Maria Antónia Palla nas muralhas da cidade

(Por Valupi, in Blog Aspirina B, 17/04/2021)

Sócrates: Porquê tanto ódio

A surpreendente, para muitos chocante, intervenção pública de Maria Antónia Palla contra o ódio político e contra a violência da direita permite tocar no melindroso assunto das relações pessoais afectadas pela Operação Marquês. É matéria íntima e privada, dentro do que os próprios considerarem como tal, mas cruza-se com a dimensão republicana para que somos convocados como cidadãos.

Como este cristalino texto de uma jornalista consagrada (e histórica combatente pela dignidade, pela democracia e pela liberdade) deixa num exuberante e comovente exemplo.

Gosta da Estátua de Sal? Click aqui.

Realmente, é preciso ter 88 anos – ou seja, é preciso ter memória – para conseguir relacionar as peripécias da caçada a Sócrates com o modus operandi de uma ditadura. Essa característica referencial do seu clamor por “compaixão” (qualidade “feminina”, no sentido de ser do foro da empatia e da alteridade, da moldagem e do perdão) a propósito de uma figura tão inauditamente polémica como Sócrates talvez tenha sido o que levou Daniel Oliveira a carimbar como “absurdo” o passo em frente em direcção aos algozes e à turbamulta dado por Palla. O mesmo Daniel que, nas linhas cimeiras e altaneiras à desconsideração sonsa da voz da mãe de António Costa, se entretém a insultar Sócrates armado em psicólogo de café e reclamando o papel de defensor do PS e das vítimas do Engenheiro; vítimas estas por causa das relações pessoais (no partido e/ou na esfera privada) que mantinham com ele ao tempo da sua detenção e da revelação dos factos relativos ao dinheiro que Santos Silva lhe fazia chegar, directa e indirectamente.

Essas pessoas são vítimas, isso é inquestionável. Os danos do escândalo terão afectado a sua saúde de forma traumática. E para aquelas com profissões e actividades que impliquem exposição pública ainda mais, pois há um inevitável efeito de contaminação na reputação que passa a ser explorado incessantemente por pulhas e broncos. Estas pessoas, portanto, e sem carência de mínima explicação, não dispõem de qualquer motivação para mexer uma palha que possa ir ao encontro dos interesses de Sócrates. Algumas, precisamente por terem a sua voz amplificada pela comunicação social e tal lhes dar ocasião e influência para se protegerem, desde muito cedo sentiram a necessidade de começar a castigar Sócrates no plano moral, considerando (e com toda a razão) que os actos por ele assumidos em artigos e entrevistas já chegavam para uma condenação da sua conduta na esfera dos relacionamentos sem ser preciso esperar pelo desfecho do processo judicial.

Pedro Adão e Silva é um dos mais salubres, ponderados, objectivos e intelectualmente honestos “comentadores de referência”. Na edição do Bloco Central de ontem, podemos ouvi-lo na enésima denúncia moral contra Sócrates. A sua veemência desta vez, o próprio circuito espontâneo da fala, mostra como a dor que o dilacera ultrapassa a sua individualidade, remete também para terceiros que lhe são muito próximos (é o que intuo). Trago este episódio porque o Pedro, no embrulho narrativo com que procura matar simbolicamente quem considera culpado pela sua agonia, deixa as emoções dominarem a sua inteligência e ataca Ivo Rosa recorrendo a um dos argumentos mais usados na campanha para o desacreditar, o de que estaria num combate contra Carlos Alexandre e que teria disfunções psicológicas. Trata-se de uma falsa equivalência, criada para branquear Carlos Alexandre (um juiz que viola vários dos seus deveres) e para diabolizar Ivo Rosa (um juiz que cumpre exemplarmente todos os seus deveres). O admirável Adão e Silva, na frustração e desejo de vingança contra Sócrates, alargou a um inocente a impotência furiosa que o consumia.

Eis três radicalmente distintas formas de lidar com o mesmo, a dimensão moral da conduta de Sócrates nisso em que as suas decisões afectaram relações pessoais de diferente tipologia e grau. Daniel Oliveira aproveita para despachar mais uma encomenda de Balsemão e Ricardo Costa, os seus patrões, dando-lhes daquilo que eles gostam. O sofrimento a que alude no seu exercício é apenas carne para o canhão de um publicista. Pedro Adão e Silva expõe-se na sua fragilidade e dano, assume o seu papel no que fica como uma tragédia pois ele próprio se deixa diminuir na ânsia de se defender. E Maria Antónia Palla, que dá toda a ideia de ainda saber que António Costa é seu filho, avança por cima dos escombros das relações pessoais desmoronadas no PS, avança debaixo do fogo de barragem da direita que quer maximizar os ganhos e tentar atingir e comprometer o maior número dos talentos políticos socialistas que conseguir, para dizer na cara da multidão que a cidade também é dela.

Confesso: fiquei com inveja de Costa.


Fonte aqui

14 pensamentos sobre “Maria Antónia Palla nas muralhas da cidade

  1. Eu bem estava à espera de ler aqui a crónica do António Guerreiro mas parece que em certos temas a selecção da Estátua é, digamos, muito selectiva… não se arranja melhor que o cromo do Valupi?

      • A minha intenção, mais do que criticar, era chamar a atenção para a enxurrada de artigos dos últimos dias que têm em comum isto- não dizem nada que se aproveite. e as redacções ridículas do Valupi só acentuam essa cacofonia. Como este blogue em geral costuma seleccionar bem o que publica e desta vez parece ter perdido o norte, sugeri a crónica do Guerreiro para pôr um pouco de água na fervura que por aqui anda. Só isso e compreendo e agradeço o trabalho que tem a manter o blogue.

          • Francisco Louçã

            Ivo Rosa escancarou duas portas à corrupção

            […]

            Nota. Por falar nisso, este link que está hoje no Expresso online deve ser um artigo e peras e do caraças e do camandro ó d’A Estátua! Sou eu que te peço pois eu também agradeço sempre o que fazes, como sabes…

            🙂 , é mesmo já a seguir?

  2. Esta campanha da estátua a favor dos milionários corruptos que andam a roubar o povo como se fossem as vitimas mete NOJO.

    Ó estátua, as vitimas aqui somos todos nós.

    Se tu não te importas de pagar as putas ao Sócrates ao Mexia e ao Salgado paga com o teu dinheiro.

