ter mais ou menos, variava), 12 a 33% da população dos Gulags eram pessoas acusadas de crimes contra-revolucionários (ou seja, fascistas, reaccionários, espiões, etc), mas a restante percentagem era constituída por pessoas presas por delitos comuns – afinal de contas, por mais que o comunismo seja maravilhoso, não vai deixar de haver pessoas a cometerem crimes de homicídio, fraude, violações, etc…

    Mas o mais interessante do que se conhece acerca dos Gulags vem… Da CIA.

    Um documento de 1957, intitulado “Forced Labor Camps in the USSR: Transfer of Prisoners between Camps” diz o seguinte:

    «Until 1952, the prisoners were given a guaranteed amount food, plus extra food for over-fulfillment of quotas.

    From 1952 onward, the Gulag system operated upon “economic accountability” such that the more the prisoners worked, the more they were paid.

    For over-fulfilling the norms by 105%, one day of sentence was counted as two, thus reducing the time spent in the Gulag by one day.

    Furthermore, because of the socialist reconstruction post-war, the Soviet government had more funds and so they increased prisoners’ food supplies.

    Until 1954, the prisoners worked 10 hours per day, whereas the free workers worked 8 hours per day. From 1954 onward, both prisoners and free workers worked 8 hours per day.

    A CIA study of a sample camp showed that 95% of the prisoners were actual criminals.»

    Podem ir procurar, o documento existe mesmo e está disponível na internet.

    Portanto, os prisioneiros tinham condições de vida normal, tinham acesso a comida, recebiam salários (algo que não é dito no documento, mas que é um facto comprovado), viam as quantidades de comida dadas mediante a quantidade de trabalho desempenhado, viam as sentenças REDUZIDAS se cumprissem quotas de trabalho superiores ao expectável e temos a confirmação por parte da CIA (a CIA!!!) de que a maioria dos prisioneiros dos Gulags eram criminosos comuns…

    E os Gulags foram encerrados no final da década de 1950…

    Porque é que a organização imperialista responsável por propaganda anti-comunista e que nos queria fazer crer num Império do Mal (ao contrário do Império do Bem) iria elaborar um relatório com tudo isto ?

    Convém acrescentar ainda que, de acordo com J. Arch Getty, os Gulags diferiam em muito de campos de morte nazis:

    «Stalin’s camps were different from Hitler’s. Tens of thousands of prisoners were released every year upon completion of their sentences. We now know that before World War II more inmates escaped annually from the Soviet camps than died there. […] Werth, a well-regarded French specialist on the Soviet Union whose sections in the Black Book on the Soviet Communists are sober and damning, told Le Monde, “Death camps did not exist in the Soviet Union.”»

    Para demonstrar que os Gulags não eram campos de morte, ele recorre a Nicolas Werth, um dos historiadores que co-autorou o livro Black Book of Communism, aquele livro de onde se retira o número de 100 milhões de mortes pelo comunismo (livro altamente criticado por Noam Chomsky, alguém que não é de todo um fã da URSS), mortes essas que incluem todos os nazis da Segunda Guerra Mundial, pogromistas executados, vietnamitas mortos por tropas americanas na Guerra do Vietname, etc…

    Este autor, Nicolas Werth, distanciou-se do projeto, afirmando que Courtois (editor e autor principal) tinha uma obsessão doentia com o número “100 milhões” e que inflacionou estatísticas propositadamente para denegrir o comunismo.

    E agora, para um pouco de comparação, vejamos o seguinte:

    2.369.200 pessoas ao longo de 24 anos corresponde a uma média de 98.716 pessoas encarceradas anualmente. Tenho de recorrer à média porque não tenho os números efetivos de prisioneiros em cada ano em que os gulags funcionaram…

    Isso significa que para uma população de aproximadamente 168 milhões de pessoas na Rússia, em 1939 (não há maneira exata de calcular estes dados, portanto é tudo feito com aproximações e estou a basear-me nos números mais elevados possíveis para se ter uma noção) a densidade de prisioneiros por 100.000 habitantes seria (com os números acima referidos) de 58,75 pessoas por 100.000 habitantes.

