Tratar com justiça a Justiça

(Valupi, in Blog Aspirina B, 12/03/2018)

pinto_mizé

O último Expresso da Meia-Noite foi fértil em informações com proveito público. Eis algumas:

– Que os jornalistas responsáveis pelo programa, presentes em estúdio, promovem entusiasmados o tal “slogan” do “acabou a impunidade”, criado por uma ministra da Justiça que o usou para atacar adversários políticos a partir de matérias judiciais, e o qual voltou a ter gasto caudaloso para continuar a usar a Justiça para a luta política tendo Joana Marques Vidal como arma de arremesso contra o PS.

– Que o juiz convidado, acumulando com ser secretário-geral da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, declarou ser-lhe inconcebível que Pinto Monteiro tenha impedido ou condicionado qualquer investigação no Ministério Público dada a sua estrutura e procedimentos.

– Que o mano Costa reagiu como um alarve quando Maria José Morgado lhe disse que ele fez um trabalho jornalístico deturpado no processo Melancia.

– Que Marinho e Pinto foi o único a relacionar o aparecimento dos casos mais mediáticos na Justiça com as alterações legislativas que deram mais poderes à investigação (é ver quem e quando esteve na origem dessas novas leis), não sendo o efeito de um qualquer voluntarismo, ou santidade, de fulano ou beltrana.

– Que Marinho e Pinto foi o único a relacionar a violação do segredo de justiça e o uso da comunicação social como estratégia para influenciar e pressionar magistrados e penas.

– Que Marinho e Pinto foi o único a lembrar os actos suspeitos de Cavaco na sua relação com a SLN como exemplo de duplo critério no Ministério Público quando comparado com a “Operação Marquês”.

– Que Marinho e Pinto foi o único a denunciar a perseguição judicial (ou seja, política) a Sócrates por ter sido detido e preso para ser investigado, não havendo ao tempo qualquer ideia acerca dos actos de eventual corrupção que pudessem estar em causa.

– Que Maria José Morgado é uma figura fascinante, na exacta medida do que diz e do que cala.

Quem sabe, talvez um dia a Justiça consiga ser tratada na imprensa com o rigor e a coragem que merece.


3 pensamentos sobre “Tratar com justiça a Justiça

  1. …como assim ; TALVEZ UM DIA A JUSTIÇA……? creio em tempos ter ouvido um advogado; talvez Marinho Pinto(?), dizer que, em determinado momento e sobre uma qualquer questão de influências diversas em negociatas várias, um colega seu ou mesmo um magistrado (?) terá dito que : ONDE CHEGA O DINHEIRO A VERDADE SE CALA!… A ser verdade, como ter esperança que : ….. TALVEZ UM DIA A JUSTIÇA TENHA NA COMUNICAÇÃO SOCIAL TRATAMENTO sério e rigoroso….., se a comunicação, DITA SOCIAL, está dominada pelo CAPITALISMO selvagem e retrogrado, não só em Portugal como em TODO O MUNDO, onde a “utopia” do governo UNIVERSAL está transformada em objetivo final, tendo como única “ideologia” o poder do dinheiro e da trafulhice, do tráfico armamentista, da droga, entre outras obscuras negociatas GORDAS, e da desvalorização do TRABALHO em superior favor do rendimento do CAPITAL, tenha este a origem que tiver?….a autofagia está cada vez mais perto.

  2. Estátua, venho incomodar-te só por causa de uma curiosidade. Por que razão alteraste a grafia portuguesa (que sei bem que ninguém usa, e que por isso mesmo na ocasião quis usar) “slogâne”, e depois ainda deixaste a alternativa comum, essa palavra inglesa, sem aspas ou itálico?

    Não passa mesmo de uma pura curiosidade, pois a minha profissão implica usar as palavras para ganhar o pão e dedico-me a pensar nesses pormenores diariamente. E achei graça à tua decisão, prova de que te estava a incomodar a variante exótica.

    Abraço

    • Caro Valupi, a tua grafia era correcta, mas mais parecia um míssil do Kim Jong-Un… já que ninguém a usa 🙂 Já coloquei o itálico que por inadvertência esqueci. Um abraço da Estátua e go on!

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