  3. O Valupi é duplamente mentiroso.

    Não só apresenta os criminosos capitalistas corruptos que roubam o povo como vitimas da sociedade, como apresenta a Palla como grande defensora da “dignidade humanista”.

    Para já quem tem um pingo de dignidade não defende a corrupção. Ponto.

    E depois essa heróica defensora do “humanismo” foi uma apoiante de Jonas Savimbi, mercenário dos americanos e da África do sul do tempo do aparteid.

    Esse Savimbi fez parte da UPA e depois formou a UNITA.

    Ambas as organizações começaram as suas actividades militares com massacres de familias de portugueses e de africanos de outras etnias.

    Milhares de mulheres e crianças portuguesas e africanas foram atacadas, violadas e torturadas até à morte pelos facínoras Olden Roberto e Jonas Savimbi.

    Os seus cadáveres esventrados e esquartejados eram deixados bem à vista para espalhar o terror numa antecipação da táctica do estado islâmico.

    Foram esses massacres que o filósofo Fanon incentivou nessa época com os seus apelos à “morte do homem branco”, agora recentemente retomados pelo outro racista, o Mamadu. E o estado islâmico e outros fundamentamistas islâmicos apoiam-se também na obra de Fanon e outros semelhantes para justificar “filosoficamente” os seus massacres de civis ocidentais.

    Por isso essa senhora tem historial de apoiar criminosos contra a humanidade e ê humanista o tanas.

    Seria a mesma coisa que pretender que os apoiantes da extrema direita são “humanistas”.

    • Pedro
      Não sabes o que dizes, e então da história de Angola és um profundo ignorante.
      Savimbi um ovimbudu do sul de Angola, nunca foi da UPA -União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), mais tarde designada UPA de Holden Roberto, desde sempre ligado ao norte-americanos e lutou contra esta, mas também contra os “quimbundus” do MPLA, ligados aos soviéticos.
      São célebres as palavras de Savimbi antes de morrer proferidas na língua ovimbudu “Ise okufa, etombo livala” (“Prefiro antes a morte, do que a escravatura”) e também o clamor do seu povo após a sua morte “Sekulu wafa, kalye wendi k’ondalatu! v’ukanoli o café k’imbo lyamale!” (“Morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados, ou ser escravos na terra que ajudamos a libertar”).
      Esqueces que o maior assassino do povo angolano foi Agostinho Neto que no golpe de 27 de Maio de 1977, a pretexto da chamada intentona do Nito Alves, mais de 30.000 angolanos foram torturados, mandados para campos de concentração e fuzilados sem julgamento ,num dos períodos mais negros da história angolana que o MPLA persiste em esconder. As famílias continuam, 43 anos depois, a exigir a abertura de processos para localização, identificação e devolução dos restos mortais das vítimas do 27 de Mio e insistem na identificação dos responsáveis pelos assassinatos.
      abraço, mas por favor estuda melhor a história de Angola.

      • Caro Antunes.

        Já reparei que neste blog partem logo para o insulto sem sequer confirmar o que dizem.

        Antes de formar a UNITA, Savimbi não só fez parte da UPA como foi o seu secretário geral, no ano em que a UPA massacrou milhares de civis, crianças de colo incluídas.

        “Jonas Savimbi, the future leader of UNITA, joined the UPA in February 1961 at the urging of Mboya and Kenyan Prime Minister Jomo Kenyatta. Later that year Roberto appointed Savimbi Secretary-General of the UPA.”

        https://en.wikipedia.org/wiki/Holden_Roberto

        Eu não disse se os seus objectivos eram bons ou maus, ou se o MPLA era melhor – eu até sou pela independência de Angola.

        Digo que todos, UPA, FNLA, UNITA e MPLA cometeram crimes contra a humanidade.

        Logo, quem apoiar acriticamente estes movimentos está ao mesmo nível dos nazis.

        Se a Palla adora o Savimbi adora um criminoso de guerra e não tem moral para abonar pela moral do Sócrates nem de ninguém.

        Se não descemos ao nível dos comunas aqui do blog, para quem degolar bebês não faz mal se o degolador for de esquerda.

        https://noticiasviriato.pt/wp-content/uploads/2021/03/angola-61.jpg
        Crimes da UPA de Olden Roberto-Savimbi

        Por fotos como esta fico um bocado nervoso quando os amigos esquerdistas vão buscar o Fanon, que na época incentivou estes massacres com o seu célebre É PRECISO MATAR O HOMEM BRANCO.

        Fanon que ainda hoje inspira grupos como o estado islâmico.

        Claro que os capados mentais juram que o Mamadu estava só a brincar e tal.

        Desculpem lá, mas eu confio tanto em vocês como no Ricardo Salgado.

        • Pedro
          Quando me respondem com argumentos baseados na Wikipedia ou notiicasviriato está tudo dito.
          Recorrendo à história cientifica (e felizmente a verdade sobre a história de Angola colonial e pós-colonial tem vindo recentemente a ser feita por diversos historiadores angolanos) a verdade é que nenhum afirma que Savimbi tenha alguma vez feito parte da UNTA ou da UPA do Holden Roberto!
          Como alguém disse “há sempre três bons argumentos para justificar uma grande asneira, mas nem por isso a asneira deixa de o ser”.
          Já vi que consigo não vale a pena argumentar racionalmente e portanto é o meu último post sobre o assunto.
          Mas continuo a aconselhá-lo vivamente a estudar com maior rigor científico a história de Angola, não com base na Wikipedia, mas na historiografia levada a cabo pelos historiadores angolanos.

          • Caro Antunes.

            Todas as referências biográficas de Savimbi dizem que ele começou a sua vida política na UPA.

            Mas você é que sabe, alguma vez eu ia duvidar da palavra de um frequentador deste blog ?

            Até já vários me chamaram mentiroso a dizerem que Lenine derrubou o Czar e não o democrata socialista Kerensky.

            Já vi que isto é só génios da história alternativa e todos “educadíssimos” e nada mentirosos e arrogantes.

            Olha, não tenho pachorra para te aturar pá.

  4. Nota. Quando der, apresento uma versão anotada com todas as palermices com que a estatualdesal tem mimoseado os seus leitores desde que o juiz Ivo Rosa disse confirmou, também ele, que o José Sócrates é um contumaz mentiroso. Acrescento ainda que, sobre este e outros assuntos, eu não me enfrasco e não me embebedo mesmo e que consigo manter uma conversa com lógica. Tudo p que a seguir podem ler, ou quase?, faz parte das movimentações da tal conta escondida no BES usada em proveito unicamente de… José Sócrates (podem rir-se mas aqui o corruptor é o próprio Carlos Santos Silva, segundo a versão do juiz de instrução).