    Isto claro, assumindo um número fixo de prisioneiros ao longo de 24 anos de funcionamento e assumindo que a população da Rússia teria sido de 168 milhões de pessoas desde 1930 até 1954 – o que não foi. Em 1930, a população era inferior em 30 milhões de pessoas, em 1941 (antes da invasão nazi) era de 196 milhões de pessoas e a Segunda Guerra Mundial matou cerca de 27 milhões de pessoas.

    Portanto, 59 prisioneiros (arredondado) por 100.00 habitantes…

    Alguém sabe quais são os números para os EUA ?

    Em 2020, os EUA tinham 505 prisioneiros por 100.000 habitantes.

    Não digo mais nada.

    Isto não significa que os Gulags tenham sido necessariamente uma coisa boa ou uma coisa má.

    Significa que tiveram o seu lugar naquela época, numa época em que os EUA também usavam trabalho forçado das prisões (coisa que ainda fazem) e que era um período extremamente conturbado da história, com mentalidades completamente diferentes das atuais.

    Eu, pessoalmente, embora conhecendo agora o que eram verdadeiramente os Gulags, prefiro aquilo que os Chineses fazem atualmente em Xinjiang: campos de reeducação para controlar os extremismos, dando educação e formação aos Uigures, de maneira a que possam ser membros de pleno direito da sociedade Chinesa enquanto vão contribuindo para a mesma.

    Simplesmente porque acho que já passámos a fase de prisões serem exclusivamente locais de encarceramento e não locais de reabilitação e de reintegração na sociedade.

    E a China, a nível de prisões, continua a ter taxas de encarceramento bem mais positivas do que os EUA, mesmo que tenham o triplo da população dos Estados Unidos…

    Xinjiang é a região do planeta com a maior densidade de mesquitas – e isto é extremamente relevante e demonstra que os Chineses não estão numa campanha genocida.

    Por mais que as “informações” saídas de um ASPI (think tank australiano, financiado por Lockheed Martin, Raytheon e BAE Systems) digam o contrário.

    Mas esta preferência não tem de impedir uma pessoa de reconhecer que aquilo que aconteceu na URSS esteve e está intrinsecamente ligado às condições materiais que se viveram na época, ou seja, todos os acontecimentos que forçaram os dirigentes da URSS a proceder de uma maneira e não de outra, a tomar estas decisões e não aquelas.

    Foram cometidos erros ? Claro, mas quem é que diz o contrário ? Alguém acha normal 800.000 execuções entre 1921 e 1953 ?

    Mas quando se fala nisto é preciso falar na Guerra Civil contra o Exército de ex-oficiais czaristas e monárquicos absolutistas apoiados pelo Imperialismo Britânico e é preciso falar de espiões, sabotagens e da Yezhovschina – um acontecimento que não pode servir para caracterizar a URSS porque foi anormal (de acordo com as informações dadas).

    Houve uma tentativa de criar um sistema judicial mais justo, mas isso foi interrompido por Yezhov.

    Claro que 1.300.000 pessoas mortas em prisões é um número excessivo, mas 50% morreu durante a Segunda Guerra Mundial, um período de muitas provações.

    É preciso dizer as coisas como são, mas também é preciso contexto.

    E tudo isto não impede de olhar para o passado e dizer: “realmente, foram invadidos por potências estrangeiras logo a seguir à Revolução, viram os oficiais do Exército do Czar a reunirem-se no Exército do Movimento de Monárquicos Absolutistas e a serem financiados e apoiados pelos Imperialistas Britânicos, viram o fascismo em ascensão nas suas fronteiras e no interior do seu país. Não iam proceder da maneira que procederam para se defenderem ?”

