Para acabar de vez com este sufoco

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 14/04/2022)

Miguel Sousa Tavares

Neste texto, entre cada parágrafo, irei repetir esta frase:

— A invasão e a guerra que a Rússia levou à Ucrânia não têm justificação. Os massacres e os assassínios deliberados de civis não têm perdão.

Digo isto não só porque é o que penso e já escrevi antes mas também para ficar mais uma vez lavrado em acta. Pois é aqui que chegámos, é aqui que estamos e é neste clima que, a propósito da guerra na Ucrânia, estamos a viver: num clima de intimidação concertada sobre o pensamento como nunca antes vivi em 30 anos de escrita em jornais. Quem não pensa exactamente segundo a cartilha pronta a pensar fornecida pela NATO e pelos países-guia do mundo ocidental é imediatamente catalogado como amigo de Putin e cúmplice moral das atrocidades russas na Ucrânia. Portanto, é preciso repetir:

— A invasão e a guerra que a Rússia levou à Ucrânia não têm justificação. Os massacres e os assassínios deliberados de civis não têm perdão.

ILUSTRAÇÃO HUGO PINTO

Porém, eu sei que dizer isto é inútil. Não se trata de discutir pontos de vista, até úteis para o futuro, de rebater argumentos ou de revisitar a história. A maior parte dos novos cruzados, arautos da guerra à distância, e novos censores ainda ontem nada sabiam da Rússia, da sua história ou da história da expansão da NATO para leste e nada lhes interessava a política internacional, entretidos que estavam a divagar sobre minudências da política doméstica, a educação dos filhinhos ou as tendências das redes sociais: com esses nem vale a pena perder tempo. Com outros, todavia, o caso é mais sério. Podiam e deviam discutir as opiniões contrárias sem recorrer à absoluta falta de seriedade intelectual e a argumentos de puro terrorismo e delação pública. Todos os dias leio dois ou três textos destes e até me pergunto como é que não têm vergonha de alinhar em tamanha campanha ostensiva de apelo ao silenciamento e ao linchamento moral de quem não pensa tal qual como eles, mesmo que digam e repitam o que eles fazem de conta que não ouviram:

— A invasão e a guerra que a Rússia levou à Ucrânia não têm justificação. Os massacres e os assassínios deliberados de civis não têm perdão.

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No “Público”, por exemplo, Francisco Mendes da Silva, alguém que eu leio sempre com interesse, escreveu um texto cujo título resume toda uma sentença: “Sejam adultos, assumam que querem a vitória da Rússia”. Para ele, estas pessoas, que veladamente desejam a vitória militar de Putin, “continuam a querer contaminar a discussão com uma complexidade que não existe”, quando “o seu problema não é a dificuldade de pensar, é a dificuldade de assumirem o que verdadeiramente pensam”. Cobardes, portanto: tão simples quanto isto. Por exemplo, gente como Kissinger, como George Keenan, como Mário Soares ou Luís Amado, que, em devido tempo, avisaram que a expansão da NATO a leste era um grave erro geoestratégico e político, que traria necessariamente consequências para a paz, eram simplesmente pró-russos e cobardes. Pelo contrário, aqueles que imaginaram que Gorbachov e os seus sucessores iriam desmantelar o Pacto de Varsóvia, pôr termo à Guerra Fria e reconhecer a independência de 14 países antes sob a alçada da URSS e, simultaneamente, aceitar que eles passassem a integrar a NATO e pudessem instalar nos seus territórios mísseis nucleares tácticos capazes de atingir Moscovo em poucos minutos sem que a Rússia se sentisse ameaçada eram apenas genuínos defensores da paz e visionários perante Vladimir Putin ou qualquer outro Pedro, o Grande, reencarnado. Bem, a esta corajosa gente eu também poderia dizer: “Sejam adultos e assumam que o que querem é ver a NATO entrar na guerra e esmagar a Rússia, ou então prolongá-la indefinidamente até conseguir o mesmo resultado.” Mas não é preciso que eu o diga, disse-o o Presidente ucraniano, Zelensky, na sua entrevista à “The Economist”: “Há quem no Ocidente não se importe com uma longa guerra, porque isso significaria esgotar a Rússia, mesmo que represente o desaparecimento da Ucrânia e o sofrimento do seu povo.” Mas deixem-me que repita:

— A invasão e a guerra que a Rússia levou à Ucrânia não têm justificação. Os massacres e os assassínios deliberados de civis não têm perdão.

