A verdade vem sempre ao cima

(Estátua de Sal, 22/03/2022)

Nas guerras não há inocentes, pelo que se cometem atrocidades de ambos os lados. Mas devido à censura imposta à comunicação social russa na União Europeia, a versão da outra parte, ou uma versão não manipulada dos acontecimentos não passa por regra nas nossas televisões. Os maus são sempre os russos e as suas as bombas que só caem em hospitais, em maternidades e em lares de idosos ucranianos, querem-nos convencer. E o grave é que, há muita gente a engolir estas patranhas e outras histórias, plantadas nos media para explorar os sentimentos da multidão e a levar em rebanho a apoiar a guerra.

Contudo, de vez em quando surgem jornalistas sérios que dizem a verdade sem aviso prévio e os censores das televisões são ultrapassados. Foi o que aconteceu ontem no noticiário da CNN Portugal em que o jornalista, na Ucrânia, Pedro Mourinho revelou que um centro comercial e um ginásio que as televisões tinham andado a apregoar ter sido atacado com mísseis russos – provocando uma mortandade em civis -, continham, de facto, material militar ucraniano, sendo pois um legítimo alvo militar.

O vídeo da emissão pode ser visto aqui

E a segunda revelação, ainda mais dramática vem da jornalista francesa Anne-Laure Bonnel que, em direto do Donbass revelou que os ataques a civis estão a ser realizados pelo exército ucraniano! Obviamente para as televisões ocidentais poderem acusar a Rússia de atrocidades e ganhar de forma suja e nojenta a guerra mediática.

Que os apaniguados do conflito reflitam, pois. Revejam o seu seguidismo e as suas opiniões a preto e branco. E que se juntem aos que, como eu, querem a paz, as negociações, e o final do conflito. Em vez de colocarem mais lume no fogo, para gáudio dos mercadores de armas, e daqueles que ganham com esta guerra. E não somos nós, nem os nossos filhos.


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14 pensamentos sobre “A verdade vem sempre ao cima

  1. Fãs da múmia de salitre, podeis ficar descansados que o Pedro Mourinho não vai ser preso nem ceviciado, durante 15 anos por dizer a verdade, nem o canal para o qual trabalha vai ser encerrado.
    Percebestes ou é preciso fazer um desenho?

    • Ainda bem!!! Já suspenderam a Democracia uma vez. Passar da suspensão à perseguição de jornalista que comunicam testemunhos in loco, só faltariam as fogueiras que já ardem e atingem pelo estigma de tudo quanto é russo, artistas e até estudos da literatura russo. Que mais nos irá acontecer se resistirmos criticamente à alienação com que os média e as notícias manipuladas insistem em vender-nos uma verdade incontestável sobre este conflito depois de terem suspendido a Democracia e o direito à informação plural ???
      Talvez estes testemunhos que passam o crivo da censura e manipulação e nos chegam a conta gotas, seja um sinal de resistência contra a informação monolítica e ajudem a repor a Democracia total e a respeitar integralmente os direitos.

  2. Eu sei que gostarias de me aplicar umas sevícias, não pelo lapso de escrita, mas por eu não alinhar com as tuas calhandrices…
    Temos pena, mas ainda não estamos debaixo da pata do Putin…

  3. Mais um péssimo serviço prestado pelo estátua de sal, que, a coberto dum neutralismo pseudo-pacifista, transige objetivamente com a agressão imperialista de putin, propagando a tese de que agressor e agredido são, no mínimo, equivalentes. E que, além do mais, se presta a ser caixa de ressonância da narrativa apresentada por Anne-Laure Bonnel, jornalista putinófila com currículo na RT.

    • A verdade doi. O canal da senhora é francês a CNews. Mas os “lavados ao cérebro”, como você, teimam em não querer ver. Ainda hão-de dizer que a Terra é quadrada e você acredita e bate palmas.

  4. Se a verdade vem sempre ao cima, a falência da moral também lhe segue os passos. Celebrar o testemunho de Pedro Moutinho como momento de isenção jornalística não sustenta a indignidade da tese moralmente enviesada que se pretende aqui veicular. Não existem alvos legítimos numa guerra ilegítima. Cada tiro, cada bomba, cada bota russa na Ucrânia são ilegítimas. O facto de existir material militar ucraniano num centro comercial ucraniano não legitima a agressão armada dum país estrangeiro, que é, a todos os títulos, ilegítima. Agressor e agredido não estão no mesmo plano moral.

    • E quem determina a legitimidade de uma guerra, você? Lembro o que disse Maritain -“é lícito o uso da violência que visa libertar a comunidade de violência maior”. É Tomás de Aquino.

  5. Se existem quem diga que a Terra é quadrada é a máquina da propaganda de guerra russa. É vê-la converter o agressor em agredido e o agredido em agressor. E o estátua de sal mostra-se sensível aos encantos dessa propaganda. Batendo palmas, com a convicção dos que desejam ser convencidos. E, no intervalo, que o estátua de sal vá inquirir os ucranianos, perguntando-lhes sobre verdades dolorosas. Desta vez, sem direito a palmas.

  6. Se verdade vem ao cima, a hipocrisia moral também. Concluir que a existência de armas transforma um centro comercial em alvo legítimo é, ao arrepio da coerência moral, partilhar os argumentos de natureza militar definidos pelo país agressor, caucionando a sua discricionariedade na definição de alvos militares a atingir no território do país agredido.
    Nesta ilegítima guerra de agressão imperialista levada a cabo por Putin, aos russos não cabe legitimidade alguma para atacarem o que quer quer seja na Ucrânia. Os mísseis russos são ilegítimos, como são ilegítimas as bombas e as balas russas e ilegítimas as botas dos soldados russos que pisam território ucraniano. Tudo isto, em ostensiva violação do direito internacional. Esta é uma verdade que doi, por mais armas que haja escondidas num centro comercial.

    • E quem determina a legitimidade de uma guerra, você? Lembro o que disse Maritain -“é lícito o uso da violência que visa libertar a comunidade de violência maior”. É Tomás de Aquino.

  7. Que o estátua de sal não invoque em vão a autoridade filosófica de Jacques Maritain ou Tomás de Aquino. À luz do chauvinismo imperialista de Putin e da natureza autoritária e policial do seu regime, usar-se como argumento de legitimação desta guerra a libertação dum mal maior é não apenas falacioso, mas também imoral. E obsceno, se visto sob a perspetiva das vítimas.
    Quanto às dúvidas do estátua de sal sobre a determinação da legitimidade desta guerra de agressão, a resposta está à vista de quem queira ver. Refresque-se a memória do estátua de sal, lembrando-lhe a condenação da invasão russa na Assembleia Geral das Nações Unidas e a posição assumida pelo Tribunal Internacional de Justiça. E, se preciso for, as palavras proferidas pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Dizendo verdades que doem.

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