Tanta verdade junta mereceu publicação – take V

(Carlos Marques, 11/04/2022)

Helicópteros de ataque Ka-52 do exército russo derrubam sistemas antiaéreos e equipamentos militares ucranianos.

(Este texto resulta da resposta ao comentário a um artigo de que publicámos do próprio autor, ver aqui, e que está na imagem acima. Perante tanta verdade junta, resolvi dar-lhe o destaque que, penso, merece.

Estátua de Sal, 11/04/2022)


Percebo o que tentou dizer e concordo com alguns pontos. Mas repare na contradição de começar a dizer que é contra a guerra e que condena os crimes da NATO e imperialismo dos EUA, e depois acabar a dizer que a Rússia não tinha o direito sequer de se defender disso, e que devia ficar quieta a ver os russófonos do leste da Ucrânia a serem assassinados, os da Crimeia invadidos, e armas nucleares colocadas numa proximidade tal que impediria o atual equilíbrio de destruição mútua assegurada (que é a razão pela qual elas não são usadas).

Ou seja, está a dizer que a Rússia devia assistir quieta enquanto os EUA preparavam o terreno à sua volta para transformar esse país de 140 milhões de habitantes na próxima Jugoslávia, Iraque, ou Afeganistão. Travar a ameaça mortal da NATO/EUA não é justificação? Experimente sair da bolha mediática dos 13% Ocidentais, e ir explicar o seu ponto de vista a todos os milhões de vítimas desse bloco militar, que só têm pena de não ter tido a capacidade da Rússia para se defender preventivamente.

No início da invasão comecei por ter a sua opinião, mas entretanto, após muita leitura sobre o assunto e todo o contexto histórico, que está ligadíssimo a este conflito mesmo nos exemplos que dei de outras décadas e de outros países, percebi a contradição. Como não gosto de contradições, mudei de opinião.

Quanto à condenação de um líder em particular, eu condeno quem provocou a guerra e recusou acordos de paz: Zelensly, e Biden.

Basta ler o já famoso relatório RAND para perceber que todos os passos do plano estão a ser seguidos por estas lideranças e pelos seus antecessores desde 2014. E tudo em nome da oligarquia ocidental, morra quem morrer pelo caminho.

Putin só após 7 anos à espera que os acordos de paz de Minsk fossem cumpridos, é que agiu..
Mas o lado que violou os acordos de paz, agora está arrependido por ter guerra? Anedótica, a posição da Ucrânia.

Se a Ucrânia tivesse um Presidente decente, não teria usado o seu povo como carne para canhão na proxy war do seu corruptor. Em vez disso tem um lunático, que praticamente prendeu todos os homens civis dos 18 aos 60 anos. Eu acho isso indigno!

E se os EUA fossem liderados por Bernie Sanders, talvez só assim este plano do instituto RAND não fosse cumprido. Mas provavelmente acabaria da mesma maneira que o pacifista J.F.Kennedy… Está a ver, é preciso conhecer a natureza do animal/regime.

Nos EUA um governante pacifista ou perde os apoios financeiros (CORRUPÇÃO) da Lockeed Martin e companhia, ou corre perigo de vida. Repare que nos OCS (ex: CNN) dos “Democratas” o fanatismo NeoCon chegou a tal ponto, que elogiaram Trump quando detonou as MOAB no médio oriente e assassinou um general Iraniano, mas foi criticado por preparar o fim da invasão do Afeganistão. É um país/regime de bestas sanguinárias!

Acho que o Presidente da Rússia até podia ter intervido logo em 2014 aquando do golpe de estado contra um Presidente eleito, em que a extrema-direita armada pela CIA/Victoria Nulland andou a matar para exaltar os ânimos, e mesmo sendo minoria no Parlamento, teve poder para influenciar todas as decisões daí para a frente, desde a ilegalização do Partido das Regiões (que fazia o difícil equilíbrio entre Este e Oeste) até ao recente voto na ONU em que a Ucrânia de Zelensky votou a favor da glorificação do Nazismo, e outras coisas indignas como atar opositores e ciganos em postes e regá-los com água em pleno inverno, sem que a polícia tivesse ordem para proibir os ultranacionalistas de cometer tais crimes. E proibir milhões de ucranianos russófonos de falarem a própria língua. Uma barbaridade comparável à cometida pelo ditador fascista Franco em Espanha. É este o regime que vai aderir à UE cumprindo o requisito de “respeito pelas minorias”?

E não me digam que Stepan Bandera é um herói só porque lutou contra os Soviéticos. Um assassino que vestiu as cores nazi, não pode ser herói de um povo/país decente e bem intencionado, defensor da liberdade e da democracia.

O mesmo Zelensky (e seus eleitores) que diz ser Judeu e chama “genocida” a Putin (que se for bem sucedido colocará fim a uma guerra de 8 anos que a Ucrânia queria continuar), acha normal celebrar e glorificar um nazi que participou no holocausto dos Judeus? Stepan Bandera é o “herói” escolhido? Não tinham mais ninguém? E a “imprensa livre” ocidental ainda tem a lata de tentar branquear isto?

Recomendo a entrevista de Putin feita pelo grande realizador Oliver Stone, disponível na RTP Play, em que ele lembra a forma exemplar como os líderes dos EUA e da URSS acabaram por resolver pacificamente a crise dos mísseis de Cuba (ainda assim os EUA invadiram Cuba), e como ele lamenta como hoje (entrevista feita em várias partes entre 2015 e 2017) já não é possível à Rússia falar com um interlocutor minimamente decente ou confiável do outro lado.