E volto a acrescentar, para que fique claro: nem a NATO nem o Ocidente começaram a guerra, foi a Rússia e Putin. A responsabilidade é dele, as mortes e a destruição são responsabilidade dele, os crimes conhecidos até hoje são dele. Porém, e desde sempre, a minha tese (se é que me permitem ter uma) é esta: com excepção de Macron, ninguém, entre os países ocidentais, tentou seriamente evitar a guerra ou pôr-lhe termo, uma vez iniciada. Neste momento, é verdade que Putin já não parece nada interessado num acordo de paz, embriagado pelo sinistro grito de “viva la muerte!” já deixou de pensar como alguém razoável ou mesmo humano. Mas houve momentos antes em que isso pareceu possível e em que ninguém no Ocidente se mostrou disponível para ajudar. Zelensky tem razão: a continua­ção da guerra agora não convém só a Putin, também convém à NATO. E convém por várias razões — militares, estratégicas, políticas e económicas —, reflectindo os interesses dos países dominantes da Organização, de que o seu secretário-geral, Jens Stoltenberg, é fiel servidor: Estados Unidos, França, Inglaterra, Canadá. Razões militares: a Ucrânia é um excelente campo de batalha convencional como nunca a NATO experimentara, tendo apenas sido testado em guerras de contraguerrilha ou contra forças mal equipadas no Iraque, Afeganistão, Somália, Síria, Balcãs; mais, esta guerra é uma insubstituível oportunidade para avaliar o grau de eficiência das Forças Armadas russas em combate, do seu armamento, preparação e logística, e, paralelamente, da capacidade de resposta dos dispositivos da NATO. Razões geoestratégicas e políticas: depois do inacreditável erro de avaliação de Putin, a NATO, achincalhada por Trump e declarada em “morte cerebral” por Macron, ressurgiu agora como uma inevitabilidade face à nova ameaça russa e prepara-se para integrar a Suécia e a Finlândia e afirmar-se como entidade indispensável e inquestionável. Razão económica: o rearmamento de todos os seus 29 membros é um maná caído do céu para os grandes fabricantes de armas dos países líderes da Organização, cujos interesses determinam a sua sobrevivência. Mas nada disto impede que:

— A invasão e a guerra que a Rússia levou à Ucrânia não têm justificação. Os massacres e os assassínios deliberados de civis não têm perdão.

E, obviamente, nada disto também equivale a dizer que a culpa da guerra é da NATO e dos Estados Unidos, como escreveu acerca dos “cobardes” António Barreto, num texto que um dia talvez venha a lamentar ter escrito. Que a responsabilidade da guerra é da Rússia é um facto inegável; que a NATO cercou a Rússia é outro: não sei como é que alguém de boa-fé pode negar qualquer um deles. Porém, nesse texto, e na sua fúria acusatória a propósito do massacre de Bucha e outros, escreve António Barreto: “Há quem (diante disto) seja subitamente invadido por escrúpulos jurídicos e exija comissões independentes para analisar a situação no terreno, identificar as vítimas e fazer relatórios sobre as circunstâncias das mortes.” Fico na dúvida se para ele nada disto interessa e convém investigar ou se o problema está em ser investigado por uma comissão independente: talvez fosse melhor se fosse investigado pela London Metropolitan Police, como pateticamente propôs a secretária do Foreign Office. Todavia, e a propósito de Bucha, cito-lhe Ursula von der Leyen, de visita ao local do massacre e mesmo assim invadida de escrúpulos jurídicos: “É extremamente importante que tudo seja bem documentado para evitar derrotas em tribunal se as provas não forem suficientemente fortes” — ou seja, o Estado de Direito, esse detalhe que distingue as democracias das sociedades sem escrúpulos jurídicos. Mas, tal como Mendes da Silva, também António Barreto acusa os que divergem dele “da mais covarde atitude, que consiste em não dizer o que realmente pensam, escondendo-se atrás do biombo da hipocrisia”. Eu leio isto e custa-me a acreditar que um intelectual que o país se habituou a admirar como alguém que sempre pensou livremente e tantas vezes ao arrepio da opinião dominante seja agora capaz não apenas de presumir a opinião oculta dos outros mas ainda de chamar-lhes cobardes por não confessaram a hipocrisia de que os acusa, como ele gostaria que fizessem. E, desenfreado, acabar a acusá-los de, “diante do incómodo causado pela violência bruta e pela destruição cega, terem a desfaçatez de pedirem pensamento”! Esta assassina frase é de uma absoluta indignidade: pressupõe que para os que ousam pensar diferente dele sobre questões laterais o essen­cial — as imagens de morte e destruição que todos vemos — são apenas um “incómodo” para as suas ideias. E isso permite-lhe, tendo-os desclassificado ao nível dos pró­prios criminosos de guerra, acusá-los da desfaçatez de quererem pensar! Mas, com toda a amizade de sempre, digo ao António Barreto: eu não peço pensamento, não peço licença para pensar. Nem peço nem exijo, porque não é preciso, vivendo, felizmente, em democracia. Simplesmente exerço o direito que me assiste, sem me escudar em abaixo-assinados nem me intimidar com a fúria que possa causar a “desfaçatez de pensar” diferente e de assim “contaminar a discussão”.

