(Carlos Esperança, 06/07/2019)
Que o ora Conselheiro de Estado vitalício esqueça que teve mais vida, além das quintas-feiras e outros dias de sólidos rancores e autoelogios impressos nos “Roteiros”, é um ato de memória seletiva que não surpreende.
Que tenha preenchido uma ficha de mal-esclarecida necessidade, na Pide, com a alusão despropositada à madrasta da amantíssima esposa, é a nódoa caída num impresso onde a prevaricação ortográfica não foi a pior das manchas.
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Que ao longo da vida tenha esquecido o que lhe dói e recorde o que julga que o enaltece é uma atitude que se compreende; que a gramática e a cultura não fossem preocupações de quem apenas queria fazer pela vida, desculpa-se; que se tenha enredado em negócios nebulosos, como o da permuta das vivendas ou o das ações da SLN, não cotadas em Bolsa e destinadas a amigos, onde se lembrou da filha e não se esqueceu das mais valias realizadas a tempo, para ambos, são situações que o tempo faz esquecer; que a docência na Universidade pública possa ter saído prejudicada pela assiduidade numa privada ou o benefício do fim das bolsas de investigadores da Gulbenkian possam ter beneficiado um ex-investigador, são coisas antigas e certamente explicáveis.
Podia ignorar que na sua campanha presidencial de 2011 recebeu 253 mil euros de dez altos responsáveis do BES/GES cujo valor tinha origem no saco azul, quando a lei do financiamento das campanhas proíbe donativos de empresas, como agora é noticiado.
O que não podia esquecer era o jantar dos quatro casais na vivenda de Ricardo Salgado e mulher, onde foi preparada a candidatura de 2006, com ele, Marcelo e Durão Barroso e as respetivas mulheres. E se em 2011, quando o BES, apesar da engenharia financeira, apresentou milhões de euros de prejuízo, apoiou a sua campanha com 235 mil euros, imagina-se quanto poderia ter investido em 2006, quando era essencial proporcionar a tão fraco candidato uma tão difícil vitória.
Da conspiração nascida na sua Casa Civil contra o PM da altura, o caso das escutas, do ressentimento pela lei que o impediu de acumular as reformas com o vencimento de PR, do rancoroso discurso, após a vitória presidencial, até às afirmações nefastas para o país, contra o atual Governo, a que foi obrigado a dar posse, e tão tardiamente o fez, sabe-se o que prejudicou Portugal e a imagem que deixou nos portugueses.
O que ora surpreende, apesar da sua leveza ética, é a negação da amizade com Ricardo Salgado, como se fosse natural jantar e preparar uma candidatura presidencial em casas de desconhecidos ou inimigos.
A negação da amizade não pode ser esquecimento, é ingratidão e falta se sentimentos.
O que surpreende mais uma vez é a idoneidade do MP. Primeiro deixaram prescrever e agora bufam para os jornais para criar a ilusão que o MP não tem agenda política.
O juridico-judicial andou a dormir e desde MORO acordou para a patifaria ! pobre PORTUGAL !
Só o insólito amnésico aceita esta personagem como real ! e Portugal viveu tão inglóriamente estes momentos de virtigem ! sejamos honestos! desde quando temos um PR mais nobre que Mário Soares ?! Defeitos todos temos ! defendeu o seu País como ninguèm pela LIBERDADE E PELA DEMOCRACIA ! HOJE ANDAMOS COMO O CARANGUEJO . o POUCO QUE EXISTE SÃO VALORES QUE ELE CRIOU E DEIXOU COMO HERANÇA !
Tão amigos que nós éramos (homenagem d’A Estátua de Sal)…
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Fonte: Cadeia da Relação do Porto – Centro Português de Fotografia, Posto Antropométrico da Cadeia Civil do Porto, sem data. Photographia de José Neves.
Não se zangue com o tipo, amigo Vassalo! Olha só, é ou não é um engraçadista?
Da série “Grandes títulos da imprensa de hoje”
Ricardo Salgado: “Nunca na minha vida corrompi ninguém”
08.07.2019 às 16h35
Nota. Isto anda tudo ligado, pás?
Ricardo Salgado: “Não me perguntaram nada sobre Sócrates”
08.07.2019 às 16h36
Lusa
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https://expresso.pt/economia/2019-07-08-Ricardo-Salgado-Nunca-na-minha-vida-corrompi-ninguem