Nunca seremos de mais, camaradas!

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 19/08/2019)

Daniel Oliveira

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Para quem acha que todos os debates se resumem a um “prós e contras”, a greve dos motoristas, desconvocada este domingo, baralhou as trincheiras. Como tentei demonstrar nos dois últimos textos da edição semanal do Expresso, é possível considerar esta greve desproporcionada e a sua direção evidentemente oportunista e, no entanto, fazer uma avaliação crítica da exibição de força de um Governo que a viu como uma oportunidade para ganhar votos à direita. As duas coisas não são contraditórias. Correspondem ao mesmo, aliás: a uma preocupação com a defesa de um sindicalismo solidário e com a preservação dos valores que devem nortear a esquerda na sua relação com as lutas dos trabalhadores. A complexidade de um conflito pode obrigar a respostas igualmente complexas, mas não permite transvestismo. À esquerda, esse transvestimo corresponde ao discurso que nos diz que uma greve não pode prejudicar a economia, à aceitação de que subsídios podem substituir o salário base ou à satisfação com demonstrações de força perante uma greve.

Mas o mais delicioso foi assistir à autêntica transfiguração da direita mediática portuguesa, que por pouco não reivindicou para si o vocabulário marxista da luta de classes. Não é habitual ver a direita aplaudir uma greve, mas ainda menos comum vê-la aplaudir uma greve por tempo indeterminado por causa de um aumento em 2021.

É a mesma direita que costuma rasgar as vestes por qualquer greve de 24 horas para pressionar a uma negociação salarial congelada há anos. Não bate a bota com a perdigota. Nem sequer vou recordar o que disseram e escreveram noutras requisições civis, em greves que não eram por tempo indeterminado nem tinham a capacidade de paralisar toda a economia nacional. Não entro nesse jogo do teu foi pior do que o meu. Fico-me pela incoerência política mais essencial.

É estranho ver os maiores opositores da contratação coletiva – de tal forma que quase a fizeram desaparecer – apoiarem uma greve para que se reforcem as garantias no contrato coletivo de trabalho num sector que não o renegociava há duas décadas. É estranho ver os mesmos que diariamente defendem a flexibilização das leis laborais a bater-se por muito mais garantias legais para estes trabalhadores. É estranho ver quem quer prémios de produtividade no lugar de rendimento fixo defender a integração de pagamento por quilómetros no salário base. É estranho ver quem costuma defender que os aumentos salariais devem acompanhar a situação económica de um sector e das empresas bater-se por uma greve que quer fechar aumentos salariais para 2021 e 2022. E até houve quem apontasse as baterias ao poder cartelizado das petrolíferas quando foram os maiores defensores dos benefícios para a concorrência da sua privatização.

Esta greve, a natureza da sua liderança e a forma como o Governo lidou com ela levantam questões difíceis para a esquerda. Mas há coisas que não mudam de lugar. E as posições tomadas por grande parte da direita mediática exibem o seu oportunismo político. Nuns casos, ele é movido pela vontade de desgastar um Governo. Noutros, compreendem o potencial autodestrutivo que algum “novo sindicalismo” tem para o movimento sindical e querem dar-lhe gás. Noutros, querem exibir as contradições da esquerda, colocando-se eles próprios numa posição de insustentável incoerência.

Escrevi aqui que a irresponsabilidade mercenária com que esta luta foi dirigida fragilizou o sindicalismo e isso foi evidente na forma como acabaram por ter de recuar sem grande ganho aparente. Também escrevi que a exibição de testosterona de António Costa para conquistar ainda mais votos à direita fragilizou alguns valores fundamentais para esquerda. Mas a direita que sobra, que é a que fala nos jornais e nas televisões, não sai melhor deste filme. A incoerência oportunista a que se entregou por estes dias fragilizou o seu discurso e afastou-a ainda mais da base que a apoia. Por mim, está tudo bem. Nunca são de mais os que defendem os direitos para quem trabalha. Até os travestis políticos são bem-vindos.

15 pensamentos sobre “Nunca seremos de mais, camaradas!

