A matriz fundamental da direita

(Alexandre Abreu, in Expresso Diário, 27/06/2021)

Alexandre Abreu

(Numa escala de 0 a 20, daria 20 valores a este texto, por ser quase impossível dizer tudo em tão poucas palavras. Assim sendo, dedico-o ao comentador mais assíduo deste Blog, RFC de seu nome. Pode ser que se faça luz nalgumas trevas do seu espírito, e que não seja só São Paulo a ter a sua Estrada de Damasco… 😉

Estátua de Sal, 27/05/2021)


A terceira convenção do Movimento Europa e Liberdade que se realizou nos últimos dias foi excelente para separar o essencial do acessório. À primeira vista, estiveram lá representados projetos políticos com diferenças importantes entre si: do liberalismo na economia e nos costumes ao reacionarismo saudosista do Estado Novo e do passado colonial, da democracia cristã ao novo radicalismo trauliteiro. Na prática, porém, uma e só uma preocupação animou esta convenção: o regresso da direita ao poder. Para isso, ninguém como Camilo Lourenço para chamar a atenção para a plataforma comum que a todos anima: privatizações (não que restem muitas por fazer…), redução dos impostos, redução da despesa social, negócios privados à sombra do Estado. Que não haja dúvidas: independentemente das diferenças mais ou menos superficiais em torno de outras questões, é mais o que une do que o que separa. E o que une é a sua natureza de classe: menos redistribuição do rendimento e mais abertura de mais esferas da vida social (saúde, educação, pensões,…) à rendibilidade privada.

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Neste sentido, é sintomático que a sensibilidade de direita que mais se apresentou em extinção neste congresso tenha sido a democracia cristã, com as suas influências da doutrina social da Igreja e a sua combinação de conservadorismo político e cultural com uma política económica com preocupações sociais. Os tempos não estão para isso: do ponto de vista da direita contemporânea, a democracia cristã erra em toda a linha, sacrificando o essencial e retendo o supérfluo. É também por isto que o CDS, representante original da democracia cristã portuguesa no período democrático, está hoje moribundo e é também por isto que a democracia cristã está praticamente extinta mesmo dentro do CDS. Os estados de alma do “manifesto dos 54” estão por isso condenados a perder para o pragmatismo das alianças que se mostrarem necessárias, como Rui Rio já deixou abundantemente claro. Foi Ventura e não Poiares Maduro quem empolgou esta convenção, porque é o primeiro e não o segundo quem permite vislumbrar uma via de regresso ao poder. As direitas divergirão no que calhar mas estarão de acordo no que se impuser, como exemplificado pela perfeita sintonia das propostas da Iniciativa Liberal e do Chega em matéria fiscal: redução máxima da progressividade no limite da constitucionalidade, beneficiando ao máximo os mais ricos e desprovendo o Estado dos recursos necessários para os serviços públicos e apoios sociais.

Exasperada com o afastamento do poder, não chega à direita que o PS se encarregue de salvaguardar os seus interesses em aspetos tão cruciais como a legislação laboral, ou que a integração europeia (da mesma Europa que o MEL sabiamente saúda na sua designação) inviabilize políticas mais progressistas em múltiplos domínios. Isso não chega porque a direita e os interesses que esta defende querem mais: mais redução dos impostos que limitam a desigualdade, mais desmantelamento da regulação que protege a parte mais fraca na relação laboral, mais recursos públicos ao serviço dos lucros privados na educação e na saúde.

Tudo na convenção do MEL foi sintomático. A sua organização por destacados representantes da direita dos negócios. A participação dos costumeiros representantes da direita do PS. A mitificação sebastianista de um Pedro Passos Coelho que, sem que sequer disso se apercebam, é o principal responsável pela erosão eleitoral da direita na última década. Mas acima de tudo o facto de, sempre que necessário, a direita tirar as luvas e unir-se em torno da sua matriz fundamental: a salvaguarda e aprofundamento do privilégio.


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25 pensamentos sobre “A matriz fundamental da direita

  1. O que eles procuram é o MEL, o assalto ao POTE, pois deve ser uma azia ver estes que lá estão a usarem e abusarem do Erário Público. A Pátria, o Dever, o Sacerdócio, o que é isso? O SACO AZUL é a meta a alcançar e para isso há que unir esforços, intenções, vontades e sobretudo, alianças, mesmo que à revelia do senso comum e da palavra mais nobre: DEMOCRACIA.

