Perspetivas para a Ucrânia em 2023

(Por Scott Ritter, in A Viagem dos Argonautas, 17/01/2023)

12 de Fevereiro de 2015: Presidente russo Vladimir Putin, Presidente francês François Hollande, Chanceler alemã Angela Merkel, Presidente ucraniano Petro Poroshenko nas conversações no formato da Normandia em Minsk, Bielorrússia.

Dada a hipócrita história dos Acordos de Minsk, é improvável que a Rússia possa ser diplomaticamente dissuadida da sua ofensiva militar. Como tal, 2023 parece estar a moldar-se como um ano de confrontos violentos contínuos.


Artigo completo aqui:

A Viagem dos ArgonautasA Guerra na Ucrânia — Perspetivas para a Ucrânia em 2023. Por Scott Ritter


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5 pensamentos sobre “Perspetivas para a Ucrânia em 2023

  1. Assino por baixo o artigo do Scott Ritter. Tem sido hábito. O homem tem a mania de estar certo, falar dos factos e dizer as verdades. É assim que eu gosto. Vou só concentrar-me nesta parte do texto, e analisar isto do meu ponto de vista.

    «Enquanto a principal narrativa ocidental continua a pintar a acção russa como um acto precipitado de agressão não provocada, surgiu um padrão de factos que sugere que o caso russo de autodefesa colectiva preventiva ao abrigo do Artigo 51 da Carta das Nações Unidas pode ter fundamento.»

    Artigo 51:
    «Nothing in the present Charter shall impair the inherent right of individual or collective self-defense if an armed attack occurs against a Member of the United Nations, until the Security Council has taken measures necessary to maintain international peace and security. Measures taken by Members in the exercise of this right of self-defense shall be immediately reported to the Security Council and shall not in any way affect the authority and responsibility of the Security Council under the present Charter to take at any time such action as it deems necessary in order to maintain or restore international peace and security.»

    A questão é que o ataque Ucraniano (facto que consta dos relatórios da Misão de Observação da OCSE) foi de facto contra a região do Donbass, entre 16 e 23 de Fevereiro, quando as Repúblicas de Donetsk e Lugansk ainda eram parte da Ucrânia, sendo que só se tornaram independentes de facto quando a Rússia o reconheceu a 21 de Fevereiro. Ou seja, neste ponto, não foi um ataque contra um membro das Nações Unidas.

    A outra questão é que as ameaças de Zelenky, ditador do regime Ucraniano, feitas na Conferência de Munique a 19 de Fevereiro, de que ia violar os acordos de Minsk, invadir a Crimeia, e obter armas nucleares (para, sob a asa dos EUA, as apontar a Moscovo), pode constituir um casus beli.
    Mas mesmo aqui os ataques da Ucrânia não são contra um território reconhecido pelas Nações Unidas como sendo Russo.

    E por fim, tudo isto está dependente da aprovação no Conselho de Segurança, e não invalida as acções deste, que por maioria condenou as ações da Rússia, uma maioria composta pelos membros da NATO que depois passaram a ser parte indirecta do conflito com o seu financiamento e as suas armas.

    Eu conheço os factos, as declarações, estou do lado do povo do Donbass e da Crimeia, sei o que realmente se passou quanto às intenções de quem assinou o Acordo de Minsk e sei quem o violou, sou anti-fascista e anti-nazi, anti-imperialista e anti-golpes com interferência externa. e como tal só posso estar do lado da Rússia. Recuso condenar a sua intervenção militar. Mas a “rules based world order” não está do lado da Rússia, nem do povo do Donbass e da Crimeia.

    Mesmo que a lei internacional estivesse do lado desta gente, garantindo a sua proteção, haveria uma maioria no Conselho de Segurança que os quer condenar à morte, através de uma limpeza étnica, com armas usadas por ultra-nacionalistas, golpistas, extremistas, racistas, nazis. Uma “rules based world order” assim não serve a humanidade, e tudo com o objectivo final de provocar os Russos e criar uma desculpa para os matar, invadir, golpear, destruir.

