Uma cambada de oportunistas!

(Amadeu Homem, in Facebook, 09/05/2021)

Amadeu Homem

Um pobre coitado que não tenha capacidades intelectuais, ouvindo os oráculos de serviço a quem pagam para o básico exercício de desinformação política, imaginará que foi o Costa e o seu governo o primeiro e único responsável pela desumanização com que são tratados os imigrantes, tanto no caso de Odemira, como em centenas de outros casos, se se fizer uma investigação escrupulosa.

A verdade é que o fenómeno da imigração ilegal, ou semilegal, ou consentida, ou mesmo devidamente legalizada., com o imenso cortejo de omissões de apoio, ao nível dos direitos humanos mais elementares, este fenómeno dura há décadas. Rolaram governos sobre governos, primeiros-ministros sobre primeiros-ministros, presidentes da República sobre Presidentes da República – e tudo permaneceu na mesma: na mesma, ao nível das condições de remuneração, de habitação, de saúde, de transportes, de tudo.

Agora, por falta de tema e de imaginação, chegaram à praça pública umas carpideiras que estiveram mudas e quedas ao longo de todo este tempo, e apontaram o dedo – que é a única coisa que sabem fazer, pois já se esqueceram de com ele coçarem a esfera anal. E disseram : – A culpa é do Cabrita! Não, a culpa é do Cabrita e do Costa! Não, a culpa é do Cabrita, do Costa e do governo todo; não, a culpa também é de todos estes e do Marcêlho!

Isto é muito singular, porque este País vive beatificamente na modorra, com toda a gente a consentir e a corroborar tudo, enquanto não lhes dá a coceira ou a erisipela do verme político, forma de tesão de mijo, como o dos gajos que já têm a próstata hipertrofiada. Quiseram lá bem saber o Chega, e o CDS defunto, e o PSD convertido em Riacho, e o Bloco do Rosas dos suspensórios, e até o PCP do Jerónimo dos amanhãs vermelhos que os imigrantes dormissem uns sobre os outros ao Deus dará; que os explorassem até ao tutano; que os filhos deles não fossem à escola; que “arreassem o calhau” nas traseiras da rua, talvez por detrás dum tapume. Ponham lá também o próprio PS, que se silenciou tanto como todos estes.

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Mas eis que se destapa a caixa de Pandora em Odemira. Podia ser na Beira Alta, em Trás-os-Montes, no Ribatejo ou em Cacilhas. Foi, por acaso, em Odemira. Convenhamos que foi um assunto gerido por um ministro que talvez tenha nascido para apanhar gambuzinos ou borboletas, para gerir parques de estacionamento ou restaurantes de “fast-food” , mas que não é Peter, mas o próprio princípio de Peter, em forma de Conselheiro Acácio … Esta caricatura de ministro já devia ter caído há muito. Se o Costa tivesse alguma sensatez temática, talvez lhe oferecesse uma sinecura qualquer, onde o fulano pudesse limpar as unhas com um canivete ou se ocupasse a jogar a batalha naval com o porteiro. Mas não! Fez dele ministro – e o resultado vê-se: cada cavadela, seu imigrante, digo, sua minhoca!

Estes gritos de histeria duvidosa que agora se fazem ouvir acerca dos “sagrados direitos da Pessoa Humana” são um dos maiores monumentos à Hipocrisia que alguma vez me foi dado ouvir e contemplar. Nem comento Odemira, pela razão simples de poder comentar Odivelas, ou Paio Pires, ou Linda-a-Pastora, ou Barrancos ou Venda das Raparigas (das não imigrantes e com as vacinas todas tomadas!). O que me dá uma imensa vontade de rir é o Chicão pernóstico, mais a Catarina-que-se-estrafega, mais os homens de mão da Ribeira da Asneira, todos à uma, a chorarem baba e ranho por uma novidade – a das condições deploráveis da mão-de-obra imigrante, em condições muito próximas do esclavagismo, a apresentarem todos a questão como uma novidade completa, como um caso acabadinho de aparecer.

