(Carlos Esperança, 09/12/2018)
As nebulosas manifestações, de que o aumento dos impostos e o preço dos combustíveis foram o pretexto invocado, tiveram o imediato apoio da Sr.ª Le Pen e a aglomeração de marginais, que vandalizaram estabelecimentos e saquearam mercadorias para vender.
O que não se esperava era o apoio de Trump, apesar das sólidas credenciais de exotismo e desvario. Foi o ajuste de contas do empreiteiro que disputa adjudicações, no remoque aos acordos de Paris sobre o clima e a veleidade da criação de Forças Armadas da UE.
Da Turquia, Erdogan, uma referência democrática dos Irmãos Muçulmanos, que prende juízes, jornalistas, professores e intelectuais, criticou a intervenção policial na contenção dos desacatos e acusou a França de ter suspendido os direitos humanos, ele que reprime os curdos com violência e apoia carinhosamente terroristas muçulmanos amigos.
Em Itália, Matteo Salvini rejubilou porque Macron deixou de ser um problema para ele e passou a ser um problema para os franceses.
Até à data, à falta de uma liderança política, na confusão entre exigências e atos de puro vandalismo, da reivindicação de reformas aos 60 e 55 anos e da redução de impostos, os manifestantes são “contra os custos e o peso do Estado” e exigem reformas maiores.
Enquanto partem montras, saqueiam lojas e incendeiam carros, exigem o fim da reforma vitalícia de Presidentes da República, a abolição do Senado, do Conselho Constitucional e a extinção da Franco-Maçonaria. Macron recuou sem garantias de que os coletes amarelos suspendam o caos e a anarquia, e a extrema-direita vai ganhando terreno.
Após eleger Trump, Steve Bannon, o ‘operacional político mais perigoso da América”, agora “o mais poderoso”, [The Telegraph], empenha-se em todos os atos eleitorais da Europa, onde vê em António Costa um “líder radical do Partido Socialista”. A atenção que tem prestado à Europa está a dar frutos. Como se vê.
Em Espanha, os bispos que abominam o Papa, apoiam o partido fascista VOX por ser o que, segundo eles, melhor se identifica com os valores da santa madre Igreja.
Por cá, Marcelo, que não perde uma desgraça, desloca-se a Borba para participar numa homenagem às vítimas, e comunica que vai ao Brasil à posse de Bolsonaro. Onde houver uma tragédia, não delega, vai ele, embora devesse delegar em Cavaco, por ter o perfil mais adequado ao funeral da democracia brasileira, ou em Marques Mendes, por passar mais despercebido.
Podia, pelo menos, levar o inflamado bombeiro Jaime Soares que, depois de 37 anos a arruinar a Câmara de Poiares, passou ao futebol sem deixar os fogos. Bastava deixá-lo lá a ver arder a democracia enquanto o PSD prescindia de um provocador experiente.
A democracia podia-se dar ao respeito e ser democrata, mas isso vai contra os tratados hoje em dia. A consequência é esta.
Atrás de grande parte dos problemas dos países europeus está a “Ordem Nova” de austeridade germânica igual à que planeava o ministro da Economia de Hitler num discurso pronunciado em 1943 em que dizia que os países europeus devem manter-se juridicamente independentes, mas obedecer à Ordem Nova imposta pela Alemanha. Foi isso que uma senhora com o nome de Angela, mas de fundo diabólico, impôs-nos a todos, primeiro com baixa emissão do euro, criticada por Stiglitz e outros, e agora com os tratados orçamentais e limitação dos Fundos de Solidariedade europeia. A continuação desta política levará à destruição da Europa com os seus países a serem dominados por compra ou até conquista pela China, Rússia, etc. A senhora nem percebeu que uma grande Europa carece de boas forças armadas e não da porcaria a que ficou reduzido o exército alemão e da fraqueza francesa e de outros países.
O discurso do tal ministro da Economia germânico está na biografia de Salazar distribuída semanalmente pelo Expresso e que levou o seu assessor para os assuntos alemães a escrever que a política nazi alemã era um “espeto para assar os países agrícolas da Europa”. Esse livro editado em pequenos exemplares e escrito pelo prof. Meneses de uma Universidade Britânica é muito elucidativo em certos aspetos que desconhecíamos como o falso doutoramento por promoção que Salazar teria baseado num ata falseada depois de chegar ao poder.