À URSS bastou colocar mísseis em Cuba para obrigar os EUA a retirar os mísseis que tinha colocado em segredo na Turquia. Hoje, os EUA queriam armas nucleares da NATO na Ucrânia operados por nazis e em violação do acordo de paz de Minsk, e após estes anos todos de ameaças é agora óbvio (graças ao relatório RAND) que o objetivo dos EUA sempre foi este: a guerra o mais prolongada possível, e as sanções. E que a Rússia, liderada por Putin ou outro qualquer, acabaria sempre nesta situação, entre a espada da NATO e a parede das sanções em caso de resposta militar contra a ameaça.

E aqui pode perguntar: se era o objetivo dos EUA, porque é que Putin caíu na armadilha? A resposta é: não tinham alternativa que lhes garantisse a vida a médio/longo prazo. A Rússia (o povo russo, pois isto está totalmente para além de Putin) morreria na guerra que os EUA estavam a preparar, com a Rússia cercada militarmente por todos os lados, e com armas nucleares à porta, sem tempo de resposta para sequer disparar as suas.

Confiar na palavra de quem inventou armas de destruição massiva só para fazer uma vontade ao Complexo Militar Industrial e destruir o Iraque, não é nem nunca foi uma opção válida para a Rússia.
E eu acho revoltante que se diga que a Rússia tinha de continuar a aceitar tal perigo de vida.

É por ter esta opinião que, apesar de condenar Putin no início da invasão, já deixei de o fazer, e sou aliás totalmente contra o envio de armas para a Ucrânia, e contra as sanções. Aliás, nestes pontos sou eu acompanhado de 87% do Mundo, a verdadeira Comunidade Internacional, ou seja os que estão fora do Ocidente.

Por falar nisto, as votações da ONU têm muito que se lhe diga, quando votos da “meia dúzia” de habitantes das Ilhas Marshal, Andorra, San Marino, Liechtenstein, etc, valem cada um o mesmo que a China ou a Índia inteiras. Quando na ONU valer 1 voto por cada 10 milhões de habitantes, ou se avaliar as votações em % de população e sem direito de veto de países individuais, talvez o cadáver do “direito internacional” ressuscite…

Até lá, não é justo que uns tenham de cumprir a lei, enquanto outros (EUA) quase fazem a lei sozinhos, e são os primeiros a violá-la sem quaisquer consequências. Por isso é que o Mundo recusa acompanhar as sanções dos ISOLADOS 13% do Ocidente (EUA, NATO, e aliados próximos). A Comunidade Internacional até condena a guerra, mas percebe as justificações da Rússia, e acima de tudo conhece a lista de cadáveres de quem ameaçou a Rússia.

A invasão dura há +1 mês, mas a guerra dura há 8 ANOS, e a expansão ameaçadora da NATO dura há +30. E para haver guerra, seja fria ou quente, é como no tango, são sempre precisos dois. A resolução do conflito entre Arménia e Azerbaijão (com forças de paz neutrais totalmente a cargo da Rússia) mostra isto mesmo: o Azerbaijão, com armas da NATO, invadiu a Arménia, mas felizmente a Arménia teve uma liderança decente que, ao ver que estava a perder a guerra, assinou acordo de paz e abdicou da região de Nagorno-Kharabak, em vez de andar a matar o próprio povo até ao último naco de carne para canhão e a pedir armas em video-chamadas aos Parlamentos de outros países.

Eu até condenei o Azerbaijão, mas foi a decisão certa por parte da liderança Arménia. O povo Arménio ainda protestou mas lá se resignou. Mas na Ucrânja, quando Zelensky assinar o que terá de assinar, duvido que os nazis nacionalistas se fiquem pelos protestos…

A maioria dos que a condenam esta invasão, não só não condenam, como nem sequer toleram que se fale dos +14 mil mortos da guerra de 8 anos no Donbass, onde nazis nacionalistas ucranianos tentaram de facto um limpeza étnica, apoiados com armas da NATO. Essas pessoas exigem quem eu condene o resultado final, não toleram que se fale das causas, e tentam cancelar quem sair desta narrativa. Até aos militares, alguns heróis de Abril, por simplesmente tentarem falar do contexto e do ponto de vista militar ou factual, foram atacados de uma forma vil, quase cruxificados. Bastou que as suas intervenções públicas se afastassem um milímetro da cartilha da NATO, e um deles que muito estimo, até teve de desistir da sua conta no twitter. Isto é que é liberdade de expressão. É em nome de um regime assim que querem lutar?

Dito isto, eu não te confundo com essas pessoas. Tu condenas e continuas a condenar Putin, e eu já o condenei e já deixei de o condenar. Mesmo com esta diferença (que eu respeito), por tudo aquilo que escreveste no início do teu comentário, considero que estamos do mesmo lado, o lado certo da história, que é o lado de quem começa por condenar quem provoca as guerras.

Os apoiantes da NATO estão do lado oposto, e alguns são tão fanáticos, belicistas e lunáticos, que até andaram em manifestações por essa Europa fora a pedir a zona de exclusão aérea, ou seja, o início da Terceira guerra mundial (e provavelmente a ÚLTIMA como disse Einstein ao falar da quarta guerra Mundial feita com paus e pedras após o holocausto nuclear). Tão pacifistas que eles são… Era nesta gentalha que tu querias que os Russos confiassem a sua segurança, o seu destino, as suas vidas?

