Eu não estou aqui para certificar o que você diz

(Estátua de Sal, 24/01/2023)

O Major-General Carlos Branco é das poucas vozes sabedoras, lúcidas e independentes que opinam nas televisões sobre a guerra na Ucrânia. A grande maioria dos comentadores são propagandistas da NATO, alguns devem mesmo receber memorandos dos serviços de informação ocidentais que determinam os focos do momento que devem nortear as suas intervenções.

Assim sendo, qual a razão para se convocar o Major-General Carlos Branco para opinar, sendo sabido que este é uma espécie de “ovelha negra” no reino do comentariado sobre a guerra? Convém dar um ar de verossimilhança e de imparcialidade à propaganda “pró-guerra” que a CNN – o canal de televisão que mais vezes o convida -, despeja diariamente sobre os espectadores. E isso é feito tentando dar a ideia de que se ascultam todas as opiniões, num exercício prático de democracia e de liberdade de expressão. Nada mais falso. Por cada intervenção de Carlos Branco há 10 intervenções do General Isidro Pereira ou do Comandante João Ribeiro. E mais: são estes que opinam durante o prime-time e o Branco quase sempre no jornal da meia-noite.

Depois temos o grupo das “especialistas” em relações internacionais – que nunca devem ter visto uma pistola na vida -, a analisar a guerra, as possibilidades do armamento de cada contendor, e em uníssono a soltarem trinados belicistas, qual deles o mais agudo. Eu não sei se as tipas tem filhos, mas gostava de lhes perguntar se o seu fervor guerreiro é tão grande ao ponto de mandarem as botifarras dos meninos pisarem solo ucraniano.

E temos também o solo dos pivots que ficam de cabelos em pé quando os convidados desmontam a narrativa dominante. Interrompem, mudam de assunto, tentam pôr açucar nas amargas verdades que os heterodoxos convidados põem a nu. Isso mesmo ficou escandalosamente a claro no vídeo que abaixo publicamos, em que o jornalista Cláudio Carvalho tem um comportamento sobranceiro e inquisitorial a roçar a censura, que levou o general a soltar uma espécie de grito do Ipiranga: “Eu não estou aqui para certificar o que você diz”. É ver, na parte final.

Finalmente, há os repórteres no terreno, todos no lado do exército ucraniano, e as peças que os serviçois de informação ocidentais mandam “plantar” em todos os canais de televisão. Nessas peças, os mísseis russos só atingem alvos civis, de preferência escolas, hospitais e maternidades, já que nunca mostram nenhum quartel ou carro blindado ucraniano a ser atingido. Uma enorme falta de pontaria…

Em síntese desta temática, aproveito o ensejo para publicar um texto que, em termos jocosos, dá bem conta do enviezamento propagandistico e noticioso a que estamos sujeitos.


(Por Sofia Smirnov, in Facebook, 23/01/2023)

Oi… O Sérgio Furtado pela primeira vez em 10 ou 11 meses assumiu que a Ucrânia está a sofrer baixas pesadas, só agora? Há mais de uma semana, deve ser o fuso horário que atrasa as notícias… A Ucrânia precisa de mais militares para a frente é agora…

Portugal tem um pelotão para enviar assim já à cabeça:

1) Major General Isidro Pereira (o estratega).

2) Comandante João Fonseca Ribeiro (o táctico).

3) Paulo Portas (o especialista em armas).

4) João Cravinho (o negociador).

5) José Milhazes (o gajo do tambor, já não tocam o tambor de guerra?)

6) Nuno Rogeiro (o navegador, ou seja o gajo que lê os mapas).

7) Major General Arnaut Moreira (o cripto).

8.) Azeredo Lopes (o municiador, aquilo é que vai ser multiplicar munições, elas vão brotar daqueles solos férteis).

9) Embaixador Seixas da Costa (o espião).

10) António Telo (o observador).

11) Diana Soller (a sniper magra).

12) Professor Marques Guedes (o aguadeiro).

13) Helena Ferro Gouveia (a sniper cu de chumbo).

14) Sónia Sénica (a porta estandarte).

15) Cláudio Carvalho (o recruta).

16) Major General Vieira Borges (o artilheiro).

17) Prof Proença Garcia (o condutor).

18) Marques Mendes (o columbófilo).

19) Ana Gomes (a denunciante ou seja a Chiba).

20) Mário Machado (o kamikaze).

21) Cristina Reyna (a enfermeira).

Ainda se arranjam mais meia dúzia mas só com estes já é um reforço brutal, os russos até tremem…


16 pensamentos sobre “Eu não estou aqui para certificar o que você diz

  1. Foi o momento mais repelente, nojento, mais significativo de um “jornalismo” da escola do Goebbels, feito por cobardes, mentirosos, que refocilam na gamela do tacho seguro, sem a mínima preocupação de esclarecimento ou procura da verdade, para alem da evidente má educação do inquisidor, era notória a sua ignorância e baixíssimo Q.I.
    Uma vergonha, que reflete a falta de informação isenta em Portugal, dominada pela sabujice do Bloco Central e propriedade do cartão de militante com o cartão nº1 do Partido Social Cleptocrata.
    Não foi para isto que tivemos um 25 de Abril, novos censores, novos António Ferro, novos João Coito, todos com o intuito encomendado e bem pago de embrutecer, enganar e estupidificar os portugueses e encarneira-los no pensamento único.
    Os novos Silva Pais são nomeados por CEOs não por despacho no Diário da República…

  2. Se há coisa de que eu gosto mesmo, são aquelas imagens de fundo que vão passando enquanto a entrevista decorre.

    Então, no minuto 12:50, uma pessoa vê uma coisa fantástica: um soldado ucraniano a disparar um foguete contra a janela de um prédio.

