Fátima Bonifácio, o “Público” e os valores morais dos brancos

(Daniel Oliveira, in Expresso, 08/07/2019)

Daniel Oliveira

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Fátima Bonifácio escreveu, no “Público”, um artigo que teve como ponto de partida a ideia de se criarem quotas para minorias étnicas semelhantes às que já existem para as mulheres. As quotas para mulheres conseguiram, apesar de todas as críticas, romper com o bloqueio que existia à sua representação política e visibilidade públicas. O resultado desta medida desmentiu a ideia de que pode existir uma progressão social meritocrática que ignora relações de poder pré-existentes. As quotas, por natureza transitórias, não são uma forma de ignorar o mérito, são uma forma de derrubar as barreiras do preconceito que se sobrepõem ao mérito.

No seu artigo, Fátima Bonifácio não nega nada disto. Pelo contrário, reconhece os bons resultados conseguidos pelas mulheres. Para depois dizer que isso não seria extensível às etnias. Porque não tenho uma opinião fechada sobre as quotas para minorias étnicas – assim como não tinha sobre as quotas para mulheres até recolher bons argumentos em sua defesa –, estava disponível para ler quem explicasse a diferença entre as duas. Por exemplo: umas e outras identidades serem mais ou menos difusas. Ou o peso destas minorias em comparação com metade da população, que é feminina. Havia muito por onde pegar para abrir um debate difícil. Aquilo com que me deparei é de tal forma abjeto que usá-lo como ponto de partida para qualquer debate corresponderia a um desprestígio intelectual para quem o fizesse. Não cumpre os mínimos. Sobre o artigo de Fátima Bonifácio, que poderia ser sobre um tema interessante e complexo, não há outro tema que não seja a própria existência do artigo.

As generalizações racistas com que somos brindados são precedidas por um postulado geral, escrito, sejamos justos, com uma clareza desconcertante: “As mulheres, que sem dúvida têm nos últimos anos adquirido uma visibilidade sem paralelo com o passado, partilham, de um modo geral, as mesmas crenças religiosas e os mesmos valores morais: fazem parte de uma entidade civilizacional e cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade. Ora isto não se aplica a africanos nem a ciganos. Nem uns nem outros descendem dos Direitos Universais do Homem decretados pela Grande Revolução Francesa de 1789. Uns e outros possuem os seus códigos de honra, as suas crenças, cultos e liturgias próprios.”

Não vou perder tempo com os exemplos que Fátima Bonifácio utiliza, depois desta exuberante afirmação que atira grupos étnicos inteiros para o mesmo saco cultural, para explicar as diferenças entre negros e ciganos, por um lado, e “nós”, por outro. Têm mesmo de ler o texto. O grau de ignorância atrevida é de tal forma avassalador que seria tão difícil manter um diálogo com a senhora como com qualquer troglodita do PNR. Desde unificar os afrodescendentes com religiões e culturas totalmente diferentes num mesmo caldo cultural a parecer ignorar que os ciganos portugueses são maioritariamente cristãos (dantes maioritariamente católicos, agora seduzidos por igrejas evangélicas), ou nada saber sobre a relação do drama da mutilação genital feminina com o Islão ou sobre tradições ciganas, passando por uma sucessão impressionante erros factuais, imprecisões graves, generalizações absurdas e afirmações levianas, o artigo está ao nível da mais primária das conversas de café. É natural que assim seja, quando a colunista baseia alguns dos seus conhecimentos em relação às minorias étnicas na clássica conversa com a empregada doméstica.

Mas há momentos de deliciosa ironia. Depois de dedicar um parágrafo generalizador e racista aos ciganos, passa para os afrodescendentes e aponta-lhes o seu primeiro defeito coletivo: “Odeiam ciganos”. Aliás, “os africanos são abertamente racistas: detestam os brancos sem rodeios; e detestam-se uns aos outros quando são oriundos de tribos ou ‘nacionalidades’ rivais”. Para quem possa estar distraído, Fátima Bonifácio é branca. Parece que acontece, excecionalmente, haver brancos que são “abertamente racistas”. Mas não é como nos africanos. Esses são mesmo todos.

