CONTRASTES

(Virgínia da Silva Veiga, 25/10/2018)

rosario

À saída da primeira diligência de Instrução, do caso designado por Operação Marquês, todos os advogados, sem excepção, sem prestar declarações sobre o processo.

Rosário Teixeira a debitar para a comunicação social, contra as instruções dadas pelo próprio juiz, falando, designadamente, dos elementos de prova que mantém retidos, numa tentativa de amesquinhar o Juiz de Instrução, como se este não pudesse começar a trabalhar sem que os caixotes lhe sejam entregues. 

A atitude entronca, aliás, nas recentes declarações de outro magistrado à comunicação social sobre o mesmo processo, defendendo a tese de não ter sido totalmente distribuído, como se tal existisse, ambos a deixar-nos a convicção de se tratar de um propósito de adiamento e atraso do processo.

Viu-se hoje que a ideia seria, argumentando que não estando todas as provas já no TIC, para onde as não enviaram a estranho pretexto de falta de condições, que omite quais, a Instrução teria que ficar adiada, mais uma vez, sine die, como se Ivo Rosa não pudesse fazer o que fez: avançar com o processo, tratar dos que ainda tem em mãos, e mandar vir depois os tais caixotes, no dia em que mandar. Porque é ele quem manda.

Estes homens não aprendem. Lembram Cavaco. Uns não percebem não serem eles próprios a Justiça, que o mundo se move para lá das obstruções que possam levantar, outro não entende não ser ele a Política. 

Só não incomoda porque, felizmente, começamos a poder ver outro tipo de comportamentos. Foi o caso de hoje, por parte dos advogados e do próprio Ivo Rosa, foram as declarações de Marcelo a reforçar que um dia não escreverá memórias tal como hoje não conta as conversas com primeiros -ministros. Mais que isso – ridicularizou publicar-se sobre esses encontros, adiantando que não caberiam num livro por todos os chefes de estado falarem imensas vezes com quem lidera os governos. 

É tramado quando alguém pensa que manda, que só ele manda, que manda como quer e para toda a vida. Felizmente o mundo tem mais janelas.

Desta feita não conseguiram adiar mais o andamento da Operação Marquês cujos prazos ilegalmente prorrogaram vezes sucessivas sem que se visse legalidade, pior ainda, sério motivo para nunca ter fim à vista. 

Desta feita, é a nova PGR quem deve dizer a este cavalheiro que não devem pronunciar-se publicamente sobre processos que lhe estão entregues, lembrar-lhe as obrigações estatutárias e, já agora, explicar-lhe dever obedecer ao Juiz de Instrução.

 

5 pensamentos sobre “CONTRASTES

  1. Vi via TV, de raspão, algumas imagens do Teixeira na rua a deslocar-se entre muitos jornalistas e a dialogar, sem pressa e visivelmente interessado em falar, sem enxotar os ditos como era habitual.
    Estranhei muito mas não cheguei a aperceber-me qual a razão de tão inabitual actitude do snr. magistrado. Agora, com esta leitura mais completa, percebo a inversão de comportamento do senhor. Aliás, o que vem no seguimento da última aparição do snr, juíz Alexandre frente a jornalistas e, confirma-se que trabalharam como Dupont & Dupont no caso marquês.
    A situação do caso está-lhes a fugir de controle pelo que já não lhes é suficiente a “central de intoxicação” do “cm” e outros intoxicadores amigos. É interessante ver que tais centrais intoxicantes não tivessem sabido e noticiado em primeira mão a decisão do juíz Ivo Rosa.
    O medo de lhes destaparem o saco de maldades à custa de insinuações e ligações absurdas de inverosimilhança e irracionalidades e, pelo contrário, não haver uma única prova válida para julgamento sério na montanha de papel que custou uma fortuna e nós pagámos, os senhoritos ex-donos absolutos e impunes do caso começam a ficar aterrorizados face à possibilidade de serem desmascarados e serem responsabilizados terem pelas manipulações ridículas que usaram para fazer vingança sobre quem os queria tratar, justamente, como aos outros trabalhadores do Estado sem regalias de excepção escandalosas.