Mas o que é que estes palhaços andaram a observar, ou a refletir, ou a “politicar”, durante este tempo todo? A Verdade de Moisés desceu da Montanha, com as Tábuas da Lei às costas, onde alegadamente se encontrava escrita a Verdade toda. Estes pobres manipansos, durante decénios a fio, estiveram todos a adorar o bezerro de ouro. E o que é mais grave é que nem deram conta de que não tinham religião ou convicção séria. Eram o que foram, o que são e o que sempre irão ser: uma cambada de oportunistas!


18 pensamentos sobre “Uma cambada de oportunistas!

  1. Isto é o tipo de artigos que não servem para nada excepto para auto-satisfação do autor que se apresenta como o único que vê todas as injustiças do mundo. Mas há mais injustiças que ele hoje não vê e que quando forem descobertas ele vai verberar, culpando tudo e todos. Quando todos são culpados, já se sabe ninguém é culpado e a coisa passa e esquece.

    • Nota. Freitas, ó Freitas: acabei de dizer mesmo isso e, portanto, acabou a tua cerca sanitária (agora não te armes em espigadote comigo, pá!). O contributo do Amadeu Carvalho Homem para o asseio da blogosfera é o que se vê, mas o ó d’A Estátua gosta da sopa…

  2. Nota. Dá-te vontade de rir, vovô? É tanta e tamanha a beleza na descrição: o Rosa dos suspensórios, tal como usou o Mário Soares?, o que pressupõe uma vendettazinha, uma Catarina quase fufa, a venda das raparigas mas vacinadas, a fazer lembrar conversas de madame, em resumo uns palhaços, a que nem falta o Marcêlho, tanta verborreia, que o ministro Eduardo Cabrita que tem responsabilidades óbvias até passa até passa despercebido…

    A partir dos 70 anos os netos deveriam ter a possibilidade de bloquear o acesso ao teclado dos avôs maluquinhos, é a minha proposta.

    • 1.

      A esta criatura política repugnante só falta mesmo achar injusta a derrota de nazis e fascistas na II Guerra Mundial

      (Alfredo Barroso, in Facebook, 08/05/2021)

      https://i2.wp.com/estatuadesal.com/wp-content/uploads/2021/05/BARRETO1.jpg?resize=768%2C385&ssl=1

      2.

      RFC diz:
      Maio 10, 2021 às 5:32 pm

      A REQUISIÇÃO EM ODEMIRA É [UM] ACTO DE TERRORISMO POLÍTICO, tags em falta: Eduardo Cabrita, Mariana Vieira da Silva, PS, governo de merda.

      PS E PSD SÃO OS GRANDES VIVEIROS DA CORRUPÇÃO EM PORTUGAL, tags em falta: PS, corrupção, José Sócrates, PSD, Pescanova, corrupção, José Sócrates, Capitão Iglo, corrupção, José Sócrates, Bacalhau Riberalves, corrupção, José Sócrates.

      Nota. Só contextualizando a manchete acrescentaria alguma coisa, diz-se por aí que o Rui Mateus não aconselha a entrega de cheques em branco a alguém que estivesse a menos de 100 quilómetros do largo do Rato (ou que se chame Eduardo ou Barroso).

      RFC diz:
      Maio 10, 2021 às 6:56 pm

      Adenda. Já li a frase, surge como conclusão a uma série de perguntas/respostas (nomeadamente uma frase em que se comenta a Ana Catarina Mendes quando disse mais uma patacoada segundo a qual foi o PS quem esteve sempre na vanguarda do combate à corrupção, em Portugal mas presume-se que também em Paris…, e se acaba por concluir o óbvio: pois, mas foi o PS que também esteve sempre no primeiro lugar do pódio dos corruptos lusitanos…) e, lamento, mas não vejo ali quase nenhuma componente do Viagra do Facebook que tanto perturbou a neura do Eduardo Barroso. Mas tu, ó d’A Estátua, que sempre podes ir a correr ler o Sol online, não concordas exactamente com o quê? Umas cenas brother, yeah?

      Esta malta… sem as a alegrias da Tonicha e mais o zumba na caneca anda perdida, 🙂 !

