(The Saker, in Resistir, 25/02/2022)

Analisei algumas fontes de informação e posso apresentar algumas reacções rápidas ao que se está a passar. A operação é maior do que o que eu havia previsto. No entanto, não acredito que a Rússia queira invadir a Ucrânia.

Vejamos primeiro o que a Rússia já fez utilizando APENAS AS ARMAS CONVENCIONAIS:

• As defesas aéreas ucranianas deixaram de existir
• A força aérea ucraniana deixou de existir
• A marinha ucraniana deixou de existir
• O comando e controlo ucraniano são severamente perturbados com muitos postos de comando destruídos
• Todos os aeródromos militares na Ucrânia estão agora não operacionais
• Numerosos depósitos de abastecimento de munições, petróleo e lubrificantes foram destruídos.
• A Rússia controla todo o espaço aéreo Ukie e todas as águas costeiras Ukie nos mares Negro e Azov.

A seguir, vejamos o que as LDNR e as forças russas estão, aparentemente, a fazer neste preciso momento:

1. As forças LDNR romperam as defesas Ukie em dois locais e penetraram 7-10 km atrás da linha de demarcação.
2. Estas forças avançaram com o apoio de fogo da Rússia
3. As forças Ukie construíram fortificações durante oito anos, pelo que o progresso contra o grosso das forças terrestres Ukie é lento.
4. Parece que os russos decidiram cercar toda a força Ukronazi no Donbass por um movimento de pinça do norte e do sul

É minha opinião que a Rússia cercará as forças Ukie, toda a força ucraniana ao longo da linha de demarcação e depois esperará que elas se rendam, minimizando assim as perdas de ambos os lados. Por outras palavras, os russos estão a tentar encerrar os Ukie num caldeirão operacional e basicamente retirar estas forças da equação.

Em segundo lugar, Putin declarou claramente os objectivos russos:   desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia.

O primeiro elemento, o desarmamento, já está bem encaminhado.

A desnazificação implica algum tipo de mudança de regime. Há relatos de forças russas perto de Kiev e acredito que uma “caça aos nazis” será levada a cabo de uma forma ou de outra.

Curiosamente, os russos cercaram totalmente a cidade de Kharkov, mas não entraram lá (ainda). Isto faz perfeito sentido militar, mas também assinala, ou assim me parece, que a Rússia quer evitar tanto quanto possível envolver-se em operações de combate ofensivas nas grandes cidades e também quer evitar matar civis. Atenção, as forças armadas que em 2000 puderam tomar Grozny podem “fácilmente” e “rapidamente” assaltar qualquer cidade Ukie (quanto mais não seja porque os Ukies e os Chechenos são quase opostos polares em termos das suas capacidades de combate). Mas porquê dar-se ao incómodo?

Quando possível, os russos cercam as cidades Ukie, bloqueiam-nas e esperam que apareçam as bandeiras brancas.

Se isso é possível ou não, não sei dizer, e o que vai acontecer a Mariupol a seguir será interessante: desta vez, sim, a cidade será libertada, mas será interessante ver quanta resistência as forças LDNR/Russas vão encontrar.

Conclusões intermédias:

Basicamente, este é um 08/08/08 [intervenção na Geórgia] numa escala muito maior: entrar, desarmar, retirar.

Os meus palpites (só isso, é demasiado cedo para dizer!) são:

1. As forças Ukie ao longo da linha de demarcação serão cercadas e neutralizadas. Uma vez atingido esse objectivo, a maior parte da ameaça terrestre ucraniana simplesmente desaparecerá. Os verdadeiros nazis serão abatidos, os restantes desarmados e enviados para casa. As suas armas irão para as LDNR.
2. As forças do LDNR e da Rússia avançarão profundamente dentro da Ucrânia, mas só para executar missões específicas, após as quais serão trazidas de volta para a fronteira legal das LDNR (com algumas excepções possíveis por razões específicas, locais).
3. A liderança Ukronazi fugirá e poderá haver cenas como as de Cabul. Alguns serão apanhados.

O regime nazi em Kiev será mudado para outro que aceitará um cessar-fogo russo e a abertura de negociações directas tanto com as LDNR como com a Rússia. Finalmente, será proclamado um cessar-fogo geral.

Continuo a pensar ser provável uma operação terrestre da NATO (polaca?) nas regiões de Lvov e Ivano-Frankovsk. Oficialmente, para “proteger os nossos aliados e amigos”, mas na realidade com três objectivos:

1. Salvar a face
2. Estabelecer um mini-Banderistão sob controlo polaco na Ucrânia ocidental
3. Alimentar a hiena da Europa

O Kremlin pode pensar o contrário, mas não tenho qualquer problema com isso desde que um regime semi-civilizado e semi-sano seja colocado no poder em Kiev.