    Seria o mesmo que o MFA não tomar ações contra Spínola a 28 de Setembro de 1974, ou a 11 de Março de 1975 ou a resistência contra o terrorismo bombista do Verão Quente de 1975…

    E tínhamos voltado à ditadura.

    Nada disto significa, contudo, que a URSS tenha sido ou seja um modelo de sociedade e é isto que é necessário compreender: não há nenhum guião ou modelo concreto para a construção de uma sociedade socialista. Salvo aquele proposto por Lenin e que ficou conhecido como Marxismo-Leninismo.

    A China atual, por exemplo, modela um NEP, mas não exatamente.

    Na China, todo o território é propriedade do Estado e ninguém pode comprar terreno, simplesmente arrendá-lo. E isso aplica-se a todas as corporações e empresas ocidentais.

    Deste modo, a URSS serviu e serve para se compreender o que é que foi feito e que resultou e aquilo que foi feito e que não resultou.

    Mas aquilo que não deve ser feito é pura e simplesmente servir-mo-nos de propaganda, de mentiras descaradas, de revisionismo histórico e de manipulação social acerca da URSS para impedir que as sociedades modernas sejam sociedades justas e se tornem, ao invés, recreio de capitalistas gananciosos que se estão a marimbar se as pessoas dormem em favelas ou na rua e que vivem de sistemas prisionais privados que albergam mais reclusos do que aqueles que alguma vez existiram em países socialistas.

    De resto, como dizia um comentário que vi há dias a propósito de uma comparação entre as fomes da China Socialista (também foi um problema climático, nomeadamente tufões, cheias e pragas, não foi “causado” pelo programa de Mao) e a Índia Capitalista e “democrática”:

    – é como se os problemas que afetam os países nem sempre tenham a ver com os seus modelos políticos e sociais e tenham a ver com outros fatores que regulam países e povos.

    Nuance, é tudo.

    Fim do comentário.

  6. (Tenho que dividir este comentário em dois, pois é anterior ao das 12h24 e não entrou em nenhuma das vezes em que tentei publicá-lo)

    Por último, e embora tenha relativamente pouco a ver com o assunto do texto, gostava de falar de Stalin.

    Que se queira criticar o homem e a URSS, sim senhor. Mas vamos alinhar uns quantos factos logo à partida.

    Stalin, primeiro que tudo, não era líder da URSS. Stalin foi Secretário-Geral do PCUS de 1922 até à sua morte e foi primeiro ministro apenas desde 1941 até à sua morte em 1953.

    Sem querer falar muito de Stalin (até porque, efetivamente, ainda conheço pouco acerca dele), gostava, no entanto, de dizer que a URSS era altamente democrática.

    A URSS tinha um parlamento, Soviete Supremo, e o seu líder (líder do Presidium, na verdade) era o Chefe de Estado. Não houve nenhum Chefe de Estado que tenha sido simultaneamente Secretário-Geral do PCUS e Presidente do Presidium do Soviete Supremo. Até Brezhnev.

    E foi Gorbatchev que fundiu os dois cargos num e que permitiu que surgisse um tipo como Ieltsin… Diz muito do líder da Perestroika.

    Stalin não tinha poder de passar legislação. Tudo isso era feito ao nível do Soviete Supremo, que era eleito da base para o topo, ou seja, as pessoas elegiam os representantes como em qualquer democracia parlamentar.

    E o Soviete Supremo (para além de duas câmaras parlamentares distintas) tinha um outro órgão chamado de Presidium do Soviete Supremo, constituído por um Presidente, um Vice-Presidente, 15 delegados (um por cada região da URSS), um secretário e 20 membros ao todo, sendo que o Presidium exercia funções quando o Soviete Supremo não estiva em sessão. E o Presidium tinha obrigatoriamente de ser eleito pelo Soviete Supremo.

    Stalin nunca foi Presidente do Presidium….