A NATO prometeu que não se ia mover um centímetro para lá da Alemanha, mas acabou por chegar à fronteira Russa nos Bálticos, e queria também a da Ucrânia e da Geórgia. Os que condenam a Rússia por agir de forma agressiva perante esta ameaça existencial, já pararam para fazer o exercício contrário? Ou seja, a Rússia e a China, ao longo de 30 anos, a converterem e armarem até aos dentes, um por um, os países em torno da Alemanha e dos EUA? Ou a fazerem no Canadá uma “revolução da dignidade” com um governo pró-Rússia/China que passe a vida a fazer exercícios com exércitos da Rússia+China na fronteira? Se os EUA arrasaram o Iraque só porque lhes apeteceu, imagine-se o que fariam perante uma ameaça verdadeira na sua fronteira. Ou como reagiriam os vassalos na Europa que participaram nessa pouca vergonha.

Quanto a condenar politicamente Putin, aí sim contas comigo. Putin, um Neoliberal na economia, Neoconservador nos costumes, e orgulhoso líder de um regime autoritário, está nos antípodas daquilo que eu defendo. Mas também o mesmo posso dizer de Duda e Erdogan, ou sobre qualquer que seja o POTUS (a exceção seria Bernie Sanders). Não são gente boa, não lideram regimes democráticos, são muito mais belicistas que Putin, e a Liberdade é coisa que os incomoda, a não ser em relação à “liberdade” dos respetivos oligarcas para espezinhar os respetivos zés povinhos.

E acho ridículo, até xenófobo, quando gente NÃO-eleita em Bruxelas fala nos “valores europeus” enquanto vende armas e compra petróleo a Sauditas, contribuindo para alimentar a guerra no Iémen (a cujos refugiados depois fecha as fronteiras com arame farpado). É uma das mais brutais ditaduras do Mundo, que no mês passado assassinou 81 opositores, e a quem a Europa aplica ZERO sanções e de quem os EUA são aliados próximos.


Se tivéssemos “imprensa livre” isto era falado pelos jornalistas diariamente, e confrontavam os líderes europeus, em vez de andarem só na propaganda de regime anti russa onde até já chamaram “líder da oposição pró democracia” a um criminoso militante de um pequeno partido e demagogo de extrema-direita chamado Navalny, que nem a Amnistia Internacional considera preso político.

Outro exemplo, se amanhã um país poderoso invadir Israel até que esta aceite parar a invasão, guerra e Apartheid contra o povo Palestiniano, e fique desmilitarizada, eu apoiarei essa invasão mais que justificada! O ideal seria Israel optar pela decência de forma pacífica, e parar de matar Palestinianos sem ser preciso alguém matar Israelitas. Mas se Israel o recusa, então é a primeira culpada e depois não se pode queixar do que lhe fizerem.

Esta posição é má? Olha, sempre é melhor do que ser cúmplice de um Apartheid, chamar “terroristas” ou “escudos humanos do Hamas” às crianças bombardeadas, e dizer, como a UE em uníssono disse há meses atrás, que “Israel pode invadir e bombardear, pois é legítima defesa”… E esta alarvidade é repetida pelo Ocidente (ZELENSKY INCLUÍDO) há anos e anos, e com milhares e milhares de Palestinianos assassinados. São estas as pessoas com moral para condenar a Rússia? Ou em quem a Rússia devia confiar a sua segurança sem nada fazer para se proteger?

Num mês de invasão a Russofobia é usada para atacar a arte e o desporto russos, mas Israel continua nas provas da UEFA e na Eurovisão. Esta hipocrisia do Ocidente dá-me nojo!!!

Tu dirias que este é mais um dos assuntos que nada têm a ver com o que se passa na Ucrânia. Mas eu afirmo que tudo isto faz prova da “qualidade”, “credibilidade”, intenção e modus operandi das pessoas/instituições envolvidas.

A Ucrânia é que foi invadida? Sim, e isso é uma tragédia. Mas antes disso há tanta história para trás, e eu recuso condenar quem (Rússia) deu um tiro ao mais recente cúmplice (Ucrânia) do assaltante (NATO) em vez de ficar quieto à espera de ser mais uma na longa lista de vítimas desse assaltante, com medo da opinião “pacifista” dos (UE) que pagam as armas do assaltante e nunca ajudaram nenhuma das vítimas, pelo contrário, disseram sempre: “toma lá que é para aprenderes a não te meteres no caminho do meu assaltante preferido, e se no final ainda esriveres viva, ainda ajudamos a aplicar o castigo económico para ver se a pobreza e a fome te fazem mudar de ideias”.

E portanto, eu pergunto: o que é que está a impedir os Europeus, que me exigem que condene a Rússia, de irem para a rua com bandeiras de TODOS os países invadidos, e exigirem sanções e exclusão militar contra os EUA, chorarem esses milhões de vítimas como humanos iguais a eles, e fazerem reportagens diárias sobre as desgraças no Médio Oriente, como as 5 milhões de crianças Afegãs neste momento a passar fome, enquanto o dinheiro do seu país está confiscado/roubado pelo assaltante que é a economia mais rica do Mundo?

Eu tenho de condenar e tem de ser nos vossos termos, mas vocês têm o direito divino a provocar a tragédia, serem amigos e financiadores da pior máquina de guerra, e assobiar para o lado?
A minha paciência para essa hipocrisia está mais que esgotada.

