A segunda batalha de Stamford Bridge

(Declan Hayes, in Strategic-Culture.org, trad. Estátua de Sal, 09/05/2022)

O choque do ataque da City de Londres contra o Chelsea FC, que é actualmente o campeão europeu e mundial em título, irá transformar totalmente o futebol inglês numa sombra da sua antiga primazia.

O proprietário do Chelsea, o cidadão israelita/português Roman Abramovich, devido às suas alegadas ligações russas, destruiu o actual modelo de negócio da Associação de Futebol. Se os anti-semitas podem confiscar os bens de um cidadão israelita porque as forças de manutenção da paz russas entraram na Ucrânia, que dizer de clubes como o Newcastle Utd e Manchester City, que são propriedade de déspotas do Médio Oriente? E o Liverpool FC e o Manchester Utd, que são propriedade de clubes americanos? Deverão eles também ser sancionados pela ladainha interminável de crimes de guerra dos EUA, as suas invasões ilegais da Síria e do Iraque em particular?

E os salários gigantescos que são pagos aos jogadores ingleses, um processo que Abramovich iniciou mas em que o Chelsea FC já não pode participar? E o miniexército de jogadores jovens que o Chelsea tem emprestado? Serão eles também vendidos a preços de saldo? O castelo de cartas do futebol tem de cair por completo? É isso que a NATO quer ou será que a NATO não se importa com isso?

A viabilidade do Chelsea não poderia ser mais precária. O regime britânico reduziu de tal forma as suas finanças que o clube mal consegue manter-se à tona e planear, comprar ou vender jogadores, é uma quase impossibilidade até ser encontrado um novo proprietário, presumivelmente não judeu. Para solução da situação do City, parece que os judeus e os muçulmanos egípcios ainda não serão bem-vindos.

Apesar de Abramovich ter dito pela primeira vez que iria anular os milhares de milhões de libras que o Chelsea lhe devia, uma vez que agora parece ter mudado de ideias antes do prazo de Maio para a venda do clube, existem novas dúvidas sobre se Jim Ratcliffe, Todd Boehly ou algum outro oligarca aceitável irá salvar o clube a tempo.

Ao pagar pelo Chelsea com o seu próprio dinheiro ou, se preferir, com as vastas riquezas que pilhou da Rússia, a abordagem de Abramovich está nos antípodas da dos proprietários do Manchester United, que pilharam o clube para se pagarem a si próprios milhares de milhões. Então porque é que a abordagem dos Glazers é “limpa”, enquanto a de Abramovich não é?

A resposta está na City de Londres, aquela entidade peculiar que tem saqueado os recursos do mundo desde os tempos pós-romanos, tal como o clã Glazer saqueou o Manchester Utd. Os bandidos, que controlam a Square Mile de Londres, importam-se tanto com o belo jogo da Inglaterra como com os gatos russos que estão agora sob sanções. O seu jogo tem sido sempre a violação, a pilhagem e especialmente a pilhagem.

Actualmente, os seus últimos dignatários estão na luta das suas vidas contra a Rússia na Ucrânia. Em jogo está o futuro da Europa Ocidental, a Alemanha em particular, cuja escolha é entre o comércio construtivo com a Rússia e o envolvimento com a Iniciativa de Cinturão e Rota da Seda ou o domínio e exploração permanentes por Wall Street, a City e os seus companheiros de cativeiro.

A City espera voltar a levar a Rússia à bancarrota e instalar outro fantoche da NATO para lhes permitir renovar a sua violação dos recursos da Rússia. Caso recolonizassem a Rússia, o passo seguinte seria outra guerra movida com opiáceos para sedar e subjugar a China. Como os russos e os chineses não estão a ceder, a guerra, a uma escala que o mundo nunca viu, está a caminho.

Mas os caçadores de cabeças do Chelsea podem relaxar, uma vez que os seus serviços não são necessários, excepto para incendiar a estranha igreja ortodoxa ou duas igrejas ortodoxas. A City tem um novo exército demasiado pesado: legiões de drones humanos para manipular os preços do mercado, génios como o Príncipe Harry para pilotar os seus drones e simplórios ucranianos para encher os seus sacos de cadáveres.

Se a guerra ucraniana da Cidade correr como planeado, a Alemanha, afastada da Rússia, será um estado vassalo americano durante décadas. Wall Street e a City controlarão os mercados financeiros e de mercadorias da NATO e a Alemanha ficará desprovida de Lebensraum económico, uma vez que a City, ao ditar as taxas das obrigações do governo e da LIBOR, também armará a inflação, o flagelo económico de todas as grandes guerras e o pior pesadelo da Alemanha. A Alemanha, os seus mercados russo e chinês em farrapos, terá de marchar ao toque do tambor da City, acumulando mais dólares americanos depreciados, antes que os americanos voltem a fazer um Continente sobre eles.