  2. Nunca votei à direita do PS e sinceramente passo muito bem com as dores de “encolhimento” da mesma, mas conheço dezenas de pessoas (do meu círculo de amigos e familiares) que sempre votaram na esquerda mas que, “fartos de pagarem isto tudo” (e o “isto tudo” inclui bancos, companhias áreas de bandeira, ppp, mas também subsídios de inserção, isenções e coisas do género), têm vindo a votar na IL e mesmo no Chega (o PSD não lhes dá “pica”). O facto de termos praticamente 50 anos de democracia, escola pública, serviço nacional de saúde e mesmo assim o país continuar sem presente nem futuro também os incomoda, e sinceramente a mim também (até porque a maioria dos governos têm sido de “esquerda”).

    Voltando à direita, a questão na minha ótica passa sempre por um misto de esquizofrenia e falta de credibilidade: esquizofrenia porque precisa de votos mas apela sempre ao voto de quem “produz riqueza” (como se alguma vez tivéssemos sido uma potência industrial; ah, já sei, apela a todo e qualquer patrãozeco de meia tigela que gosta de mandar nos outros e pagar o menos possível e também aos “empreendedores”), e como felizmente a cada eleitor corresponde um voto não sei como farão essa “magia” eleitoral; falta de credibilidade porque supostamente representa o rigor (treta, chafurda no mesmo nepotismo), a segurança (não lhes toca, vivem em empreendimentos de luxo ou em bons bairros e em Portugal não há o hábito de sequestros e crimes violentos contra classes médias altas e classes altas), a liberdade (uma falácia, num país tão desigual a única liberdade real é a dos mais fortes, os do costume), o menos estado (uma sonsice, todos mamam na teta do estado e as privatizações nunca são em proveito da maioria) e a diminuição de impostos (uma comicidade, basta lembrar o “choque fiscal” do cherne e o “enorme aumento de impostos” do outro horroroso).

    Enfim, o tema daria pano para mangas.

    Tenho pena de, aqui há uns dias na sic notícias, a entrevistadora de serviço quando confrontada com mais uma frase feita do André Ventura (“somos contra os impostos progressivos, quem trabalha mais não pode paga mais”), não o ter questionado assim à queima-roupa a quem se estaria (e está, e não é só ele, é a direita toda) a referir: aos “clientes habituais” dele (que dão o cuzinho e três tostões para fugir ao fisco) ou à verdadeira classe média (quem traz para casa entre 800-1500€ por mês), ou estes serão uns mandriões que até ganham bem demais (tornando assim o país supostamente pouco competitivo) e não serão assim os “cidadãos de bem” que tanto gosta de arregimentar. Eu já sei a resposta. Sei a resposta dele e a da restante direita. Por isso nunca terão o meu voto.

    Mas conseguem enganar muita gente com estas falácias. Jovens que vivem à conta dos pais e avós são outro manancial de apoiantes, cuidado.

  3. A matriz fundamental da esquerda pode-se enunciar em poucas palavras: “O comunismo foi posto em prática durante décadas e falhou”

  4. (Numa escala de 0 a 20, daria 20 valores a este texto, por ser quase impossível dizer tudo em tão poucas palavras. Assim sendo, dedico-o ao comentador mais assíduo deste Blog, RFC de seu nome. Pode ser que se faça luz nalgumas trevas do seu espírito, e que não seja só São Paulo a ter a sua Estrada de Damasco… 😉

    Estátua de Sal, 27/05/2021)

    Nota, supra. Obrigado pela tua encantadora mordomia, mas surprise! também eu tenho alguma coisa a dizer.

    Notas, infra.

    Ora, como eu diria para o bem-estar dos portugueses em geral, o teu, o do Manuel Correia Alpalhão Costa, que tem uns fantásticos patronímicos mas já lá irei a seguir, o do Soixante-Huitard, mais conhecido pelo 69-1!, o do Days of the George, o do Zink, e o do Alexandre Abreu em particular, permito-me algumas liberalidades (como vês amigo M. Gomes e amigo Cotrim de F., estou convosco!).

