Zelensky : o anarca da contra-ofensiva

(Por Thierry Meyssan, in Rede Voltaire, 20/09/2022)

(Depois de ler este artigo fiquei mal disposto. Afinal a manipulação da opinião pública ocidental com a tal contraofensiva ucraniana é muito maior do que aquilo que muitos, como eu, pensavam. Mas ainda bem que assim foi. Virou-se o feitiço contra o feiticeiro e a Rússia prepara-se para uma guerra a sério, sem lhe colocar qualquer limite de escalada. Dever-se-ia apelar à paz e a negociações sérias, mas, só vejo cowboys sem pistola e fanfarrões de sofá. O que aí vem será sempre muito pior do que os nossos temores mais negros.

Estátua de Sal, 22/09/2022)


O Presidente Zelensky e os seus aliados da OTAN lançaram uma contraofensiva contra as tropas russas. Escolheram um lugar onde a presença destas era escassa e o qual Moscovo não pensava ocupar. Assim, eles podem celebrar com fanfarras esta vitória sem inimigos, nem batalha. Regresso a um bluff (blefe) que apenas convence aqueles que creem nele, quer dizer o público ocidental.


Kiev anunciou com grande alarido de trombetas e o rufar de tambores uma contraofensiva na região de Karkiv, quer dizer em frente do Donbass. As Forças apoiadas pela OTAN conseguiram « libertar » uma faixa de território de 70 km de comprimento por uns 30 de profundidade.

O Presidente Zelenski, que foi ao local, em Izium, anunciou a « próxima vitória » do seu país sobre o « invasor » russo.

A imprensa ocidental fala de derrota russa e interroga-se sobre um eventual complô visando derrubar o « Presidente vencido », Vladimir Putin.

Neste mapa do Institute for the Study of War, a zona “libertada” é a mancha azul ao alto à direita.

Fim do conto para boi dormir ; uma realização da OTAN.

Na realidade, as Forças ocidentais nunca entraram no Donbass, nem na República de Lugansk, nem na de Donetsk. Apenas recuperaram territórios que o Exército russo havia conquistado, mas sem verdadeiramente ocupar. Desde o principio, o Presidente Putin anunciou que queria defender as duas Repúblicas do Donbass, mas que não queria anexar a Ucrânia, que somente pretende « desnazificar » (ou seja, livrar dos seus « nacionalistas integralistas »).

Com o correr do tempo, ele anunciou que pretendia também fazer os Ucranianos pagar pela guerra que desencadearam anexando o Sul do país. Tinha então duas opções, ou anexar Novorossiya, ou a Makhnovchtchina, os dois territórios de tradição russa que em grande parte se sobrepõem.

A Novorossiya histórica, segundo o Washington Post, em 2014.

A Novorossiya, literalmente « Nova Rússia », é a colónia de povoamento russo conquistada por Grigory Potemkin, o amante da Czarina Catarina II, ao Império Otomano. Ela consta de todo o Sul da actual Ucrânia, incluindo a Crimeia, até uma pequena parte da Moldávia actual, a Transnístria. Este território jamais conheceu os horrores da servidão que Catarina II não conseguiu abolir no seu império. O Marechal Potemkin edificou ali um Estado iluminado, inspirado na Grécia antiga e em Roma. A Novorossiya foi durante um tempo governada por um oficial francês, amigo pessoal do Czar Alexandre I, Armand de Vignerot du Plessis, Duque de Richelieu e futuro Presidente do Conselho de Ministros francês.

Localização da Makhnovchtchina a negrito. Progressivamente ela estendeu-se para toda a zona acinzentada, incluindo Kherson e Izium.

A Makhnovchtchina é o lugar onde, em 1918, triunfou o Exército negro do camponês anarquista Nestor Makhno.

Esta conseguiu libertar-se do poder de Kiev, então detido por Symon Petliura e Dmytro Dontsov, o protector e fundador dos « nacionalistas integralistas » ; cujos sucessores estão hoje no Poder e que a Rússia qualifica de «nazis». Os partidários de Makhno, por sua vez, estabeleceram um regime libertário no Sudeste do país correspondendo às ideias dos socialistas franceses do século XIX (Charles Fourier, Pierre-Joseph Proudhon) e sobretudo à influência de Pierre Kropotkine : a criação de comunas (municípios) auto-geridas. A Makhnovshchina foi derrubada e seus partidários massacrados durante ataques simultâneos quer do Império Alemão, dos « nacionalistas integralistas » ucranianos, assim como dos bolcheviques trotskistas.