      RFC diz:
      Maio 11, 2021 às 5:07 pm

      Nota. Então, ó d’A Estátua, nada dizes? Estás com cagufa por dares o braço a torcer aqui à frente de toda a gente e confessares que, afinal, não tinhas lido a entrevista do António Barreto no Sol? E que depois de a leres, com um jeitinho isto vai…, até concordas bastante com o tipo? Vá lá, abre o bico que as pessoas de bem perdoam-te e assim ficas mais longe do inferno…

      Piu-piu, 🙂 ?

      estatuadesal diz:
      Maio 11, 2021 às 5:13 pm

      Vais de mal a pior RFC. Unha com carne com o JMT, e a tirar o barrete ao Barreto, quiçá ainda te hei-de ver a engraxar as botas ao Ventura… E depois vens chamar fascista ao outro… Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és: e as tuas “boas” companhias deixam muito a desejar.

      […]

      3.

      Quando me referi aos desiludidos de Abril estava a pensar em duas coisas muito concretas. Uma tem sido bastante repetida, que é Portugal estar na cauda da Europa. Outra são os casos de corrupção, alguns ao mais alto nível, e a incapacidade da Justiça para agir.

      A corrupção para mim é o mais confrangedor. A corrupção e a Justiça. Quanto ao desenvolvimento económico, é verdade que nos estamos a aproximar da cauda da Europa. Todos os países que se libertaram da ditadura depois de nós, e muitos deles tinham estados de desenvolvimento inferiores ao nosso, adotaram políticas mais abertas, mais dinâmicas, mais de mercado, mais ‘liberais’, e estão-nos a ultrapassar. Todos os anos há mais um país ou dois que nos ultrapassam. Isso é muito grave.

      Preocupante?

      E preocupante. Praticamente a indústria portuguesa está a desaparecer, o turismo estava muito bem mas aconteceu o que aconteceu, o que só mostra a fragilidade do setor, nas tecnologias avançadas e científicas não temos grande especialidade, não temos investidores, não temos capitalistas, não há estrutura bancária. As grandes empresas que podiam desempenhar um papel de drivers, de motores, as CUFs, as SONAEs, a EDP, a PT, a Galp, a Petrogal, os cimentos, as grandes têxteis, as grandes empresas que representavam uma espécie de vanguarda da economia portuguesa, está praticamente tudo destruído. E a banca também. Metade foi morta, a outra metade foi vendida a grupos estrangeiros. Não estou a dizer que a banca nacional é melhor do que a outra, mas haver uma banca portuguesa podia dar alguma racionalidade à economia. Mas a insuficiência económica é obra dos homens. Se você trabalha mal é culpa sua – do trabalhador, do empresário, do banqueiro, do dirigente político, seja quem for. O problema na corrupção é que há uma deliberação malévola e nefasta de causar dano aos outros, de causar dano ao país. Há 20 ou 30 anos que estamos a ser alertados para a corrupção, para a insuficiência da Justiça. Sabe-se tudo, já se percebeu que tanto o PS como PSD são os grandes viveiros da corrupção em Portugal. Há poucos dias um responsável disse que tudo o que existe em Portugal de importante de legislação contra a corrupção foi obra do Partido Socialista. Muito bem. Também quase tudo o que houve de corrupção foi obra do Partido Socialista. [risos]

      Temos os casos de Manuel Godinho, o sucateiro, de Armando Vara, autarcas, além das suspeitas sobre Sócrates…

      Grande parte dos casos que vemos na atualidade são obra de governos do PS. Que está agora a tentar limpar-se, a fazer de si próprio uma virgindade. E tem conseguido, não digo que não. Mas há de se perceber que não é. Tal como há vinte anos o PSD era o grande centro de interesses de corrupção, de promiscuidades, de porta giratória. Cada qual com a sua linha, estes dois partidos contribuíram seguramente para a democracia, para a estabilidade, para a integração europeia. Mas também são os dois partidos que mais contribuíram para a corrupção em Portugal. E não se preocuparam em combatê-la. Fizeram leis anódinas, tão emaranhadas, tão complicadas, tão burocráticas que não servem para nada. Eu só me deprimo quando não vejo solução…

      E para isto, vê solução?

      Não vejo.

      Não há vontade?