    ______

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep1)
    25 MAIO 2020 ÀS 17:25 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    No Poleiro

    – Já cheguei. A q horas vens?

    Às 13.57 horas, o arguido JOSÉ SÓCRATES encontrava-se a almoçar na zona de Entrecampos, em Lisboa, no Restaurante “O Poleiro”.

    – Ja vou.estoi a almocar.as 3?

    Grande José Sócrates, 10.1.2014 (páginas inéditas da sua obra filosófica, em preparação).

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep2)
    26 MAIO 2020 ÀS 16:45 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    Top

    Na mesma ocasião, o arguido JOSÉ SÓCRATES procurou informar-se, junto da editora BABEL, sobre quem atribuía os prémios em relação ao livro de ensaio e, ainda, qual o valor desses prémios, tendo-lhe sido referido que os prémios eram atribuídos pela APE (Associação Portuguesa de Escritores) e pela APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros).

    A BABEL concorreu a vários prémios, não tendo sido atribuído qualquer prémio ao livro publicado pelo arguido JOSÉ SÓCRATES.

    Grande José Sócrates, 3.1.2014 (páginas inéditas da sua obra filosófica, em preparação).

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep3, duplo)
    27 MAIO 2020 ÀS 19:25 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    Maçadas

    Não obstante a falta de liquidez da sua conta, o arguido JOSÉ SÓCRATES fazia questão de fazer donativos, sempre através de registo expresso na sua conta bancária, como aconteceu no dia em que efetuou um donativo a favor de Agostinho A., no valor de €2.000,00 tendo a sua conta ficado, após tal movimento, com um saldo negativo de €7.721,01.

    O mesmo aconteceu três meses depois, data em que efetuou um contributo para as festas de Vilar de Maçada, no valor de €1.500,00 tendo a sua conta ficado, depois disso, com um saldo negativo de €1.697,41.

    Grande José Sócrates, 10.7.2014 e 7.10.2014 (páginas inéditas da sua obra filosófica, em preparação).

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep4)
    27 MAIO 2020 ÀS 23:02 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    Taxinhas

    O arguido JOSÉ SÓCRATES dirigiu-se a uma caixa Multibanco para proceder ao pagamento de €1.600,00 referente a taxa de justiça de uma ação cível que havia intentado contra o CORREIO DA MANHÃ.

    Todavia, não conseguiu realizar esse movimento, que foi recusado por falta de saldo, pelo que entrou em contacto com a sua gestora de conta que o informou que apesar da sua conta ordenado ter um plafond a descoberto de €10.000,00 como a sua conta apresentava um saldo negativo de €8.697,88 o remanescente não era suficiente para proceder ao pagamento da quantia de €1.600,00.

    Grande José Sócrates, 5.8.2014 (páginas inéditas da sua obra filosófica, em preparação).

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep5)
    28 MAIO 2020 ÀS 17:38 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    Mula*

    Assim nesse dia, o arguido GONÇALO FERREIRA foi ao encontro do arguido JOÃO PERNA, na zona de Telheiras, em Lisboa, a quem fez a entrega de €5.000,00 em numerário.

    O arguido JOÃO PERNA, na posse da referida quantia, entregou-a ao arguido JOSÉ SÓCRATES, momentos depois.

    Deste montante, o arguido JOÃO PERNA entregou a quantia de €1.000,00 a Célia T., tendo referido, a alguém de nome Isabel, que ainda não tinha ido de férias porque:

    – Tinha que entregar dinheiro a uma mula, que estava na praia.

    Célia T., após receber tal quantia, entregue a título de ajuda financeira que esta vinha solicitando, há alguns dias, ao arguido JOSÉ SÓCRATES, como aliás acontecia todos os meses, enviou-lhe “sms” de agradecimento.

    Asterisco. Mula de padre: Mytho da barregã do ecclesiastico, que metamorphoseada em mula, cumpre o seu fadario em certas noites, sentindo-se mesmo a sua passagem pelo tropel vertiginoso da carreira com que caminha, e o lugubre tilintar das cadeias que arrasta, apavorando immensamente a quantos presentem tudo isto. Cfr. Vocabulário Pernambucano, 1976 [1937], pp. 537-538.

    Grande João Perna, 6.8.2014 (páginas inéditas das memórias do antigo chauffeur de José Sócrates, em preparação).

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep6, triplo)
    29 MAIO 2020 ÀS 15:55 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    Vai-te

    1. O arguido JOSÉ SÓCRATES, através de “sms” enviado a Sandra S. perguntou quanto é que ela precisava, tendo esta respondido, por “sms”, em que o informou que precisava de €3.000,00.

    O arguido JOSÉ SÓCRATES, igualmente por “sms”, referiu-lhe:

    – Ora, deixa la. O nosso amigo vai-te mandar como habitualmente, ok?

    2. Assim, no período de tempo compreendido entre 2008 e 2014, o arguido CARLOS SANTOS SILVA, cumprindo instruções do arguido JOSÉ SÓCRATES, fez transferir, a favor de contas abertas, na
    Suíça, em nome de Sandra S., a quantia global de €99.750,00.

    3. Assim, no período compreendido entre os anos de 2008 e 2014, a título de transferências realizadas para contas abertas em nome de Sandra S., de remessa de quantias, via Western Union, e de pagamento de deslocações de Sandra S. entre Portugal e a Suíça, a partir da conta do BES, em nome do arguido CARLOS SANTOS SILVA, foi despendida a quantia global de €106.528,27.

    Grande José Sócrates, 10.11.2013, assim-assim, passim (páginas inéditas da sua obra filosófica, em preparação).

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep7, a quadratura da vergonha)
    30 MAIO 2020 ÀS 17:30 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    Formentera

    1.

    2.

    3. A reserva da moradia escolhida para a estada em Formentera foi realizada pelo arguido CARLOS SANTOS SILVA, por solicitação do arguido JOSÉ SÓCRATES, diretamente com o respetivo proprietário, Arturo F.