Não fosse publicado num jornal, o texto corresponderia às alarvidades que podemos ler nas caixas de comentários aos artigos. A mesma ignorância atrevida, a mesma generalização racista, a mesma imbecilidade doutorada. Na realidade, se lermos as regras que o “Público” aplica (“são intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença”), percebemos que o jornal é mais criterioso na publicação de comentários aos artigos do que na publicação dos próprios artigos.

Como é natural, tendo em conta a natureza abertamente racista do artigo, houve muitas reações. Como seria de esperar, milhares de vítimas do politicamente correto rapidamente se atiraram para o chão. As regras deste tempo são estas: os alarves são livres de escreverem o que querem, de insultarem quem querem, de espalharem o ódio e o preconceito como querem. E quem se atreva a mostrar a sua indignação é um totalitário. E assim, o agressor vira vítima em poucos minutos.

O texto de Fátima Bonifácio não é semelhante a coisas ditas ou escritas por André Ventura. Nunca aquele oportunista se atreveu a dizer ou escrever metade do que lemos no “Público”. O texto de Fátima Bonifácio traça de forma explícita uma linha cultural divisória entre “nós”, os brancos, e “eles”, os outros. Como ela diz, africanos e ciganos não “fazem parte de uma entidade civilizacional e cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade” e não “descendem dos Direitos Universais do Homem decretados pela Grande Revolução Francesa de 1789”, não tendo “os mesmos valores morais” dos brancos.

Nada do que escreveu Fátima Bonifácio sobre negros e ciganos se distingue do que escreveria um nazi sobre judeus nos anos 30. Nada. É que eles não começaram por defender o Holocausto. Apenas explicaram que entre “nós” e os judeus havia uma fronteira intransponível de valores morais. Sendo os nossos obviamente superiores. O resto veio por arrasto.

Antes que nasça uma nova associação de lesados do politicamente correto, quero deixar claro que não pretendo que Fátima Bonifácio se cale. Só não quero ajudar a financiar a sua palavra, comprando jornais onde ela escreva. Mas defendo o seu direito a escrever e dizer todo o lixo que tenha na cabeça.

Sei que a banalização do racismo tem o perigo de o tornar aceitável, mas prefiro que se perceba de uma vez por todas que o problema de Trump e Bolsonaro não é serem boçais. Que o problema dos seus eleitores não é passarem muito tempo no Facebook. Que eles representam uma rutura civilizacional em que participam sectores intelectuais com peso político.

Acredito na liberdade de cada um escrever e de ler tudo o que quiser. E acredito na existência de jornais que dependem dos leitores. Não sou assinante do “Observador”. Também não sou do “Diabo”. Porque acho que devem ser os que se reveem naqueles projeto políticos e editoriais a financiá-los. Sou assinante do “Público” porque espero que, num clima de pluralismo, cumpra os valores que constam dos princípios editoriais que publicita desde a sua fundação. Defender a liberdade de todos se expressarem não implica eu ajudar a pagar propaganda xenófoba. Um jornal que eu leia é plural, dentro dos tais valores que Fátima Bonifácio julga serem seus mas não de Nelson Mandela. Quem se coloca de fora desses valores deve ter a liberdade de escrever, insultar e no fim ainda se atirar para o chão porque há quem não goste. E eu tenho a liberdade de não lhes pagar por isso.

Se “The New York Times”, “The Guardian” ou “Le Monde” publicassem um texto deste calibre, a revolta ganharia dimensões que o tremendamente tímido e inconsequente editorial de Manuel Carvalho não chegaria seguramente para serenar. A credibilidade demora muito a construir mas destrói-se num dia. Se não houver consequências disto, por pressão dos leitores, é péssimo sinal para o “Público”. É sinal que está morto. E eu não quero isso.

