AS ESCRAVAS DO SENHOR

(In Blog O Jumento, 02/03/2018)

freiras

 Se o Estado Islâmico tivesse criado os seus conventos para as suas “freiras” e estas dedicassem o seu tempo e vida a servir os emires ou a trabalhar sem qualquer remuneração nas atividades empresariais do Estado Islâmico, não faltariam notícias a denunciar a escravatura das mulheres pelos extremistas islâmicos.
Mas na Europa há dezenas de mulheres que trabalham a troco de um par de sopas, sem qualquer remuneração ou contrato, sem direito a horário de trabalho e muito menos a uma indemnização no caso de serem excomungadas, mas isso não preocupa ninguém.
Há residências universitárias, cantinas, residenciais para padres, bispos e papas onde os custos do trabalho são quase nulos, porque recorrem ao trabalho escravo das freiras. Isto é, às benesses fiscais e demais mordomias estatais a Igreja Católica acrescenta o direito a estar à margem de qualquer legislação laboral, podendo ter ao seu dispor mão-de-obra não remunerada, sem quaisquer direitos laborais e sem quais contribuições.
Poder-se-á designar a situação como uma atividade religiosa numa instituição religiosa e sem fins lucrativos. Mas esse não é o critério seguido, por exemplo, nas atividades de evangelização (dantes forçada, agora voluntária) das crianças das escolas com as velhinhas e arcaicas aulas de “religião e moral”, agora com outra designação para disfarçar o que nunca mudou. Nestas atividades de evangelização já os nossos padres, diáconos, presbíteros e outros profissionais da igreja não se esquecem de receber o seu competente ordenado de professor.
Aliás, nada se faz na Igreja, desde um funeral a um batizo, que não tenha como contrapartida um pagamento devidamente previsto num preçário, ainda que isento de impostos pagãos. Seria interessante saber se para as “escravas” do senhor, também está previsto algum ordenado e demais regalias, como as exigidas para os professores de “religião e moral”.
Aceita-se que um ou uma religiosa que entre num convento para rezar o faça sem contrapartidas e que em regime de economia de subsistência trabalhe em conjunto com outros frades e freiras para assegurar a subsistência. Mas se a freira é colocada numa cantina, num hotel, como criada de um bispo ou de um padre, está a trabalhar como se de um qualquer trabalhador se tratasse.
Se estas mulheres trabalham tanto ou mais do que um qualquer trabalhador em funções semelhantes e não têm quaisquer contrapartidas ou direitos estamos perante escravas, poderão ser escravas do senhor, mas são escravas que dão lucro e que fazem as tarefas que os padres não querem fazer.

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