E não: não penso aquilo que eles queriam que pensasse e que lhes dava jeito confessar que pensava. Lamento o incómodo, mas penso exactamente aquilo que escrevo. E adiante veremos o preço inteiro desta guerra tão desejada por alguns.

Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia


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7 pensamentos sobre “Para acabar de vez com este sufoco

  1. O MST também? Será que estou mesmo a assistir aos limites da propaganda mediática? Ou é apenas o colapso dos EUA como “referencial moral” do Ocidente? Seja como for, há 20 anos safaram-se no Iraque por uma unha negra. Ao contrário do Vietname e demais conflitos proxy, a “guerra” de 2003 foi justificada aos soluços e para a história fica apenas o print screen do Colin Powell a segurar o frasquinho de areia no senado. 20 anos depois, a verdade ainda incomoda muita gente, mas ao menos já não a conseguem suprimir como na altura. Desta vez é muito mais complicado vender a tese do costume: 2003 não foi assim há tanto e hoje temos Internet…
    Os EUA e a turba que quer forçosamente eliminar a morte e sofrimento da experiência humana (excepto para os que não pisem a mesma linha, lá está) andam aflitos para pintar este conflito como algo óbvio: bem vs. mal, preto vs. branco, normais vs. nazis, etc., No entanto, a única coisa clara nesta história é o quão cinzento tudo parece ser. Discordo da maioria das posições do MST, mas prezo a objectividade acima de tudo e, como tal, desta vez tenho de aplaudir a posição.
    A Rússia invadiu a Ucrânia? Obviamente que sim. É possível que o exército russo tenha cometido crimes de guerra (execuções sumárias a prisioneiros e civis, violações, uso de munições banidas, etc.)? Claro e merecem sofrer consequências por estes atos se forem considerados culpados. O povo ucraniano merece esta violência e sofrimento? Nem os ucranianos, nem ninguém. Mas era possível ter evitado esta invasão com um bocadinho de bom senso e diálogo? Claramente.
    Mal como MST, sinto que neste clima é prioritário estabelecer umas quantas verdades de La Palice antes de enveredar pela nuance que este caso merece, apesar de saber que nada disto vale para a turba que saliva por rectitude moral. Porque ser verdadeiramente objectivo dá uma trabalheira do caraças (só em leituras… chiça….) e muita gentinha por aqui está apenas interessado em ler o resumo na parte de trás do pacote, decidir qual dos lados merece ganhar e quem não concorda é imediatamente acéfalo.
    Ideologicamente este conflito está mais próximo do que se passa aqui ao lado com o país Basco ou décadas atrás na Irlanda do Norte. Mas como a região conflituosa (Donbas) é maior que muitos países europeus e um dos envolvidos é o inimigo de estimação do império em vigor, pronto, aqui estamos. O facto de existirem “nazis” nos dois lados mostra o quão delicado e esquivo tudo isto é: do lado Ucraniano não só temos o tal batalhão Azov como até os nossos neo-nazis também já por lá andam a meter o bedelho (Mário Machado e a sua “intervenção humanitária”… hugh… mais uma vergonha nacional), mas o lado russo conta com o Grupo Wagner e os anos de atrocidades documentadas na Síria como currículo. Ambos os lados empregam grupos mercenários de extrema-direita e ambos usam esse argumento para justificar as suas ações. E esperam que eu decida qual escumalha de extrema-direita quero apoiar? Não obrigado…