    Stalin não teve poder para colocar o seu protegido, Gyorgy Malenkov, como chefe do NKVD (antecessor do KGB), porque votaram contra essa decisão no Presidium. O líder do NKVD acabou por ser Lavrenti Beria. Não me parece muito ditadoresco ver-se recusado por um sistema de votação e nem sequer ter poder de escrever leis…

    Citação de um senhor chamado Sydney Webb:

    «Sometimes it is asserted that, whereas the form may be otherwise, the fact is that, whilst the Communist Party controls the whole administration, the Party itself, and thus indirectly the whole state, is governed by the will of a single person, Josef Stalin. First let it be noted that, unlike Mussolini, Hitler and other modern dictators, Stalin is not invested by law with any authority over his fellow-citizens, and not even over the members of the Party to which he belongs. He has not even the extensive power which the Congress of the United States has temporarily conferred upon President Roosevelt, or that which the American Constitution entrusts for four years to every successive president. So far as grade or dignity is concerned, Stalin is in no sense the highest official in the USSR, or even in the Communist Party. He is not, and has never been, President of the Presidium of the Central Executive Committee of the All-Union Congress of Soviets-a place long held by Sverdlov and now by Kalinin, who is commonly treated as the President of the USSR. He is not (as Lenin was) the President of the Sovnarkom of the RSFSR, the dominant member of the Federation or of the USSR itself, the place now held by Molotov, who may be taken to correspond to the Prime Minister of a parliamentary democracy. He is not even a People’s Commissar, or member of the Cabinet, either of the USSR or of any of the constituent republics. Until 1934 he held no other office in the machinery of the constitution than that, since 1930 only, of membership (one among ten) of the Committee of Labour and Defence (STO). Even in the Communist Party, he is not the president of the Central Committee of the Party, who may be deemed the highest placed member; indeed, he is not even the president of the presidium of this Central Committee. He is, in fact, only the General Secretary of the Party, receiving his salary from the Party funds and holding his office by appointment by the Party Central Committee, and, as such, also a member (one among nine) of its most important subcommittee, the Politbureau.»

    Mas porque é que eu estou com conversa toda ? Simples, porque quero falar do genocídio atribuído a Stalin, da repressão de Stalin e dos Gulags.

    Começo pela parte do genocídio: o Grande Terror (Yezhovschina) foi a famigerada purga no Exército Vermelho entre finais de 1936 e 1938. No entanto, não se limitou ao Exército Vermelho e nem sempre consistia em execuções, incluindo simples expulsões do Exército ou do Partido ou ainda prisões.

    Mas tal não significa que tenha afetado a população geral porque não afetou.

    Ao todo, houve 800.000 pessoas que morreram executadas entre 1921 e o ano da morte de Stalin (1953), mas 85% morreram na “Purga” entre 1936/37 e até 1938.

    Só que há vários problemas com esta Purga. O primeiro advém do período em que aconteceu. E para falar disso é preciso voltar atrás no tempo.

    Em 1918, pouco depois do sucesso da Revolução de Outubro de ’17, tropas britânicas invadiram a Rússia Soviética a partir de Arkhangelsk (a sul de Murmansk), enquanto tropas da Legião Checoslovaca (contingente militar formado por desertores do Império Austro-Húngaro que queriam o seu próprio estado baseado na sua etnia e história ancestral), que combatiam na frente leste da Primeira Guerra Mundial, redireccionavam os seus esforços contra os soviéticos e, mais concretamente, para a captura da Rota Trans-Siberiana, caminhos de ferro que ligavam a Rússia Ocidental a Valdivostok…

    Este facto histórico não é invenção nem teoria da conspiração. É mencionado por Noam Chomsky numa entrevista recente ao canal The Duran (embora ao de leve) a propósito da desconfiança que os russos têm em relação a contingentes militares estrangeiros e da legitimidade das suas preocupações de segurança após três invasões durante o século XX: Primeira Guerra Mundial, invasão britânica, americana e da legião Checoslovaca e Segunda Guerra Mundial.