      Não há vontade e não há liberdade. A vontade não chega – é preciso não estar preso aos interesses. E não vejo quem esteja totalmente solto nos grandes partidos para fazer frente à corrupção. E não vejo uma Justiça suficientemente livre, entre os diferentes setores não vejo corpos profissionais suficientemente livres e isentos – e, sobretudo, não interessados em rivalizar uns com os outros. O que se passa entre Ministério Público e magistratura, e o que se passa entre a baixa magistratura e a alta magistratura, de conflitos profissionais, políticos, idiossincráticos… é confrangedor. O caso Rosa /Alexandre parece uma caricatura. É um tribunal que só tem dois juízes, que são opostos e que estão a trabalhar no mesmo caso… Parece uma banda desenhada. O problema é que há muitos Rosas e muitos Alexandres em Portugal.

      Nessa guerra Rosa / Alexandre toma partido por algum? Ou mais partido?

      Não tomo partido. Acho que o Carlos Alexandre errou. Aumentou o processo até limites insuportáveis para a força humana – está para lá da força humana, como dizia o nosso poeta. Pensar é seriar os problemas e resolvê-los um a um, não é aumentar, aumentar, aumentar. Devo dizer que cheguei a uma altura em que me perguntava se não é deliberado que o processo esteja deste tamanho para que não haja processo. Hoje já não penso isso. Mas aquilo tem erros de todo o tamanho, ao que consta. E o maior erro, a meu ver, é querer ter num só processo dezenas de culpados, dezenas de casos, dezenas de crimes, etc.

      E do outro lado?

      O juiz Rosa, ou por excesso de ‘juridismo’ ou formalismo, errou. Errou em muitos dos juízos que faz naquele despacho, errou ao tentar ele próprio julgar – não era para isso que estava lá – e creio que errou ao tentar desculpar a maior parte dos arguidos. Se o fez por convicção, por crença, por amizade, por má informação, por erro epistemológico, não faço a mínima ideia.

      Surpreendeu-o esse despacho de pronúncia?

      O despacho do juiz Rosa tem algo de terrível, que merece um romance. Iliba dezenas e dezenas de crimes, acaba com dezenas de processos, iliba dezenas de arguidos, parece uma operação de saneamento – ninguém é culpado de nada. Mas de repente, em meia dúzia de casos, é muito mais assertivo do que o anterior. O juiz Ivo Rosa já julgou Sócrates – o que é um erro, também. Vivi algum tempo convencido – não digo que fosse uma estratégia conspirativa – de que estava a acontecer uma erosão permanente. Era como um monte de açúcar com água à volta. Uma erosão lenta dos processos, dos arguidos – este prescreveu, este não é verdade, para este não há prova, os números não chegaram do Brasil, a conta da Suíça não chegou a tempo, este denunciou mas arrependeu-se – e lentamente, em dez ou vinte anos, ia tudo ser apagado. Esse era o meu receio. E ainda hoje penso isso. Se começarmos a fazer as contas ao que já prescreveu, ao que vai prescrever a breve prazo, à duração dos recursos possíveis, a minha convicção é de que quase nada vai sair daqui. O que é uma condenação histórica da Justiça e do Estado em Portugal.

      Uma demonstração de impotência, de incapacidade?

      Impotência cúmplice. Com uma espécie de interesse na manutenção destas regras, destes procedimentos e destes atores.

      E como se sai daqui? Fala-se muito da reforma da Justiça, mas acredita que ela vá para a frente?

      Esta ministra acaba de propor uma dúzia de medidas legislativas, mais um documento de estratégia de luta contra a corrupção. Se quer que lhe diga, acho que tudo o que está ali está certo. Mas é tudo insuficiente. Tenho um bocadinho de tristeza resignada porque não vejo solução. Não vejo que isto se possa resolver com um cavaleiro que vem aí de espada na mão, um manto branco e um chapéu, pôr isto em ordem. Se esse senhor chegar um dia, em princípio será pior do que os outros. Como é que se chegou a isto? Era uma boa história para contar. Eu não sei o suficiente. Sei que o 25 de Abril, para usar uma frase eterna, ainda não chegou à Justiça. Na altura, com exceção dos juízes do Tribunal Plenário [que julgavam os casos políticos], o resto do aparelho de Justiça ficou conforme estava. A partir de 74-75, as modificações foram sempre muito graduais, e geralmente traduziam-se em penetração, isto é, aumentava mais 50 juízes, mais 50 delegados do Ministério Público, mais 200 para a Polícia Judiciária, e grande parte dessas fornadas eram fornadas políticas e partidárias.

