ASSIM, NEM PEÇAM OPINIÃO

(Virgínia da Silva Veiga, 14/05/2018)

virginia

Vamos agora de novo às parcerias público-privadas e, logo, ouvir todos os pontos de vista. Repesquei a entrevista da SIC a Paulo Campos, (Ver aqui ), que não tinha visto e cuja notícia circulou pelo Facebook. Porque sim, para saber mais, por não estar por dentro do assunto a fundo. Acho mesmo que ninguém está.

Queria poder dizer da equidistância dos jornalistas, da acuidade das perguntas e dou connosco – sim, foi connosco – a registar um episódio onde nada é tranquilo e, logo, não se pode pedir ao entrevistado que o esteja. Não houve ali um pedido de esclarecimento sobre o que quer que fosse, onde a tónica se desse à versão do convidado, como se este não tivesse ido ao estúdio para esclarecer uma posição, mas sim para confirmar aspectos da que conhecemos não ser a sua.

“Vamos então esperar pelo resultado do Inquérito” – concluíram em jeito de contraponto.  Os jornalistas têm à sua frente uma pessoa disposta a dar-lhes uma versão directa de factos e, no entanto, toda a preocupação das perguntas é a opinião propalada por outros, particularmente a de quem tem em mãos uma fase acusatória. Impressiona.

Querendo acreditar na seriedade dos profissionais, a pergunta que nos fica é se se terão dado conta de si próprios, e dou comigo a crer que não, que se instalou de tal ordem a filosofia da culpabilidade antecipada que já se não dão conta do que é fazer uma entrevista onde o jornalista não é parte, e menos tem atitudes de opinião preconceituosa. 

Ficámos a saber haver um Inquérito a decorrer há anos sem que o visado tivesse ainda sequer sido chamado a depor. Isso em nada espanta, em nada interroga. Importa sublinhar-lhe terem-lhe feito buscas à residência. Os resultados dessa e de outras buscas, que o convidado referiu, isso nem chega a ser assunto.

O pior disto tudo é que a culpa será cada vez mais nossa. A dos que, por igual pré-juízo ou pura inércia, calam o espanto e o medo que assim, paulatinamente, se instala. 

Que opinião tenho eu sobre a actuação de Paulo Campos? Como formar alguma? Não lhe ofereceram ambiente, também não o contraditaram, quase não lhe conseguimos ouvir um raciocínio completo e calmo, como pode quem quer que seja ter opinião?

Mas tenho uma, de há muito tempo, sobre outro assunto que paira no cenário envolvente, espelhado nos gráficos que Paulo Campos apresentou, dados ali como certos: boa ou má, desde quando uma decisão política, ainda que seja causadora de prejuízo, pode ser escrutinada pelo Ministério Público e não por todos nós, em eleições livres, quando antecipadamente não haja prova concludente de qualquer crime?

Não me revejo num País onde todos encontram culpados antes de procurar onde possam estar inocentes.

6 pensamentos sobre “ASSIM, NEM PEÇAM OPINIÃO

  1. Que décor mais anos 70, adorei até porque adoro sempre essas cenas de revivalismo.

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    Revista Claudia e a década de 1970: mensagens para as mulheres

    A revista Claudia, publicada desde a década de 1960, tem suas páginas voltadas para o público feminino. Vamos voltar no tempo e ver, por meio de suas capas, algumas das mensagens que a revista levava às suas leitoras na década de 1970.

    Aqui, é sempre bom saber mais: https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2016/09/19/revista-claudia-e-a-decada-de-1970-mensagens-para-as-mulheres/

  2. Pois é, mas a lista dos panamá paper’s com jornalistas que receberam luvas escafedeu-se e tudo se tem feito para que nunca mais se fale delas. os jornalistas e troll’s tipo rêfêcabeçadesuardo que receberam dos paper’s, do desgoverno pafioso e que continuam a receber para fazerem esta e outras arruaças.

    • qual algália? a que trazes agarrada ao olho traseiro. Sóbebo branca e tinta porque sem elas isto é um martirio.

  3. Um país de culpados é uma terra sem juízes. Virá um dia – é quanto dizem desde que se perdeu El Rei D. Sebastião – o Homem Providencial, Grande Sacerdote, Príncipe da Paz que levantará as mãos sobre o altar dos corações pesados e pronunciará a fórmula libertadora do grande perdão de todos a todos, em nome de todos. Talvez liberte alguns do peso da existência em mais de um sentido, mas sempre com a serenidade do perdão seguramente concedido. Até lá, parece que as maltas podem matar-se umas às outras. O que não parece viável é que alguém julgue alguém a não ser no plano da propaganda de guerra. Tudo se afunda na compensação de culpas. Compreendendo a culpa dos juízos condenatórios.

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