Finalizando, Vladimir Putin escolheu a Novorossiya e reivindica-a oficialmente.

A zona que acaba de ser « libertada » pelo Exército de Kiev estava num dada altura incluída num dos maiores países anarquistas do mundo, o de Nestor Mackhno, mas nunca na Novorossiya. O Governo de Kiev recuperou, como o fez durante o período entre-as-duas-guerras, este pequeno território.

Visto sob o ângulo russo, Kiev recuperou um território que Moscovo (Moscou-br) tinha pensado anexar, mas ao qual finalmente renunciou. Não havia lá, pois, forças russas, apenas guardas de fronteira e policias do Donbass. Foram estes que saíram apressados. Não houve portanto combates e muito menos derrota.

Nessas condições as longas dissertações dos média (mídia-br) ocidentais sobre um complô de generais que visaria derrubar o Presidente Putin « vencido » são pura ficção.

Já seria diferente se os Exércitos ocidentais retomassem Kherson, um porto situado no Dnieper, pouco antes de desaguar no Mar Negro. Uma segunda operação está planeada (planejada-br) em torno da central (usina-br) nuclear de Zaporijjia. Mas ainda não chegamos a isso.

A golpada do Presidente Volodymyr Zelenskyy consiste em apresentar como uma batalha, um avanço das suas tropas num território desocupado. Ela permite-lhe reivindicar aos Ocidentais milhares de milhão (bilhões-br) suplementares, e é por isso que foi ela foi lançada em 6 de Setembro. Dois dias mais tarde, no dia 8, cerca de cinquenta países reuniram-se na base norte-americana de Ramstein (Alemanha) a fim de doar armas à Ucrânia [1]. Ninguém tendo orçamento para tal, os gastos foram adiantados pelos Estados Unidos ao abrigo da Ukraine Democracy Defense Lend-Lease Act of 2022 (Lei de Empréstimo e Arrendamento para a Defesa da Ucrânia- ndT) [2]. Mais tarde eles pagarão, mas pagarão o que gastam hoje sem fazer contas.

Nos dias 9 e 10, o Institute for the Study of War (Instituto para os Estudo da Guerra- ndT), revela detalhes sobre o avanço das tropas e o caloroso acolhimento que elas recebem [3]. Esta encenação é engolida pela imprensa ocidental que a difunde. Ora este Instituto é um antro de Straussianos. É dirigido por Kimberly Kagan, cunhada da Secretária de Estado adjunta, Victoria Nuland. Entre os seus administradores conta-se Bill Kristol, antigo presidente do Projecto para um Novo Século Americano (PNAC), bem como o General David Petraeus, que destruiu o Iraque e o Afeganistão.

A 11, a Agência Reuters-Thompson garante que milhares de soldados russos estão em debandada [4]. Fala de um « golpe pesado para a Rússia », quando o Estado-Maior russo ordenara a retirada imediata deste território do qual não pretende tomar a defesa. Veja-se que na altura em que Donald Trump tinha corrido com os Straussianos da sua Administração, Victoria Nuland tinha-se tornado uma das directoras da agência Reuters [5]. O despacho da Reuters foi assinado por Max Hunder, um antigo aluno de Eton, a escola mais “fina” de Inglaterra. Um pouco mais tarde, o Ministério da Defesa britânico confirma o seu envio.

No dia 12, a farsa é validada pelo New York Times, que publica uma dupla página a glorificar o bravo Zelensky. A imprensa ocidental difunde a coisa sem reflexão.

Azar, precisamente quando o quotidiano nova-iorquino surgia nas bancas, as centrais eléctricas ucranianas foram todas atingidas durante a noite por mísseis [6]. A Ucrânia tombou na escuridão. A contra-ofensiva também.

O Presidente Putin exaspera-se com a má-fé ocidental. Ele declara que, de momento, a Rússia não mobilizou senão uma pequena parte das suas forças contra os « nazis » de Kiev e que, se for preciso, as suas próximas acções serão de uma magnitude completamente diferente.

Os Chefes de Estado presentes na Cimeira da OCS em Samarcanda.

Tendo o resto do mundo olhos para ver –-ao contrário dos Ocidentais que só têm ouvidos para ouvir patranhadas (bobagens-br) –-reservou uma festa para a delegação russa, durante a Cimeira (cúpula-br) da Organização de Cooperação de Shangai(Xangai), em Samarcanda.