      Houve grupos que se foram infiltrando?

      Há quem diga que há grandes interesses da Maçonaria. É capaz, mas também há de outros que não são da Maçonaria. Há interesses dos católicos. Sim, mas também há de outros que não são. Não, é a influência da Universidade de Coimbra e da Universidade de Lisboa, dizem outros… É muito difícil contar a história da Justiça portuguesa nestes anos e do seu fiasco. A Justiça democrática é um monumental fiasco. Já uma vez disse e repito sem qualquer espécie de vergonha: a Justiça civil e penal do Antigo Regime era mais competente e mais séria do que agora. O problema antigamente era o Ministério Público, que era político, era a Justiça política, dos plenários, os tribunais administrativos, a Justiça económica… tudo isso era do piorio. Mas no aspeto central a Justiça no Antigo Regime era melhor do que agora.

      Fonte: Sol, 8.5.2021, online.

      4.

      Aqui está o que disse o António Barreto que é em tudo diferente do ataque canalha, como se diz agora!, do Eduardo Barroso: quem se der ao trabalho de ler a entrevista e conseguir a “oroeza” de o perceber por um bocadinho que seja compreenderá que há outra gente dita de Esquerda que estará mais de acordo com ele do que eu. Entretanto, para além da minha lição de moral (que surgirá num comentário a seguir, para não enjoar) fiquei sem saber exactamente com o que é que ó d’A Estátua discorda do António Barreto, afinal. Pode ser que hoje, quem sabe…

      Então, descoses-te?

    • E aqui está a lição de moral! Embrulhas, ó d’A Estátua?

      🙂

      […]

      RFC diz:
      Maio 11, 2021 às 5:51 pm

      Epá, deixas-me num problema: como já te disse entre o JMT e o cabrão do José Sócrates mentiroso tens o paladar avariado (eu que não tenho obrigação nenhuma de amar ou detestar o JMT, tanta água que passou por debaixo da ponte…, sei reconhecer que nos seus artigos, quando acerta, acerta em cheio e que é ele que aguenta a última página do P. pois o coninhas do Rui Tavares escreve parvarias sem pileira nenhuma em 99% dos casos); que entre as neuras facebookianas do Eduardo Barroso e uma apreciável percentagem do que escreve o António Barreto a minha escolha, óbvia!, vai para o Barreto que tem uma substancial obra publicada no campo da sociologia, reforma agrária, a actualização do Dicionário da História de Portugal, sobre a fotografia (ainda há dias consultei a sua obra sobre o Douro) e do ensaio embora seja cimoletanen (do Eduardo Barroso tenho na minha biblioteca, provavelmente comprei-o por o prefácio ser do Mário Soares…, tenho um livrinho que saiu aquando da guerra do Iraque). Portanto…

      RFC diz:
      Maio 11, 2021 às 7:53 pm

      Onde se lê:
      cimolaten, ou assim.

      Deveria ler-se:
      completamente, queria eu dizer que não tenho de concordar completamente com o que ele escreve (em todo o caso, acrescento, o António Barreto fez uma análise inteligentissima da performanceda Ivo Rosa durante a leitura da instrução com que pretendeu salvar o pescoço do José Sócrates… Pena é que o ó d’A Estátua não a tenha partilhado pois aprender-se-ia bastante). Aproveito ainda para esclarecer que eu não como palha dalguns chefes de tribo da Esquerda com selo branco no notário, Rui Tavares e Inês Pedrosa, do género popularucho das cenas que afligem a Fernandinha Câncio, do mesmo mal sofre a Isabelinha Moreira ou, mesmo, as alarvidades do Daniel Oliveira à excepção de-de, a espingarda da Ana Gomes, o Pedro Adão e Silva e tenho por hábito dizer, na altura, o que me apraz dizer… As vantagens são óbvias já que, das próximas vezes em que ad lambidelas se sobrepõem à realidade das coisas, não fui, não sou e não serei obrigado a fazer figuras tristes, ou estranhas para dizer o menos…

      Aprende tu com quem sabe destas e doutras coisas, pois!