Haverá eleições que, claro, ninguém no Ocidente irá reconhecer inicialmente. Tudo bem. Ninguém na Rússia se preocupa com o tio Shmuel ou com os seus Euroratos.

Agora Biden (forcei-me a ouvi-lo, mais uma vez!) está a apanhar Obama e promete que as sanções do inferno vão aleijar a Rússia. Bernard, em Moon of Alabama, fez hoje0 um comentário interessante: “O mercado de acções russo está em baixa mas o ouro, o petróleo e o gás estão em alta e a Rússia perdeu até agora dinheiro zero”. Estou certo de que ele está correcto.

E, sim, a curto e médio prazo, as sanções também terão alguns efeitos negativos em alguns sectores da economia russa. No entanto, a médio e longo prazo, penso que os custos energéticos proporcionarão à Rússia um verdadeiro ganho de dinheiro. Na reunião do Conselho de Segurança russo, Mishustin parecia estar totalmente relaxado, concentrado e calmo.

Além disso, como mencionei ontem, o recente aumento dos preços da energia durante o mês passado já reembolsou à Rússia todo o dinheiro investido no Nord Stream 2, e isto ANTES dos (inevitavelmente próximos) processos judiciais contra a Alemanha 🙂

Numa mensagem recente “reconheci” que tanto o Presidente Biden como o Chanceler Scholtz fizeram tudo o que estava ao seu alcance para forçar a Rússia a intervir.

Hoje quero reconhecer a contribuição verdadeiramente imensa do próprio “Ze”, e dos malucos nazis que o rodeiam. Ele foi o primeiro a mencionar que o Banderistão queria adquirir armas nucleares. Os malucos nazis do regime Ukie e os media apanharam imediatamente esta ideia verdadeiramente “brilhante”.

Quero agradecer sinceramente ao “Zé” especificamente por:

1. Forçar os russos a intervir (nazis e bombas nucleares são uma má combinação na mente de qualquer russo!)
2. Dar-lhes uma base legal para assim fazer, ao abrigo do Art. 51 da Carta das Nações Unidas

Francamente, “Zé” fez muito pela Rússia, e penso que Putin deveria deixá-lo fugir para o Ocidente. Mas o único tipo que quero ver algemado e julgado em Odessa é Aleksei Goncharenko.

Sim, eu disse em Odessa, não disse?

O que me leva a mais uma possibilidade: A Rússia não pode deixar a costa Ukie do Mar Negro sob qualquer espécie de controlo nazi ou pró-NATO. Esperançosamente, o próximo regime no poder em Kiev pode lidar com isso e a Rússia pode ajudar se necessário. Mas do contrário, penso que a frota do Mar Negro poderá ter de conduzir as operações necessárias para garantir que nenhuma parte da costa do Mar Negro seja utilizada para ameaçar a Rússia outra vez.

Eu preferiria MUITO que o próprio povo ucraniano limpasse a sua casa por si mesmo. Mas se não puderem, então, está bem, a Rússia pode ajudar desde que a sua intervenção seja temporária.

De facto, opor-me-ia categoricamente a qualquer intervenção russa de longo prazo na Ucrânia, para além das LDNR. Não creio que isso venha a acontecer de qualquer forma. Mas uma operação de desnazificação a curto prazo pode ser inevitável e aceito isso.

Putin já não tinha uma boa opção. A Rússia, como nação, já não tinha boas opções. Por isso, escolheram a “opção menos má” possível. Até agora, gosto muito do que vejo.

Mas embora os ataques iniciais tenham terminado na sua maior parte, levará tempo a libertar, desarmar e estabilizar as LDNR e os territórios ucranianos adjacentes a ele.

Também não consigo imaginar a CIA/MI6/Bellincat/CNN e os restantes a não executarem pelo menos UMA bandeira falsa de algum tipo. Não porque isso vá mudar alguma coisa, mas porque é nisso que eles são (mais ou menos) bons.

Finalmente, e muito deliberadamente por último, está tudo acabado para a UE. A UE sempre foi uma colónia americana, mas agora irá afundar-se ainda mais baixo, com os europeus a perderem quaisquer resquícios, por menores que sejam, de auto-respeito que possam ter retido. 

A partir de agora, a UE é a cadela estúpida do tio Shmuel (perdoem-me a profanidade, mas é isso que melhor se ajusta à minha opinião). Tudo o que posso dizer acerca disto é: aqueles que não têm auto-respeito não podem esperar serem respeitados pelos outros.

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