(Por Penélope, in Blog Aspirina B, 21/03/2018)
O DN faz um resumo do relatório independente sobre os incêndios de Outubro do ano passado. A páginas tantas, lê-se que “em termos de grandes grupos de causas (…) 40% tiveram origem em reacendimentos, 40% em causas intencionais e 20% em negligentes“.
Portanto, 20% deveram-se a comportamentos negligentes, como os da EDP ou queimadas irresponsáveis, mas 40% foram o resultado de crimes premeditados. E o mais extraordinário é que os outros 40%, segundo o relatório, foram reacendimentos. Em lado nenhum se fala do efeito da incidência dos raios solares (“nas margaridas”) ou da formação espontânea de chamas. Ou seja, em 40% dos incêndios houve alguém que quis provocar tragédias intencionalmente e conseguiu, e os 40% restantes foram reacendimentos dos primeiros 40% intencionais, depois de terem sido dados como extintos. Podemos, assim, afirmar que 80% dos incêndios foram propositados, se incluirmos os que foram consequência dos ateamentos iniciais.
Parece-me muito esclarecedor e sobretudo muito grave e implica sem qualquer dúvida que se enverede por um discurso diferente sobre os incêndios, que comece por não omitir este dado importantíssimo e acabe a falar de vigilância local e familiar e de penas pesadas para os criminosos. Há pessoas que não se importam de atear fogos apenas pelo prazer de ver tudo a arder e famílias em pânico, algumas das quais acabam mortas. E assim temos hectares e hectares de floresta ardida e centenas de vidas destruídas por crimes que não só não foram evitados ou sequer mencionada a sua possibilidade em alertas, como também nem sempre são devida e exemplarmente punidos.
Resta a questão de saber quantos dos incêndios intencionais, se é que alguns, foram ateados com fins políticos. Morreremos na ignorância? (Eu sei que está lá dito o seguinte: “Os elementos da comissão técnica admitem que as causas intencionais “são as que apresentam maior dificuldade na compreensão e na antecipação, por não ser conhecido o seu móbil, exceto posteriormente, se capturado e obtida confissão dos autores“. Pois capturem-nos!)
Que a floresta estava seca e a esmagadora maioria das matas (mas nem todas) por limpar é uma verdade incontestável. E que esse facto, aliado aos fenómenos meteorológicos extremos, facilitou a propagação das chamas e a dificuldade em apagá-las também não suscita dúvidas a ninguém. Assim como o dever permanente e eterno de melhorar a coordenação, a organização e o emprego dos meios de combate para estancar a devastação. Mas também é verdade que a intenção de provocar danos – materiais e/ou políticos – não pode estar ausente dos discursos nem do apuramento de responsabilidades. Este crime não pode ser “normalizado” nem esquecido como se fosse uma inevitabilidade.
O documento é público e o sumário executivo de fácil leitura, embora ele próprio seja longo. E nele é claro que este caso, além do anterior no verão, a única novidade é a maior influência do aquecimento global, que se espera que se mantenha. Já se se repetir para o ano, aí já é falta de vontade de mitigar o fenómeno que em 10 minutos passa a imparável é vontade política.
Mas para quem lêr é díficil, arrendondamentos grosseiros e malhar no governo é fácil e dá votos.
Parece que falhou ao resto das pessoas, a percentagem de causas intencionais também se manteve, destronando a tese de motivação política que era bastante credível.
Não, o problema é mesmo não ter feito nada durante décadas, até o clima agora obrigar a isso.
Esperem só até que isto
“O BioREFINA-Ter é um projeto multidisciplinar de I&D que está desenhado para desenvolver, em rede, a adaptação de tecnologias avançadas para efetuar a conversão de resíduos de exploração florestal e agrícola, de solos sem aptidão agrícola, em biocombustíveis de 2ª geração substitutos do gasóleo e da gasolina.
Já conseguiu congregar uma rede internacional de conhecimento composta por 55 entidades de I&D de nove países europeus. O projeto arrancou com um financiamento em 2011 pelo Estado Português, através do IFAP, no valor de 0,5 Milhões de Euros, e – numa primeira fase – permitiu avançar para estudos científicos e técnicos sobre a viabilidade de conversão de matos e incultos e resíduos florestais em biocombustíveis avançados de 2ª geração (substitutos diretos da gasolina e do gasóleo).”
seja uma realidade!
“fogo posto”… ihihih
Tudo foi um crime feito pelos mentecapto a Daniela bem conhecida zona. Estavam a preparar-me para fazer a mesma coisa. Mão pesada para Eles. Portugal ganha
E porque não os capturam e apertem com eles que eles acabam, por confessar quem lhes pagou, não venham é com a história que uns eram bêbados outros malucos e outros drogados, como é que gente assim sabiam os sítios que o incêndio se iria propagar rapidamente, por muito que tentem a fazer crer que não houve interesses políticos por detrás não me convencem.
E chegaram a investigar os dispositivos incendiários (páraquedas), encontrados e entregues à GNR?