A FALTA DE MEIOS…

(Joaquim Vassalo Abreu, 27/09/2018)

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Eu acho que já uma vez escrevi aqui acerca disto, da falta de meios, da desculpa sempre recorrente em qualquer coisa quer diga respeito à Função Pública ou ao Estado na sua globalidade e que corra mal! A falta de meios é sempre o primeiro de todos os alibis!

Por muito que todos os comentadores arregimentados critiquem o excesso de funcionários públicos e até a isso chamaram o verdadeiro cancro das contas públicas, para além do grande responsável pelo nosso Défice e Dívida ( lembram-se do Medina Carreira, que Deus tenha?), quando algo na Justiça acontece e a que não se pode de imediato responder, quando nas Escolas se pretende atrasar o inicio do ano lectivo, ou nos Hospitais as operações…lá vem sempre a “falta de meios”….

Reclamada sempre por quem? Por quem defende e acha que há Função Pública a mais…Percebem? Claro que percebem e só não percebem se não quiserem perceber…

Mas vem isto a propósito de quê, pretenderão legitimamente saber? Já vos digo…

É que eu no sábado passado, respondendo a um apelo da minha consciência e a um direito que me assiste, fui a Vila do Conde, aqui mesmo ao lado, ouvir a palestra de JOSÉ SÓCRATES. E fui muito criticado por isso…Mas adiante…

As razões que concorreram para a minha ida são várias e, ao contrário de quase todos os presentes, já agora afirmo que em número elevadíssimo, nunca fui do PS, das três vezes que ele foi a votos eu nunca nele votei e, portanto, mesmo tendo apoiado o seu primeiro Governo, que reputo do mais reformador e revolucionário da nossa Democracia, desde o primeiro momento me preocupou a sua postura e essa mesma postura desde logo me fez augurar largos e longos problemas para ele…

E tudo começou antes mesmo da sua primeira eleição, num “pântano” provocado pela queda de Santana Lopes quando ele, numa entrevista ao Expresso, numa clara afronta à Direita e a todo o “establischment” afirmou ” EU SOU UM ANIMAL FEROZ”!

Mas continuou no tal primeiro Governo, que eu celebro, quando começou a comprar guerras com agremiações poderosas e fartas de estarem sentadas nas poltronas dos seus privilégios, como os Juízes e demais Magistraturas ( corte nas férias e nos escandalosos prémios para rendas de casas que puramente e na maior parte dos casos não existiam), os Autarcas habituados a perpetuarem-se no poder com a limitação de mandatos, a Lei da Finanças Locais que lhes apertou o cerco e, igualmente, a faculdade propiciada aos serviços do Fisco no cruzamento de dados e, pela Internet e Simplex, a facilitação às Empresas do seu fácil e transparente acesso…

Guerras imensas ele comprou e a “vendetta” não demorou a aparecer. Primeiro o “Freeport”, nascido de dentro da Polícia e de fabricada denúncia. Era a Direita, sob o dedo de Portas, sabe-se lá, a conspirar. E eu desde logo avisei: eles são capazes de tudo!

E arregimentaram tudo quanto fosse escumalha mediática e pressionaram tudo o que fosse Magistratura. Ele tinha que ser culpado, era urgente e necessário que fosse culpado, isto é, tal “sarnoso” e perigoso e feroz animal não poderia andar à solta a dar cabo dos seus há muito adquiridos privilégios…E a guerra começou e prosseguiu até que a “Múmia Paralítica” nomeou a Joana. A Marques Vidal…

Marques Vidal que, consciente da falta de meios que assistiam o Ministério Público, fez uma “joint venture”, uma sociedade mesmo que dissimulada com alguns jornais e algumas Tv´s para obviar esse défice, mas exigindo de todos eles que promovessem de imediato a destruição pública do desclassificado criminoso, de modo a que a opinião pública, através da prisão em directo, da divulgação do inquérito, das escutas e tudo o mais, formasse desde logo a sua opinião…

Foi suprida a falta de meios, sem dúvida e, na verdade, a estratégia teve sucesso e a tal Operação Marquês passou a servir de sombra para tudo o que fosse aspiração das Esquerdas ao Poder e à utilização permanente da sombria, nefasta, híbrida e farisaica frase do “à Politica o que é da Politica e à Justiça o que é da Justiça”! O alibi de todos, já repararam?