      • Nota. Olha, eu não percebi que o Daniel tivesse querido demonstrar o que quer que fosse. O que eu sei, sim, é que se percebeu desde o princípio que a estratégia do governo e do PS passava por tomar as dores de um parte em que tinham um lobbyista de serviço, sob o manto do patronato, e que se lixasse a outra parte, os tipos que conduzem combustível em turnos que começam às 5 da manhã em troca de 600 euros e picos, sob uma luta sem tréguas visando a demonização do Pardal Henriques e a decapitação do sindicato perante a opinião pública (alguma blogosfera percebeu o que estava em causa, a Ana Sá Lopes, a Raquel Varela e Francisco Louçã idem, honra lhes seja feita). E ainda devo dizer que, como tantas vezes acontece, o Daniel Oliveira com as suas trapalhadas e idiossincrasias intelectuais rasteiras, camarada nós?, cumpriu à risca a estratégia delineada pelos… spins do PS. Acresce a isto que, não, também não salivo ou abano o rabo quando alguém atira umas bojardas, ao calhas, pensando que isso basta para atingir o tipo que tem de permanecer imóvel com um carimbo na testa a dizer sou eleitor do PSD e voto à direita do espectro partidário português. Vi o David Justino e o Rui Rio a serem civilizadamente razoáveis quando, do outro lado, a intoxicação que nos era servida como uma panaróia colectiva de inevitável violência, esquadrões de polícia em alerta e, o que foi motivo de gozo na imprensa internacional, com a tropa em Portugal a conduzir camiões de gasolina como se aqui medrasse o Putin e se dirigissem à fronteira da Ucrânia ou o presidente Xi com exercícios na fronteira de Hong-Hong. Na alvorada de uma requisição civil pré-anunciada, lembro. Sob uma overdose de passarões ministeriais que se passeavam, em simultâneo, pelos canais televisivos. Dito isto, acho que ali no actual PSD há pouco exercício teórico e que é ténue a ideologia; que há pouco jeito no principal protagonista, sim acho também, mas sei que quase todos os elogios e proclamações da votória do PS levada a efeito pelos opinidadores engajados, de todas as idades e feitios mas que andam próximo do PSD/CDS, visam objectivos que são outros e que não são os meus.

        • Adenda. Ah, e gostaria que alguém tivesse tempo para reflectir sobre o papel pernicioso que uma personagem como o André Matias de Almeida, o tal advogado da Antram, desempenhou em todo este processo. Tratando-o como um exemplo acabado do lobbyista, clean, que as gerações mais novas do PS, do PSD e do CDS, com o Pedro Delgado Alves à cabeça, vêem esbugalhados como uma oportunidade de negócio, digamos, e que consagraram finalmente na Lei que fizeram passar na AR.

  1. Como se a esquerda não se tivesse transfigurado ainda mais, conseguindo aquilo que a direita não imaginava ser possível, nem nos seus sonhos mais coloridos: pôr as forças armadas na rua para boicotar uma greve!

  2. Já ninguem te liga estátua! So conseguiste 3 (tres) comentarios de direitolas! Foste desmascarada. Entao no Facebook arrasam te! Não te perdoam teres comecado á esquerda e perto das eleicoes procuras e aproveitas tudo para atacar o PS! Depois das eleicoes não sobrevives. O teu papel era fazer a campanha eleitoral contra o PS. Tu e o RFC que vao fazer a seguir?

    • Nota, única.

      Olha, ó broncalhão, se eu tivesse pachorra iria corrigir as bacoradas que escreves em todos os lados sempre que abres a pia, perdão!, o tinteiro. Mas como tenho coisas mais interessantes para fazer do que ensinar porcos a andar de bicicleta, ondé qu’eu já ouvi isto?, copio para aqui a série completa dos pacientes comentários com que o Camacho Costa, imagine-se!, te anda a dar trelatz, ao coitado do Valulupi que nem abre o bico! e a outros bêbados do teu calibre que há anos curam a cirrose no Aspirina B.