E tal só não sucederá se a Alemanha encontrar o seu próprio Charles De Gaulle, o carismático líder francês, que desmascarou o bluff dos americanos e retirou as suas fichas de Fort Knox, causando a desordem nos mercados. A Alemanha e a Suíça deveriam, isso sim, virar-se para Leste, uma vez que só lá é possível encontrar os lucros, que tradicionalmente tem beneficiado os bancos alemães. A Leste estão os mercados, petróleo, gás e outras matérias-primas. Para o Ocidente restará o Chelsea Football Club, a diminuição dos fornecimentos de trigo ucraniano e infindáveis circos diversos sem valor intrínseco.

A Alemanha está agora a dançar a sua última dança, perante a sua última oportunidade. Pode estabelecer no futuro uma ligação com a China e com a Rússia ou pode deitar-se de costas a pensar em Wall Street e na City enquanto a violam e lhe pilham os recursos que ainda lhe restam.

Não poupe lágrimas pelos caçadores de cabeças do Chelsea. Por muito triste que seja a sua morte, eles podem ficar na ilusão, como sempre fazem, de que o seu clube morreu, como Nelson, pela Inglaterra e não, como realmente aconteceu, pela ganância desenfreada de uns fedelhos da City educados em Eton.

Ainda que os historiadores do futuro achem a batalha de hoje sobre a Ponte de Stamford como sendo a de Trafalgar da nossa época, eles olharão mais para trás, para a batalha original da ponte de Stamford de 1066, onde as forças inglesas derrotaram os Vikings no Norte, apenas para encontrar as suas forças exaustas a serem encaminhadas para o Sul pouco depois na Batalha de Hastings.

E assim será com a Ucrânia, onde os meios de comunicação da City ganharão a guerra de propaganda irrelevante mas, tal como com a Guerra e Paz do grande Tolstoi, perderão a verdadeira guerra para os cassetetes das tropas do czar Alexandre e do príncipe Kutuzov, que caíram impiedosamente sobre as cabeças do Grande Exército de Napoleão até nem sequer serem senão uma sombra de si próprias.

De facto, quando Zhukov disse a Estaline que as suas forças tinham conquistado Berlim, Estaline respondeu irritado que o czar Alexandre tinha chegado a Paris. A esperança desta vez tem de ser que a onda russa vá ainda mais longe e que não se limite a Stamford Bridge, mas a toda a Londres e até aos abutres da City.

Fonte aqui

N.B. Não estranhem se não conseguirem aceder à fonte original do artigo. O site é mais um que a “liberal” União Europeia censura sem qualquer pejo ou vergonha. Só com VPN ou recorrendo ao browser TOR se pode driblar a censura.


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7 pensamentos sobre “A segunda batalha de Stamford Bridge

  1. Hoje em dia, a Estatua de Sal proporciona uma estupidificação ao nível de um Big Brother. A sério, até me faz ter pena, daquilo que já foi outrora um razoável blog de Esquerda

  2. Há dias escrevi aqui no Estátua de Sal. Fui a primeira vez a um Café fui mal atendido e pior servido. Conclusão: nunca mais lá pus os pés. E.… referência a esse Café: nenhuma.

  3. Caro Estátua de Sal, como pode esperar que se leia, quanto mais se comente ou rebata um artigo que começa por:
    “O proprietário do Chelsea, o cidadão israelita/português Roman Abramovich, devido às suas alegadas ligações russas, destruiu o actual modelo de negócio da Associação de Futebol. Se os anti-semitas podem confiscar os bens de um cidadão israelita porque as forças de manutenção da paz russas entraram na Ucrânia…………” ?
    Devido às suas alegadas ligações russas ?????????????????
    Todos sabemos que o Roman Abramovitch nunca foi russo, que não ganhou a sua fortuna através da corrupção na Rússia e, mais, que nunca, na sua vida, foi à Rússia !
    Risível…………………….

  4. Cara Estátua de Sal, fiquei inquieto com a sua “denúncia” de que “N.B. Não estranhem se não conseguirem aceder à fonte original do artigo. O site é mais um que a “liberal” União Europeia censura sem qualquer pejo ou vergonha. Só com VPN ou recorrendo ao browser TOR se pode driblar a censura.”.

    Não vale a pena a vitimização. Não sei o que é o browser TOR ( fui ver, fiquei a saber que é o The Onion Router – o Roteador da Cebola, certamente porque faz chorar quem o usa ), nem tenho VPN. Uso o normalíssimo Google e não tive qualquer dificuldade em aceder à versão original do anedótico artigozinho:

    “England’s Second Battle of Stamford Bridge

    Declan Hayes

    May 9, 2022
    © Photo: REUTERS/Henry Nicholls
    The City of London’s shock blitzkrieg against Chelsea FC, who are currently the reigning European and world champions, will totally transform English football into a shadow of its former self.