    Assim, o custo global desta estada importou em €18.000,00 que, por indicação do arguido JOSÉ SÓCRATES, foram pagos pelo arguido CARLOS SANTOS SILVA, mediante transferência bancária realizada por débito na conta do BES, da titularidade daquele arguido, mobilizando os fundos que ali se encontravam depositados e eram pertença do arguido JOSÉ SÓCRATES.

    4. No período em que o arguido JOSÉ SÓCRATES esteve em Formentera não se registaram, na sua conta junto da CGD, quaisquer débitos relacionados com despesas dessas férias.

    Como estava acordado entre os arguidos, após a repatriação do dinheiro da Suíça, as despesas do arguido JOSÉ SÓCRATES, em viagens e alojamento, eram sempre suportadas pelo arguido CARLOS SANTOS SILVA, que fazia as respetivas compensações com dinheiro que era do arguido JOSÉ SÓCRATES, mas que detinha em seu nome.

    Grande José Sócrates, 7.7.2014, 11 e 12.7.2014, “há festa na moradia” de 8 a 20.7.2014, passim (páginas inéditas da sua obra filosófica, em preparação).

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep7, segunda parte d’a quadratura da vergonha)
    31 MAIO 2020 ÀS 17:26 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    Formentera

    1. A arguida INÊS DO ROSÁRIO ligou ao arguido JOSÉ SÓCRATES, tendo ficado combinado que o arguido JOÃO PERNA se encontraria com ela, ao final da tarde, a fim de lhe entregar os bilhetes e as quantias em numerário.

    De seguida, o arguido JOSÉ SÓCRATES telefonou ao arguido JOÃO PERNA e ordenou-lhe que fosse encontrar-se com a arguida INÊS DO ROSÁRIO para lhe:

    – … dar os bilhetes e… uma série de coisas.

    Nesta “série de coisas” incluía o arguido JOSÉ SÓCRATES o recebimento, como tinha sido combinado entre os arguidos JOSÉ SÓCRATES, CARLOS SANTOS SILVA e INÊS DO ROSÁRIO, de €10.000,00 em numerário, que tinham sido levantados.

    Nesse circunstancialismo, a arguida INÊS DO ROSÁRIO entregou ao arguido JOÃO PERNA, os bilhetes impressos para a viagem para a Ilha de Formentera, bem como a quantia de €10.000,00 em numerário, que o arguido JOÃO PERNA entregou ao arguido JOSÉ SÓCRATES.

    2. Nesse telefonema, [posterior, dia 7 antes e dia 11 agora] o arguido JOSÉ SÓCRATES aproveitou para pedir a entrega de mais uma quantia em numerário dizendo que:

    – Precisava… de mandar aí o João… para, uma coisa… pode ser ah… menos que, ou metade… de… de…

    Queria dessa forma, referir-se a uma entrega de metade do habitual que, nesse período, se cifrava em entregas no montante de €10.000,00.

    Uma vez na posse da referida quantia de €5.000,00 em numerário, o arguido JOÃO PERNA, conforme instruções que havia recebido, tentou ligar ao arguido JOSÉ SÓCRATES, mas não conseguiu falar com o mesmo, alegadamente, por falta de rede.

    Nessa impossibilidade, o arguido JOÃO PERNA telefonou a Fernanda C., tendo-a informado que já tinha ido buscar os documentos, conforme instruções recebidas do arguido JOSÉ SÓCRATES, e queria saber o que fazer com os mesmos.

    Fernanda C. avisou o arguido JOSÉ SÓCRATES que o arguido JOÃO PERNA tinha ligado por causa dos “documentos”, tendo aquele ficado extremamente irritado com o facto de o arguido JOÃO PERNA ter telefonado a Fernanda C.

    De seguida, os arguidos JOSÉ SÓCRATES e JOÃO PERNA mantiveram conversa telefónica em que aquele, visivelmente irritado, lhe referiu que “essas matérias”, referindo-se à entrega de quantias em numerário, tinham que ser tratadas direta e exclusivamente com ele e que, no caso de não conseguir falar com ele, tinha que esperar, não podendo falar com mais ninguém sobre esse assunto.

    O arguido JOÃO PERNA ainda tentou argumentar dizendo que não falou em dinheiro, mas em “documentos”, retorquindo o arguido JOSÉ SÓCRATES que não podia falar com mais ninguém, estava proibido, respondendo o arguido JOÃO PERNA que já tinha percebido.

    3.

    4.

    Grande João Perna, 7.7.2014, 11 e 12.7.2014, “há festa na moradia” de 8 a 20.7.2014, passim (páginas inéditas das memórias do antigo chauffeur de José Sócrates, em preparação).

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep8)
    1 JUNHO 2020 ÀS 17:29 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    Perna Longa

    O arguido JOÃO PERNA transmitiu mesmo à sua irmã Paula P., o seu desagrado em relação à conduta do arguido JOSÉ SÓCRATES, quanto aos pedidos de adiantamento de dinheiro da própria conta do JOÃO PERNA, para pagar encargos daquele, referindo que, nesse mesmo dia, o arguido JOSÉ SÓCRATES até tinha mandado o filho pedir-lhe dinheiro, solicitação que se tinha repetido em três dias seguidos.

    Com efeito, o arguido JOÃO PERNA adiantava dinheiro do seu bolso ao arguido JOSÉ SÓCRATES, a pedido do mesmo, para este pagar almoços e jantares e outras despesas, continuando a pedir-lhe o adiantamento dessas quantias mesmo quando JOÃO PERNA lhe referia que era ele próprio quem precisava de dinheiro, pelo que o JOÃO PERNA referiu à sua irmã, na conversa supra referida que:

    – Ele não tem e o mais engraçado é que eu tenho de ter.

    Com efeito o arguido JOÃO PERNA tinha adiantado ao arguido JOSÉ SÓCRATES, por solicitação deste, a quantia de €200,00 e tinha ainda pago refeições para o filho deste último arguido, colocando o próprio JOÃO PERNA em dificuldades financeiras.

    Tais dificuldades do arguido JOÃO PERNA levaram mesmo a sua irmã Paula P., conhecedora de que era o arguido CARLOS SANTOS SILVA que fazia chegar as quantias em numerário ao arguido JOSÉ SÓCRATES, a sugerir-lhe que falasse com quem fazia as entregas de dinheiro para o arguido JOSÉ SÓCRATES, perguntando-lhe se:

    – … não falas com o outro? Ou não sei quem te dava o dinheiro?

    Grande João Perna, 15.10.2014 (páginas inéditas das memórias do antigo chauffeur de José Sócrates, em preparação).