Durante a era Ieltsin, uma estrutura de contacto havia sido criada entre a Rússia e a China. O Chefe do governo russo, Ievgueny Primakov, reconheceu fronteiras estáveis com Pequim.

Em 1996, este Grupo de Contacto tornou-se um Fórum Internacional com os Estados da Ásia Central (Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Usbequistão) e, depois, pouco antes dos atentados do 11 de Setembro de 2001, tornou-se a OSC actual. A China e a Rússia haviam já compreendido que os Anglo-Saxónicos fomentavam problemas na Ásia Central. Portanto, elas elaboraram em conjunto programas contra o terrorismo e o separatismo. A sequência dos acontecimentos veio dar-lhes amplamente razão.

A Organização de Cooperação de Shanghai (OCS) não parou de aumentar nos últimos 20 anos.

O OCS desenvolveu-se rapidamente. A Índia, o Paquistão e o Irão aderiram. A Bielorrússia está a preparar-se. O Afeganistão e a Mongólia são observadores. Outros 14 Estados são parceiros. Ela caracteriza-se por um espírito muito diferente do das organizações ocidentais. De certo modo, pode-se ver nela o prolongamento do espírito de Bandung : soberania dos Estados, não-ingerência nos assuntos internos e cooperação.

A OCS tranquiliza e une. Hoje em dia ela reúne um quarto da população mundial, ou mesmo dois terços se levarmos em conta os Estados observadores. Nela não se fazem planos absurdos gritando vitória quando se ocupa um território não reivindicado e desprotegido.


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8 pensamentos sobre “Zelensky : o anarca da contra-ofensiva

  1. STOP THE WAR
    STOP PLUNDER CIVILIZATION
    .
    .
    Sim:
    – urge a implosão da civilização da pilhagem!
    Sim:
    – urge o legítimo direito ao Separatismo Identitário!
    .
    .
    .
    INÚMEROS POVOS AUTÓCTONES DO PLANETA PODERIAM, PERFEITAMENTE, ESTAR A EXPLORAR AS SUAS RIQUEZAS NATURAIS

    mas foram impedidos de tal

    devido às inúmeras sabotagens sociológica conduzidas pelos boys e girls da civilização da pilhagem.
    .
    .
    A guerra Russia-NATO é a guerra entre:
    1- a Liberdade Identitária
    2- a Civilização da Pilhagem
    .
    .
    Os boys e girls da civilização da pilhagem não só bloqueiam a introdução da taxa-Tobin (seria utilizada para a formação profissional, e para a formação de empresas autóctones)… como também… procuram cercar, encurralar, estrangular (sanções económicas) os povos que não estão interessados em vender as suas riquezas a multinacionais ocidentais.
    .
    .
    Pois é;
    Dois tópicos óbvios que os boys e girls da civilização da pilhagem recusam discutir:
    1-> discutir condições de segurança para os povos não interessados em vender as suas riquezas a multinacionais…
    2-> discutir também o seguinte facto: existem muitos muitos povos autóctones que reivindicam a LIBERDADE de explorar as suas riquezas naturais através de empresas autóctones… e que foram impedidos de ter essa liberdade devido às inúmeras SABOTAGENS SOCIOLÓGICAS PROMOVIDAS PELO CIDADÃO DE ROMA OCIDENTAL:
    – durante séculos o cidadão de Roma ocidental fabricou, focos de tensão (Iraque, Líbia, etc etc), situações de caos (substituições populacionais, holocaustos massivos de povos autóctones, guerras, revoluções, golpes, corrupção de políticos) em várias regiões do planeta… para que… exactamente, inevitavelmente, fatalmente, exista o mesmo resultado final: no caos… a exploração de riquezas deve ficar na posse de empresas Ocidentais.
    .
    .
    Mais:
    Os boys e girls da civilização da pilhagem investem em mercenários tendo em vista o roubo/saque.
    .
    —> Na Síria usam mercenários (e milícias radicais: os mujahideen): 66 mil barris de petróleo são roubados diariamente à Síria.
    —> Na Ucrânia usam os mercenários de Kiev (e milícias radicais: os ukronazis) para saquear a Ucrânia…
    ENTRE A ESPADA E A PAREDE:
    mais: procuram usar os mercenários de Kiev (e a milícia ukronazi) para saquear a Russia, isto é, colocar a Russia entre a espada e a parede, isto é, os mercenários de Kiev foram financiados para criar um foco de tensão:
    1- colocar a economia russa num caos, leia-se, estrangular a economia russa, leia-se: cortar o acesso da Russia ao oceano Atlântico.
    [nota: depressa inventaram um pretexto para bloquear o transporte doméstico de mercadorias Russia Kaliningrado]
    2- caso a Russia intervi-se (o que veio a acontecer): armas da NATO para a Ucrânia e sansões económicas à Russia: o cidadão de Roma Ocidental esperava, assim, colocar a Russia ao nível do tempo de Ieltsin: um caos… e multinacionais ocidentais a fazer compras no caos.
    —> etc [Iraque, Líbia, …].
    .
    .
    .
    .
    Urge o SEPARATISMO IDENTITÁRIO
    (separatismo-50-50)
    .SIM:
    –>> na origem da nacionalidade esteve o Ideal de Liberdade Identitário:
    – «ter o seu espaço, prosperar ao seu ritmo».
    —>>> NÃO, NÃO foi o cidadanismo de Roma!…
    .
    .
    SEPARATISMO 50-50:
    – os globalization-lovers, UE-lovers, etc, que fiquem na sua (possuem imensos territórios ao seu jeito)… respeitem os Direitos dos outros… e vice-versa.
    .