32 pensamentos sobre “Fátima Bonifácio, o “Público” e os valores morais dos brancos

  1. Mas o op-ed de Fátima Bonifácio encontraria também abrigo sem dificuldade no Daily Telegraph, no Daily Mail, no Daily Express e no Sun, para citar apenas aqueles que publicam muito mais de um milhão de exemplares diáriamente. Mas a posição do Governo de S.M. é muito mais subtil e hábil : No pós-Brexit apenas vão ter entrada nestes verdejantes ilhas, como lhes chamou Wlliam Blake, os imigrantes que venham auferir garantidamente mais de £ 30.000 ano. É muito mais simpático, não ofende, e vai dar ao mesmo.

    • Op-ed é um americanismo, abreviatura de opposite editorial page, que designa a página de um jornal na qual são expressas opiniões de colunistas ou comentaristas. O nome veio da tradição de posicionar tal material na página oposta à página de editorial.

  2. Este comentário do Daniel Oliveira é exactamente o que eu penso sobre o artigo de Fátima Bonifácio… E é muito importante o que ele diz sobre ela ter todo o direito de exprimir o seu pensamento…. Mas MAIS IMPORTANTE – E QUE QUERO AQUI SUBLINHAR – É O QUE ELE AFIRMA NESTES TRÊS PARÁGRAFOS EM CUJO CONTEÚDO DEVEMOS REFLECTIR… É QUE OS TEMPOS ESTÃO A MUDAR… E OU TOMAMOS A DECISÃO DE NÃO DEIXAR PASSAR ESTE “ÓLEO PEGAJOSO” DO PENSAMENTO “NÓS É QUE SOMOS A ELITE…NÓS É QUE DEVEMOS GOVERNAR!”…OU TEREMOS CAÍDO DE NOVO NOS TOTALITARISMOS DE TODA A ESPÉCIE, E “NEM PIU…SE NÃO ACABAMOS CONTIGO!”….!!!
    …. Eis os três aspectos que marcam, para mim, os perigos a que devemos estar atentos…!

    …. “Como é natural, tendo em conta a natureza abertamente racista do artigo, houve muitas reações. Como seria de esperar, milhares de vítimas do politicamente correto rapidamente se atiraram para o chão. As regras deste tempo são estas: os alarves são livres de escreverem o que querem, de insultarem quem querem, de espalharem o ódio e o preconceito como querem. E quem se atreva a mostrar a sua indignação é um totalitário. E assim, o agressor vira vítima em poucos minutos.”
    .”……”.
    ….”Nada do que escreveu Fátima Bonifácio sobre negros e ciganos se distingue do que escreveria um nazi sobre judeus nos anos 30. Nada. É que eles não começaram por defender o Holocausto. Apenas explicaram que entre “nós” e os judeus havia uma fronteira intransponível de valores morais. Sendo os nossos obviamente superiores. O resto veio por arrasto.”
    “….”
    …”Sei que a banalização do racismo tem o perigo de o tornar aceitável, mas prefiro que se perceba de uma vez por todas que o problema de Trump e Bolsonaro não é serem boçais. Que o problema dos seus eleitores não é passarem muito tempo no Facebook. Que eles representam uma rutura civilizacional em que participam sectores intelectuais com peso político.”

  3. […]

    «Aquilo com que me deparei é de tal forma abjeto que usá-lo como ponto de partida para qualquer debate corresponderia a um desprestígio intelectual para quem o fizesse. Não cumpre os mínimos.». wow!

    Nota. Desculpa lá, Danielzinho, mas na sociedade democrática portuguesa só se deveria poder criticar nestes termos outrém, a Maria de Fátima Bonifácio no caso, se dela se conhecesse um pint****. Assim, pisando a mesmíssima tecla da obsessão doentia em passar a vida a condicionar os outros jornalistas enquanto se dá, descaradamente, vivas à liberdade, a tua! a vossa!!, a d’Ele!!!, é fazeres figuras tristes de… otário.