    Sendo certo e sabido que o Alexandre ascendeu ànos últimos dias à Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, e saúdo-o por isso, em minha opinião e no domínio do Saber o dito sofre daquilo a que poderia chamar um problema de escassez… de Mundo. Não quero com isto referir-me a uma pretensa falta de cosmopolitismo, obviamente, mas de uma assertividade teleológica singular em que os modelos teóricos clássicos precisavam de mais e de maior, digamos assim, superfície terrestre (a tal escassez de Mundo de que falava anteriormente…) para serem equilibradamente aplicados. Era a isto que eu me referia, há dias, quando tu histericamente desmiolado, ó d’A Estátua, reagias sob pressão ao artigo da pecadora Maria de Fátima Bonifácio evocando a falta do teu mantra anti-capitalista que é o remédio para todos os males e eu retorquia, simpaticamete, que para nos entendermos deveremos falar da evocação de um “capitalismo possível” em Portugal seguindo o jargão do que realmente foi a Regeneração de meados do século XIX; do mesmo modo, e isto não é um ajuste de contas, é um pouco confrangedor saber que o modelo, O!, aplicado algures pelo Alexandre teve como palco duas ou três tabancas da Guiné-Bissau, o que no limite colocaria ao investigador ponderosos problemas éticos sobre o alcance da própria actividade científica predominante na academia… Mas concedamos que este não é o ponto, agora.

    O importante é que o Alexandre falha no alvo, eventualmente menos por culpas próprias mas devido ao aparente aproveitamento que a estatuadesal, qual promotor de fogo de artifício com fábrica de portas abertas!, pretendeu fazer do alcance das suas palavras. Explico-me: como demonstrei através de um simples copy das palavras da MFB, repetindo-me, o que é essencial analisar neste momento é o actual bloqueio do sistema político português (sei que a senhora vai mais longe e, provocatoriamente?, estabelece como alvo a própria democracia tal como a conhecemos…). Ou seja, digo-o agora, se é verdade que a própria ideia de Democracia tem no seu amplo interior, digamos, quase todas as respostas para esse nó górdio que o PS actual lhe retendeu aplicar com a conivência de uma longa série de opinadores, do mal-menor da opinião pública como mostram as sondagens pelo que (quase?) todas as outras leituras serão intectualmente inapropriadas, ou dos cabos de esquadra da blogosfera, no caso. Dito isto, assim, necessário seria que os partidos portugueses no seu todo (BE, PCP e uma inexistente corrente com força suficiente no seio do próprio PS que compreenda o perigo disto e que aja politicamente em função das suas convicções pois a agremiação socialista não pode ser duradouramente um antro de interesses pessoais…, e PSD, personalidades da Direita e os gajos baris da IL, nomeadamente) fizessem o seu constitucional e fundamental papel em defesa da Constituição vomo e diz por aí. É é por que, falhando-se o alvo, o manhoso António Costa teve oportunidade de exibir mais um discursivo número de circo ao apresentar a sua moção para o congresso do PS, ontem. E voltamos ao Alpalhão Costa, al arábico mais palhão-de-muita-palha que é o que o António Costa tem para dar aos portugueses sempre…, eu não dizia Manuel?

    Em conclusão que a minha vida não é isto, fica um conselho de amigo para o Alexandre (e para vosotros).

    Como eu aprendi e fiz doutrina há mais de trinta e cinco anos, ufa!, não se deve perder a oportunidade de se deixar de ser militante e assumir um lugar de dirigente partidário para fazer ressoar no colectivo o que o José Pacheco Pereira chama semanalmente “o “uído do mundo” mesmo que deste sejamos nós os produtores, ou simplesmente se escute à mesa de café como antes se dizia, nas jantaradas em casa da Mimi, nas tertúlias ou noutros lugares do estilo, na blogosfera, nos espaços de debate político e/ou de variedades (!) existentes nas TV’s portuguesas e ainda, a seu modo, na imprensa online com ou sem fronteiras. Como as coisas parecem ter começado invertidas, como se infere do exemplo do Expresso Diário, decerto que será o BE a fazê-lo (espero eu).

    Tendo sido eventualmente injusto, ele que normalmente até escreve fora da caixa, eis o que me apraz dizer.

    🙂

    E agora zuta!

