A Justiça e o combate à corrupção – Reflexão sobre o frívolo e o sério

(Carlos Esperança, 30/08/2018)

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O País sente-se indignado com as suspeitas de desonestidade na aplicação dos dinheiros destinados às vítimas de Pedrógão e o aparente oportunismo de quem terá usufruído de benefícios ilegítimos, mas é animador saber que o Ministério Público está a investigar o destino de dinheiros que o Estado e os privados deram a quem não tinha recursos e aos que, tendo-os, não fizeram os seguros que deviam. Sendo eticamente grave, espero que as suspeitas se provem e que a justiça atue, quer em relação às verbas destinadas à autarquia, quer nas mais substanciais, que foram endossadas à Misericórdia.

O PR, sempre atento, disse que as alegadas irregularidades já tinham sido referidas em julho, devido a uma reportagem da revista Visão e, agora de novo abordadas na TVI e no JN, espera que “se entre no próximo ano com isto esclarecido”.

Aliás, já o caso das borlas a um ministro, para o futebol, foi logo investigado, apesar de ser uma bagatela penal, mas viu-se que a Justiça não dorme. Nem o PR.

No JN do passado dia 28, além de outros autarcas merece destaque o anterior presidente da Câmara de Benavente, que vai ser julgado, a partir de 5/9, acusado de corrupção e prevaricação, por ter recebido dois borregos de um promotor imobiliário, um no natal de 2009 e outro no de 2010. O país fica mais tranquilo e, decerto, o PR não deixará de perguntar pelos borregos, se tiver acesso à comunicação social para fazer declarações.

Não menosprezo os delitos referidos, só me preocupa que o PR não se pronuncie sobre o BES, BPN, BPP, Banif e as privatizações ruinosas do anterior governo, talvez por não conhecer, por exemplo, Ricardo Salgado ou Oliveira e Costa.

Podia dar uma ajudinha, referindo que aguarda o resultado da investigação ao alegado desvio de muitos milhões de euros por Marco António, Luís Filipe Meneses, Hermínio Loureiro, Agostinho Branquinho, Virgílio Macedo e Valentim Loureiro, investigados pela Visão, sobre os quais paira um absoluto silêncio em toda a comunicação social e na PGR, e o PR ainda não se pronunciou.

Bem, pelo menos que não fique impune o alegado corrupto e prevaricador que em anos seguidos atingiu o cúmulo jurídico, digo, gastronómico, de 2 borregos. E era do PCP!

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