Mas acabo com uma proposta que estou disposto a cumprir, duvido é que os OTANachos aceitem: vou condenar Putin por causa da invasão, no dia em que a “imprensa livre” e a UE condenarem Zelensky por violar acordos de paz de Minsk e por mandar os nazis nacionalistas de Azov matar ainda mais no leste do país, e condenarem também a NATO/EUA/Biden pelo principal papel que teve na provocação (que está mais do que documentada) deste conflito. Vou esperar sentado…


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21 pensamentos sobre “Tanta verdade junta mereceu publicação – take V

  1. Falou muito bem. Só faltou referir, por exemplo, a Abkhazia, a Transnistria, a Ossétia, a Chechénia ou a Síria, onde os russos foram e são a favor ou contra a autodeterminação dos povos conforme lhes dá jeito. Ou referir os países fronteiros à Rússia que já pertencem à NATO e onde devem caber bué de bombas atómicas. Concordo que os EUA em geral e estes líderes da UE em particular são uma indecência. E que há e houve muitos conflitos injustos e esquecidos, e muito double standard por esse mundo fora. São os interesses, e quem se f*d* é o povo. Mas ainda que a Ucrânia seja um saco de gatos (nazis 😁), e que expandir a NATO até ao Danúbio seja um erro histórico inqualificável, o que na verdade se passou foi que o Putin inventou as desculpas que quis para invadir porque entendeu que lhe dava jeito. Não foi pelos coitados do Donbass, não foi pela NATO, não foi pelo filho do Biden e não foi em defesa dos acordos de Minsk. Foi porque as coisas não estavam como ele quer. E quando o Ocidente deixar de apoiar a Ucrânia, o Putin terá o que quer (até à próxima coisa que virá a querer). PS: apesar de criticar a Estátua por uma posição que me parece errada, saúdo a liberdade que aqui se concede para um debate de ideias tão digno quanto este tipo de plataforma permite. Ainda assim, vou tentar resistir a fazer novos comentários quando sentir a comichão 😁, porque a disponibilidade não é a ideal e porque, infelizmente, quem manda não somos nós e trocar estas ideias é saudável mas praticamente inconsequente. Continuo leitor assíduo. Obrigado.

    • Pedro Duarte : Pena é que não tivesse feito uma pausa, quando escreve: “Mas ainda que a Ucrânia seja um saco de gatos (nazis 😁), e que expandir a NATO até ao Danúbio seja um erro histórico inqualificável,” Porque escrever em seguida :’ Putin inventou as desculpas que quis para invadir porque entendeu que lhe dava jeito.”, é incoerente. Pegue num mapa e veja onde se encontram as 800 bases militares americanas e da NATO. Se Kennedy não aceitou uma unica base em Cuba, como Putin podia aceitar as 8OO e sobretudo em frente da sua porta? . Mesmo se Putin não fosse, como é, um nacionalista, falta de ser comunista, se eu estivesse no seu lugar teria feito exactamente a mesma coisa; teria mesmo começado a fazer contas com os ucranianos nazis de Kiev, mais ecedo, em 2014.

  2. Tiberius Gracchus (133 aC)
    «Du haut de leur splendeur, les Kennedy ont eté frappés par l’inégalité des conditions
    sociales…
    Tout puissance est une offense.
    Cent trente trois ans avant l´ère chrétienne, Tiberius Gracchus,
    fils de Sempronius et de Cornelie, était élevé à la dignité de tribun. C´ était un fils des classes
    supérieures, les milieux comblés de dons et rayonnant de beaux esprits dont la fatalité est de
    nourrir les révolutions destinées à les perdre.
    En face de l´orage (burburinho) montant de la foule des esclaves, les premières paroles de
    Tiberius du haut des rostres (escadarias) furent pour flatter (lisongear) l´insurrection –
    Nos généraux vous incitent à lutter pour les temples et les tombes (campas) de vos aieux.
    C´est un appel inutile et mensonger. Vous n´avez pas d´autels (altares) de vos pères, vous
    n´avez pas de tombes ancestrales, vous n´avez rien. Vous ne combattez et vous ne mourez
    que pour procurer le luxe et la richesse des autres.
    Les Kennedy sont l’aboutissement et la résumé d’une telle contradiction. Ils ont payé cher leur
    volonté de se placer d’eux-mêmes au cœur de la haine»
    (revista francesa anos 60/XX: Paris Match? / Nouvel Observateur?)

  3. Artigo que devia ser lido e relido:
    Carlos Matos Gomes que desde já saúde, pela sua lucidez quanto à guerra na Ucrânia, será impossível que o mais céptico não meta as mãos na consciência e diga: tudo aqui descrito. Só quem produz blasfémias é que pode estar em desacordo.
    Estamos num tempo em tudo e todos tem opinião. Mas destes não é de lamentar porque falam segundo as suas emoções. Sabe-se que emoção não é razão.
    Agora quem tem o dever de informar com toda a lisura não o faça isso não é deontológico. O código assim o determina: informar com a verdade. Estou-me a referir a jornalistas e politólogos. Estou como diz um meu amigo: tirando o que não presta não sobra nada.
    Sabem de tudo. É na política. É no desporto. É na saúde. É na educação. É.… em tudo. Pena tenho que não se ofereçam para ajudar os governos a resolver a melhorar a situação social e as crises que o País enfrenta. Mas não é com palavreado. É com acções.
    Olho para os jornalistas e politólogos e lembro-me das carpideiras: choravam a qualquer morto. O que interessava era o dinheiro.
    Estamos num mundo vil. E quem não for a voz do dono está tramado. Portanto quando vêem ou ouvem a voz de quem é lúcido e não se vende por preço nenhum é logo diabolizado.
    Ainda bem que temos a voz e escrita de Carlos Matos Gomes.