    Os EUA “ganharam” a guerra fria com o mesmo mérito que um jogador de xadrez “ganha” a partida porque o seu adversário teve um AVC a meio do jogo. Foi uma falsa vitória, mas tal não os impediu de passarem as décadas seguintes a agir como os campeões do mundo, mudando regimes a torto e direito, destabilizado continentes por décadas apenas para retirar 0.50$ ao galão de gasolina. A derrota no Afeganistão serviu apenas para mostrar que o império Americano é apenas mais um numa longa sequência de nações que julgam que a sua água deles lhes dá poderes mágicos para conquistar o mundo. Só é chato que tenham de trucidar metade do planeta até se aperceberem que são iguaizinhos aos outros todos que vieram antes.
    Nada disto muda o facto de a Rússia ser um regime autocrático e oligárquico, completamente minada de corrupção e com uma economia anémica completamente dependente da exportação de combustíveis fósseis(i.e., a sobrevivência da economia russa atual implica o sacrifício do clima planetário). Dificilmente me apanham a defender Putin ou o “governo” russo em qualquer aspeto. Mas não vou condenar cerca de 150 milhões de russos de uma assentada apenas porque falam a língua ou habitam o país, como a maioria dos media corporativos parece estar a tentar fazer. Banir a Rússia dos Jogos Olímpicos com provas irrefutáveis de doping sistemático dos seus atletas por parte da Federação? Completamente de acordo. Banir artistas e atletas indiscriminadamente de tudo o que é competição e evento só porque possuem a nacionalidade? Não, aí não entro.
    Como MST, vejo com preocupação a dificuldade inerentes em manter uma posição intermédia neste clima que exigem obrigatoriamente posições extremistas. Desde há uns anos para cá que basta criticar um aspeto ou outro do capitalismo para ser imediatamente colocado no extremo comunista. Ou consideras o capitalismo como a invenção perfeita da humanidade ou és a reencarnação de Marx… Consequência? Em vez de termos um sistema capitalista sustentável e decentemente regulado, capaz de atender às necessidades da maioria da população e planeta, continuamos às cabeçadas, a saltitar de crise em crise, porque os ideólogos capitalistas recusam-se a aceitar que vivemos num planeta com recursos finitos e incapaz de sustentar o ritmo atual de consumo. Na cabeça destes a única alternativa à situação atual é um gulag siberiano. Enquanto vingarem estas posições calamitosas, dificilmente conseguimos evoluir.
    Não há espaço para nuance ou debate: há apenas dois lados e um grande fosso cheio de crocodilos com contas no Twitter no meio para comer quem se atrever a fugir dos extremos.

  2. O atrofiamento, o desprezo pela sua opinião, a humilhação e agressão, que agora todos os que pensam diferente sentem, sentiu-os Putin, o povo russo, o exército russo, durante anos e anos vindos das élites dominantes americanas, das élites dominantes europeias, cuja nata impera impante e de garimpa levantada em Bruxelas, onde estão instaladas, ignorando e desprezando o mundo, a NATO e a Comissão Europeia.

    A lógica de MST não compreendo. Ao apresentar, muito bem escrito e com toda a clarividência, os interesses da NATO, os seus objectivos, os avanços, as agressões, os ataques a países que não se puderam defender, vem dizer que a intervenção de Putin não se justifica. Ora bem, Putin preveniu, agiu em legítima defesa, tomou conta do espaço que estava reservado e previsto e que vinha há anos a ser preparado para mais uma agressão, a agressão ao seu país e ao seu povo. Foi jogada de mestre no terreno, mas que qualquer jogador de xadrez amador conhece do tabuleiro, que qualquer soldado conhece da Escola Militar. Deveria Putin esperar que a NATO agredisse a Rússia e o pusessem perante factos consumados?

