Mister Marcelo goes to Washington

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 29/06/2018)

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É assustador pensar que Trump nunca tinha ouvido falar em Ronaldo. Uma coisa é não acreditar no aquecimento global, outra é não conhecer Ronaldo. É uma assustadora falta de conhecimento do mundo em que vivemos.

Marcelo Rebelo de Sousa visitou Trump na Casa Branca e a visita está a dar que falar. Ainda a recuperar de um desmaio, o nosso PR, mal saiu do carro, deu um aperto de mão (à Cais do Sodré) a Trump com tanta energia que “o cor de delícia do mar” ia caindo. Trump deu um passo em frente e Marcelo quase que lhe arrancava um braço. Ficou ali entre o aperto de mão e o golpe de Krav Maga. Mais um bocadinho e os seguranças teriam agido. Trump ainda a tentar colocar o ombro no sítio, ficou a pensar: “Irra, que estes espanhóis são brutos. Trump tem dói-dói.”

Seguiu-se a habitual conversa na sala onde estão uns bustos e, aí, Marcelo continuou a fazer “bullying” a Trump. Depois de Trump ter dito que o filho gosta de futebol e que Portugal tem estado bem no Mundial da Rússia, Marcelo informou o PR dos EUA que existe uma pessoa chamada Cristiano Ronaldo, o melhor jogador de futebol do mundo, e é português.

É assustador pensar que Trump nunca tinha ouvido falar em Ronaldo. Uma coisa é não acreditar no aquecimento global, achar que, se calhar, a terra é plana, etc., outra é não conhecer Ronaldo. É uma assustadora falta de conhecimento do mundo em que vivemos. Aposto que se ele quiser saber quem é o Cristiano, basta ir ao histórico do computador da Melania.

Após Marcelo ter esclarecido que Portugal tinha o equivalente a Putin em termos de jogador de futebol, Trump quis ser engraçado e lançou a pergunta – “e se esse Ronaldo concorresse à presidência contra si, ganhava?” O nosso PR nem hesitou e, com um pequeno toque no braço do PR americano, para não lhe deslocar o braço que ainda estava bom, respondeu: “Vou explicar-lhe uma coisa, Portugal não é como nos Estados Unidos.” Como quem diz: “Toma lá, cabelo de dente-de-leão. Nós não andamos a eleger Presidentes popularuchos só porque tiveram programas na televisão, etc.”

De seguida, o nosso PR deu uma lição de história a Trump, relembrou que Portugal foi o primeiro país a reconhecer a independência dos EUA e que foi ele que ajudou a fazer a Constituição de Portugal. Trump estava à beira de um esgotamento com tanta informação. Parecendo que não, o Presidente dos Estados Unidos já tem uma certa idade e não tem o arcaboiço da rainha de Inglaterra.

Depois, Trump discursou sobre a sua política e Marcelo foi abanando a cabeça a fazer que não discretamente. Foi mortal. Até António Costa ficou arrepiado: “Se ele se lembra de fazer isto comigo…!”

Marcelo deu um baile a Trump na Casa Branca, só não sei se foi boa ideia Marcelo ter dito a Trump que existem cerca de um milhão e meio de luso-americanos a viver nos EUA. Se ele topou que levou baile, já sabemos em quem se vai vingar. É fazerem as malas.


TOP 5

White House

1. Pastelaria Suíça, na Baixa lisboeta, vai encerrar brevemente – nesta notícia, o que não faz sentido é ainda chamar lisboeta à Baixa.

2. Pedro Santana Lopes rompe com o PSD e prepara novo partido – olhando para o que se tem passado, faria mais sentido ser o Rui Rio a fazer isto.

3. Novo cardeal diz que democracia portuguesa tem de ser “aprofundada” – verdade. Temos de ser mais laicos e não ligar ao que dizem os cardeais.

4. Marcelo anuncia que receberá Presidente da China em Portugal no final do ano– podíamos fazer uma amnistia como nas visitas do Papa e não pagar a conta da EDP nesse mês.

5. Câmara de Lisboa disponível para acolher imigrantes do navio Lifeline – desde que não atraquem no porto de cruzeiros… que dá mau aspecto.

Um pensamento sobre “Mister Marcelo goes to Washington

  1. Adorei este texto, J. Quadros tem um humor delicioso…Portugal não elege presidentes popularuchos, claro que não …Que santana Lopes se afasta do PSD nem me aquece nem arrefece, mas que a pastelaria Suiça da baixa fecha ou é cedida para criar uma espécie de MacDo, deixa -me inconsolável. Tanta gente adora estes lugares bem portugueses, e eu também.

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