      Os cínicos e os demagogos nunca se enganam e raramente têm dúvidas
      17 Agosto 2019 às 14:28 por Valupi

      […]

      Joaquim Camacho
      17 de Agosto de 2019 às 17:46

      Estás a esquecer a mão do Putin, e o pé do KGB… e a pila do Bachar Al-Assad, já agora. A mão, o pé e a pila, toda a minh’alma se arrepela, vem aí o Armagedão, ora agarra aqui c’a mão. E os camiões-cisternas carregados de Novichok preparados para nos envenenar os tanques das carroças, caraças? Disse-me um passarinho, de mãos dadas com uma passarinha, que havia batalhões deles em Aveiras de Cima, preparados para deitar o país abaixo. Sem esquecer a Trump connection, conspirada na Área 51. Mas que grande 31!

      Joaquim Camacho
      18 de Agosto de 2019 às 5:42

      E que tal perceber de uma vez por todas que os motoristas ganham uma merda e o que vai para além da merda é pago com ginásticas fiscais que permitem aos patrões poupar ilegítima e imoralmente nos impostos, não contando, assim, para a reforma.

      Que esses truques fiscais prejudicam não só a reforma dos motoristas mas também os cidadãos contribuintes que somos todos nós.

      Que a dita reforma, calculada na base da merda, merda terá obrigatoriamente de ser.

      Que os homens têm necessariamente isso em conta nas reivindicações actuais, pois, se tiverem pelo menos dois neurónios, sabem que será avisado acumular um pequeno pé-de-meia que eventualmente lhes renda um igualmente pequeno rendimento extra para completar na velhice a merda da reforma de merda.

      Que mais uma vez aposto o meu colhão esquerdo e metade do direito em como a maioria dos que aqui vêm mijar de cima da burra e exortar ao mata e esfola tem um rendimento mensal superior não apenas ao que os motoristas ganham hoje mas também ao que querem ganhar amanhã.

      Que muitos destes ilustres mijadores têm profissões liberais e, nos cálculos sobre rendimentos presentes e futuros, na vida activa e depois dela, fazem raciocínios e usam fórmulas e equações de natureza completamente diferente das de um trabalhador por conta de outrem.

      Que, por isso, muitas das postas de pescada aqui arrotadas se devem provavelmente a práticas sociais diferenciadas e critérios de classe distintos, e à consequente dificuldade que muitos eventualmente terão em entender e colocar-se na pele do Outro.

      Que a ANTRAM e seu representante demagogo têm feito tudo e mais um par de botas para provocar rupturas e impedir uma negociação digna desse nome, para conseguirem na secretaria exactamente aquilo que lhes foi generosamente oferecido pelo Governo com a requisição civil, tentando assim partir a espinha ao sindicato para, no futuro, poderem negociar com sindicatos fofinhos e vergonhosamente amarelos como a Fectrans.

      Que é irónico que estes amarelos fofinhos sejam agora tão elogiados e apaparicados pelos mesmos que geralmente os desprezam e “acarinham” com epítetos como “correias de transmissão” do PCP, quando não os acusam exactamente dos mesmos pecados subversivos que agora atiram à cara dos motoristas.

      Que o Governo tem procedido de uma forma a curto prazo formalmente eficaz, mas de duvidoso sucesso no médio e longo prazo, já que o recurso a polícias, gê-ene-erres e militares é manifestamente inviável num futuro alargado.
      Que os motoristas em requisição civil, trabalhando oito horas diárias, conseguirão aguentar tecnicamente em greve durante muito tempo, ou seja, nesse futuro alargado com que o Governo terá de lidar.

      Que, sendo manifestamente improvável conseguir ‘partir a espinha ao sindicato’, será avisado da parte do Governo mudar a agulha e convencer a ANTRAM de que terá, ela sim, de engolir a arrogância e deixar partir, não a própria espinha, mas pelo menos um dedo mindinho.

      Que comparar trabalhadores e representantes que dão a cara, com um comportamento civilizado, cumprindo praticamente tudo a que a lei os obriga, com um movimento clandestino de alegados bófias que escondem o focinho e ameaçam o país com ‘cataclismos’ indefinidos, mas de dimensão estratosférica, eles, sim, tresandando a extrema-direita, é, mais uma vez, comparar a Feira de Borba com o olho do cu.