    Os povos do mundo que durante dezenas e dezenas de anos sentiram as ameaças, as chantagens, as agressões americanas e europeias, dos tais senhores do mundo, o que nunca passou de colonialismo e racismo encapotados, perceberam imediatamente o sinal e recusaram-se a alinhar em sanções e condenações da intervenção russa. Com a Rússia, como antes com a União Soviética, sempre puderam contar. Mesmo hoje em plena guerra onde a propaganda da NATO deturpa e mutila a verdade, manipulando sem escrúpulos os cérebros dos povos europeus, os russos nunca deixaram de enviar o seu gás para que as economias europeias funcionassem. Felizmente são muitos por essa Europa fora, a Europa dos povos, os que já perceberam que estão a ser endrominados por propaganda imunda ao serviço de interesses que nada tem a ver com os seus.

    As imagens de guerra que vemos da Ucrânia, nuas e cruas, não diferem em nada das imagens de outras guerras levadas a cabo pelos EUA/NATO. Imagens de guerra não se podem ver. Os EUA/NATO sabendo disto, exigiam que filmes e fotografias das suas guerras fossem previamente escrutinadas, seleccionadas, “humanizadas”, para as televisões e para a imprensa. As guerras americanas teriam de ser estéticas, não podiam chocar, no sofá até seria bom que abrissem o apetite para mais um hamburger e uma coca-cola. EUA e UE, Kings of Propaganda, dominam esta guerra, serão os seus vencedores. Ficaremos mais pobres, but who cares?, desde que tenhamos Netflix, Sky e Hollywood.

  3. Acho piada a estes colunistas, que escrevem 3 linhas a condenar a a Russia e 300 a justificar a quase obrigação que a Russia tinha de invadir a Ucrania. Parabéns iluminados porque eu como comum mortal que sou não consigo discernir a necessidade e obrigatoriedade de o Putin executar essa benemérita operação especial de libertação da Ucrânia.
    Claro que nos +- 35000 km do perímetro do território Russo os 1500 km de fronteira com a Ucrânia representam um completo cerco à Rússia. Claro que é obvio eu também ja esganei um elefante com as minhas mãos nuas.
    A expansão da NATO para leste, como toda a gente esclarecida sabe, deve-se a invasão perpretada pelos EUA e seus bassalos aos países de leste. Não foi a Polónia a a Romênia a Estónia, etc que pediram a adesão à NATO.
    E como é obvio a Suécia e a Filandia paises pejados de ignorantes e analfabetos estão a deixar-se arrantar para as garras da NATO não em vez de resistir a esse monstro devorador dos seus recursos e das suas liberdades, para já não falar daqueles mal agradecidos dos ucranianos que parece já não se lembrarem do benemerito Estaline e companhia que os livrou de um eventual e grave problema maltusiano ao matar à fome e a rajadas de metralhadora dez milhões de inocentes.
    Uma das razões porque os filandeses se sentem os cidadãos mais felizes do mundo deve-se aos seus vizinhos de leste.
    Quando vêem as miserias e desgraça dos russos só podem comentar: Que felizes que nós somos.

  4. «estamos a viver: num clima de intimidação concertada sobre o pensamento como nunca antes vivi em 30 anos de escrita em jornais». Não “miguel”, permite-me discordar. Desde os saneamentos selvagens do 25 de novembro que esse clima existe na manipulação social portuguesa, incluindo nas publicações que possuiste e dirigiste. A enorme diferença é que pela primeira vez em 30 anos te encontras a pensar e a escrever contra a verdade imposta pelo Ministério da Verdade. Vês, “miguel”, vês como não é fácil 😉
    Primeiro foram atrás dos comunistas e agora vão atrás de ti 😉