  2. «À saída da primeira diligência de Instrução, do caso designado por Operação Marquês, todos os advogados, sem excepção, sem prestar declarações sobre o processo.», …?

    Epá, Manuel G.!

    Como se percebe que tens um canal directo (?), virtual (?) e privadíssimo (?), que se estenderá não à mesa do Pabe como os almoços conspirativos dos velhos tempos do Expresso, aquelas entrevistas!, com a sôtora Virgínia, No País das Maravilhas; como eu sou um definitivamente um bom tipo e, essencialmente, um bom cristão que se orgulha de o ser; idem, como seria incapaz de observar de braços caídos uma donzela a ser subjugada pelas garras literárias exibidas pelo José Neves (Dupont & Dupont, pá?!)* já prestes a ser abocadanhada inteirinha e, assim, escorregar pela traqueia até ao aparelho unicavitário do homem!; ibidem, juntando tudo isto, pois, quero dizer ou gritar publicamente, melhor denunciar!, que este importantíssimo, este candente e esquecido Tema-com-tê-grande Dos Advogados Da Nossa Praça A Andarem Nas Ruas Desta Cidade só por distração dos demais cronistas, bloggers e comentadores semelhantes permanece assim na ignorância e nas trevas…

    Este Tema, Dos Advogados Da Nossa Praça A Andarem Nas Ruas Desta Cidade, oportunamente trazido mas não explorado na sua completa dimensão pela sôtora Virgínia, No País das Maravilhas, nomeadamente aqui n’A Estátua de Sal, é candente, senhores/as!, e, por isso, apaixona-me e sigo-o fervorosamente há algum tempo (abra-se esta Arca do Fernando!, Abre-te Sésamo! como dizia o outro, e, então, mirem-se à borla com os olhos deslumbrados/as os tesouros que se guarda(va)m na gruta do Ali Babá)!

    1. João Araújo, sôtor, o habeas corpus e o Supremo Tribunal de Justiça (o princípio do fim da tanga).

    XXXX
    23 DE NOVEMBRO DE 2017 ÀS 16:01
    «Ora, sr. XXXX perdoe o atrevimento, mas o Supremo Português não deveria aceitar ou rejeitar o HC pelo mérito ou demérito de cada causa ? Pode um cidadão ficar preso illegal e arbitráriamente só porque os Meretissímos não têm tradição de acolher o HB?», cito.

    XXXXXXX.X, sobre o teu habeas corpus que vi ontem mas li agora. De acordo com a primeira parte, mas se quiseres que te diga primeiro apresenta-se a “causa” e as coisas em julgamento passam-se ao contrário. Ou seja, a parte do segundo parágrafo onde dizes “pode um cidadão ficar preso ilegal e arbitrariamente» é que é decidida em função do que é apresentado. Ora, se eu bem me lembro, o pedido ou os pedidos de habeas corpus no caso do ex-PM agora acusado pelos bandidos do MP, tendo sido apresentados por um divertido maduro qualquer, eram fundamentados ocupando as margens (?) de um qualquer recorte de jornal (um outro metia um advogado, ou aprendiz de advogado, prolixo nestas cenas). E assim foram os resultados, esperados: aumentaram as estatísticas do não, o/s tipo/s tiveram de pagar as custas porque o STJ se reuniu de propósito e é preciso pagar a gasolina porque não trabalham à borla e, o que é de maior utilidade para as televisões, apanharam algumas imagens de um então quase desconhecido sôtor João Araújo ostentando impecavelmente uma apreciável quantidade de gel na sua guedelha branca sob uma tez de pinta oriental.