    • […]

      O importante é que o Alexandre falha no alvo, eventualmente menos por culpas próprias mas devido ao aparente aproveitamento que a estatuadesal, qual promotor de fogo de artifício com fábrica de portas abertas!, pretendeu fazer do alcance das suas palavras. Explico-me: como demonstrei através de um simples copy das palavras da MFB, repetindo-me, o que é essencial analisar neste momento é o actual bloqueio do sistema político português (sei que a senhora vai mais longe e, provocatoriamente?, estabelece como alvo a própria democracia tal como a conhecemos…). Ou seja, digo-o agora, se é verdade que a própria ideia de Democracia tem no seu amplo interior, digamos, quase todas as respostas para esse nó górdio que o PS actual lhe pretendeu aplicar [há que lhe resistir, mesmo que se saiba que ela conta] com a conivência de uma longa série de opinadores, do mal-menor da opinião pública como mostram as sondagens pelo que (quase?) todas as outras leituras serão intelectualmente inapropriadas, ou dos cabos de esquadra da blogosfera, no caso. Dito isto, assim, necessário seria que os partidos portugueses no seu todo (BE, PCP e uma inexistente corrente com força suficiente no seio do próprio PS que compreenda o perigo disto e que aja politicamente em função das suas convicções pois a agremiação socialista não pode ser duradouramente um antro de interesses pessoais…, e PSD, personalidades da Direita e os gajos baris da IL, nomeadamente) fizessem o seu constitucional e fundamental papel em defesa da Constituição como se diz por aí. E é por que, falhando-se o alvo, o manhoso António Costa teve oportunidade de exibir mais um discursivo número de circo ao apresentar a sua moção para o congresso do PS, ontem. E voltamos ao Alpalhão Costa, al arábico mais palhão-de-muita-palha que é o que o António Costa tem para dar aos portugueses sempre…, eu não dizia Manuel?

      Adenda. Está entre parêntesis o que acresentei, só para que os meus amigos Almeida Garrett e JMT não se zanguem.

      🙂 , nem o-o cabo de esquadra de plantão!

      • Ó RFC, granda filho da puta.

        Então andas a insultar, a chamar-me fascista e depois apoias extremistas de direita como o Barreto, o Ramos e a Bonifácio ?

        Para mim essa gentalha é extrema direita.

        O paneleiro do teu pai vai-te tanto ao cu que já não sabes o que andas a fazer.

        • Pedro, admoestei em tempos o RFC que maneirou. É a última vez que o faço contigo. Cartão Rosa escuro. Para a próxima deixas de comentar aqui.E como vês, não é por razões políticas, como tens visto nas minhas respostas ao RFC. É pela tua linguagem de carrosseiro, só isso. Depois não te armes em vítima.

          • ????

            Carroceiro ?

            Moi ?

            Sem eu ter reagido o gajo durante um ano o gajo insultou-me de fascista todos os dias, ameaçou-me de agressão todos os dias, até de morte. E já andava a pedir a minha morada a quem a pudesse saber. Para me fazer uma espera “com os amigos ciganos”.

            E agora aparece a defender gajos de extrema direita em comparação com os quais eu sou um “comuna” ?

            O Barreto, o Ramires e a Bonifácio querem destruir o estado social para reduzir os trabalhadores, pretos ou brancos, à miséria. Nisso são unha com carne com o Ventura, que é a única coisa que ele quer.

            Que o mesmo é dizer que querem destruir a civilização.

            Sabes o que é que o Barreto e o Ramiro faziam aos subsidios, passes sociais, habitação social dos amigos ciganos que ele diz recrutar para me fazer a folha ?

            Faziam o mesmo que aos subsidios, passes sociais, habitação social etc dos trabalhadores brancos. Cortavam tudo que a direita portuguesa não é racista e fode toda a gente que seja pobre ou de classe média.

            Devo tratar uma coisa destas por “senhor doutor” ?

              • Ok. Está bem.

                Eu até costumo ignorar o que o gajo diz e a maior parte das vezes nem consigo ler aqueles longos testamentos chatíssimos e pretenciosos que são sempre a mesma lengalenga contra o PS, contra o PS, contra o PS, contra o PS – zzzzzzzzz.

                Apenas desta vez fiquei enojado ver no final do texto dele (não li aquela chachada toda) o apoio do gajo à extrema direita do observador quando passou anos a ameaçar-me e insultar-me de fascista quando eu constantemente aqui defendi a geringonça e o extremanente positivo e importante papel da aliança do PS com a extrema esquerda PRECISAMENTE para fazer frente à extrema direita que pelo visto afinal o gajo é que defende.