    • Porque não sei escrever assim tao bem, permita que faça minhas as suas palavras. Todas. Sou um velho emigrante que perdeu o seu português de outrora por falta de uso. Mas como não estar de acordo com o que escreveu Carlos Marques? Venho-o dizendo no meu site ESPECIAIS e ANIMUS FACIT-NOBILEM. Quase com as mesmas palavras. Também sinto o perigo que paira sobre as nossas cabeças, perante não só o poder de fogo dos inimigos da Humanidade, que ,convencidos do seu “Destino Manifesto,” pretendem impor os seus valores ao mundo inteiro, pelas armas, mas sobretudo perante o obscurantismo das massas que , capazes de se levantar num tsunami de emoçao, que confundem com a justiça, trazem na sua ignorância força ao Império do Mal que se vê jà às portas de Vladivostock, vindos pelo Oeste… numa marcha triunfal através dos Montes Urais e a Sibéria. Para fazer contas com a China por dois lados…Ou seja o Mundo no bordo do abismo. E é o que a guerra por procuraçao da Ucrânia prepara.

    • Talvez o comentador “derretido” ignore o plano secreto de Churchill para atacar o Bloco Soviético programado para 1º de Julho de 1945. As forças britânicas, americanas, polonesas e alemãs (os restos dos SS !)deveriam tentar libertar a Alemanha Oriental e a Polónia e trazer Stalin de volta à mesa de negociações. Se não tivessem conseguido, as forças aliadas teriam sido sugadas para uma Terceira Guerra Mundial. E se Staline não estivesse de acordo o “passeio” iria em seguida até Vladivostock. Este plano chamava-se “Impensavel”. E ainda bem…Quando se conhece este plan, pode-se então ver onde se situa o “pacifismo hipócrita” e o, neutralismo cínico. Jà em 1920, os americanos , aliados então aos japoneses, atacaram a jovem Revolução de Outubro, na Sibéria, enquanto que as potências ocidentais, atacavam na …Crimeia ! Malakoff, Sabastopol, Odessa, são de nomes de batalhas que ficaram nas ruas de Paris e algures…Mas nas duas frentes, o Exército Vermelho conseguiu vencer.

  4. Tenho procurado ouvir toda a informação e opiniões e por esse motivo ainda continuo a vir aqui.
    Devo dizer, no entanto, que toda a argumentação pelo Sr. Carlos Marques é, no mínimo, desonesta.
    Justificar a invasão e destruição de um país (neste caso a Ucrânia), com milhares de civis a perderem a vida e milhões com as vidas destruídas, alegando crimes e abusos de outros, nem tem qualificação.
    Estou bem ciente do imperialismo norte americano e do capitalismo que em tudo manda e tudo quer controlar, mas não é a defender o regime russo que se combate esses males.
    Este discurso descredibiliza na sua totalidade quem, à esquerda combate o capitalismo, por uma sociedade mais justa e democrática.
    Prefiro viver numa sociedade em que o meu trabalho é desvalorizado e ser explorado em prol do lucro de alguns poucos, com todos os defeitos que tal comporta, do que viver numa sociedade autoritária que prende e mata todos os que se atrevem a protestar. Que até os advogados do presos políticos manda prender.
    É isto que está ser defendido e dá-nos o vislumbre do que seria a sociedade portuguesa se os Carlos Marques desta vida chegassem ao poder …

    • Olá , juntou mal as letras. Carlos Marques neste com em outros seus comentários, nunca defendeu o actual regime russo: capitalismo neo liberal,sustentado em oligarquia e autocrático. O que este comentário traduz, é a opinião de quem, pelos antecedentes históricos que nos trouxeram até 24 de Fevereiro – invasão da Ucrânia – legítima a decisão militar de Putin, na defesa da segurança da Rússia pela possibilidade de lhe acontecer o mesmo ao seu país, como aconteceu a outros,” mimados” pela interpretação dos USA/NATO do direito int. apoiados por esta UE vassalo.
      Se,sem preconceitos, ler o comentário de Carlos Marques, que se assume pacifista, e de quem não tenho procuração, não existe nenhum “regozijo” – escrevê-lo em relação aos civis mortos e à destruição-
      é em si mesmo desumano – nesta tragédia provocada pela guerra.

  5. Aplaudo os comentadores que aqui intervieram a denunciar as distorções e omissões convenientes do Sr. Carlos Marques, bem como a sua posição “de pacifismo hipócrita, de neutralismo cínico e de transigência cobarde para com guerra de Putin.”
    Poderá o Sr. Carlos Marques comungar do ideário de esquerda com que me identifico e defende a democracia, a liberdade, a justiça, a igualdade e todo o acervo de direitos do homem; todavia, todo o seu discurso vai por água abaixo ao justificar a causa de um regime político que é completamente avesso a esses valores e não hesita em invadir um estado independente e arrasar cidades e matar pessoas indefesas e inocentes. Ainda há pouco, o serviço televisivo das 13 horas noticiou a detenção na Rússia de um ex-jornalista russo que se declarou contrário a esta guerra.
    O que quero dizer é que este blogue e alguns dos que têm insistido na defesa da Rússia de Putin correm o risco de serem conotados como membros, adeptos ou simpatizantes do partido político – o PCP- que para mim está a mais no nosso sistema democrático, pelo que este só beneficiaria se o voto popular o fizesse desaparecer de vez da representação parlamentar, como aconteceu com o CDS.
    Acabei de ler um artigo da Fernanda Câncio bem elucidativo da hipocrisia, incoerência e falsidade que exornam da conduta desse partido. Transcrevo apenas a parte final do artigo:

    “Uma página de um partido não é, obviamente, um órgão de informação. Mas há mínimos exigíveis, no que respeita a distinção entre verdade e mentira, a uma agremiação política que se diz respeitadora da legalidade e dos princípios constitucionais e que ainda por cima passa a vida a declarar-se vítima de imputações falsas. Aquilo que o PCP serve como “factos e números” sobre a Ucrânia e a sua versão da “guerra que não começou agora” é uma infamante salada de mentiras e omissões descaradas, ao nível de um Breitbart ou qualquer página de fake news. Com um único e miserável objetivo: justificar a invasão russa e apresentar a Ucrânia como um estado criminoso. Pedia-se vergonha, se valesse a pena.”