    O que é, então, particular e estranho nestas imagens ?

    Em primeiro lugar, acho curioso que um soldado numa zona de combate ativo tenha uma câmara de televisão diretamente apontada para as suas costas e a fazer um grande plano dum prédio que está a ser bombardeado por esse soldado.

    Porque é que um soldado que está a disparar um foguete contra uma janela que, podemos nós imaginar, tem um atirador lá dentro decide ter o impudorado ato filmado pelas costas ?

    Tinha vergonha ? Mas mais estranho é ter o ato filmado!

    Porque eu não imagino jornalistas a seguirem soldados, como se das suas sombras se tratassem, para filmarem as matanças de modo a garantirem o exclusivo no jornal das 16h! (Neste caso, das 00h)

    Então, coloca-se a questão: porque é que o homem estava a ser filmado a disparar contra um prédio vazio ?

    Mas, mais importante: porque é que o homem estava a disparar contra um prédio vazio ? É para demonstrar a brutalidade e a falta de critério das forças russas, que só sabem disparar contra alvos civis ?

    E, se assim é, quantos prédios na Ucrânia foram destruídos para que os soldados fossem vistos a disparar foguetes em atos de propaganda ?

    E, assim se verificando todas estas ideias, isto garante-nos uma coisa: é que quem anda a disparar foguetes contra prédios vazios não tem falta de munição!

    Quanto ao resto do vídeo, o Major-General dá um banho de água fria a todos os que o ouvem e andaram convencidos durante meses (por culpa da máquina de propaganda do regime) de que a Ucrânia ia vencer com base em remessas de armamento que chegava em carrinhas de caixa aberta à frente de combate.

    Eu, pessoalmente, gostei de dois momentos: o primeiro é por volta dos 14 minutos, momento em que o Major-General diz uma coisa absolutamente crucial. Diz ele então que o Ocidente, se quer resultados, tem de começar a mandar os seus filhos para a frente de combate.

    Ora, eu não gosto disto por estar com vontade de ir para a frente. Aquilo de que gosto é mesmo a cara de pau com que o pivot ficou.

    Ei, o Major apanhou-o completamente desprevenido…

    O segundo momento é mesmo o absoluto descontrolo e irritação do pivot quando o Major começa andar à deriva total daquilo que é a narrativa aceitável que pode passar nas televisões.

    Aí vê-se bem a que é que estas televisões vêm.

    Depois daquele primeiro momento, o auricular deve ter começado a zumbir duma maneira que o pivot não teve outra hipótese a não ser cortar o discurso do Major a todo o momento e a ver se com o aumento do volume da voz ia resolver o problema da fuga à narrativa que era suposto ele bombardear nos ouvidos das pessoas…

    Parece que não deu resultado, ele fez uma figura reprovável, muito pouco ética, e o Major deu-lhe uma lição de palmatória argumentativa.

    Pois é, parece que frustrar Minsk desde o princípio, quando ainda havia hipóteses de se concretizar a coisa, e transformar os Acordos num grande plano para armar um país para a guerra acaba por ser a pior demonstração de má-fé que se pode fazer…

    Os resultados estão à vista.

  3. Eu tenho orgulho em poder dizer, após quase um ano sem ver a TV da propaganda, que não conheço a maioria desses nomes nessa lista do texto da Sofia Smirnov.

    Subscrevo o texto da Estátua de Sal, e tenho pena que o Carlos Branco não tenha outro sítio para falar sem ser a máquina de propaganda do Goebbels de Washington… Ou como os Republicanos lhe gostam de chamar: a Clinton “News” Network.

    Um dia as pessoas independentes defensores da verdade e a Esquerda patriótica em Portugal vão perceber que é necessário um canal na TV que faça concorrência real a esta gente. Uma espécie de TeleSur Portuguesa, mesmo ali ao lado dos restantes canais de “notícias”. Já devia ter sido feito ontem! Amanhã será tarde demais.

    Para acabar, mesmo deixando de ver esses canais, há imagens que acabam por sair da TV e ir para a net. Foi lá que vi um printscreen de uma reportagem da RTP de há um ou dois dias em que aparece um NAZI com a bandeira NAZI da Ucrânia (vermelha e preta, e com o símbolo que outrora foi dos NAZI da UPA, da OUN-B, do Stepan Bandera). Parece que o canal de “serviço público” também anda metido no servicinho da CIA/Pentágono, pois esse NAZI Ucraniano parece ter sido apresentado como uma pessoa “normal” que luta pelos “valores europeus”, pela “liberdade” e “democracia”; contra os mauzões Russos que lá estão de forma “injustificada e não provocada”.