  2. Claro que a “contra-ofensiva” do “Zé” foi uma fraude, como eu já disse aqui diversas vezes. Os Democratas de Biden precisavam mesmo de apresentar algum resultado de todo o dinheiro que estão a investir no seu projeto falido da Ucrânia ants das Intercalares, e então “bora lá” fazer uma contra-ofensiva.

    Eu já expliquei aqui, e parece-me que bastante claramente, o que realmente se passou. Apesar de não ter havido um combate real pelo território recuperado, esta aventura terá custado mais de 10 000 baixas à Ucrânia, cortesia das forças aeroespaciais russas. Penso mesmo que os russos só permaneciam ali como um chamariz destinado a encorajar as tropas ucranianas a sair das suas fortificações em Kharkiv para serem exterminadas. É o que os desenvolvimentos conhecidos parecem indicar, mas claro, o Estado Maior russo permanece um túmulo quando se trata de deixar sair informação.

    Como disse muito bem Pepe Escobar no seu último artigo aqui publicado, a Propaganda nunca ganhou uma guerra. Mas a divulgação indevida de informação sensível pode fazê-la perder. Nem os generais e soldados no terreno, nem os membros das Forças Populares do Donbass, nem a Imprensa russa sabe absolutamente nada a respeito do planeamento central. E é assim que tem de ser.

    Os oficiais estrategas do MoD russo não estão a disputar com os propagandistas ocidentais uma guerra de conversa fiada. Se as populações zombificadas do ocidente acreditam no que lhes impingem, isso não é problema deles. Pelo contrário, as elites ocidentais precisam desesperadamente da Propaganda para manterem os seus próprios povos controladas.

    Já Zelensky é um livro aberto. Ele chegou a anunciar a catastrófica ofensiva sobre Kherson com meses de antecedência e depois mandou milhares de descartáveis para o triturador de carne russo. Como eu também disse aqui semanas atrás, se ele estivesse realmente a tentar ganhar aquela guerra nunca divulgaria o que planeava fazer. Mas ele limita-se a fazer o papel que lhe foi atribuído em Washington. Um palhaço é sempre um palhaço.

    Como eu também já disse aqui, agora vamos ter de esperar para ver. Muito embora os resultados da Mobilização em curso só devam entrar em ação depois do Inverno, e de certeza que haverá mais algumas mobilizações a seguir a esta, parece-me que Odessa está mesmo ali a pedir para ser conquistada antes de chegarem as neves. uma ofensiva a partir de Kherson em simultâneo com um desembarque de fuzileiros no porto, após as defesas da cidade serem devidamente amaciadas pela artilharia, não parece muito difícil.

    Antes disso provavelmente teremos a capitulação de Bakhmut que deixará o inimigo sem nenhum posto estratégico dentro do Donbass e deverá resolver definitivamente o problema dos bombardeamentos às zonas civis de Luhansk e Donetzk. Um contingente da empresa militar privada Wagner está neste momento a tratar desse assunto.

    Para terminar, o ministro da Defesa russo, Shoygu, divulgou ontem em entrevista à Tass o número total de soldados mortos na Operação Especial. O Exército russo perdeu 5.937 militares até ao momento. “Não posso deixar de falar sobre isso – não falamos sobre isso há muito tempo – sobre nossas perdas. As nossas perdas na operação especial foram de 5.937 pessoas”, disse Shoygu, enfatizando que os militares russos cumprem corajosamente seu dever durante a operação especial.