  6. Bonitas palavras mas vazias , a justificar o injustificável.
    Quem é o agressor e quem é o agredido ? O resto é conversa …..

  7. Vamos ser racionais, ultrapassar o maniqueísmo fácil, as simplificações grosseiras, as análises superficiais e colocar as questões certas, pese embora incómodas e impensáveis para quem vê a realidade com palas nos olhos servida pelas fábricas de notícias – uma realidade alternativa.

    Com um exército de 300 000 homens pode ocupar-se um país com mais de 600 000 km2? Com 1/2 combatente por km2 pode anexar-se um país? Mas alguém minimamente inteligente acha que um exército de 300 000 homens tenha por missão ocupar e anexar a Ucrânia?

    Quem está a enviar, não armamento, mas apoio humanitário à Ucrânia? Será que é a Rússia?
    “No one is reporting the billions in medicines, foodstuff, and other aid the Russians are shipping into Ukraine.
    These insights I’m getting from the Greek press (I live here), which is being much more even-handed; from people inside Russia; and from Ukrainians whom I know.”
    (https://www.americanthinker.com/blog/2022/03/heres_the_truth_on_ukraine_as_far_as_i_can_tell.html)

    Que percentagem de ucranianos são russófonos, impedidos de aprenderem, falarem ou escreverem em russo desde o golpe de estado promovido pelos americanos em 2014 e que derrubou o presidente Yanukovych democraticamente eleito? Mais de 40%? Cerca de 50%? Não foi exactamente isso que Franco fez aos bascos?

    Quantas pessoas – ucranianas de ascendência russa – morreram desde 2014 na região do Donbass vítimas da operação sistemática de genocídio étnico conduzida pelas milícias neo-nazis ucranianas, entre elas o batalhão Azov, agora integradas – pasme-se – no exército regular ucraniano? 10 000? 15 000?

    Não descreveu Zelensky a sociedade ucraniana, numa actuação de stand-up comedy antes de ser presidente, dizendo que “antes roubávamos os judeus, agora roubamos os russos”, que teve que se alistar nas Banderetes (organizações neo-nazis, em referência a Stepan Bandera), que têm que lhe enviar um exemplar de “Mein Kampf”, escrito por Hitler, porque está esgotado, tendo terminado a fazer a saudação nazi como exemplo dos exercícios que fazia na varanda? Não é isso que ele diz e se vê no clip com 2 minutos abaixo?(https://brandnewtube.com/watch/ukraine-zelensky-you-will-be-shocked_wDonsemjdtoGnQi.html)

    Será que é o mesmo Zelensky dessa actuação que agora proíbe – grande democracia – a actividade de 11 partidos políticos da oposição, alguns deles com representação parlamentar envolvendo um total de 44 deputados? Não é isso que ele diz no clip abaixo?
    (https://rumble.com/vxz5cl-breaking-zelensky-bans-11-opposition-parties.html)

    Não acordou o então presidente Bush Sr. que a NATO não se expandiria para além da Alemanha aquando da sua reunificação? Que fariam os EUA se a Rússia instalasse no México tropas e mísseis, fruto duma aliança? Ou a China no Canadá? Será que os EUA o iriam permitir? Permitiram isso em 1961, quando a URSS se preparava para instalar mísseis em Cuba, como retaliação contra a instalação de mísseis da NATO na Turquia? Permitiram a ameaça, a milhares de quilómetros de distância, das armas de destruição massiva que nunca existiram no Iraque e não o invadiram?

    Que foi fazer a sub-Secretária de Estado americana Victoria Nulan quando viajou em Outubro de 2021 até Moscovo e mais tarde até Kiev? Não foi após essas viagens que as milícias neo-nazis ucranianas intensificaram os ataques no Donbass e a guerra electónica contra os drones dos observadores da OSCE na linha de separação que zelavam pelo cumprimento dos acordos de Minsk?

    Qual o objectivo do discurso inflamatório e de provocação proferido por Zelensky na Conferência de Segurança de Munique? Não houve guerras que começaram por bem menos? Será que o discurso foi “importado” dos EUA? Será que ele apenas o papagueou? Será que lhe pagaram para ele o proferir? Será que o ameaçaram e à família, caso não o fizesse? Não terá sido esse discurso que desencadeou a intervenção russa?

    Não será esta uma guerra comprada pelos EUA e paga com o sangue ucraniano e russo? Não será esta a guerra com a qual a actual administração americana pretende desviar as atenções da inflação (o preço da gasolina duplicou num ano!), da imigração ilegal e da baixa popularidade e aprovação do presidente Biden até às eleições legislativas de Novembro?

    A quem Interessa que o gasoduto Nord Stream 2, a ligar a Rússia e a Alemanha através do Báltico sem passar pela Ucrânia, tal como o Nord Stream 1, não entre em funcionamento? Será que é à Rússia e à Europa? Será que é à Ucrânia e aos EUA?