    • (Parte 2 do comentário anterior ao das 12h24)

      Os britânicos invadiram Arkhangelsk, pois, no decorrer da Primeira Guerra, tinham enviado um conjunto de mantimentos e de equipamento militar para essa cidade, de maneira a auxiliar o esforço de guerra russo (na altura ainda czarista) na frente de Leste. Mas os soviéticos chegaram primeiro a Arkhangelsk e apropriaram-se desse equipamento a tempo de iniciarem o combate contra as tropas britânicas.

      Ora, sabendo os britânicos que esse equipamento estava por lá e conhecendo o sucesso da revolução, decidiriam invadir a Rússia. Porquê ?

      Porque, obviamente, a classe capitalista do mundo ocidental não podia permitir que um estado dos trabalhadores tivesse sucesso porque, dessa forma, acabar-se-ia o privilégio da aristocracia britânica e dos capitalistas imperialistas americanos, entre outros.

      Portanto, por uma questão de interesse de classe, de preservar a sua própria existência (é racional, afinal de contas) urgia invadir a Rússia soviética e derrubar o governo que tinha saído da revolução num momento em que a mesma ainda não se tinha consolidado, encontrava-se saída de uma guerra que tinha exaurido o país, com altas na população e exército, um exército enfraquecido por anos e anos de combate contra o Império Alemão e ainda porque a Rússia não tinha recursos suficientes, dado que era um estado saído de um estado feudal falhado e repressivo.

      Portanto, houve uma invasão e durou desde Março de 1918 até Outubro de 1919. E aqui têm as pessoas um mapa que indica até onde é que o conflito chegou dentro das fronteiras russas.

      É, no mínimo, chocante.

      https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Russian_civil_war_west.svg

      O facto é que a Legião Checoslovaca chegou a Vladivostok, onde foram recebidos por tropas americanas, chegando depois a combater no leste e capturando muito do território de Leste da Rússia Soviética.

      O que a história diz a seguir é que a invasão estrangeira foi rechaçada, mas depois surgiu o apoio ao Exército Branco e ao Movimento dos Brancos, o movimento que se opunha aos Bolcheviques e a Lenin.

      O problema é descobrir o que é esse movimento dos Brancos e o Exército Branco em si. O Exército Branco é fácil de explicar: a maioria (senão todos os) dos oficiais do Exército Branco eram ex-oficiais do Exército Imperial, o único exército que teria capacidade de organização para enfrentar os bolcheviques e montar uma resistência efetiva contra a revolução.

      Segundo, o movimento dos Brancos (cujo braço armado era o Exército Branco) era constituído essencialmente por monárquicos absolutistas, apologistas do Czar, reaccionários e… “Socialistas moderados”.

      E mais, a bandeira usada pelo movimento dos Brancos era a bandeira da Rússia imperial, que foi usada na Rússia desde 1990/91 a partir do fim da URSS – a bandeira esteve banida desde 1917 na Rússia.

      https://flagmakers.co.uk/buy-flags/russia/

      Quanto aos Brancos, diga-se que foram muito apoiados pelo Ocidente e que até mereceram umas menções de Churchill no Parlamento Inglês. O que é que o homem disse ?

      Simplesmente teve de se manifestar contra o General Denikin (tenente-general do Exército Imperial Russo) por causa de pogroms feitos pelas tropas do Exército Branco contra judeus.

      [“M]y task in winning support in Parliament for the Russian Nationalist cause will be infinitely harder if well-authenticated complaints continue to be received from Jews in the zone of the Volunteer Armies.”

      Portanto, quando falamos do movimento oposto aos Bolcheviques, estamos a falar de reacionários czaristas que matavam judeus e eram financiados pelos imperialistas britânicos.

      Será boa ideia querer apoiar este movimento ?

      (Comentário continua no das 12h24 com os Gulags)

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