      Que Vossas Senhorias deviam parar um bocadinho para pensar e fazer o vosso melhor para não atirar mais achas para a fogueira, evitando uma pouco saudável proliferação da asneira incendiária.

      E, finalmente, que me dei ao trabalho deste arrazoado todo pelo respeito que, apesar das discordâncias, me merecem ainda alguns (que não todos) dos que por aqui aparecem.

      A paz seja convosco.

      Joaquim Camacho
      18 de Agosto de 2019 às 5:59

      E, já agora, que tal deixarem-se da demagogia oportunista de usar constantemente um simples pardal para tapar 800 homens com uma situação profissional, salarial e social que com a do pardal (ainda que se alimente de alpista dourada) não tem qualquer relação? É que, caríssimos confrades e confradas, os 800 continuam lá, não desaparecem com habilidades ilusionistas tão primárias como essa

      Joaquim Camacho
      18 de Agosto de 2019 às 16:24

      Júlio, meu! E o que tenho eu a ver com o Rui Rio? Já por aqui vi, aliás, grandes elogios ao senhor, o Valupi até lhe dedicou em tempos uma posta, cuja basicamente rezava “temos homem, vemos finalmente alguma honestidade e integridade na direita”, e isso não implica que o Valupi vá votar nele. Idem para moi, je, me, myself and I. Por mais que o rapaz possa, como o relógio avariado, estar certo duas vezes por dia, e isso aconteceu agora num ponto ou outro, não há nem haverá nunca, nem que o Inferno gele, a possibilidade de o meu voto cair alguma vez num partido da nossa direita foleirosa. Votei pela primeira vez PS em legislativas em 2011, por causa do que já então a direita e alguns oportunistas de esquerda estavam a fazer ao Sócrates. Até essa altura, e desde o 25 de Abril, o meu voto fora sempre para o PCP e depois CDU. Sei que votei uma vez no Bloco, não me lembro bem quando nem em que contexto, e apostei no António Costa para a Câmara de Lisboa. Foi o actual comportamento oportunista do racha-sindicalista de aviário que me convenceu a transferir o voto para o Bloco nas próximas legislativas, e não qualquer sinistra conspiração de coletes-amarelos com o Putin, o Farage e a Micas-Quer-Que-Engula-Ou-Deite-Fora do Intendente.

      Quanto ao Louçã, ainda não li, a tabacaria que me guarda o Expresso em papel fechou mais cedo no sábado, só poderei degustar a prosa amanhã. Mas, não tendo o gajo um pintelho sequer de burro, ainda que por vezes divague, suspeito que concordarei com ele. Vou ainda tentar lê-lo online esta noite, se estiver acessível.

      Não se trata aqui de “culpar o governo por não resolver o conflito e censurá-lo por tudo o que faz para o resolver ou para prevenir as consequências de uma greve que ameaçava declaradamente querer paralisar o país” (Júlio dixit). O que se trata é de, com legitimidade democrática, desaprovar e criticar o facto de o governo (talvez com a excepção do ministro Pedro Nuno Santos) ter oportunisticamente permitido e mesmo encorajado a ANTRAM a uma posição de intransigência que encaminhou o processo para um beco sem saída que tornou inevitável a greve. E isso, como diz o relógio avariado, para poder exibir a sua ‘firmeza’ e daí sacar dividendos eleitorais. Quando o rei vai nu, não é o filho da minha mãe que vai gabar-lhe a belíssima farpela Armani.

      Joaquim Camacho
      18 de Agosto de 2019 às 16:48

      Acabei agora de ler no DN online o seguinte arroto do ministro Matos Fernandes: “O Governo está disposto a mediar o regresso das negociações entre o SNMMP (…) e a Antram (patrões). Deixa porém um desafio: no plenário desta tarde, o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas terá de desconvocar a greve.”