    Não é a actual administração americana constituída pela “mesma gente”, à excepção de Obama, que em 2014 orquestrou o golpe de estado que derrubou o presidente ucraniano Yanukovych com a ajuda dos neo-nazis e colocou no poder um governo pró-EUA? Não foi a então sub-Secretária americana Victoria Nulan, a mesma que viajou em Outubro de 2021 até Moscovo e posteriormente até Kiev, fotografada a distribuir comida aos golpistas? Não foi ela “apanhada” numa conversa telefónica com o então embaixador americano a combinarem quem deveria suceder a Yanukovych? Não é nessa conversa, cuja gravação se pode encontrar por aí, que ela diz “fuck EU”? Não foi na sequência desse golpe de estado que a Crimeia, em referendo, votou para retornar à administração russa? Não foi a Crimeia “dada” à Ucrânia nos anos 50 do século passado pelo presidente da URSS da altura, um ucraniano? Não foi esse referendo e as causas que o motivaram sempre omitidas, tendo-nos sido vendido todo o assunto simplesmente como “a anexação da Crimeia”?

    Não foi após o golpe de estado de 2014 que o filho do então vice-presidente Biden “arranjou” um emprego na Ucrânia a ganhar 1 milhão de dólares anualmente? Não foi o mesmo Biden que se gabou, numa entrevista dada ao WSJ em 23 de Janeiro de 2018 e da qual existem vídeos por aí, de ter conseguido o despedimento do procurador ucraniano – grande democracia, só visto – que investigava a Burisma, a empresa ucraniana de onde o filho sacava o referido milhão anual, em consequência da ameaça de congelamento de 1 bilião de dólares em ajuda financeira – designa-se isto por chantagem – feita ao governo ucraniano?

    Não foi o mesmo Biden que, em meados de 2020, no âmbito da campanha eleitoral para as presidenciais dos EUA, disse “We have put together, I think, the most extensive and inclusive voter fraud organization in the history of american politics.”? Não é isso que ele diz no clip abaixo?
    (https://newtube.app/user/Marooned/XvBN1hP)

    Não foi a sub-Secretária de Estado Victoria “F the EU” Nulan, como é conhecida em certos meios, que veio confirmar que “There are biological research facilities in Ukraine, and we are concerned that Russia may seize control of them.”, quando questionada numa recente audição no Senado dos EUA sobre a existência de armas químicas ou biológicas na Ucrânia? Não nos tinha garantido a Secretária de Imprensa da Casa Branca e todos os fact checkers, às dúzias que sai mais barato, que isso era desinformação russa e uma mentira? Será que ainda vamos acabar por descobrir que as armas de destruição massiva que levaram à invasão do Iraque pelos EUA, nunca foram encontradas porque estão na Ucrânia, sendo a sua pesquisa e desenvolvimento financiados pelos próprios americanos?

    Realidade alternativa é aquela que todos os dias é fabricada nas redacções da indústria noticiosa. Por vezes nem sequer é preciso mentir, basta omitir. E de omissão em omissão, lá se vão alinhavando umas ideias que induzem conclusões erradas. Ainda assim, a tentação da realidade alternativa é grande e por vezes assiste-se a autênticos milagres, como já tinha acontecido na Síria e que agora volta a acontecer na Ucrânia. O maior dos milagres é a recorrente ressureição de baixas civis, bem ilustrada no clip abaixo. O vento remove o plástico que cobre os mortos ucranianos, mas estes regressam à vida para se taparem – milagre!
    (https://newtube.app/user/Wes_Hamel/EIihXpT)

    Para a generalidade das pessoas, mas principalmente para aquelas que emprenham facilmente pelos olhos e pelos ouvidos, a realidade está muito para além da percepção e do entendimento que se tem dela. Como diria alguém, “reality is a bitch”, talvez por isso a necessidade de realidades alternativas mais fofinhas e mais consentâneas com os interesses que estejam a soprar de momento.

    (cometário meu originalmente publicado num blogue da concorrência em 22/3/2022)

    • Muito escreveu e com boa e convincente prosa. Mas, como diz o povo, no melhor pano cai a nódoa, e um “pequeno” pormenor destapa, veja-se a ironia, aquilo a que vem.
      O que refere, no penúltimo parágrafo, como “ O vento remove o plástico que cobre os mortos ucranianos……” não é mais do que um vídeo de 4 Fev 2022, filmado em Vienna (Áustria), de uma manifestação contra as alterações climáticas. Vê como tudo o que escreveu antes perdeu a credibilidade?

      • Há propaganda dos dois lados, claro. Faz bem em desmascará-la. Espero só que seja como eu e tente fazê-lo para ambos os lados. Por exemplo:

        30-Março: Rússia sai dos arredores de Kiev (onde chegou logo nos primeiros dias, e durante 1 mês de avanços e recuos e ocupação, não houve relatos de genocídio, pelo contrário houve provas dadas pela Rússia de que atacaram alvos militares legítimos, e foi Ucrânia quem cometeu crimes de guerra ao colocar artilharia pesada em zonas civis, e até anti-aéreas portáteis e snipers no topo de prédios residenciais. E aqui digo que um Presidente decente teria ordenado a rendição das tropas caso perdesse a guerra em terreno aberto).
        Ucrânia anuncia fortes e mortais bombardeamentos nas costas do inimigo.

        1 e 2-Abril: vídeos Polícia Nacional a limpar obstáculos em ruas com zero corpos, outros a identificar, amarrar e espancar civis que foram vistos (pelos vizinhos) a usar braçadeiras brancas.
        Autacra de Bucha faz vídeo a dizer que situação voltou ao normal, e também não refere vítimas.

        Dias seguintes: finalmente jornalistas ocidentais entram escoltados a arruamentos específicos. Num, o amontoado de veículos russo destruídos no tal bombardeamento, noutro a meia dúzia de vítimas à beira da estrada em intervalos regulares, e noutro ponto uma vala comum recente.