    Realmente os russos têm alguns problemas com a informação ao momento. Acho que para eles “em cima da hora” significa que a notícia é dada no mesmo ano em que os factos ocorreram.

    Já os americanos, esses não têm problemas nenhuns. Um alto funcionário da Casa Branca, cujo nome agora não me ocorre, disse há cerca de um mês que os ucranianos já tinham matado 80 000 russos. Acho que ele nem pensou no que estava a dizer. Nesta fase as aldrabices saem com a mesma naturalidade com que eles respiram. Sabem muito bem que a sua populaça há muito perdeu a capacidade de pensar.

  3. Hoje venho aqui fazer o que faço sempre: desmascarar a propaganda. Mas desta vez a pró-Russa, pois foi a queme incomodou mais neste artigo, que até diz muita verdade, analisa bem os excessos propagandísticos do Ocidente, mas comete também os seus excessos, como é típico no Sr. Thierry Meyssan.

    “Visto sob o ângulo russo, Kiev recuperou um território que Moscovo (Moscou-br) tinha pensado anexar, mas ao qual finalmente renunciou. Não havia lá, pois, forças russas, apenas guardas de fronteira e policias do Donbass. Foram estes que saíram apressados. Não houve portanto combates e muito menos derrota.”

    Eu que acompanho a fonte pro-Russa mais factual de todas sobre o que se passa no terreno, o Rybar, assim como um ex-espião Ucraniano que decidiu ser pró-Russo após o golpe de 2014, o IntelSlava, assim como o analista militar bielorusso, Dyma, posso adirmar com bastante à vontade que esta excerto do Thierry Meyssan é pura propaganda, e de facto 100% mentiroso.

    Ao que se passou na contra-ofensiva da Ucrânia em Kharkov, o Dyma chamou de DISGRACE, o IntelSlava criticou o silêncio Russo durante a fuga desde Balakleya até leste do rio Oskil, e o Rybar foi o primeiro a noticiar a derrota humilhante, com batalhas sangrentas, que se estava a passar.

    Sim, a Rússia defendeu mal aquela zona, nem minas tinha para travar avanços Ucranianos, as tropas nalgumas cidades e vilas eram só polícias ou milícias mal treinadas e ainda pior equipadas das Repúblicas de Donetsk e Lugansk LDPR).

    Mas eu lembro bem que estas 3 fontes, todas pró-Russas, mas do mais sério que por aí se pode encontrar, acima de tudo o Rybar, passaram aquela semana a reportar derroras atrás de derroras, baixas nas forças aliadas (como eles se gostam de chamar à cooperação entre soldados Russos, paramilitares, e forças Ucranianas pró-Russas das LDPR.

    Li relatos sobre como algumas forças Russas defenderam com a vida até à saída de civis e chegada de reforços, que mesmo assim eram tão poucos e tão tarde, que só serviam para “organizar” a retirada total. Foi assim em tantas localidades, de Balakleya até Kupiansk, passando por Izium, a derrota mais humilhante de todas. A Rússia foi origada a abandonar uma posição que custou tanto a conquistar, por risco de ficarem cercados pela contra-ofensiva Ucraniana+Nato feita com tantos homens, meios, e organização.

    Uma derrota, em Izium, que aliás colocou de tal forma em risco a Operação Militar Especial (SMO), que o Ministério da Defesa (MoD) Russo teve de colocar nessa zona reservas que estavam inicialmente a postos para a libertação da DPR mais a Sul.

    O avanço Ucraniano+Nato foi tão bom e rápido que na troca de prisioneiros recente, a Rússia recuperou 200 soldados. Ou seja, tirando os mortos, foram 200 os soldados Russos+Aliados que ficaram para trás, em “caldeirões” operacionais, ou totalmente cercados. Por isso é que se renderam. Caso contrário, seriam mais 200 mortos a acrescentar ao total de quase 6000 Russos que já morreram na SMO, pois os reforços não tiveram chances de acudir em todos os lados durante a retirada apressada.

    Rybar, IntelSlava, e Dyma, todos pró-Russos, todos factuais, nenhum deles com qualquer simpatia pelos Nazi/Nato.
    São estas as minhas fontes.
    Portanto, ler um texto do Thirry Meissan a MENTIR descaradamente que “não houve portanto combates, e muito menos derrota”, é inaceitável.
    Tendo em conta o meu critério de deixar de ler quem me mente desta forma, assim como deixei de ler “jornais” Ocidentais, tomo agora a decisão de deixar de ler o Thierry Meissan.