    #lixo

    Da série “Grandes títulos da imprensa de hoje”

    Nota. Fantástico lote (zangou-se com a MFM?), de facto.

    Clara Ferreira Alves
    Sérgio de Sousa Pinto
    João Miguel Tavares
    Henrique Raposo
    Rui Ramos
    José Manuel Fernandes
    Maria João Avillez

    https://pbs.twimg.com/media/D2MNONyWsAED2Rb.png

    13 de nov de 2018, e.g.

  4. O Daniel Oliveira é brilhante, como é seu timbre, a desancar na Fatima B. Mas no final lá vem a pequena mancha ideológica , o artigo da Fatima …” é péssimo sinal para o Publico. É sinal de que está morto. E eu não quero isso.”
    Ou seja em duas penadas mata o público ( ele lá sabe porquê e eu também sei) e faz o funeral mas diz como o outro amigo da onça ..eu até tenho assinatura!!!

    • Nota. João: se calhar eu também sei, embora me pergunte se sabemos exactamente o mesmo, mas esta estratégia insere-se na obsessão doentia de um grupinho com o que vai fazendo o P. da Sonae. Objectivo, se abrirmos a angular: condicionar o trabalho de alguns jornalistas (até o Paulo Baldaia, durante a sua passagem pelo DN, foi vítima das filhas-da-p. anónimas). No entanto, inveja!, quem está moribundo é o DN da sua amiguinha Fernanda Câncio e, este vem por arrasto, do Pedro Marques Lopes (mas sobre isso, ordenados em atraso, que inclui a TSF, tiragem miserável, cerca de mil assinantes no digital!, schhhiiiiiiu e que ninguém cante o fado!). Há excepções, que eu sei qu’as há, mas chegoi o dia em que o Pedro Coelho, da SIC, escreveu umas cenas lindinhas no #Twitter…

      https://twitter.com/PedroMCoelho/status/1144946121401352193

  5. Embora concorde que o texto da Bonifácio é profundamente idiota e conservador radical, no sentido de classificar os europeus como cristãos, como se um judeu ou um ateu não pudesse ser europeu e mostrando uma profunda ignorância ao não saber que os ciganos e a maior parte dos imigrantes negros são cristãos, também não me esqueço que o senhor Oliveira representa o radicalismo obtuso de sinal contrário que dá força ao primeiro.

    Por exemplo, eu pessoalmente até sou a favor de cotas para negros e ciganos, Mas não é por isso que disparo em todos os sentidos a chamar racista a toda a sociedade (só a branca) e a ignorar ostensivamente os problemas de criminalidade e até de RACISMO que existem nessas comunidades e ainda por cima a culpabilizar as vítimas de outras etnias.

    De facto, a sociedade mais agressivamente racista e exclusivista que existe em Portugal neste momento não é a branca, é a cigana. Mas isso o senhor Oliveira nunca reconhecerá.

    Para ele racistas são só os sacanas dos portugueses de pele clara que curiosamente são racistas que votam num primeiro ministro indiano e até aceitam de bom grado cotas de negros e de ciganos.

    Mas a lógica nunca foi apanágio dos fanáticos de nenhuma cor…

    • […]

      «De facto, a sociedade mais agressivamente racista e exclusivista que existe em Portugal neste momento não é a branca, é a cigana.», …?

      «Um racismo sistemático, estrutural, que vem desde que eles chegaram a #Portugal, em 1500, e que nenhum governo republicano ou monárquico ou socialista ou liberal fez nada até hoje.» – José Gabriel Pereira Bastos.

      https://pbs.twimg.com/media/D91Y1snXUAAjIpZ.jpg

      Nota. Sobre o racismo vs #ciganofobia, ali, mas googlar por José Gabriel Pereira Bastos.