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep9, epígrafe de uma vida)
    2 JUNHO 2020 ÀS 16:58 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    Boquiabertos

    O arguido JOSÉ SÓCRATES perguntou a José A. V., qual o montante de IRS que tinha que pagar e qual o prazo limite para o fazer, tendo sido informado que o prazo de pagamento terminava nesse dia.

    Mais o informou, que o arguido JOSÉ SÓCRATES tinha a pagar €43.724,13 a título de IRS, devendo proceder a tal pagamento através de transferência bancária, situação que deixou este arguido muito incomodado, ao ponto de desabafar:

    – Estes gajos são… são uns ladrões, este governo, ópá!….

    O arguido JOSÉ SÓCRATES ligou à sua gestora de conta da CGD, Dina A., a quem pediu ajuda para resolver o problema com que se deparava em relação ao pagamento do IRS.

    Referiu[-lhe] que tinha que pagar o IRS, que já tinha um dia em atraso [cinco, na verdade] e que tinha ficado “boquiaberto” com o valor que tinha para pagar, tendo mesmo desabafado:

    – … realmente, agora já começo a passar-me para o outro lado, acho que realmente o Estado nos rouba de uma forma absolutamente impressionante.

    Dina A. informou-o que à data tinha na sua conta, “para movimentação”, a quantia de €31.000,00 em resultado do depósito do ordenado da OCTAPHARMA.

    No sentido de conseguir arranjar a quantia em falta, o arguido JOSÉ SÓCRATES perguntou quanto é que a sua mãe tinha a prazo na CGD, tendo sido informado por Dina A., que a mesma apenas tinha €4.000,00 a prazo, pelo que o arguido JOSÉ SÓCRATES concluiu que teria de contratualizar novo empréstimo.

    O arguido JOSÉ SÓCRATES quis saber quanto ficaria a pagar por mês, caso solicitasse um novo empréstimo, no valor de €20.000,00, tendo Dina A. referido que tinha dois empréstimos:

    – Tem aquele que fez no início do ano e este que fizemos agora recentemente.

    Adiantou a gestora de conta, que do empréstimo feito no início do ano, no valor inicial de €75.000,00 e que agora se cifrava em €52.000,00 pagava a quantia de €3.644,00 mensais, e que do empréstimo contraído mais recentemente, no valor de €40.000,00 pagava mensalmente uma prestação de €1.902,00.

    O arguido indagou então quanto é que tinha que pagar se o empréstimo fosse, não de €20.000,00 mas sim de €40.0000,00 tendo concluído que passaria a pagar uma prestação mensal global de sete/oito mil euros, logo anotando:

    – Não é muito para, pr’o que é, praticamente é regressar mais ou menos aquilo que eu tinha de vencimento, não é?

    Combinaram então, que seria contratualizado um empréstimo no montante de €30.000,00 em que foi creditada na conta do arguido JOSÉ SÓCRATES a quantia de €29.418,00, relativa a esse mesmo empréstimo, sendo de imediato debitado o valor referente ao pagamento do IRS.

    Grande José Sócrates, 18.9.2014 e 23.9.2014 (páginas inéditas da sua obra filosófica, em preparação). Epígrafe: «Aqui vou rolando, e amunhecando o que posso, afim de ter para o futuro uma vida mais descançada». (O Cometa n. 18 de 1843). Desta vez correu mal, conheceu-se o outro lado.

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep10, os dias do fim)
    3 JUNHO 2020 ÀS 19:25 POR VALUPI DEIXE O SEU COMENTÁRIO

    Sururu

    JOÃO GALAMBA enviou “sms”, ao arguido JOSÉ SÓCRATES, a informá-lo que tinha recebido um “sms”, que lhe reencaminhou, com o seguinte teor:

    – Fala com o JS. Há sururus de que vai ser feito q coisa contra ele.

    Grande João Galamba, 8.10.2014 (episódios da sua vida política, gastronomia e sociabilização grupal até que o aventureiro José Sócrates se cruzou com a Sorte macaca: as minas e armadilhas na blogosfera, o hemiciclo, a fidelidade, o combate tribunício ao governo do PSD/CDS, a vaidade, as desventuras da prisão de Évora, os pormenores de uma traição, ou de como alguns discípulos do Socratismo se transformaram em macacões trepadores politicamente irrelevantes e litiosamente reconhecidos durante o governo do Costismo, sempre rolando e amunhecando o que se pode em seu louvor).

    _____

    Amunhecar — Tirar, gadanhar, furtar; cahir de pernas, tropeçar, ir ao chão; retrahir-se encabulado, envergonhado, murcho, agarrar, abraçar, foiçar, na giria dos gatunos do Rio de Janeiro. “Aqui vou rolando e amunhecando o que posso afim de ter para o futuro uma vida mais descançada”. (O Cometa n. 18 de 1843). “Conhecendo do enjôo que sua pessôa inspirou ao magistrado, amunhecou, murcho como uma creança que recebe um piparote da mamãe”. (O Estimulo, Parahyba do Norte, n. 9 de 1893). Cfr. Vocabulário Pernambucano, 1976 [1937], p. 37.

    Off.

    Quem tramou José Sócrates? Nós todos (Ep11, onze!, e no fim faz-se o rol dos cabrões, cabreiros e cabrãozinhos)*
    4 JUNHO 2020 ÀS 17:11 POR VALUPI 1 COMENTÁRIO

    […]

    Assim, foram acusados:

    JOSÉ SÓCRATES CARVALHO PINTO DE SOUSA, pela prática de crimes de corrupção passiva de titular de cargo político (3), branqueamento de capitais (16), falsificação de documento (9) e fraude fiscal qualificada (3).

    CARLOS MANUEL DOS SANTOS SILVA, pela prática de crimes de corrupção passiva de titular de cargo político (1), corrupção ativa de titular de cargo político (1), branqueamento de capitais (17), falsificação de documento (10), fraude fiscal (1) e fraude fiscal qualificada (3).

    JOAQUIM BARROCA VIEIRA RODRIGUES, pela prática de crimes de corrupção ativa de titular de cargo político (1), corrupção ativa (1), branqueamento de capitais (7), falsificação de documento (3) e fraude fiscal qualificada (2).

    LUÍS MANUEL FERREIRA DA SILVA MARQUES, pela prática de crimes de corrupção passiva (1) e branqueamento de capitais (1).