      “TERÁ DE”, bolça o parvalhão sem vergonha! Que diferença há entre este vómito e a exigência nuclear dos patrões? Como pode o sindicato confiar na mediação de um governo com um ministro destes? Eu se fosse a ANTRAM poupava umas massas e prescindia já do actual porta-voz. Quem é que precisa de um advogado, quando se tem um ministro nas fileiras?

      Joaquim Camacho
      18 de Agosto de 2019 às 22:50

      O coliforme parvalhatz, desde que, à força de agitar freneticamente a cauda em busca de um dono, foi contratado para limpar algumas retretes do poder, meteu no bolso o nick que o tornou notado e passa agora a vida a saltitar de nick em nick, mantendo apenas o estilo cobardola habitual de, bem escondido atrás dos arbustos, atirar pedras aos carros que passam na auto-estrada. Apesar do fedor que exala, conservam-no por enquanto os novos amos ao serviço graças às assinaláveis poupanças que conseguem em materiais de limpeza, nomeadamente detergentes, Harpic, esfregonas e piaçabas, que deixaram de ser necessários na higiene das retretes porque o parvalhatz diariamente rebaptizado limpa tudo com a língua: lavatórios, sanitas, bidés, nada lhe escapa, fica tudo a brilhar. Até para desentupimentos serve: sempre que um cagalhão mais gordo entope a canalização, o parvalhatz plurirrebaptizado enfia lá a língua e está o problema resolvido. São, aliás, estes os momentos em que mais se sente realizado, preenchido, o que não é de estranhar, dado que fica com a boca cheia, acrescentado mais poupanças aos afortunados donos, que amealham mais uns cobres na alimentação que em dias de desentupimento deixam de lhe fornecer, adquirida regularmente numa ETAR próxima.

      Mais cedo do que tarde, porém, aprenderá o coliforme parvalhatz que os arbustos que acredita esconderem-lhe a peida e a língua não são, afinal, tão opacos como julga, além de que, quanto ao cheiro, nem arbustos de chumbo conseguiriam disfarçá-lo, mas, enfim, não quero estragar-lhe a surpresa.

      Joaquim Camacho
      19 de Agosto de 2019 às 3:12

      O Jerónimo apareceu ontem a dizer… perdão, a ler umas larachas castradas e aparvalhadas vestindo uma bela camiseta amarela. Puta de ‘coincidência’!

      Joaquim Camacho
      19 de Agosto de 2019 às 17:53

      O coliforme parvalhatz rebaptizado ataca de novo! Tapai o nariz, cidadãos, cidadonas e cidadlgbtabcdefghij…!

      Joaquim Camacho
      20 de Agosto de 2019 às 4:11

      Escrevi mais acima (dia 18, 16.24): “Quanto ao Louçã, ainda não li, (…) Mas, não tendo o gajo um pintelho sequer de burro, ainda que por vezes divague, suspeito que concordarei com ele.”

      Pois li esta noite, e aconteceu o que previa. Excepto num ou noutro pormenor sem importância, a prosa do Louçã é um exercício de lucidez no panorama de surpreendente sectarismo burro a que temos assistido nas últimas duas ou três semanas, ferozmente (por vezes mesmo vitriolicamente) escrevinhado e verbalizado por gente alegadamente ‘moderada’, que do coração de esquerda resolveu usar apenas a aurícula e o ventrículo direitos em contas de mercearia em que vende despreocupadamente a alma, gente que toda a vida acusou (a maioria das vezes talvez com razão) os sectores à sua esquerda do pecado em que agora chafurda alegremente.

      É irónico, mas também esclarecedor, e só não digo assustador porque, para falar com franqueza, basta olhar para eles e pensar com calma durante meio minuto para qualquer hipótese de susto se transformar em gargalhada. Não é racha-sindicalista quem quer. E se acaso tentarem provar-nos o contrário, bueno, haverá que mostrar-lhes que estão equivocados. Há terapias para infecções dessas, nomeadamente as que resultam de uma avaliação em sentido lato das implicações de inúmeros princípios básicos da Física, como a Terceira Lei de Newton, por exemplo, e seus potenciais corolários.

      A paz seja convosco, e comigo também, claro.