      • Peço desculpa mas o senhor Bastos não tem nenhuma credibilidade.

        O Português médio não reconhecerá certamente a imagem que ele dá da comunidade cigana como selvaticamente perseguida pelo resto da população, instituições e autoridades.

        Essa tipo de imagem distorcida da realidade é o que dá força á extrema direita.

        Comparar a realidade de 1500 ou até a da república com a actual é simplesmente ridículo. Em 1500 todos nós éramos perseguidos até por faltar á missa ou comer chouriço na sexta feira santa., ainda na república bastava ser-se filho de pais estrangeiros para se ser preterido em muitos cargos etc.

        Quanto á realidade actual, pessoas como o senhor Bastos ignoram ostensivamente quer os problemas de criminalidade que afectam a comunidade cigana e geram reações na comunidade envolvente, quer os apoios do estado e de instituições da sociedade civil que apoiam os ciganos.

        Os seus “estudos” são simplesmente fake e a população apercebe-se disso.

        O problema é que certa esquerda não se apercebe que esses exageros fake são contraproducentes e geram revolta no resto da população – a menos que a ideia seja mesmo essa e não estejam a usar certas minorias apenas como peões de jogos de poder.

        Nesse caso, claro, quanto pior melhor e talvez a ideia seja mesmo essa.

        • Ui?

          Nota. Ah, essa cabeça está pior do que eu pensava (nem entende o que é XXXXXX-fobia, que ademais uma fobia pressupõe exactamente o seu tipo de reacção e tal). Bonne chanche, acho que é latim.

          1.
          https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Little_Miss_Muffet_2_-_WW_Denslow_-_Project_Gutenberg_etext_18546.jpg

          2.
          Portugueses ciganos e ciganofobia em portugal – Instituto de Ciências Sociais
          https://www.ics.ulisboa.pt/file/5131/download?token=ROK2Opjl

          • Como não tem argumentos chama fóbico ao interlocutor.

            Compreendo.

            É assim como os comunistas chamam fascista a toda a gente e os direitistas chamam comunista a toda a gente.

            • Pedro: se pensar um bocadinho mais, o tipo não lhe está a chamar fóbico (nem cómico). Compreende, comprendis?!, vous comprenez ou ne comprenez pas-pá?

            • Sim, para além de chamar fascista, comunista, ou fóbico, conversa de chácha é outra forma de distrair as atenções quando não se tem argumentos.

              Quando tiver avise tá ?

        • […]

          «Uma amálgama caótica de
          ideologias variadas que, todas elas,
          como é próprio das ideologias,
          prescindem do rigor científico,
          falham a realidade vivida no terreno
          e refugiam-se no discurso,
          inventando “categorias” que vivem
          exactamente da falta de rigor e da
          propositura de níveis de análise que
          escamoteiam os graves dramas e
          danos exercidos historicamente na
          realidade social. O #racismo é
          também isso, a omnipotência do
          discurso ideológico, que não é um
          exclusivo do “neo-reaccionarismo”
          de direita.»
          – José Gabriel Pereira Bastos.

          #ciganofobia

          A paixão xenófoba de Bonifácio, a questão cigana e o racismo de Estado, hoje no Público.

          https://pbs.twimg.com/media/D_TaOk2XsAA2TEl.jpg

          • Caro RFC.

            Interessante.

            Basicamente, se alguém tiver alguma discussão com um cigano, chama-se-lhe ciganbofóbico.

            Isso tem a vantagem, claro, de criar a raça perfeita, a raça cigana, visto que ninguém pode admitir que algum cigano tenha algum defeito.

            Esse bastos é um génio.

            Verdadeiro doutor Mengelle do século 21, criou a nova raça superior.

          • Gostei especialmente do Bastos falar dos maus tratos a ciganos no Séc. XVII como se nós vivêssemos nesse século.