    JOSÉ LUÍS RIBEIRO DOS SANTOS, pela prática de crimes de corrupção ativa (1) e branqueamento de capitais (1).

    RICARDO ESPÍRITO SANTO SALGADO, pela prática de crimes de corrupção ativa de titular de cargo político (1), corrupção ativa (2), branqueamento de capitais (9), abuso de confiança (3), falsificação de documento (3) e fraude fiscal qualificada (3).

    ZEINAL ABEDIN MOHAMED BAVA, pela prática de crimes de corrupção passiva (1), branqueamento de capitais (1), falsificação de documento (1) e fraude fiscal qualificada (2).

    HENRIQUE MANUEL FUSCO GRANADEIRO, pela prática de crimes de corrupção passiva (1), branqueamento de capitais (2), peculato (1), abuso de confiança (1) e fraude fiscal qualificada (3).

    ARMANDO ANTÓNIO MARTINS VARA, pela prática de crimes de corrupção passiva de titular de cargo político (1), branqueamento de capitais (2) e fraude fiscal qualificada (2).

    BÁRBARA CATARINA FIGUEIRA VARA, pela prática de crimes de branqueamento de capitais (2).

    RUI MIGUEL DE OLIVEIRA HORTA E COSTA, pela prática de crimes de corrupção ativa de titular de cargo político (1), branqueamento de capitais (1) e fraude fiscal qualificada (2).

    JOSÉ DIOGO DA ROCHA VIEIRA GASPAR FERREIRA, pela prática de crimes de corrupção ativa de titular de cargo político (1), branqueamento de capitais (2) e fraude fiscal qualificada (3).

    JOSÉ PAULO BERNARDO PINTO DE SOUSA, pela prática de crimes de branqueamento de capitais (2).

    HÉLDER JOSÉ BATAGLIA DOS SANTOS, pela prática de crimes de branqueamento de capitais (5), falsificação de documento (2), abuso de confiança (1) e [fraude] fiscal qualificada (2).

    GONÇALO NUNO MENDES DA TRINDADE FERREIRA, pela prática de crimes de branqueamento de capitais (3) e falsificação de documento (1).

    INÊS MARIA CARRUSCA PONTES DO ROSÁRIO, pela prática de crime de branqueamento de capitais (1).

    JOÃO PEDRO SOARES ANTUNES PERNA, pela prática de crimes de branqueamento de capitais (1) e detenção de arma proibida (1).

    SOFIA MESQUITA CARVALHO FAVA, pela prática de crimes de branqueamento de capitais (1) e falsificação de documento (1).

    RUI MANUEL ANTUNES MÃO DE FERRO, pela prática de crimes de branqueamento de capitais (1) e falsificação de documento (4).

    LENA ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES, SA, pela prática de crimes de corrupção ativa (2) branqueamento de capitais (3) e fraude fiscal qualificada (2).

    LENA ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO SGPS, pela prática de crimes de corrupção ativa (2) e branqueamento de capitais (1).

    LENA SGPS, pela prática de crimes de corrupção ativa (2) e branqueamento de capitais (1).

    XLM-SOCIEDADE DE ESTUDOS E PRJECTOS LDA, pela prática de crimes de branqueamento de capitais (3) e fraude fiscal qualificada (2).

    RMF-CONSULTING, GESTÃO E CONSULTORIA ESTRATÉGICA, Lda, pela prática de crime de branqueamento de capitais (1).

    XMI – MANAGEMENT & INVESTMENTS SA, pela prática de crimes de corrupção ativa (1) e branqueamento de capitais (1).

    OCEANO CLUBE – EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS DO ALGARVE SA, pela prática de crimes de fraude fiscal qualificada (3).

    VALE DO LOBO RESORT TURÍSTICO DE LUXO SA, pela prática de crimes de fraude fiscal qualificada (3).

    PEPELAN – CONSULTORIA E GESTÃO SA, pela prática de crimes de fraude fiscal qualificada (1) e branqueamento de capitais (1).

    Asterisco. “Queres ver que lhe vai calhar o 11? Quase que aposto!”, manda um dos caçadores para o ar. António Ferreira mete a mão no gorro, mexe os dedos para baralhar melhor os papéis. Escolhe um e abre-o a rir. É o 11. “Eu logo vi!”, comenta-se. // No fim do sorteio perguntamos a António Ferreira por que é que o posto 11 gerou tanta chacota. “Ora!, então”, diz, como se achasse que tínhamos a obrigação de sabê-lo, “o 11 é o número do cabrão!”. Dúvidas restassem, faz um sinal com as mãos que imita uns cornos.

    Fonte: P., 3.2.2013, online.

    Grande José Sócrates, 9 e 11.10.2017 (páginas inéditas da sua obra filosófica, em preparação).

    ______

    RFC
    4 DE JUNHO DE 2020 ÀS 17:12

    Valulupizinho, porra!, mas que aldrabão d’um cabrão que tu és…

    • Adenda. É por isto que eu há dois ou três eu lhe digo, simpaticamente, que a estatuadesal está largamente embrigada. Leia-se, isto pretende ser uma lista perfeita mas, se falhar algum post/comentário, é obviamente por defeito. Haja estômago, pás, mas c’a puta de bebedeira!

      1.
      A montanha pariu um rato
      (Estátua de Sal, 09/04/2021)

      Sócrates foi corrompido? Talvez. Rosário Teixeira é um incompetente? É!

      Seguindo a leitura que Ivo Rosa esteve a fazer do despacho instrutório do processo Marquês, fiquei com os cabelos em pé. Crimes imputados mas já prescritos, acusações sem qualquer indício que vá além de um argumento de romance, incongruências e contradições factuais de datas, desconhecimento dos acórdãos do Tribunal Constitucional, contradições mesmo entre partes várias da acusação. Como é possível que um processo desta importância tenha tantas falhas, aberrações e atropelos ao Direito?

      Tudo começou com a prisão de Sócrates. À época o Ministério Público não tinha qualquer prova que incriminasse o detido. Prendeu para investigar. Investigou e deve dizer-se que nenhum político em Portugal, em algum tempo, foi tão devassado e escrutinado como Sócrates. O facto de o MP não ter encontrado nenhuma prova objetiva e insofismável de que Sócrates tenha sido corrompido, deve levar-nos a pensar. Com milhares de escutas ao próprio e a todos os que o rodeavam, apreensão de emails e correspondência cobrindo largos períodos de tempo, em nenhum momento vem ao de cima “conversas” que indiciem os presumíveis crimes?! É, de facto, tão estranha essa ocorrência, tanto ou mais estranha ainda que a facilidade com que o amigo de Sócrates lhe fazia chegar elevadas quantias de dinheiro.