    Nota, doutrinária (e dedicada ao irritadiço Joaquim Camacho, pois). Importante seria voltar a esses tempos, de facto. Eu já sugeri por aqui que essa foi a primeira fase (a de Évora, e nem sei se foi toda) em que a opinião pública portuguesa permanecia estupefacta a observar os acontecimentos e em que, laica ou religiosamente, naturalmente exibia a sua compaixão sobre um drama pessoal. Ora, não exactamente o teor da decisão do STJ, apesar do ar compungido do advogado que parecia carregar no seu robusto corpanzil todo o peso da Justiça! com capitular e ponto de exclamação, mas o facto de tudo, afinal, se basear num recorte de jornal deu à coisa uns primeiros sons de opereta que ajudaram um pouquinho os portugueses a deixarem de ser tomados por tontos (e depois de muita água a correr para o mar de continuarem a ser assim tratados, Valupi esta é para ti).

    2. Ricardo Sá Fernandes, sôtor, o fugitivo Manuel Pinho a correr como um pinguim à frente dos carros de Lisboa para não ser atropelado (viram?) e a visita ao Ministério Público.

    RFC diz:
    Julho 21, 2018 às 9:57 pm
    Manuel G., como sobre o fundo da questão já oportunamente me debrucei o suficiente n’A Estátua de Sal, comento apenas umas frases deste novo artiguinho de merda escrito pelo ex-PM (ou por outrém sob o pseudónimo “José Sócrates”, uma cena que constitui uma tese intelectualmente fantástica!). «O que vejo é deputados tornarem-se porta-vozes, não do povo que representam, mas das autoridades judiciais que, através dos jornais, lhes sugerem as perguntas que elas próprias não puderam ou não quiseram fazer. O que vejo é a indecência parlamentar da armadilha política: não só não cumprimos o que combinámos, como te criticamos porque, afinal, sabias bem onde te estavas a meter.», se isto tivesse sido escrito em 2014 poderia considerar espantoso apenas vindo de quem, apesar de tudo, estaria prestes a ostentar não a tal medalha que é a «a mais alta condecoração que o Estado Português entrega a todos os que exerceram a função de primeiro-ministro» mas um amuleto qualquer em que, sinceramente, pudéssemos acreditar mesmo que o nível dessa crença fosse o de uma fezada no Senhor do Bonfim ou no Partido Socialista garantida por uma fita enrolada no pulso. No entanto, dizer-se isto em 2018, quando se sabe que a credibilidade de José Sócrates está ao nível das pedras da calçada porque pura e simplesmente nada quis, ou conseguiu, explicar com verdade e razoabilidade sobre a sua vida política (para ser mais preciso, no pós-prisão de Évora) e em que, assim sendo, enredado estará num enorme processo judicial que o manterá sentado nos bancos de tribunal por largos anos definhando a cada sessão de julgamento cada vez mais enleado nas suas tangas e mentiras (apostamos?), numa estratégia de defesa sem ponta por onde se lhe pegue ao sabor de tudo o que é permitido pela desgraça do seu ego; quando um ex-PM se faz ouvir nos termos em que o fez, exactamente, sobre um tipo que foi seu ministro da Economia e em que, durante esse período, embolsou um “ordenado” paralelo vindo da gruta do Ali Babá que foi sendo despejado secretamente em offshores, um tipo que sendo, aparentemente, mais esperto encetou depois enquanto lhe foi permitido uma fuga pelo Atlântico como scholar e, de igual modo, pelas estepes asiáticas e em que os portugueses assistem a um ex-PM que se atira directamente a três deputados (três!, a saber: Paulo Rios, Mariana Mortágua e Mota Soares) acusando-os publicamente de agirem, não a mando dos seus partidos, da responsabilidade política perante os seus eleitores e da elevação do cargo que ocupam ou, ainda, da sua consciência pessoal, mas como paus mandados ao serviço dos bandidos do MP papagueando as perguntas que aqueles «não puderam ou não quiseram fazer» (somos parvos, pázinho?), tudo isto, causa-me a mim, não um esgar de rejeição, mas de nojo.