            Mas ó RFC, nessa época qualquer um que não tivesse emprego certo e andasse a vadiar pelas terras estava sujeito ás mesmas sanções.

            A lei espanhola até ameaçava com galés aos que não se emendassem ?

            Mas o Bastos não sabe que nessa época até qualquer europeu estava sujeito a ser condenado a penas dessas pelas mesmas razões que foram aplicadas aos ciganos ?

            Aliás, nem era preciso fazerem nada contra a lei, nessa época centenas de milhares milhares de europeus foram capturados e reduzidos á escravatura durante os raids muçulmanos ás costas europeias.

            Os corsários islamitas chegaram a capturar aldeias inteiras que reduziram á escravatura, até na Irlanda e na Islândia.

            Ninguém explica ao stôr Bastos que vivemos noutra época ?

      • Crónica humorística de Maria Fátima
        Bonifácio sobre negros e ciganos
        para o INIMIGO PÚBLICO foi publicada
        por engano no ‘Público’
        A hilariante crónica “Podemos? Não, não
        podemos” que Maria Fátima Bonifácio escreveu
        para o INIMIGO PÚBLICO, repleta de oneliners
        inesquecíveis sobre a relação dos negros com
        a Revolução Francesa e dos ciganos com
        a Cristandade foi publicada por engano no
        suplemento “O Público” do nosso jornal satírico,
        tendo sido por isso mal interpretada pelas redes
        sociais, pelos podcasts do Daniel Oliveira e pela
        rádio pirata Marmeleira FM do Pacheco Pereira. A
        crónica, “Podemos? O c… é que podemos” sobre
        Anselmo Ralph, Ricardo Quaresma, o Concílio
        Vaticano II e o monoteísmo inventado pelo
        faraó Akhenaton já vai ser publicada no INIMIGO
        PÚBLICO e na secção Piadas de Caserna da
        revista da “Reader’s Digest”. VE

        Fonte: Inimigo Público, 12.7.2019, p. 1.

  6. Para quem lê de boa-fé Fátima Bonifácio assina um texto inapelávelmente racista só possível de publicar nestes tempos de Trumpismos e Faragismos. Para já ela, e alguns comentadores, cometem o erro de acusarem Ciganos e Judeus de serem do piorio no que toca a racismo. Acontece que os primeiros, digamos que chegados a Portugal por 1500, altura em que por coincidencia os segundos foram expulsos, são reus do “crime” de quererem continuar Ciganos e Judeus, preservando a sua identidade vivendo como minorias étnicas. Os primeiros são odiados e desprezados, e os segundos foram forçados a emigrar. Mas ninguém é obrigado a viver como eles ou ter a sua fé.
    Mas Bonifácio, que presumo ser Portuguesa, reclama pertencer a uma raça e cultura superior, cultura essa a que os Africanos, entre outros, e surpreendentemente, se recusam a pertencer. Isto é tão mais extraordinário quando lembramos que emigrantes, tão Portugueses quanto a Autora, foram eles próprios vitimas de preconceitos racistas quando emigraram para o Novo Mundo até bem à metade do Sec. XX. Por exemplo no Hawai, no virar do século, a legislação foi modificada afim de incluir os Madeirenses, (que para lá levaram o cavaquinho, depois tornado famoso como “ukelele”), no grupo dos negros para sofrerem a mesma descriminação racial. Na América própriamente dita, como descrevem os historiadores Leonard Dinnerstein e David Reimers, os imigrantes da Europa do Sul eram excluídos da educação, de ocuparem postos de trabalho melhor remunerados e de habitarem zonas reservadas a “brancos” . Nos Estados do Sul esses imigrantes eram mesmo forçados a frequentar apenas as escolas reservadas a negros.
    E o que se aplicava a Italianos, Espanhois e Portugueses atingia outros, fossem eles Gregos, Turcos, Polacos, Eslavos ou Judeus, vindos estes donde viessem. Foi, salvo erro em 1927, que o New York Times publicou um editorial, para sua eterna vergonha, em que se lia: “É provavelmente impossivel civilizar, ou meter na ordem, estes imigrantes, senão usando o pesado braço da Lei”.
    Fátima Bonifácio espalha no seu artigo a dimensão da sua ignorancia e o seu rábido preconceito sobre aqueles que considera inferiores. Já vai tarde para mudar, parece-me. Oxalá os alcatruzes da História lhe ensinem uma lição de humildade.

