(Carlos Esperança, 08/09/2018)
Não interessa que o exótico sindicato mande no Ministério Público e que a arquitetura desta magistratura tenha sido imposta por um excelente jurista e hábil político, Cunha Rodrigues, que ameaçava perpetuar-se no cargo.
Não interessa que o bloco central se tenha unido para evitar que o PGR se eternizasse quando o sindicato ainda não tinha a força e a virulência que o tempo e a ambição política dos seus dirigentes haviam de conquistar.
Não interessa que o atual PR se tenha empenhado para que o/a titular da PGR cumprisse um só mandato e que o alargamento para seis anos, embora sem impedir a renomeação, tornasse o mandato único uma prática sem exceção.
Não interessa a esta direita que a nomeação seja da responsabilidade do Governo em funções e a aceitação dependente do PR, para colocar sob suspeita o próximo titular.
Todos os avençados da direita, indiferentes à preservação da dignidade do cargo, se lançaram na campanha de o instrumentalizar, na guerrilha contra o governo cujos apoios parlamentares e sucesso político os faz espumar de raiva.
Desde o enfurecido Ricardo Costa ao comentador/vidente Marques Mendes, que ora é o alter ego do PR ora se transforma no paquete de uma fação do PSD, todos os incendiários da direita fazem da inexplicável abertura de um precedente, a anómala recondução de Joana Marques Vidal, o barómetro da saúde das instituições democráticas.
Todos sabem qual é a opinião da própria, manifestada, numa entrevista ao boletim da Ordem dos Advogados, em 2013, dizendo que concordava com o facto de o mandato ser de seis anos, não renovável, opinião manifestada também numa conferência realizada em Cuba. Conhecem, aliás, a sua argumentação: “A passagem dos anos retira-nos a capacidade de distanciamento e de autocrítica relativamente à ação que vamos desenvolvendo”. “Por alguma razão, o mandato do procurador-geral da República é de seis anos, não renovável. E bem, na minha perspetiva”.
Marques Mendes, que sabe tudo isto e tem da ética uma ideia aproximada, afirmou num dos recados encomendados: “Se (Joana Marques Vidal) não for reconduzida, cheira a esturro”.
Há na opinião publicada uma tal hegemonia dos que chafurdam nos interesses e transformam em pântano a política, que impende desmascará-los.
Não podendo a oposição ser governo, quer pelo menos conservar o poder. E, se o perder, que o Governo fique sob suspeita, para mais depressa ser afastado. A grandeza cívica desta direita tem em Marques Mendes a sua bitola e em Cavaco a referência democrática.
Para bem do país espero que essa gaja seja corrida de lá para fora o mais depressa possível.
Adelaide, que educada que é (aposto que os seus pais devem estar orgulhosos).
priberam. pt/dlpo/Gaja
“ga·jo
(derivação regressiva de gajão)
substantivo
1. [Informal] Qualquer pessoa cujo nome se desconhece ou se quer omitir. = FULANO, TIPO
2. [Portugal, Informal, Depreciativo] Indivíduo considerado de baixa reputação. = ORDINÁRIO, SÚCIO
(… PT-BR…)
adjectivo e substantivo
5. [Portugal, Informal, Depreciativo] Que ou quem é trapaceiro, velhaco. = ESPERTALHÃO, FINÓRIO, MALANDRO
Quem fala em bom Português, e de acordo com o definido pelo Dicionário, é com certeza bem educado. Adicionando a isso o facto de estar a falar verdade, acrescenta o bom carácter à boa educação.
Quem chama os bois (e vacas) pelos nomes, não perde razão. Pelo contrário, ganha a minha admiração, pois dou prioridade à honestidade, frontalidade, e conteúdo, e estou-me nas tintas para a forma.
Houvessem mais como eu, em maioria, e este país nunca teria conhecido gente reles, mas “educada”, como Sócrates, Passos, Portas, e companhia! Falam todos muito bem, por isso precisa abrir os olhos para ver além das ilusões. Se o fizer, deixa de se distrair com a aparente “educação” e verá que só tem merda à sua frente.
O expoente máximo deste exemplo é Paula Bobone, nem mais nem menos: uma gaja (ver ponto 5 do dicionário).
«Quem chama os bois (e vacas) pelos nomes, não perde razão.», lindo.
Bem, Manuel G., só faltava aqui um impostor chamado Karl Marx para isto chegar ao nível da taberna.
José Malhoa, 1907
“Festejando o S. Martinho”, mas mais conhecida por “Os Bêbados”.
Óleo sobre tela
151 × 200 cm
assinado e datado
Inv. 2
Historial
Adquirido pelo Legado Valmor ao artista em 1908 – 09. Integrado no MNAC em 1911.
Exposições
Paris, 1907; Rio de Janeiro, 1908, 78, p.b.; Lisboa, 1909, 70, p.b.; Lisboa, 1911, 87; Madrid, 1912; Barcelona, 1912; Lisboa, 1913, 2; Lisboa, 1928, 49; Caldas da Rainha, 1950; Lisboa, SNBA, 1983, 54, p.b.; Lisboa, MNAC, 1, cor; Paris, 1987, 179, cor e p.b.; Lisboa, 1988, 179, cor e p.b.; São Paulo, 1996, cor; Rio de Janeiro, 2003, 26, cor; Lisboa, 2005; Caldas da Rainha, 2005, 27, cor.