      Depois de ter promovido a prisão de um ex-Primeiro Ministro, com informação prévia à imprensa e às televisões, o Ministério Público tinha que construir posteriormente uma acusação que justificasse uma tão grave diligência. Não conseguiu, apesar de ter recorrido a uma panóplia de atropelos aos formalismos e às regras mínimas do processo penal, como ficou patente na longa leitura de Ivo Rosa.

      No final da decisão de Ivo Rosa o que restou? Essencialmente as dúvidas do Juiz em o amigo de Sócrates lhe entregar dinheiro de forma capciosa e sub-reptícia, indiciando tal um crime de corrupção sem objeto identificado – ainda que já prescrito -, originando em consequência um crime de branqueamento de capitais.

      É sabido que a Justiça ainda vai seguir o seu percurso e que o MP irá seguramente recorrer da decisão de Ivo Rosa. Contudo, apesar de não ser jurista, parece-me que dificilmente a decisão agora havida poderá ser muito alterada, tal o cuidado e a qualidade jurídica dos argumentos contidos neste despacho de pronúncia.

      Contudo, deve desde já elogiar-se Ivo Rosa. Pela primeira vez no processo Marquês a comunicação social e as televisões não foram informadas previamente do que iria ser o resultado das suas decisões. O segredo de justiça foi respeitado até ao fim, o que é inédito no âmbito do dito processo.

      Sendo a Justiça um sistema imperfeito – porque humanos e imperfeitos são os seus agentes -, fiquei hoje com a sensação de que o sistema contém em si, ainda assim, uma lógica de contrapesos que lhe permite corrigir os seus próprios limites e falhas.

      Assim o consiga fazer em tempo útil e com um mínimo de danos para quem sofra de tais deficiências. No caso de Sócrates, tal já não será possível, devido à mediatização do processo, decorrente das reiteradas violações do segredo de justiça. Para o bem ou para o mal, já todos o julgámos.

      2.
      O que tinha que ter sido diferente no processo Marquês
      (Francisco Louçã, in Expresso Diário, 10/04/2021)

      3.
      A direita quer a cabeça de Ivo Rosa
      (Por Valupi, in Blog Aspirina B, 10/04/2021)

      (O coro de ataques, vindo de todos os quadrantes da Direita, ao juiz Ivo Rosa, com petições públicas e tudo, leva-me a questionar se Sócrates terá mesmo razão quando diz que o processo Marquês resultou, na sua génese, de uma manobra de perseguição política à esquerda – nomeadamente ao PS -, materializada na sua pessoa. Tendo muitos considerado que tais afirmações de Sócrates não passavam de fantasias destinadas a transformar o processo Marquês num caso político e assim melhor se defender, a virulência e a consonância de tantas vozes da Direita irmanadas no apedrejamento público a Ivo Rosa, dá que pensar.

      Tanto mais que é ridículo pôr em causa a competência do juiz, como se pode ver:

      “Em 2012, tornou-se o primeiro juiz português a ser eleito pela Assembleia Geral das Nações Unidas para o Mecanismo Internacional para os Tribunais Penais Internacionais, criado pelo Conselho de Segurança como substituto dos tribunais para a ex Jugoslávia e para os crimes de genocídio cometidos no Ruanda em 1994. Quatro anos depois, foi reconduzido pelo secretário-geral Ban Ki-moon. Depois, ainda ponderou aceitar um cargo no Programa de Assistência Europa Latino-Americana contra o Crime Organizado Transnacional, em Madrid, mas terá desistido, alegando motivos pessoais.” (Ver aqui).

      Comentário da Estátua, 11/04/2021)

      4.
      Sócrates tem razão: só agora começou
      (João Garcia, in Expresso Diário, 12/04/2021)

      (Recado para António Costa. Já é tempo de meteres na gaveta o teu repetido chavão, “À Justiça o que é da Justiça, à política o que é da política”.

      À Justiça cumpre aplicar as leis que da política emanam. Se as leis são más ou insuficientes como pode haver boa Justiça?

      Comentário da Estátua, 12/04/2021)

      5.
      Sócrates tem razão: só agora começou
      (João Garcia, in Expresso Diário, 12/04/2021)

      6.
      “Operação Marquês” – De quem é a culpa afinal?
      (Garcia Pereira, in Notícias Online, 10/04/2021)

      7.
      As Causas. Processo Marquês: um campo minado
      (José Miguel Júdice, in Expresso Diário, 13/04/2021)

      (Júdice não terá, seguramente, qualquer simpatia por Sócrates mas é um experimentado jurista e conhecedor do funcionamento dos nosso sistema de Justiça. Mas até ele sentiu necessidade de se precaver, por antecipação, das críticas que lhe vão ser dirigidas pelo facto de não embandeirar em arco na lapidação pública ao juiz Ivo Rosa.

      Contrariamente à indigência jurídica e à menoridade intelectual de outro comentador de direita – Marques Mendes -, Júdice é outra loiça: sólido no argumentário jurídico, escorreito nas suas considerações. Por isso o publicamos.

      É que, ele há juristas e juristas. É como os vinhos: ele há os Reserva e ele há as zurrapas… 🙂

      Comentário da Estátua, 14/04/2021)

      8.
      Um burro carregado de livros é um doutor
      (Frederico Carvalhão Gil, in Facebook, 13/04/2021)

      9.
      “Operação Marquês”: o julgamento do sistema judicial
      (Boaventura Sousa Santos e Conceição Gomes in Público, 15/04/2021)

      10.
      Sócrates: porquê tanto ódio?
      (Maria Antónia Palla, in Público, 15/04/2021)

      (Este texto, escrito pela mãe de António Costa, remeteu-me para aquilo que considero ser das piores vilanias e primitivismo da natureza humana: apedrejar até à morte alguém caído em desgraça. Como no circo romano a turba quer ver sangue e urra o seu desagrado quando Imperador ergue o polegar e poupa a vida ao gladiador.

      Mais deplorável ainda é ver que, muitos dos que mais querem esquartejar Sócrates, foram dos que mais lhe puxaram o lustro aos sapatos Vuitton e lhe poliram os botões dos fatos Armani quando ele teve poder.