    • Baralhar a realidade de 1500 com a actual pode ser uma tácita interessante para ignorar a realidade, mas não tem credibilidade nenhuma.

      Hoje em dia em Portugal ninguém persegue judeus e ciganos.

      O único problema, quanto á integração dos últimos, é eles não se quererem integrar.

      Não querem ir á escola, querem casar com míudas de 12 anos, praticar guerras de clãs, viver de criminalidade, adoptar uma postura agressiva e depois a culpa é dos outros que tenham uma má imagem ?

      Nós vemos comunidades de imigração muito mais recente, de origem racial, cultural e religiosamente muito mais diversas da portuguesa original integrarem-se sem problemas nenhuns. Chineses, indianos, nepaleses, são acolhidos sem problema nenhum na sociedade portuguesa actual. O problema dos ciganos não tem a ver com racismo, mas com os frequentes tiroteios nos seus bairros, roubos em lojas, a um pessoa não poder circular na baixa de Lisboa sem ser abordada por um cigano a vender droga ou ouro roubado etc etc – é isso que lhes dá má imagem.

      Para integrar a comunidade cigana é necessário encarar esses problemas de frente e não cirar filmes fake de perseguições inexistentes.

  7. Leio quase toda a escrita de Daniel Oliveira e quase sempre partilho das suas opiniões.
    Neste caso divirjo completamente mas continuo a respeitar a sua opinião.
    Apenas gostaria de perguntar-lhe, se pensa que os ciganos e os mussulmanos desejam ajustar-se e adaptar-se
    aos nossos costumes e às práticas sociais da imensa maioria dos que os rodeiam ?
    Pensa que estas minorias têm essa vontade, ou fazem esforço mínimo de adaptação a exemplo do que acontece com os azunossos emigrantes, na Suiça, Alemanha, França,Brasil, U:S.A. e até NOruega e Suécia ?
    Se está convencido que sim, então estou esclarecido e o problema é mais seu, do que meu.
    Por experiência própria, pois vivi 10 anos na Suiça e na Alemanha, sei das mesmas dificuldades que as etnias em apreço também provocam nesses países. Não me diga, por favor, que a culpa é dos nacionais e que a estupidez
    daquela primária religião e do primitivismo dos costumes da cigana etnia nada têm a ver com os problemas que acarretam às civilizações onde se instalam.

    • Caro Pinto.

      Acredite que não adianta.

      Faz parte do politicamente correto adoptado por estes senhores apresentar sempre os povos ocidentais como exclusivamente culpados por todo e qualquer problema que surja entre comunidades ou indivíduos de etnias diferentes.

      É mesmo uma regra para eles. O que culpado é sempre o gajo que for mais branco.

      Aqui há uns anos anos, quando houve um arrastão de blacks que roubaram centenas de pessoas e espalharam o pânico na praia de Carcavelos, houve logo pessoas destas que se apressaram a dizer que a culpa era dos próprios veraneantes, que tiveram o descaramento de ir á praia com a família, ou dos skinheads, da sociedade, ou de qualquer um menos dos criminosos, porque esses eram da cor “boa”.

      Por causa destes tipos é que temos a extrema direita a subir em todo o mundo ocidental, as pessoas cansam-se de serem assaltadas e ainda lhes atribuírem as culpas.

      O PNR devia atribuir a cruz de ferro com folhas douradas ao senhor Oliveira.