    Gosto de factos, doam o que doer. Não gosto de propagandistas, sejam de que lado forem.
    Por isso deixo aqui mais três factos:

    1- o facto de uma sondagem feita recentemente por pró-Russos revelar cerca de 50% de pessoas descontentes com a actuação do seu MoD, uma insatisfação diretamente ligada a esta derrota humilhante, ao silêncio durante a desgraça, e os comunicadoa seguintes do MoD a insultar a inteligência de quem se mantém informado;

    2- o facto de Putin e Shoigu finalmente terem reconhecido, poucos dias após esta humilhante derrota, que a SMO nos termos actuais já não dá para mais, e que para atingir os objectivos INICIAIS (ie. libertar a R.Donetsk toda sem perder mais territórios como em Kharkiv) é preciso uma mobilização de 300 mil homens adicionais;

    3- o facto destas fontes fidedignas, às quais acrescento o rapaz de Singapura, neutral, que faz o Defense Politics Asia, estarem por estes dias a falar de mais e mais localidades conquistadas pela Ucrânia e colocarem em risco a importante cidade de Liman (que seria a primeira grande derrota Russa já dentro da DPR), e ainda o risco real de contra-ofensivas Ucranianas com possibilidade de chegar a Lisichansk e Severodonetsk já na LPR, e até nas zona de Zaporoje, primeiro na direção Ugledar-Mariupol, e depois na direção de Energodar.

    Parece-vos isto, a vocês que têm um cérebro funcional, uma realidade minimamente compatível com as palavras de propaganda mentirosa que o Thierry Meissan escreveu na citação que referi?
    O desespero é tão grande que apesar de quase todos os mapas da Novorossiya incluírem a totalidade do oblast de Kharkov, ele foi ao baú buscar uma tal de Makhnovshchina na qual Kharkiv não está incluída. Chama-se a isto: dar cambalhotas, para aparentar “justificar” o que não tem justificação. Ou numa só palavra: propaganda.

    Enfim, é esta a dor de cabeça de quem, como eu, escolhe sempre o lado dos factos. Invariavelmente acabamos por ter de atacar todoa os lados, e ser atacados por todos também. Depois de me chamarem “Putinista”, se alguém me ler e responder hoje, quiçá irá chamar-me “agente da NATO”.

    Isto lembra-me outra pessoa que, num comentário destes, seria uma injusriça deixar de fora, o senhor Erwan Castel, mais um pró-Donbass com simpatia pela Rússia, e a residir no Donbass, mas neste caso vindo de França. Adoro os artigos dele, sempre a desmontar AMBAS as propagandas. Também ele é uma das pessoas sérias onde nos podemos informar sobre a realidade no terreno deste conflito.
    E não tenho dúvida que, se ele lesse esta propaganda no artigo do Thierry Meissan, ia dizer-lhe das boas. Até porque, estando a residir no Donbass e vendo a guerra e a morte de perto, deve custar ainda mais quanto lê um propagandista de sofá a dizer que “não houve combates” e que está tudo de acordo com o plano… isto quando ao fim de 7 meses de SMO ainsa morrem civis no centro de Donetsk devido aos bombardeamentos (crimes de guerra) dos Nazi+Nato, e a SMO para lhes por fim ficou em causa nesta contra-ofensiva de Kharkiv. Haja paciência!

    • Meu caro Carlos Marques, eu nunca o consideraria um agente da NATO. Para aceder a semelhante emprego há certos requisitos de competência que é preciso cumprir.

      Na verdade eu nem estava a pensar responder-lhe. Mesmo porque, sinceramente, acho que este seu texto não merece resposta. No entanto estou a ficar um bocado preocupado com a sua recente tendência para a vitimização, que pode de alguma forma indiciar um certo agravamento da sua saúde mental.

      Anime-se, homem. Não há nenhum problema em acreditar piamente numa garotinha malcriada com problemas mentais, como a Greta, num espião ucraniano que “virou” pró-russo de um dia para o outro, ou no Pai Natal. Sem dúvida que um velho espião vira-casacas, particularmente, é totalmente digno de confiança.

      Vou até confidenciar-lhe um segredo: eu próprio já acreditei no Pai Natal. A minha desculpa é que tinha quatro anos.