                Aliás durante um ano não reagi às ameaças e insultos dele e depois apelei à tua moderação para não estragar o ambiente.

                Ele até me chamava paneleiro por eu não reagir aos insultos dele, lembras-te ?

                É indicativo do que o gajo é andar a provocar-me a chamar-me paneleiro por não responder aos insultos a ameaças e depois quando respondo ir a correr fazer queixinhas à polícia por o insultar a ele. Coitadinho.

                Temos um bully queixinhas. É mesmo um balde de merd…

                Mas hás-de reparar que aqui nunca tratei mais ninguém assim.

                E só por não teres feito nada é que comecei a tratá-lo como ele sempre me tratou, com insultos – menos as ameaças e a bufaria que também não desço tanto ao nível dele.

                Mas ok. Vou tentar desviar os olhos das tretas chatíssimas antiPS-antiPS-antiPS-antiPS do anormal, para evitar ter reações de vómito.

          • O qu’é isto, desculpa lá?

            Se não bloqueares este gajo e não retirares o seu comentário, farei queixa do nick dele e de ti. É uma estreia.

            Ponto.

              • «Quem semeia ventos colhe tempestades.», que nojo.

                Nota. Oha pá, é assim: como fizeste uma introdução a um artigo do Alexandre Abreu em que me referias, devo siuar-te, respondi-te na passada sexta-feira. E, subsequentemente, toda a troca de comentários que mantive foi apenas contigo. No domingo, quando entrei na net para procurar o “rasto”a um assunto (coisa de que, obviamente, não tens nada a ver com isso), vi que existia um outro comentário em que um gajo* entrou inopinadamente na conversa. E fê-lo.aponta, referindo-se a mim saiba-se lá porquê e, imagine-se, ao meu pai que está morto há anos. Sabias disto e, velhacamente, ali deixaste o comentário na “timeline” a marinar horas a fio… Portanto, e depois de ler a tuas reacões, preocupa-me hoje o teu estado mental pois não sei o que pensas ou se pensas alguma coisa (e já agora com quem é que pensas que estás a falar, na verdade). Chamei-te a atenção, assim a modos de perdir justificações, e a tua, as tuas aliás, são reacções completamente ridículas em que balbucias com a merda dos cartões de árbitro da bola e em que, não tendo nada para argumentares substancialmente, despejas madrugadouramente ditados popilares a eito (modo de actuar que sendo demasiadamente ridículo, repito-me, e para não ir mais longe é a todos os títulos infantilóide). Para adiantar conversa, que até já o fiz mas entrou-te por um ouvido e saiu-te por outro, dir-te-ei só isto: eu venho a este blogue sem obrigação nenhuma e, repara, a não ser que tenha a banca montada durante o dia, leio e comento habitualmente um ou outro post. Como acho que deve ser na blogosfera, reconheço, faço-o em “pressão alta” mas cumprindo esforçadamente sempre os mínimos. Como para ti, aparentemente, isto é uma maneira de ganhares a vida (a como está hoje o bite na WordPress, a propósito?), custa-me, portanto, que amealhes uns trocos com a minha honra… Sobre a tua e a do Valupi, o Plúvio disse há semanas o que haveria dizer, e, como sabes, subscrevo o que ele disse. Mais: como te fiz notar, aquando da tua indecorosa bebedeira sobre o José Sócrates – e, descuidamente, até deixaste no ar essa impressão -, concluo por hoje que é penoso ver que continuas alegremente a traficar a blogosfera; nota que outros mudaram de vida como diz o Marques Mendes, por exemplo o amigo Sancho que, não se sabendo se continuaria a fazer hoje no Jumento a apologia socrática depois do que se sabe sobre o ex-PM, aparentemente não precisará de pois, diz-se no #Twitter, embolsará uma avença ministerial (aliás, num descarado jogo de múltiplos nicks,são-lhe permitidas ainda algumas liberdades de criticar outros ministros, o que não deixa de ter a sua graça).

                Fica bem, bem mal.