      Estátua de Sal, 15/04/2021)

      11.
      Os três julgamentos de Sócrates. E uma sentença exemplar
      (Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 16/04/2021)

      12.
      Propósitos e despropósitos, verdades e conjeturas
      (Virgínia da Silva Veiga, 14/04/2021)

      13.
      Susana Peralta é a primeira portuguesa a ‘autoincriminar-se’ num ‘dramático’ texto dado à estampa no ‘Público’…
      (Alfredo Barroso, in Facebook, 16/04/2021)

      14.
      Ivo Rosa fez justiça com Sócrates?
      (Politicando, em Rádio Transforma, 16/04/2021)

      (Pronto. Vejam lá este painel que nunca seria convidado para opinar nas televisões, pois estas só convidam convertidos que defendem a “linha oficial” sobre o caso Marquês, salvo poucas e honrosas excepções.

      Cansado de ouvir o Marques Mendes, o mano Costa, o Gomes Ferreira, o João Miguel Tavares, a Ana Gomes e até – pasme-se – toda a equipa do Eixo do Mal, mais os outros do Governo Sombra, tudo gente justiceira e sem mácula, catedrática em Direito e em processo penal, achei interessante ouvir esta gente que – contrariamente aos justiceiros -, tem dúvidas na apreciação da decisão de Ivo Rosa e também sobre as culpas pelas quais Sócrates deverá ser julgado.

      Ouçam e tirem as vossas conclusões.

      Estátua de Sal, 16/04/2021)

      15.
      Do bicho humanizado ao homem animalizado – algumas notas
      (Amadeu Homem, 14/04/2021)

      16.
      Operação Marquês: Os políticos sérios deveriam pôr o dedo nas feridas que constituem algumas decisões ou omissões governamentais
      (António Marinho e Pinto, 24Sapo.pt, 13/04/2021)

      (Este é o melhor texto que já li sobre a Operação Marquês, sobre o estado da Justiça e sobre o combate à corrupção em Portugal. Parabéns Marinho. Que não te doa a voz e não te seque a pena.

      Estátua de Sal, 16/04/2021)

      17.
      Maria Antónia Palla nas muralhas da cidade
      (Por Valupi, in Blog Aspirina B, 17/04/2021)

      F…-se!

    • Epá, escapou pelo menos este! O dezoito serve apenas para o enquadrar, como brinde junto-lhe o telegrama do jornalista Manuel Carvalho.

      18.
      Só amamos as batalhas difíceis
      (José Sócrates, in Público, 12/04/2021)

      (Esta reflexão sobre o quadro político e mediático em que ocorreu e continua a ocorrer a Operação Marquês, é um bem conseguido exercício de análise, uma desmontagem coerente dos processos de utilização da Justiça como arma de combate político, nos anos mais recentes em Portugal.

      Contudo – independentemente de ser ou não culpado de qualquer crime -, há algo de que Sócrates se deve penitenciar: ter tido uma conduta pessoal que forneceu à Direita o terreno propício para convocar a Justiça para o combate político. É que não basta a mulher de César ser séria. É preciso parecê-lo…

      Estátua de Sal, 12/04/2021)

      Telegrama

      Caro Arthur:
      reencaminha esta minha missiva para o Manuel Gomes
      e diz-lhe que eu não fico aborrecido se ele publicar
      todas as nossas notícias do Público
      sobre o José Sócrates (cfr. o meu editorial, infra).
      Abraços.

      Assinado: Manuel Carvalho

      Sócrates, um mártir da democracia

      José Sócrates ficou conhecido
      entre muitas outras e tristes
      coisas como o político das
      narrativas e depois de conhecer
      o despacho de Ivo Rosa inventou
      mais uma: a de que tudo o que esteve
      na base da sua investigação, da sua
      acusação e da sua pronúncia por seis
      crimes se explica no âmbito de uma
      cabala política. Na origem dessa
      cabala, bem traduzida no artigo de
      opinião que publicou neste jornal e no
      brasileiro Folha de S. Paulo, estaria
      uma manobra para o impedir de se
      candidatar à Presidência da República
      e de desencadear as forças da
      extrema-direita que vegetavam na
      saudade do salazarismo. Para que não
      sobrassem dúvidas sobre o seu
      martírio às mãos das forças obscuras
      do regime e da comunicação social,
      encontrou até um caso comum do
      outro lado do Atlântico, na triste
      história do processo contra o
      ex-Presidente Lula da Silva.

      Os méritos destes textos são vários e
      o principal é o de revelar a sua
      manifesta incapacidade de responder
      às acusações que prescreveram ou às
      pronúncias que o obrigam a ir a
      julgamento. Seja na sua narrativa de
      martírio político ou de aniquilação
      judicial, as inconsistências são tantas
      que ora justificam dó, ora alimentam
      repulsa. José Sócrates continuará
      inocente até ao último recurso
      judicial, mas politicamente pode
      desde já ser julgado e condenado. Por
      muito que acuse, ofenda ou
      reivindique, o seu legado é uma
      nódoa na história democrática.

      O seu caso não tem nada que ver
      com o de Lula da Silva, que pode
      reivindicar uma condenação com
      base em indícios frágeis, feita a toda a
      velocidade para o queimar
      politicamente, por um juiz (Sérgio
      Moro) que dirigiu a investigação, a
      instrução e o julgamento
      propriamente dito. Se alguém
      alimentou o chavão da extrema-direita
      contra a venalidade da classe política
      ou a protecção dos corruptos não foi a
      abertura da Operação Marquês, mas os
      indícios e os factos que a Justiça lhe foi
      apontando. Se José Sócrates não
      concorreu a Belém, é porque
      percebeu que os portugueses não são
      cegos e sabem muito bem que só nas
      narrativas literárias há viagens caras
      ou apartamentos de luxo em Paris
      alimentados com empréstimos
      milionários de amigos.

      Independentemente do juízo que
      possamos fazer sobre a decisão de Ivo
      Rosa, por muito que seja
      indispensável acreditar que o sistema
      judicial funciona, há uma urgente
      necessidade de ler a realidade e dizer,
      sem margem para equívocos, que o
      martírio político de José Sócrates é
      uma mentira. A bondade dos seus
      artigos de opinião não está por isso no
      seu esforço de se explicar; está antes
      na possibilidade que nos concede de
      apontar os seus argumentos como
      delírios que só alguém sem pudor
      teria coragem de desencantar.

      Ops!

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