        Rússia é acusada de genocídio de até 300 pessoas, pede reunião na ONU e Reino Unido, recusa.
        Ocidente já “sabe” o que se passou assim que vê as imagens, nem é preciso investigar. Basta a palavra do mesmo governo que se tem dedicado à mentira desde início…

        Aparecem imagens de satélite que mostram em meia dúzia de pixels de baixíssima resolução o que parecem manchas escuras no local dos corpos, imagens ALEGADAMENTE tiradas no dia 19.
        No entanto posição dos corpos não é a mesma das fotos e vídeos, e o estado de decomposição não é compatível com essa data.

        Fonte do Pentágono diz que não podem confirmar de forma independente.
        Mais tarde, num artigo de jornal, admitem que andam a espalhar mentiras e até se regozijam com o alegado efeito que tal pode ter “in Putin’s head”…

        “Imprensa livre” diz que é prova irrefutável. E faz logo trocadilhos com o nome: “the butcher of Bucha”

        Rússia diz que é provocação. Mostra que posicionamento.desse satélite não é coerente com as alegadas datas das imagens.

        Ucrânia fala em genocídio.

        Eu pergunto: durante 15 dias os corpos ficaram na mesma? Os vizinhos e familiares passavam ao lado deles, e nem a cara viravam para cima para confirmar quem eram?
        Ninguém tinha telemóvel para filmar?

        Entretanto aparecem vídeos de fardados ligados ao Azov e/ou SBU a perseguir, amarrar, espancar ucranianos suspeitos de terem usado braçadeiras brancas durante o mês de ocupação, sem se saber como ou onde acabaram esses detidos…

        Aparecem também vídeos e fotos (de antes da acusação de genocídeo) que mostram militares ucranianos a mexer e a tirar os corpos de posição, ora com as mãos ora à distância com cordas atadas aos corpos.
        Dizem que é para ver se tem minas, mas se assim fosse não o faziam tão de perto e sem equipamento de protecção.

        Dias mais tarde, nessa zona a Noroeste de Kiev, houve uma fila de alguns carros civis que iam a sair, mas foram travados pelos militares ucranianos, e alegadamente não ficou um único ocupante vivo, nem sequer as crianças.
        Se os russos já saíram à tanto tempo, os ucranianos isto porquê?

        Com tudo isto, eu só pergunto: já alguém sabe com certeza o que se passou em Bucha, e porque é que ninguém no Ocidente está interessado numa investigação feita por entidade independente?

        Aqui devo lembrar o Holocausto na Segunda Guerra Mundial. Primeiro houve a acusação de genocídio, e logo a seguir começou a negação. Então fez-se uma das investigações mais exaustivas de sempre, para que todas as provas fossem irrefutáveis, e todas as vítimas identificadas, e não restassem dúvidas.
        Foi assim que a civilização ganhou à barbárie.

        Pelo contrário, agora só assistimos a uma porca luta de desinformação. Ainda nem sequer sabemos quantas são as vítimas, quem são, quando morreram, nem onde, nem como.

        Ou seja, jornalismo ZERO. Propaganda 100%. Não há jornalistas Ocidentais sequer perto da frente de batalha, só fotógrafos convidados vários dias depois ao local, só após tanta gente (civis, autarcas, polícias) passarem naquelas ruas vazias e sem corpos. E só após lá passarem também militares, serviços secretos, e gente de batalhões nazionalistas para fazer sabe-se lá o quê…

        E no final, mais uma ronda de sanções, negociações do acordo de paz despedaçadas, e mais armas da NATO a caminho de Kiev.

        Vem-me só à memória o “genocídio” usado para justificar o bombardeamento de zonas civis da Sérvia durante quase 3 meses seguidos.
        E a investigação independente só feita já fora de tempo útil e a descobrir a farsa (exagero do número de mortos, corpos de militares inimigos vestidos à civil, e o conhecimento de matanças igualmente feita pelo lado que a NATO foi “defender”) tarde demais.

        Não aprendemos com essa mentira.
        Não aprendemos com a mentira do Iraque.
        E pelos vistos continuamos a não aprender.
        A “cultura” Ocidental continua a ser: apontar o dedo primeiro, matar depois, e a verdade que não se meta no caminho dos objetivos…
        A única mudança foi para pior: o “pensamento” único.

        E isto é o que mais me incomoda, seja qual for a verdade.
        Pois se Bucha for culpa dos Russos, não tenho provas de culpa para lhes apontar o dedo e exigir justiça.
        E se for false flag ou encenação dos Ucranianos, somos mais uma vez enganados por uma mentira feita em nome da continuação das 3 guerras: militar, económica, e de comunicação.
        Estou farto de ser carne para canhão em duas delas, e enojado que os Ucranianos tenham já sido sacrificados à força pela sua “liderança” para serem carne para canhão na pior dessas três.

        Enquanto a uns os espera um caixão, a outros espera-os apenas a conta offshore em que foram apanhados em leaks recentes. Entre Putin, Zelensky, Biden, líderes Europeus e oligarcas vindos de todas as estrebarias, não escapa um!
        Mas até aí há guerra de propaganda. Uma que nos diz que num lado são “investidores” e no outro são oligarcas. E outra que nos diz que o pobre tem de pagar impostos e dívidas e ainda arcar com a inflação sem atualização salarial, mas o rico só precisa de offshores e bons fundos de resolução bancários para cobrir as “imparidades”.
        Olha, puta que os impariu a todos!

  8. Anntonio Marques faça–me a fineza de me fazer chegar o texto deste seu comentário que subscrevo na totalidade mas que não consigo editar e/ou partilhar

    • Be Nascimento, clique no título do artigo, para que apareça apenas este e não o endereço do blogue. Em seguida já pode usar os procedimentos habituais para partilhar o link.

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