                Asterisco. Sobre as qualidades alheias, revelo, há que saber encontrar nele/s algumas caracteísticas para compreender a cabeça de um fascista;a sua falta de inteligência, a inveja que quase toca no ciúme (o faduncho da rosa enjeitada, para facilitar), uma necessidade de efabulação persecutória misturada com doses de cobardia, tornando-os assim gajos perigosos. «Quando me falam de cultura, saco logo da pistola!», pois. Não surpreende, pois, as suas repetidas interjeições perante os artigos do António Guerreiro e outros “senhores doutores” [SIC] a que tu, por puro calculismo e avidez num negócio que já teve mehores dias, não interferes… Não é esta a minha área mas a isso chamar-se-á, suponho, ser vítima de um corte epistemológico que, sendo de origem traumática, se tratará eventualmente num psiquiatra.

  5. UM BILHETE POSTAL PARA RUI RIO

    Diz-se que a distancia proporciona objetividade e eu, não vivendo propriamente nos antípodas, reclamo mesmo assim ter alguma, neste caso quando aprecio o projecto politico saído da Convenção do Mel . Ele é bem claro e deixa uma sensação de dejá vu : Desregulamentação da economia, diminuição drástica do peso do Estado, diminuição nos escalões mais altos do IRS, cortes no IRC e privatizações, (as que ainda sejam possíveis).
    Que os líderes de pequenos partidos mais à direita, e que lutam pelos mesmos votos, as proponham, não deve ser caso para admiração, já que o PSD o faça é mais do que incompetência, é insanidade, como insanidade é o facto de Rui Rio se apresentar debaixo do mesmo chapéu politico que Passos Coelho, personagem completamente tóxica do centro-direita à extrema esquerda.

    Talvez valha a pena comparar a as posições tomadas recentemente por dois partidos, um assumidamente de direita, o partido Conservador Britânico, e o PSD, aquele que se diz ser Social-Democrata, (embora tenha dias).
    Os Tories, tendo formado Governo com David Cameron em 2010, logo em 2012 publicaram um livro, Britannia Unchained, que descrevia qual seria a politica a ser adoptada: Fiscalmente ultraconservadora, determinada em reduzir o papel da Estado às suas funções mínimas, (Defesa, representação externa e pouco mais), tendo em George Osborne, o Chanceler do Tesouro, um implacável defensor de uma austeridade que foi muito além do que Margaret Thatcher alguma vez sonhou com a sua TINA.

    Mas entretanto veio o Brexit e a Covid19, um duplo abalo e uma dupla ameaça à liderança dos Conservadores e estes , que não estão constrangidos por ideologias , sempre se sentiram livres, tanto para guinar à direita, (com Thatcher e Cameron), como agora à esquerda com o improvável Boris Johnson, tudo em nome do supremo objectivo que sempre guiou os Tories: A conservação do poder.

    E o que os Conservadores fazem agora é expandir o Estado, em vez de o fazer encolher. Em 20 de Maio foi anunciada a criação de um novo organismo Estatal, (Great British Railways), que irá fixar os horários dos comboios, a venda e o preço dos bilhetes, passando a ser responsável pela manutenção das infraestruturas ferroviárias. O Estado avocou para si um enorme poder que estava integralmente nas mãos dos privados desde 1994. Nada mal para quem era até então um acérrimo defensor do laissez -faire neo-liberal.
    Outros sinais confirmam a viragem à esquerda do Governo: Rishi Sunak, o novo Chanceler do Tesouro, anunciou um aumento do IRC de 19% para 25% até 2023, o valor mais alto desde 1969. O investimento em infraestruturas planeado fará que este seja, em termos do PIB, o mais elevado desde 1970.
    Todas estas mudanças, tão radicais que são, demonstram que os Conservadores reconheceram o óbvio, que só poderiam crescer eleitoralmente à sua esquerda e trataram de fazer por isso, oferecendo uma formula que parece ganhadora: Uma politica economicamente intervencionista, mas socialmente conservadora.

    RuI Rio, pelo contrário segue o seu olfato sem se aperceber que sofre de anosmia, (terá tido Covid ?), o que o leva a confraternizar com a extrema-direita ao mesmo tempo que diz nada ter a ver com ela. Irá aperceber-se, provavelmente tarde demais, que a anosmia não apenas afecta o olfacto, mas também o paladar. E não tarda que o infeliz Rio se veja a comer o que não devia, ufano com o que julga ser a sua perspicácia politica. Mas naquele momento funesto em que a realidade bate à porta, como sempre acontece, muito amargo deverá ser sabor que o pobre Rio vai ter na boca.

    .

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