      • «Faz parte do politicamente correto adoptado por estes senhores apresentar sempre os povos ocidentais como exclusivamente culpados por todo e qualquer problema»

        Quem generaliza a toda uma comunidade são o Pedro e o Eduardo.

        «Aqui há uns anos anos, quando houve um arrastão de blacks »

        Até o Mirone publicou que tal coisa não existiu. https://observador.pt/especiais/carcavelos-a-historia-do-arrastao-que-abriu-telejornais-mas-nunca-existiu/ Mas força nisso, continue a dizer que não é racista que a comédia faz bem à digestão.

        • Caro Marques.

          Eu comecei a discussão declarando que considero o texto da Bonifácio uma imbecilidade e que sou a favor da existência de quotas para negros e ciganos e a sua conclusão é que sou racista ?

          Compreendo, vocês chamam racista a tudo o que mexe, assim como há uns anos chamavam fascista.

          PS

          Leia bem o texto que você próprio linkou. Leia também as notícias sobre o relatório policial final que subscreve a vossa tese de ocultação do que se passou.

          Sim, a policia “reconhece” que não houve arrastão.

          “Só” reconhece que um gang de dezenas de blacks espalhou o pânico numa praia, agrediu duas pessoas e assaltou cinco, “oficializados” isto é, que apresentaram queixa, não sabendo nós quantos poderão não ter apresentado.

          Isto é, de facto houve arrastão, mas a imprensa e a policia apressou-se a abafar o caso.

          O único erro nas notícias originais foi no número dos gansgters, não eram centenas, mas dezenas, erro natural visto o pânico instalado ter posto centenas de pessoas a correr em todas a direções.

          A polícia, o direitalho do observador e vocês não lhe querem chamar arrastão ? O direitalho que você citou diz que nem foi arrastando.

          Chamem-lhe então arrastinhinhinhinhinho, que o encobrimento de criminosos só porque vocês gostam da cor fica-vos muito bem.

          Para mim, que não sou racista como vocês, não encubro criminosos seja qual for a cor deles.

    • «Pensa que estas minorias têm essa vontade, ou fazem esforço mínimo de adaptação»
      Claro que fazem, outra coisa era dizer que que todas as pessoas dessas minorias fazem o esforço. É como dizer que todos os brancos querem que os africanos se afoguem no mediterrâneo.
      Os que se adaptam nem dá por eles, e por isso é que a generalização é grosseiramente racista.

      • Quer dizer, estão os dois a generalizar, mas só a generalização dos outros é que é a má.

        Pelo sim pelo não você chama racista a toda a gente, não vá a conversa enveredar pela neutralidade dos factos…

  8. A Fátima Bonifácio foi minha professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas nos longínquos anos 90 do finado século e posso, sem falta de rigor, afirmar que a senhora revelava, então, alguns preconceitos de natureza intelectual. Não raras vezes, intitulava-se pertencente à derradeira geração leitora, embora o Planeta já tenha dado variadíssimas voltas e muita boa gente continue a ler, em todas as idades…Na verdade, não obstante as suas qualidades científicas, a postura da professora tinha algo de atávico e desfasado das mutações incessantes da realidade.Falava com um travo petulante, mas discretamente. No entanto, nada mais se lhe podia apontar e nunca se aventurou por considerações semelhantes às que agora se observam. Sem querer ferir a senhora, julgo que o seu discernimento já entrou na fase obscura da espécie humana e, por isso, não consegue perceber que o seu prestígio académico não é um salvo-conduto para o dislate. Parece um caso extremo de alguém que se rendeu a um género opinativo típico do universo futebolístico propagado por alguma televisão: debitam-se os maiores disparates, que o Planeta esquece no dia vindouro. No caso Bonifácio, o assunto é demasiado sério para que escreva e publique um arrazoado de delírios.

  9. Toda esta caterva de neo, tecno, patetofolk nazi fascistas pode ficar bem ciente de que vai haver alguém a dar_lhes luta. Tão simples quanto isso

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