    Sim, Scott Ritter tem toda a razão e fala a verdade (e por isso foi suspenso do Twitter, rede social do Uncle Sam, ou seja, tal como Facebook e companhia, um instrumento do imperialismo e da manipulação ao abrigo do Patriot Act e às ordens da NSA, CIA, Pentágono, e sabe-se lá mais o quê) ao dizer que “surgiu um padrão de factos que sugere que o caso russo de autodefesa colectiva preventiva ao abrigo do Artigo 51 da Carta das Nações Unidas pode ter fundamento. Mas a questão neste ponto já é outra: qual é a legitimidade e utilidade de tal Carta?

    Na outra época em que houve alterações à ordem mundial, acabou a Liga das Nações. Agora foram as Nações Unidas que acabaram (falta que a maioria deixe de negar esse facto, e coloque o defunto no caixão). A instituição que lhe seguirá, não pode ter um Conselho de Segurança com uma maioria de Ocidentais (que só são 15% da população Mundial, e com tendência descrescente), nem ter uma sede em Nova Iorque, não pode ter leis/regras aplicadas à la carte por um poder hegemónico, e não pode continuar a ignorar o sofrimento de tantos povos do Mundo ao mesmo tempo que não serve sequer para condenar uma intervenção armada de Nazis em violação de um acordo de paz, mas serve para condenar quem intervém para salvar o povo ameaçado de limpeza étnica por essa agressão Nazi, essa sim injustificada e não provocada.

    Mesmo enquanto essa mudança não se oficializa, lá vão crescendo as cooperações, sinergias, entre os países do Sul Global. De um lado os Ocidentais a ameaçarem o Brasil em relação à Amazónia. Do outro a Rússia ao lado do Brazil para que este tenha lugar permanente no Conselho de Segurança. De um lado ocidentais a sancionar Iranianos, Venezuelanos, Cubanos, etc, para lhes provocar a fome e facilitar golpes da CIA para mudança de regime, para deixarem de ser soberanos, e passarem a ser vassalos obedientes a Washington. Do outro lado, a cooperação cada vez maior da Chirna e Rússia com estes povos, com uma lógica de win-win, em vez da irracional e arrogante política externa de zero sum. De um lado a UE com Não-eleitos a dizer que a Rússia e China são ameaça por tentarem mudar esta ordem Mundial, do outro lado Índia e tantos outros países com um sorriso na cara a dizer “bem-vinda” a essa mudança.

    No final disto tudo, o que é que interessa se a Rússia fez algo que era considerado ilegal por esta “rules based world order”? Era como estarem preocupados se o Álvaro Cunhal cumpriu a lei xpto do regime que felizmente caiu em 1974. Acabou o tempo da Outra Senhora, o que é que isso interessa agora? Nestes momento não interessam as leis feitas pelos reaccionários, fascistas, imperialistas. Interessam os princípios. E tudo o que a Rússia está a fazer é com base em princípios, enquanto tudo o que o Ocidente está a fazer é com base em maldade, egoísmo, ganância, e uma “lógica” de superioridade que vai acabar da pior maneira.

    A realidade vai-nos bater no focinho, de frente e com estrondo. Aliás, já o começou a fazer, mas como o Ocidente tem uma máquina de propaganda e manipulação só equiparável à de Kim Jong-un ou à de Goebbels, a maioria anda por aí, tola, de cabeça no ar, a acreditar que vive numa “democracia” e com líderes exemplares, a acreditar que são os bons que vivem num jardim, e que os outros são os maus que vivem na selva.

    Até andam por aí uns patetas engravatados e muito bem pagos, que até querem um tribunal para julgar Putin. Isto dito por quem matou MILHÕES nas invasões da NATO/EUA (com zero sanções e condenações oficiais da UE), e condena muitos mais milhões à pobreza com as suas sanções ilegais, é capaz de ser o cúmulo da hipocrisia. Vai com certeza ser também uma daquelas instituições da “democracia liberal”, com base em “leis internacionais”, “direito humanos”, e “rules based world order”. Tudo embalagens para evitar chamar-lhe o que é: a expansão de Guantánamo para o Direito e território Europeu. E o primeiro recluso até já lá está, preso sem julgamento, pelo “crime” de dizer a verdade: Julien Assange. Outros estão já a ser perseguidos (Bruno Amaral de Carvalho), sancionados (Alina Lipp), e assassinados (Shireen Abu Akleh). Qual é mesmo o artigo da Carta da ONU que defende isto? Pois…

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