      _____

      … seres citado assim, por mim, é o teu momento de glória, ó Joaquim Camacho! Agora só tens de escrever um best-seller como o do Charles Duchaussois em que as cenas, em vez de Kathmandu, se passam na tal taberna do Valupi situada na Rua do Duque.

      • RFC diz
        Novembro 30, 2018 às 12:44 pm

        «Agora é a vida de Sócrates. Mudou de casa, dizem. Ninguém, nem jornalistas, faz a menor ideia se é arrendada ou não é, sequer por quem. A verdade é que para o efeito de se meterem na vida de um cidadão tudo é legítimo e, tal como não dizem que pena davam ao assaltante, sendo juízes, também não nos elucidam onde sugeririam que Sócrates vivesse. Porque é de um amigo – dizem sem saber, (volta a inveja) -, sendo a fonte uma agente imobiliária que, consta, igualmente disse, em boa conclusão, ignorar.», nem mais.

        Na rua do Duque, 13, está, há tempo, estabelecido, com venda de bebidas, Valupi, a quem nunca se percebera qualquer desarranjo mental. Há dias, porém, o taberneiro chamou dois moços de fretes, um conhecido pelo «Pau Preto» e outro de nome Joaquim Camacho, e, entregando-lhes picaretas, ordenou-lhes que, numa das dependências do estabelecimento, abrissem um poço. Lançando-se ao trabalho, os dois homens abriram uma cavidade enorme, sem suspeitar[em] de que o proprietário da locanda perdera o uso da razão; mas, a certa altura, lembraram-se de lhe perguntar para que servia aquele poço, obtendo como resposta que para ligar a casa com a Ericeira, a fim de obter peixe de graça!

        _____

        Hora adêus, como diz o José Neves.

      • Os cínicos e os demagogos nunca se enganam e raramente têm dúvidas
        17 Agosto 2019 às 14:28 por Valupi

        É hoje claro que o Governo tinha suspeitas vindas dos serviços de informação do Estado que davam como provável, num qualquer grau, um cenário de greve dos motoristas com graves episódios de insubordinação, boicotes e alteração da ordem pública. Isto com o País literalmente em trânsito por causa das férias. Neste cenário, os fenómenos de pânico social poderiam ser devastadores e sistémicos. Algo aproximado a um ataque terrorista de grande escala ou cataclismo natural.

        […]

        Adenda. Só para se perceber o nível alcoólico do Aspirina B e a máquina paranóica que constituem os assessores governamentais, nomeadamente os rapazes que compõem o hermoso “Gabinete do PM António Costa” em que avulta o Tiago Antunes que, lembro, alimentava o Câmara Corportiva durante o consulado José Sócrates enquanto flirtava com a Fernanda Câncio no Jugular e que, a seguir, se passeou caninamente com o Silva Pereira como seu assessor no PE, uff!, sendo que, de regresso, fizeram-no secretário de Estado do Conselho de Ministros, tudo paranóias dizia, o que está em causa é um hilariante e-mail assinado pelo motorista do Marcelo Rebelo de Sousa. O David Dinis julgo, no Expresso, e uma das TV’s pegou no assunto… é de morrer a rir!

        https://expresso.pt/sociedade/2019-08-19-Motorista-que-conduziu-Marcelo-entre-Lisboa-e-Porto-mandou-e-mail-ameacador.-Governo-pediu-investigacao

      • Adenda, outra. Um desenho mais, se necessário.

        Sílvia
        20 de Agosto de 2019 às 20:15

        Essa metáfora do navio faz-me lembrar a do “homem do leme”, muito ppd há uns anos atrás. O querido ignatz explica-te.

        XXX
        20 de Agosto de 2019 às 21:58

        «O querido ignatz explica-te.», olha a bófia Valupi! Abre alas para a brigada dos bons costumes com as suas luvas de silicone para levar também a Silvinha, consulta de ginecologia.

  3. Ó não, Estátua, como vais sobreviver no teu hobby sem os clubistas do PS? Lá se vão as patacas que o Google te manda, e tavas quase a conseguir jantar fora com o dinheiro e tudo.

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