Mas voltando à minha ida a Vila do Conde para ouvir José Sócrates, publiquei na minha página do Faceboolk, acompanhada de um pequeno e prosaico texto, uma selfie com ele. Mandou um abraço para o meu Irmão mais velho, que sempre foi seu apoiante e Amigo e para toda a Família que ele sabia sempre o ter apoiado. Recebi impropérios vários e alguns dichotes ( “estás muito mal acompanhado”, “estás ao lado de um grande vigarista” etc e etc…), coisa pouca e que “resvalou na couraça da minha indiferença”…

Mas é para mim evidente que estes meus Amigos e até alguns Familiares pertencem ao largo conjunto daqueles que já há muito fizeram o seu julgamento e, para eles, não seria até preciso haver qualquer julgamento! Ele já está há muito feito e o veredicto tomado: Culpado!

Este era o objectivo da Joana, do Ministério Público, da Múmia, de toda a Direita e de todo o “Jornalixo” que tomou também como sua esta “vendetta”. O “animal feroz”, mais que domado, tinha que ser abatido!

Sócrates, abandonado, saiu do PS mas, pelo que eu vi, o PS profundo e militante, o de base, não o abandonou! E José Sócrates sabe disso! E defende-se…

Eu, mero cidadão que não quer ver a Justiça  assim ser aplicada, que desconfio e detesto os autos de fé, que considero que a defesa tem que ter os tais meios para se defender e que só no fim é que saberá quem tem razão, estou e estarei sempre do lado de quem tem menos força, do lado do humilhado, do lado do previamente culpado,…sempre do lado do mais fraco. E espero…serenamente espero…

No entretanto aprecio a sua luta!


Fonte aqui

6 pensamentos sobre “A FALTA DE MEIOS…

  1. A verdade a quem de direito e julgar na praça só nos tempos da inquisição ! Ou será que esta voltou no século XX | , a este canto a beira mar plantado ,em que a justiça e efectuada pela comunicação social mais abjecta e tortuosa , a justiça deve ser cega ,mas deve ser efectuada nos tribunais com os eventuais arguidos a terem hipótese de defesa .

  2. Essa de que o MP da Joana, magistrados & corruptos tinham de abater o “animal político” foi tentada até ao limite das capacidades que reuniram. Com o apadrinhamento dos verdadeiros corruptos da escola cavaquista e seus lacaios nos media conseguiram vender a ideia junto do povo iletrado e ingénuo politicamente ao transformarem por manipulação e mentiras de lacaios opinadores a visão política grandiosa de reais apostas de futuro numa “loucura megalómana, faraónica e despesista” que enganou o analfabetismo político da maioria do povo português.
    E pensaram que tinham “matado” o “animal político” no altar da injustiça em sacrifício aos corruptos cavaquistas que enrriqueciam/enrriqueceram como porcos na engorda.
    Mas mataram realmente?
    Essa é a grande questão que cada vez mais se vai questionar à medida que o tempo passa e caminha no sentido de evidenciar a razão da obra feita e até a “megalólama” não feita e causa já hoje milhões de milhões de prejuízo ao país.
    Os medíocres não toleram os que vêem mais além do que o chão que pisam, dos que sabem prever o futuro e agem segundo essa visão inovadora e muito menos toleram que tais empreendimentos criativos tenham sucesso. Esses medíocres e elites académicas da sebenta sebosa de saberes bafientos actuam sempre como os que condenaram à morte Giordano Bruno e depois obrigaram Galileu a abjurar o que ele já de sabia pelo método científico da experimentação.
    E, para desespero dos medíocres, e porque são medíocres pensam os outros pela mediocragem própria sem valores nem coragem. Enganaram-se, têm pela frente alguém que não tem medo de nada que lhe aconteça quer pelo facto de sua cultura política quer, sobretudo, porque tem fortemente na consciência a força da certeza da razão e lisura de lealdade total para com o país e os portugueses.
    A sua entrega total na batalha para convencer a Merkel contra o seu ministro coxo em aceitar um resgate sem a troika e suas exigências de sofrimento para os portugueses foi a demonstração da sua fibra e de suas qualidades de lutador até ao fim.
    Os medíocres e pulhas anti-patriótas com Cavaco e Passos à cabeça traíram-no. Depois inventaram tudo até escutas a Belém para o destruírem e por fim um processo manhoso tão intrincado de suposições e ligações cuja lógica ninguém entende nem percebe.
    E pensaram que o tinham liquidado mas vão sentindo os ventos contra si e, o mais certo, será em breve começarem a sentirem-se, eles próprios, que nesta mascarada política sob a capa da justiça, os vivos-mortos a caminho de um negro funeral são todos os que o quiseram liquidar.

    • José Neves, água de Monchique (garrafões, paletes, quem sabe, mesmo, se não será necessário fazeres uma viagem até ao centro da Terra?).

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