    Força ex-Ucranianos do Donbass, da Taurida, e da Crimeia! Força Rússia. Força China. Força Sul Global. Força a todos os que se recusam a “bend the knee” perante o imperador. Força Brasil e Argentina que deram mais um passo para des-dolarizar. E em particular neste momento, muita força ao povo do Perú, pois o que se está lá a passar em mais um golpe capitalista/pinochetista apoiado pela CIA, é brutal. Mais de 60 mortos em menos de 2 meses, e tanques de guerra na rua para esmagar ainda mais os protestos populares.

  4. Eu por acaso até vejo, religiosamente, as missas propagandísticas do mainstream merdia. É uma boa maneira de lhes topar não só a agenda principal mas também as inflexões tácticas, ligeiras por vezes, abrutalhadas por outras, os truques, as pequenas nuances ou as aldrabices e vigarices grosseiras e descaradas. Já lá vai o tempo em que me indignava e irritava, agora reajo à gargalhada, de tão transparente é a tentativa de manipulação, e penso assim: “Porra, é com este primarismo simplório que estes gajos me querem enganar?” E a certeza de que não o conseguem, de que, comigo e muitos mais, suam as estopinhas para nada, o espectáculo ridículo do esforço inglório dos palhaços, dá-me vontade de rir. É essa a função dos palhaços, fazer rir, e ao menos nisso, pelo menos comigo, têm sucesso. Claro que o outro sucesso, o que sei que também têm com a imensa massa de incautos, poderia fazer-me chorar, mas para quê? Pouco posso fazer quanto a isso, a não ser o que faço aqui e com um ou outro “ouvinte” disposto a ligar os ouvidos ao cérebro e não ao olho do cu (pardon my French!).

    Da enorme colecção de screenshots que faço no tablet e fotografias que tiro ao ecrã da televisão, com a imagem parada, estive há pouco a rever uma meia dúzia (neste caso fotos) de uma reportagem feita em Junho por Irina Shev, jornalista ucraniana da SIC, junto de um batalhão de bielorrussos que combatem do lado ucronazi. O entrevistado principal era um tipo de 20 e tal anos que perdera uma perna logo no início do conflito e, por isso, desempenhava nessa altura apenas funções de instrutor militar. O garboso e musculado rapaz tinha o braço direito completamente coberto por tatuagens e entre elas destacavam-se, sem qualquer ambiguidade ou margem para dúvidas, pelo menos 3-TRÊS-3 cruzes suásticas. Nada que perturbasse a doce Irina, que não teve qualquer problema em esfregar-nos na tromba o bracinho, a alma e o “programa” do mancebo, assim o normalizando e banalizando sem um miligrama de pudor ou hesitação. Nazis na Ucrânia? Que ideia mais estrambólica, as suásticas são apenas estética pós-pós-pós-pós-pós-modernista, liberdade criativa, artesanato local. ‘Portantes’, habituem-se, parecia ser a mensagem subliminar da doce Irina.

    Slava borreguini! Méééééé!

  5. Em minha modesta opinião, acho que se deveria mais zurzir nos patrões das televisões, do que, propriamente, nos seus empregados, muitos deles com contrato a prazo. Estar-se-ia à espera de que eles, coitados, fizessem a defesa de valores contrários aos dos patrões e no outro dia ficarem no desemprego? Não será como se estar a culpar o (a) simples empregado (a) de caixa dum supermercado por o respetivo patrão especular no preço dos produtos vendidos? Mas é a minha modesta opinião, como comecei por assinalar!

  6. Além do General Carlos Branco saliento também Agostinho Costa que tem feito umas análises bastante objectivas. Para não falar do General Raul Cunha cujas opiniões desagradaram tanto aos donos dos canais que nunca mais foi chamado a opinar.

  7. Posso estar enganado, mas, não sei bem porquê, tenho a impressão de que, apesar dos protestos formais contra o fornecimento de tanques ocidentais à Ucrânia, os russos estão mortinhos por apanhar os magníficos Leopard 2, M1A2 Abrams, Challenger e Leclerc dentro das quatro linhas. Não tenho conhecimentos suficientes para avaliar o que nos links a seguir é dito, mas, a ser verdade, talvez esteja aí a explicação para as hesitações alemãs e, principalmente, americanas. Se os seus excelsos produtos forem expeditamente enviados para o arquivo morto com pouca ou nenhuma glória, é má publicidade para as mercearias que os comercializam. Mas talvez a quantidade ainda reduzida do Armata lhes salve o dia, vá-se lá saber.

    https://youtu.be/jT_YTUaEBY8 (20-12-21, Leopard 2 vs. T-14 Armata)

    https://youtu.be/vWjJxGsxXWA (23-8-20, M1A2 Abrams vs. T-14 Armata)

    • …e também ouvi não sei o secretario da NATO ou outro da UE falar no “nosso ALIADO ucraniano”.
      Fiquei siderado…. Atão já tamos em guerra ?

  8. Não desista General.
    A democracia liberal está a ser destruída por estes imbecis falantes que tudo misturam para se poderem afirmar.

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