  5. (…) com as instituições multilaterais, ONU e Cons. de Segurança que temos qual era o comportamento mais “sensato” de Putin depois de em 2014, e o Maidan; com o apoio declarado dos USA, representados por Victória Nubland???
    A seguir a este levantamento com apoio declarado da extrema direita; eleito Peroshenko proclamou em discurso que os russos não teriam reformas, e os seus filhos não teriam creches e nem jardins de infância e iriam para caves- https://www.youtube.com/watch?v=hT4qbwMMYAE.
    Depois veio Zelensky e seguiram os consecutivamente avisos, contra os “cantos de sereia” alertando para as consequências que resultariam da inscrição na Constituição do objectivo político de aderir à NATO por parte da Ucrânia. MST escreveu no seu primeiro artigo sobre a invasão russa que ela poderia ter sido evitada, e consequentemente toda a tragédia por que passa o povo ucraniano se Zelenslky declarasse a neutralidade da Ucrânia – como tudo indica que acontecerá, mais tarde ou mais cedo, depois de ter aceite converter o seu país num matadouro para o seu povo em nome da ocidentalização pela adesão à NATO- .
    A propaganda versava tb a defesa da Democracia. Se nos lembrar-mos dos partidos políticos que emanavam da vontade das populações do Donbass e que foram proibidos, percebemos o alcance desta Democracia defendida pelas oligarquias ucranianas ligadas a Zelensky. – Raquel Varela elucida-nos sobre o percurso político deste comediante e as suas ligações aos oligarcas ucranianos https://estatuadesal.com/2022/03/28/vem-ai-os-russos/

    A questão é mesmo entre os dogmáticos e os céticos como escreveu nos dos seus artigos C. M.Gomes, convertendo, os primeiros, o acto da invasão como uma decisão arbitrária de Putin – porque sim- desintegrando-o de um contexto, no qual a adesão à NATO significaria uma ameaça á segurança do seu país e, podemos admitir, ao seu poder político. Se não branquearmos o currículo dos USA/NATO em matéria de violação do Direito Int, da Carta das ONU, traduzido em invasões de países soberanos … e na preparação de golpes contra políticos eleitos, como Viktor Ianukovytch, por ser próximo da Rússia, ou já em 1973 a Salvador Allende porque era socialista. E não é relativismo que pretenda justificar a invasão. Porque condenando esta atitude bélica de Putin não me eximo de tentar compreendê-la questionando-me qual deveria ser a atitude de Putin perante a possibilidade real de instalação de mísseis na Ucrânia num contesto em que o multilateralismo institucional não tem autoridade para impor a paz e concertar interesses antagónicos.
    E pergunto deveria Putín esquecer a história dos misseis em Cuba e deixar que a Ucrânia aderisse à NATO e instalasse misseis que ameaçassem a prazo- volto a relembrar o curriculum dos USA/NATO na preparação de sublevações de estados independentes que ameaçam a unipolaridade imperial com que têm regido o Mundo a seu belo prazer – e depois protestar, como e onde ??? É partindo deste pressuposto de que a segurança geo politica da Rússia ficaria ameaçada que temos que julgar a atitude de Putín e o aventureirismo “nacionalista” de Zelensky e a consequente tragédia do povo ucraniano.

    Metaforizando: um senhor ao passear o seu cão, apesar do espaço ser público, deixa que este vá defecar na porta de outro vizinho, Sentindo que a SALUBRIDADE da sua porta, pelos cheiros dos excrementos do cão que o ar transporta para dentro da sua casa, resolve interpelar o senhor e dizer-lhe que evite que o cão vá defecar na sua porta e que o leve para outro lugar.
    Ao senhor do cão pareceu-lhe razoável a sugestão, no entanto distraído, ou por comodidade, volta a deixar que o seu cão atraído pelo cheiro do lugar habitual onde defecou, volta ali a defecar. E esta situação repete-se mais algumas vezes. Sem mais delongas na inviabilidade de resolver a questão por via jurídica, por lhe parece uma questão apenas de bom senso a que Estado de Direito tinha dificuldade em ajuizar na falta de consideração pelo seu bem estar o vizinho comprou um cão maior e colocou-o de guarda na porta. Problema resolvido com a consequência ,evidente, da ruptura de ralações entre eles.
    Se Zelensky, não fosse em cantos de seria recusasse a estratégia dos USA/NATO, reafirmasse a neutralidade e respeitasse as minorias russófonos do Donbass estou um enorme pressentimento de que Putin não invadiria a Ucrânia nem submeteria o seu povo à tragédia da guerra apesar dos oráculos que escrevem por todo o que está inscrito, no pensamento de Putin, e no futuro.

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