      🙂

  3. Não, não são todos iguais. Seria melhor se o senso comum se informasse antes de anatemizar todos por igual. Estes gritos de raiva pequeno-burguesa só retroalimentam a desinformação dos media dominantes com o senso comum por eles produzido.

    Há quem ande há muitos anos a falar no assunto.

    Junho 2018
    https://www.pcp.pt/recomenda-ao-governo-monitorizacao-ambiental-socioeconomica-demografica-das-areas-sujeitas-processos

    Abril 2018
    https://www.pcp.pt/condenacao-pelas-politicas-de-violacao-de-direitos-dos-migrantes

    Setembro de 2015
    https://www.pcp.pt/sobre-situacao-dos-refugiados-imigrantes-na-europa

    Novembro de 2004
    https://www.pcp.pt/pcp-com-imigrantes-defender-aplicar-direitos

    São só 4 de mais de 50 entradas sobre imigração e tráfico de seres humanos.
    Só não sabe quem não quer saber.

  4. Texto essencialmente correto.

    Apenas cai na mesma cegueira dos que acusa ao não perceber que os problemas dos imigrantes são essencialmente os mesmos de toda a classe trabalhadora – numa versão agravada claro.

    Para os trabalhadores portugueses os reguladores, as tutelas, os jornalistas, politicos e comentadores também nunca vêm nada da violação em massa do código do trabalho e dos direitos fundamentais.

    Á esquerda praticamente só interessa defender imigrantes e funcionários públicos e a direita quer foder todos os trabalhadores, pretos, brancos e amarelos às riscas.

    A maior parte da população está abandonada pelas “elites” e é isso que está a alimentar a demagogia da extrema direita.

    • Mudaste de estratégia, pázinho?
      Todos os dias que se vem aqui e são tantos likes a outros tantos posts de merda, deves querer qualquer coisa em troca, ó fascista…

      • Caro RFC.

        Sempre estive do lado da esquerda na maior parte das questões sociais e “fraturantes” incluindo a defesa dos direitos dos imigrantes É por isso que já votei muitas vezes na esquerda e nunca na direita.

        Imagina que antes de começar aqui a ser insultado e ameaçado por vocês até tinha pensado em contribuir monetariamente para a estatua.

        Apenas sou contra a defesa de ditaduras e da teoria da conspiração de hoje em dia todas as sociedades brancas perseguem as outras raças, simplesmente porque hoje em dia isso é mentira.

        Hoje os capitalistas exploram toda a gente, independentemente da raça e as pessoas brancas não são piores do que as negras só por causa da cor da pele.

        E a vossa teoria da conspiração dos brancos serem sempre racistas é RACISMO. contra o povo português.

        Agoa vai lamber a cona à tua mãe que já estou a dar conversa demais a um filho da puta.