      Num texto propagandístico miserável como o de Seth Harp, em Velho General, (19/09/2022) você conseguiu ver apenas “alguns erros”, mas o conceituadíssimo jornalista Thierry Meyssan, que é seguido por diplomatas e políticos de todos os continentes, é um propagandista da Rússia. Sem possuir absolutamente nenhuns conhecimentos de Economia, como é visível no que escreve, você não tem nenhum escrúpulo em achincalhar Michael Hudson, apenas uma das maiores sumidades na área da atualidade, que deixa suspensas assistências de milhares de economistas e estudantes universitários na China, que é só o país mais bem sucedido economicamente no mundo atual.

      Se há uma coisa em que você é grande, meu caro, é no seu próprio ego. Não sei mesmo se este planeta tem dimensão suficiente para o conter.

      Então, espero que se mantenha por aqui por muito tempo visto que os seus interessantes textos me divertem. Ainda que o elevado calor que você coloca neles receio bem que esteja a contribuir para o aquecimento global.

      P.S.: Os 200 soldados russos capturados, e agora trocados, durante a ofensiva, serão na sua maioria resultantes de pequenas forças da Guarda Nacional e outros, que ficaram para trás a fim de cobrir a retirada dos seus camaradas, e sobretudo de civis que os russos fizeram questão de evacuar, e que depois negociaram os termos da entrega das cidades, como se sabe que foram os casos da cidade de Volchansk e da vila de Vilcha entre outras. Faz parte da guerra, e os ucranianos acordaram os termos para evitar maiores baixas entre eles próprios. No seguimento desses acordos a Rússia aceitou libertar também alguns “mercenários” ingleses e americanos, que eram por motivos óbvios especialmente importantes para os oficiais “ucranianos” que lideravam a ofensiva, e que desta forma escaparam ao fuzilamento.

      • Ficam-lhe muito mal os ataques ad hominem. Mas eu gosto de os receber. É sinal de que quem ficou incomodado comigo, não tem resposta à altura.

        Mapa mais recente da frente de Lyman, feito pela fonte 100% pró-Russa Ryba:
        https://i-ibb-co.translate.goog/QPzcYKd/22-09-eng-1.jpg

        Depois da “não derrota” em Kharkov, e da “retirada ordeira” e “sem combates”, parece que está a acontecer o mesmo já dentro da República de Donetsk, a tal que ia ser libertada pela SMO.

        Depois do vergonhoso comunicado do MoD Russo, a dizer que a derrota de Balakleya até Kupiansk era só um “reposicionamento” para assegurar o sucesso da SMO, eis que não param de fazer mais “reposicionamentos” também em Donetsk.

        Se calhar, se o Thierry Meyssan vir isto, tirará da cartola um novo mapa que mostra que a Novorrússia não inclui o Norte do oblast de Donetsk…

        Só nesta imagem, em redor de Lyman, e já a norte do rio Siversky Donets (no qual os Ucranianos tiverem de fazer VÁRIOS pontoons com sucesso para o atravessar), e dá DEPOIS do “reposicionamento” de Kharkov estar completado, a Rússia já perdeu:
        Oskil e Studenok (últimas posições no oblast de Kharkiv a Oeste da parte larga do rio Oskil)
        Rubtsi
        Lozove (e por aqui está já a sofrer ataques em Karlivka e Ridkodub)
        Sosnove
        Sviatohirsk (e local do famoso mosteiro)
        Yarova
        Shchurove
        Staryi Karava
        Brusivka
        Dibrova
        Ozerne
        E os Nazi/NATO estão já a atacar as posições em:
        Drobycheve
        Yampil
        e periferia de Lyman (e se esta cai, vão até Lugansk com excelentes condições de voltar a atacar em Lisichansk e Severodonetsk na LPR, pois passam a poder atacar não só de frente, em direção a Leste, como também a partir do Norte, pois ficam praticamente sem obstáculos para chegar perto de Rubizhne, naquela floresta onde ficou famosa uma travessia Russa falhada em que a propaganda Nazi/NATO mostrou fotografias de muitos veículos destruídos e 2 pontoons afundados)

        Todas estas localidades (com exceção de Oskil e Studenok, como já tinha dito), tinham sido conquistada a muito custo, são objetivos iniciais da SMO, foram perdidas em sangrentas batalhas, e têm de voltar a ser conquistadas de forma a libertar a totalidade da República de Donetsk. Ou seja, se a Rússia, as perdeu, quer dizer que está a andar para trás, que é o oposto de avançar, caso não saiba…

        A situação é ainda pior, pois na frente mais a leste, em vez de ser a Rússia+Aliados a aproximar-se de Sivers’k (a Norte de Bakhmut/Artemovsk), são os Nazi/NATO a a reconquistar terreno já dentro da República de Lugansk (que tinha sido libertada a 3-Julho-2022).