    ________

    RFC diz:
    Julho 17, 2018 às 10:59 pm
    «São dois países diferentes, o país onde se debatem ideias e se luta pelo bem comum, independentemente de se ser da direita ou da esquerda, e o país da fussanguice [«A grafia correcta é fossanguice, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, o qual acolhe este termo como característico do registo familiar, atribuindo-lhe as seguintes acepções e abonação: «Dedicação obsessiva e desenfreada a uma tarefa, a um trabalho; acto de trabalhar excessivamente. Tanta fossanguice e tão fracos resultados!», diz o Ciberdúvidas], do enriquecimento fácil, do Pors[c]he Cayenne para mostrar à vizinhança da casa na Quinta do Lago, do fato do Rosa & Teixeira ou das festas nas praias algarvias.», hoje é um dia para assinalar os contrários de acordo. Ao contrário d’O Jumento e d’A Estátua de Sal, simbolicamente, eu não escolheria hoje a quadrilha do Oliveira e Costa mas o happening miserável exibido pelo ex-ministro Manuel Pinho tanto no rally paper que, em companhia dos seus advogados, resolveu fazer até às instalações lisboetas do MP como, depois, no papel de um espécime perfeito dessa doença contagiosa que se chama o “pacto de silêncio” exibido perante os deputados sobre aquilo que é importante para a sociedade portuguesa.*

    O que tem efeitos devastadores sobre o perfil ético mínimo (!) que deve ser exigido aos titulares de cargos públicos, para mal do Partido Socialista (como antes foi para o PSD, apesar das diferenças de método)…

    Nota, sobre o asterisco. O que, vendo bem as coisas, tem quase todos os elementos do ar de quem se está desportivamente nas tintas para essas coisas da política exibido, antes, pelo Oliveira e Costa aquando da audição na comissão parlamentar sobre o BPN. Em que se destacou exactamente o João Semedo, noto. «No parlamento, Semedo foi o principal protagonista dos trabalhos da comissão de inquérito ao BPN, onde confrontou Oliveira e Costa, Dias Loureiro e outros ex-banqueiros e dirigentes laranja com as suas responsabilidades no que chamou de “o crime do século”.», obituário no Esquerda.net hoje. «Mariana Mortágua, na troca de argumentos sobre a razão que levou Pinho ao Parlamento, afirmou que “a democracia portuguesa está confrontada com o pagamento de uma entidade privada a um ex-ministro”. “É muito sério, é um Mensalão [esquema de corrupção no Brasil que envolvia pagamento de empresas a políticos para daí retirar proveito] no seu pior”, acusou. “Vem brincar com coisas muito sérias”, disse Mortágua. “Os que no passado cá o vieram fazer, tinham algo a esconder”, afirmou.», destaque na RR online.

    Como homenagem, não vejo melhor.

    https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/
    http://www.esquerda.net
    http://rr.sapo.pt

    estatuadesal diz:
    Julho 18, 2018 às 4:14 am
    Aprovado e apoiado RFC!

    RFC diz:
    Julho 18, 2018 às 1:46 pm
    Manuel G., vi fora de horas o que o Pedro Adão e Silva disse n’O Outro Lado da RTP 3.
    Clarinho como água. perceber-se-á que mais uma vez concordo com tudo.

    O Outro Lado (III)
    17 Jul, 2018 | Episódio 29
    https://www.rtp.pt/play/p4257/o-outro-lado

    3. José Preto, sôtor, um happening de Bruno de Carvalho e a cena macaca do DCIAP.

    #DernierCri, tendência Bruno de Carvalho.

    Nota. E que dizer do pormenor da gabardine envergada pelo advogado José Preto, na cena macaca do DCIAP? Ontem, quando um sol radioso inundou #Lisboa?

    ONTEM
    Temperatura
    23° /17°

    12 de outubro de 2018

    https://pbs.twimg.com/media/DpUOJVLX4AEqTHa.jpg

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