  5. Concordo com o Amadeu Homem sobre as carpideiras (de todos os quadrantes políticos) que agora despertaram para o problema dos imigrantes explorados nos campos do Alentejo (no restante Portugal e no resto da Europa) como se o fenómeno da imigração legal e da desumanização com que são tratados, fosse da única responsabilidade dos governantes europeus.
    Mas vou mais além, porque me espanta o silêncio sepulcral dos que agora se indignam (e bem) sobre as condições a que estes imigrantes estão sujeitos em solo europeu, mas que nada dizem quanto ao que se passa nos Estados africanos e asiáticos, minados por guerras civis sem fim, golpes de Estado sucessivos e dirigidos por governantes cleptocratas que se locupletam com as riquezas dos seus povos transferindo-as para paraísos fiscais do Ocidente. No fundo, são estes regimes despóticos a causa do drama que faz com que centenas de milhares dos seus cidadãos percorram milhares de quilómetros ou se sujeitem a ser devorados pelas águas do Mediterrâneo, para chegar à Europa que, ainda assim, lhe proporciona melhores condições (ao nível da remuneração, de habitação, de saúde, de transportes, de tudo) do que as da miséria e fome que alguma vez tiveram nos seus países de origem.
    Chinua Achebe (1930-2013), escritor nigeriano e um dos mais lúcidos narradores do colonialismo europeu em África e depois da descolonização – estão publicados em Portugal “A Flecha de Deus (Edições 70, 1978), “Um Homem Popular” (Caminho, 1987) e aquele que é considerado a sua obra-prima, “Quando Tudo Se Desmorona” (Mercado de Letras, 2008) – foi um crítico feroz dos políticos africanos corruptos e uma voz incómoda para os intelectuais africanos que sob qualquer pretexto desfraldam a bandeira da “vitimização” do continente, demitindo-se assim de responsabilidades, mas também daqueles que no Ocidente não se conseguem ver livres de um exacerbado complexo de culpa histórica, e que com essa disfarçada atitude paternalista mais não fazem do que legitimar a hipocrisia e a desgraça dos povos africanos.
    Ou também de um outro intelectual nigeriano Kole Omotoso que fala na nova “tribo dos Mabenzi, os que guiam Mercedes”, referindo-se às novas classes dirigentes que ocuparam o poder nos países africanos depois das independências e que enriqueceram ao chegarem ao poder mas que continuam a travar as aspirações dos seus povos e que como afirma “por um lado, têm um discurso antiocidental, anticapitalista, mas, por outro, estão a roubar os recursos dos seus próprios povos e a pô-los no Ocidente, impedindo esses povos de aspirar a uma vida digna”.

    • «Agora, por falta de tema e de imaginação, chegaram à praça pública umas carpideiras que estiveram mudas e quedas ao longo de todo este tempo, e apontaram o dedo – que é a única coisa que sabem fazer, pois já se esqueceram de com ele coçarem a esfera anal.», cito o Amadeu Carvalho Homem.

      Nota. Porra, onde é que tu foste buscar tanto pano para dares à luz tamnho lencol? Pois é, Carlos Antunes, ganha juízo e deixa-te de gastar tanta cera com tão ruim defunto. Coitado dos intelectuais africanos citados a despropósito, só faltou citares umas cenas que ouviste dizer sobre o Achille Mbembe…

    • Carlinhos: essa não pega comigo, mas já agora tens de te actualizar. Citar em lugar de destaque uma tradução de 1978 é um possível sinal de que te referes a uma obra da década da descolonização africana. Quem em 2021 subtrai ainda 1960 dá qualquer coisa como sessenta e um, e parou no tempo à sombra da bananeira?

      • Bruxo fã do Amadeus: a primeira edição é de 1964, olha lá, não tens aí na algibeira nenhuma charla de um pied-noir por alturas da independência da Argélia? Conheces o Albert Memmi, leste Sartre, as traduções maradas do camarada Marx em francês como dizia o Vasco Pulido Valente, já que o Fanon é amigo do Mamadou Bá?

        🙂 , onde tu te foste meter pá!

      • RFC
        Mais uma vez revelas a ignorância e um profundo desconhecimento do que se passa em Àfrica.
        Referi três obras editadas em Portugal (a última das quais em 2008) que percebo que nunca leste, porque se o tivesses feito, percebias que a descrição do Chinua Achebe é plenamente actual sobre o que se passa em África.
        E quanto ao Kole Omotoso ainda não há muito tempo esteve entre nós, e descreveu com muito realismo o que se passa em África, numa Conferência da Glubenkian.
        E termino por aqui, porque já vi que não vale a pena debater com quem não está ciente de algo.

        • … «quem não está ciente de algo.»: esta é gira tanto qu’até parece que foi escrita e pensadapela desmiolada Graça Fonseca, a maria-rapaz do drink ao fim da tarde! Olha lá: Glubenkian é inspirado nela também, vem de glu-glu com piquinhos?!

          🙂 , não te amofines pá.

  6. Sem uma análise profunda, mas, confesso que gosto do texto, embora o entenda envolvido numa onda de radicalização. Ninguém se salva, ou ninguém se salva sozinho?!
    Obrigado pela partilha.

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