        Segundo o mapa do Defense Politics Asia:
        https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1B1PLMhbHmG1aJ2-QNxHY1TksI6HlNhqF&ll=48.78910310924731%2C38.20555555224006&z=11

        – só nos dia 20-Setembro caíram 3 localidades:
        Bilohorivka (a Nordeste de Soledar, dentro da DPR)
        Spirne
        Bilohorivka (a outra dessa região, já dentro da LPR)

        Obviamente que tudo isto significa que as tropas Russas, que foram em massa para a frente de Kherson travar a contra-ofensiva dos Nazi/NATO, deixaram esta parte do Donbass desguarnecida.
        E como tal muitos dos agora 300 mil mobilizados vão para o Donbass ocupar esse espaço, dar a tal “profundidade operacional” de que o MoD falou.
        É, indirectamente, uma forma de assumir o falhanço da tática e dimensão da SMO até este momento. Menos mau. Quer dizer que, mesmo não assumindo abertamente os erros, pelo menos já os estão finalmente a corrigir.

        Aquilo que fizeram às pessoas de Kharkiv, e aqui até posso quase citar Lavrov, mas não me lembro das palavras exactas, por isso vou parafrasear, é inaceitável. Ou seja, ocupar durante tanto tempo e depois perder/abandonar essas povoações. Foi isto que Lavror disse aquando da primeira contra-ofensiva Nazi/NATO na zona de Kharkiv há uns meses atrás.

        Portanto quando você diz:
        «o conceituadíssimo jornalista Thierry Meyssan, que é seguido por diplomatas e políticos de todos os continentes, é um propagandista da Rússia»
        Sim, é exatamente isso. Quem mente assim, descaradamente, é propagandista. E eu não quero saber da reputação de ninguém para nada. Para mim tanto vale um “conceituadíssimo” doutor, como um anónimo pedinte.

        Quanto a esta frase:
        «Os 200 soldados russos capturados, e agora trocados, durante a ofensiva, serão na sua maioria resultantes de pequenas forças da Guarda Nacional»

        Não disputo isso. Nunca disputei. A questão é outra, eu disse o mesmo de outra forma: que a maioria não era militar, mas estavam lá de facto tropas (e depois reforços) e que lutaram batalhas sangrentas, ou tiveram mesmo de fugir a 7 pés. Não fui eu que o disse, foram fonte pró-Russas, fidedignas, que o afirmaram quase em directo, e com provas para mostrar.
        Já o Thierry Meyssan mentiu com todos os dentes dizendo que não havia militares nenhuns nem combates nenhuns, nem derrota nenhuma. É uma mentira descarada. Não percebo sinceramente porque me atacou ad hominem. Não gosta de quem desmascara mentirosos?

        E é ainda pior, essa troca de prisioneiros foi feita a troco dos NAZIS de Azov (alguns ainda capturados em Mariupol), que nunca mais na vida deviam andar à solta, mas em vez disso vão passar umas férias na Turquia. Se isto é “desnaZificação” vou ali e já venho…
        E foi feita também a troco dos mercenários que tinham sido “condenados à morte”. Praticamente todas as fontes pró-Russas que lei são unânimes na consequência prática imediata: mais mercenários estrangeiros podem agora voltar a ingressão a Legião Estrangeira dos Nazi/NATO, uma vez que deixou de existir o medo da pena de morte em caso de captura.

        Chegado ao fim, devolvo-lhe os “mimos”: faça-se homem, lide com os factos, procure a verdade, rejeite a mentira, aceite as derrotas, corrija os erros, e celebre só as vitórias reais.

  4. As falsidades sobre o que se passa e o que está para vir são quotidianas. Jornais de nível passaram a porta-vozes da embaixada ucraniana.

  5. Não é ser pró-Russia, é ser pró-LIBERDADE.
    Para que os povos autóctones possam explorar as SUAS riquezas… urge a implosão da civilização da pilhagem.
    .
    .
    .
    O “terrorismo nuclear da Russia”… afinal foi um bombardeamento feito pelos mercenários de Kiev.
    etc, etc, etc
    .
    .
    .
    STOP THE WAR
    STOP PLUNDER CIVILIZATION
    .
    .
    Respeito pelos povos autóctones a explorar as suas riquezas!
    Sim:
    – urge a implosão da civilização da pilhagem!
    Sim:
    – urge o legítimo direito ao Separatismo Identitário!
    .

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