    The City of London’s shock blitzkrieg against Chelsea FC, who are currently the reigning European and world champions, will totally transform English football into a shadow of its former self. Red-carding Chelsea’s owner, Israeli citizen Roman Abramovich, because of his alleged Russian links, has destroyed the Football Association’s current business model. If anti-Semites can confiscate an Israeli citizen’s assets because Russian peace-keeping forces have entered Ukraine, what of clubs like Newcastle Utd and Manchester City, that are owned by Middle Eastern despots? What of Liverpool FC and Manchester Utd that are owned by American clubs? Should they too be sanctioned over America’s endless litany of war crimes, its illegal invasions of Syria and Iraq in particular?

    What of the gargantuan salaries that are paid to English-based players, a process which Abramovich initiated but which Chelsea FC can no longer partake in? What of the mini-army of youth players Chelsea have out on loan? Are they also to be sold at fire-sale prices? Must football’s whole house of cards come tumbling down? Is that what NATO wants or does NATO care at all?

    Chelsea’s viability could not be more precarious. The British regime have so severely curtailed its finances that the club can barely stay afloat and forward planning, buying or selling players, is a near impossibility until a new, presumably non-Jewish, owner is found. To the City’s establishment, it seems that Jews and Egyptian Muslims are still not quite the ticket.

    Even though Abramovich first said he would write off the billions of pounds Chelsea owe him, as he now seems to have changed his mind ahead of the May deadline for selling the club, there are fresh doubts as to whether Jim Ratcliffe, Todd Boehly or some other acceptable oligarch will save the club in time.

    In paying for Chelsea out of his own money or, if you prefer, from the vast riches he looted from Russia, Abramovich’s approach is the polar opposite of Manchester United’s owners, who looted the club to pay themselves billions. Why then is the Glazers’ approach kosher, whilst Abramovich’s is not?

    The answer lies in the City of London, that quirky entity which has been looting the world’s resources since post-Roman times, much as how the Glazer clan looted Manchester Utd. The brigands, who control London’s Square Mile, care no more about England’s beautiful game than do the Russian cats that are now under sanction. Their game has always been rape, pillage and especially plunder.

    Currently, their latest proxies are in the fight of their lives against Russia in Ukraine. At stake is the future of Western Europe, Germany in particular, whose choice is between constructive trade with Russia and engagement with China’s Belt and Road Initiative or permanent dominance and exploitation by Wall Street, the City and their fellow-buccaneers.

    The City hopes to again bankrupt Russia and install another NATO puppet to allow them renew their rape of Russia’s resources. Should they re-colonise Russia, the next step would be another opiate-driven war to sedate and subjugate China. As the Russians and Chinese ain’t buying, war, on a scale the world has never seen, is in the offing.

    But Chelsea’s headhunters can relax as their services are not needed, except to torch the odd Orthodox church or two. The City have a new, tooled-up army: legions of human drones to manipulate market prices, geniuses like Prince Harry to fly their drones and Ukrainian simpletons to fill their body bags.

    If the City’s Ukrainian war goes as planned Germany, barred from Russia, will be an American vassal state for decades to come. Wall Street and the City will control NATO’s financial and commodities’ markets and Germany will be bereft of economic lebensraum as the City will, by dictating government bond and LIBOR rates, also weaponize inflation, the economic scourge of all great wars and Germany’s worst nightmare. Germany, her Russian and Chinese markets in tatters, will have to march to the City’s drum, accumulating more depreciating American paper, before the Americans once more do a Continental on them.

    Unless that is, Germany finds its own Charles De Gaulle, the charismatic French leader, who called the Americans’ bluff by cashing out his Fort Knox chips and causing mayhem in the markets. Germany and Switzerland must eventually turn east as it only there that profits, along the traditional German banking lines, can be found. To the East lies markets, oil, gas and other raw materials. To the West likes Chelsea Football Club, diminishing supplies of Ukrainian wheat and endless, diversionary circuses of no intrinsic worth.

    Germany is now in the last-chance saloon. She can liaise with China, Russia and the future or she can lie down on her back and think of Wall Street and the City as they rape her of her remaining resources.

    Spare no tears for Chelsea’s headhunters. Sad though their demise will be, they can delude themselves, as they always do, that their club died, like Nelson, for England, home and beauty and not, as it really did, for the unbridled greed of the City’s Eton-educated brats.

    Though future historians will find today’s battle over Stamford Bridge as epoch-making as Trafalgar, they will look further back, to the original 1066 Stamford Bridge battle where the English forces vanquished the Vikings in the North, only to find their exhausted forces being routed in the South shortly afterwards at The Battle of Hastings.

    And so it will be with Ukraine, where the City’s media outfits will win the ultimately irrelevant propaganda war but, as with the great Tolstoy’s War and Peace, lose the real war to the cudgels of the troops of Tsar Alexander and Prince Kutuzov, which fell mercilessly on the heads of Napoleon’s Grande Armée until they were not even a shadow of their former selves. Indeed, when Zhukov told Stalin that his forces had conquered Berlin, Stalin testily replied that Tsar Alexander had reached Paris. The hope this time has to be that the Russian wave goes even further and prises not just Stamford Bridge but all of London and beyond from the City’s vultures.

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