Dívida em queda

(Dieter Dellinger, 22/08/2018)

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A dívida pública desceu para 125,8% do PIB e a soma com a dívida dos privados desceu de 427,7% para 367,67% do PIB.

O endividamento privado é problema de quem empresta. Qualquer um pode adquirir um automóvel para ser pago em 60 meses ou mais com empréstimo de bancos pertencentes aos construtores e quando se fala no endividamento nunca vem a separação entre as dívidas a entidades externas ou a nacionais.

Os programas do BCE nacionalizaram uma parte da dívida portuguesa por o banco dirigido por Draghi e Vitor Constâncio ter adquirido títulos de dívida que foram entregues ao BdP que recebe num ano os juros e no ano seguinte deve entregá-los ao único acionista, o Estado, como lucros extraordinários.

Praticamente, é uma reestruturação da dívida que deixou de o ser a partir do momento em que os títulos estão em Portugal.

Esperemos que o programa não acabe porque não produziu nenhum surto inflacionário como temia a extrema direita alemã do Schäuble e companhia e porque a austeridade está a fascizar muitos países da União e, como tal, a destruir a democracia. Veja-se o exemplo da Itália.

Mesmo quando a dívida que o BdP recebe gratuitamente chega ao fim do prazo, o Estado paga o valor da dívida no ano em causa e no ano seguinte recebe o mesmo valor também como lucro extraordinário. Isto significa na prática emissão de dinheiro sem inflação e corte gratuito da dívida sem contrapartidas ou reestruturação da dívida, só que feita lentamente sob a vontade do BCE que pode comprar ou não dívida portuguesa ou de outros países se vir que o programa não provoca uma queda sensível do défice e da própria dívida.

Para além do efeito direto, produziu uma queda global nos juros internacionais.

O BCE mantém esse programa até ao fim do ano e pode prolongá-lo desde que não sejam feitas asneiras e se volte a uma situação de défice muito elevado. O défice baixo é a condição para que alguma dívida portuguesa seja lentamente anulada gratuitamente. Por isso, todo o esforço das oposições e de muita comunicação social vai no sentido de se voltar ao descalabro do passado quando a Merkel enganou todos os países ao dizer para gastarem dinheiro em obras e salários no sentido de evitar uma crise económica geral. Como não veio para a Alemanha, ela e o Schäuble fizeram marcha atrás e conseguiram bloquear as necessárias emissões de moeda por parte do BCE quando em momento algum houve um crescimento da taxa de inflação que nunca chegou a mais de 2% na zona euro.

7 pensamentos sobre “Dívida em queda

  1. «Por isso, todo o esforço das oposições e de muita comunicação social vai no sentido de se voltar ao descalabro do passado quando a Merkel enganou todos os países ao dizer para gastarem dinheiro em obras e salários no sentido de evitar uma crise económica geral.», lida mais esta salganhada aproveita-se o des-ca-la-bro que deverá constituir um vocábulo vendido a retalho a que se deve acrescentar um nome cegamente amado por aqui (nome de quem, assim de repente, não me lembro… e tu, Manuel G, lembras-te?).

    Nota. Dieter, água de Monchique (e termas com ou sem Marcelo, se possível)?

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    Valupi’s, larguem o tinto (e o branco, o rosé ou o verde!) e deixem-se de escrever bacoradas.

    • Caro RFC. Como ainda não consegui perceber qual a “linha justa” que você defende, que não possa ser apodada de “bacorada”, não merecendo, portanto, ser regada com tinto, branco verde ou rosé, aguardo que escreva um texto em que nos ilumine a todos, com a a sua presciência. Evidentemente que a Estátua o publicará de imediato, com grande destaque e parangonas! 🙂

  2. Obrigado pela amabilidade, Manuel G., obrigado por essa que é isso mas que também poder ser isso-e-outras-coisas
    (e isso é que é ter olho para o negócio, por exemplo).

    No entanto, para não perdermos tempo, sempre te direi que a minha “linha justa” vem sendo alinhavada com bastantes sucessos num canhenho o mais possível aberto ora com a utilização do meu nome, do acrónimo, ou de alguns nicks que andam aí espalhados pela blogosfera lusitana (´nicks que se adivinham e que não frecorrem a segredos, imagina tu!).

    E é assim que, de vez em quando, somos chamados a reler o que escrevemos em determinado contexto (o que, para além de tudo o mais, sempre é bastante interesante pois permite que, cada um por si, consiga olhar-se retrospectivamente e ver-se como personagem no interior dos processos históricos, políticos, etc.).

    E eu por mim, confesso, não me envergonho .

    O modus operandi do blogger que defendia Sócrates – Observador, sobre o CC por onde andámos aliás.
    https://observador.pt/especiais/o-modus-operandi-do-blogger-que-defendia-socrates/

    […]

    RFC disse…
    Miguel, o José Sócrates ou os seus advogados ou o seu assessor de imprensa bem poderia/m fazer chegar uma mensagem de solidariedade aos familiares e amigos do Luaty Beirão e/ou dos outros detidos. Em nome de quê? Em resposta ao inusitado MNE angolano primeiro, demarcando-se claramente de Rui Machete, Martins da Cruz e do seu ex-ministro Luís Amado que agora anda a manjar no Banif com guita do Obiang, etc. O CC daria conta desse facto de homem livre, decerto.
    segunda out 19, 01:30:00 da tarde

    ______

    Nota final, importante. Dito isto, tanto a dependência alcoólica como o encolher de ombros perante o estranho prazer que é observar terceiros a ruminarem o pasto ou ao alarvarem uns fardos de palha (e daí o não conseguir ficar calado) ou, mesmo, o exercitar do porradismo básico ou mais elaborado não fazem o meu jeito (e aquele rabo sobre o tinto, branco verde ou rosé era mesmo isso, um rabo de gato, porque vinha do Aspirina B onde ao tempo luzia mais um longo post daqueles desmiolados, imagine-se!, agora sobre o… Die Linke).

    [Não me reli obsessivamente, pelo que eventuais gaffes estão perdoadas.]

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