Bibliografia
Catalogo illustrado da 7ª exposição de pintura, esculptura, architectura, desenho, aguarella, 1908, 78, p.b.; O Occidente, 1908, 148 – 49, p.b.; 1909, 70, p.b.; 146; 1909, 114; 1911, 114; 1912, 138; La Ilustración Artistica, 1912, p.b.; Pintura portuguesa no MNAC (…), 1927, 24, cor; Lisboa, 1928, XLIII, p.b.; SAMPAIO, 1931, p.b.; BRAGANÇA, s.d. (c. 1936), 12.; LACERDA, 1946, 380 – 381, p.b.; MACEDO, 1948, capa, p.b.; MONTÊS, 1950, reps. 27 – 30, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. III; Arte/Revista da Sociedade Nacional de Belas-Artes, 1955, 17, p.b.; Um século de pintura e escultura Portuguesas, 1965, 21, p.b.; FRANÇA, 1967, vol. II, 284 – 285, cor; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa, 1973, vol. 3, 223, cor; Portuguese 20th century artists: a biographical dictionary, 1978, pl. 2, cor; Colóquio/Artes, 1983, 52, p.b.; Cinquentenário da morte de José Malhoa: Pintor de costumes, de paisagem e de História, 1983, 61, p.b.; Revista dedicada ao pintor José Malhoa, 1983, 39, p.b.; Malhoa nas colecções do Museu Nacional de Arte Contemporânea: Evocação no Cinquentenário da sua morte, 1983, capa, cor; MATIAS, 1986, 57, cor; FRANÇA, 1987, 29, p.b.; FRANÇA e COSTA, 1988, 212, cor; Le XIXe siècle au Portugal: Histoire-Societé-Culture-Art. Actes du Colloque, 1988, 40, p.b.; FRANÇA, 1991, 11.; O Grupo do Leão e o Naturalismo Português, 1996, 53, cor; Lisboa, 1996, 63, cor; FRANÇA, 1998, 29, cor; PEREIRA, 1999, 326, cor; FRANÇA, 2001, 472; COSTA e BRANDÃO, 2003, 72, cor, 60 – 61 cit.; Malhoa e Bordalo: Confluências de uma geração, 2005, 85, cor; COUTO, 2005, 20.
Pintura realisticamente construída, identifica-se com um imaginário mítico de “portuguesismo”, forjado por Malhoa, facilmente aceite por um gosto popular e ajustado a uma suposta identidade nacional. O pormenor descritivo, a narratividade e a observação detalhada das várias fases da bebedeira integram o retrato colectivo destas figuras reais captadas no local, conhecidas do artista e nomeadas por António Montês, no interior soturno de uma taberna: O Regedor, sóbrio (também retratado em pose, individualmente, em 1903), prepara-se para comer uma sardinha no pão, caracterítico petisco português, O Carriço, Jerónimo Godinho, Alfredo Ventura (retratado individualmente), Júlio Soares Pinto e Julião dos Santos. Sentados e encostados desalinhadamente em torno de uma mesa, em posições diversificadas, tanto numa aparente lucidez, como em desequilíbrio, passam de um estado de pré-inconsciência ao sono profundo. Esta análise particular, assim como a revelação do estatuto profissional dos indivíduos que se adivinha pela apresentação minuciosa do seu trajar, e, o tratamento expressivo dos rostos, constituem as características fundamentais da aprovação e bom acolhimento deste quadro, garantindo o sucesso nas críticas da época e subsequentes, apesar da singularidade desta temática na pintura portuguesa.
O tema tinha sido já abordado por Malhoa em A volta da romaria (1901), A procissão (1906), Basta, meu pai (1910) em composições ensolaradas, sempre observadas em Figueiró dos Vinhos, terra de eleição do artista. A cena, situada nesta terra das imediações de Coimbra, integra-se num vasto conjunto de obras do autor, ligadas a um modo de viver rústico localizado, mas que se desenvolve em projecções proporcionais a uma idealizada construção de vivências nacionais rurais e pitorescas, tanto nos seus prazeres como nos seus vícios.
Antecedido por vários estudos a lápis e a óleo, este quadro emblemático de Malhoa relaciona-se com o conhecido O Fado (1910), da colecção do Museu da Cidade, formando um “díptico” do imaginário de Malhoa sobre os costumes populares da cidade e do campo.
Maria Aires Silveira
http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/files/images/jose-malhoa—smartinho-fit-555×414-6.jpg
Transformar o problema da sra. Procuradora em guerra de direita/esquerda não é um bom serviço de informação, quer seja para os partidos e políticos, quer para quem opina. Porventura o problema não está na substituição da PGR mas nos interesses políticos, e outros, que minam a esquerda e direita neste país. Se os políticos cumprissem a sua missão, que é servir o país, este tipo de assunto não era empolado da forma como o está a ser. A minha opinião, sem prejuízo de respeitar a daqueles que têm uma visão diferente. Obrigado pela atenção.