As claras linhas de demarcação entre as esquerdas e as direitas

(Jorge Rocha, in Blog Ventos Semeados, 15/02/2018)pedro_nuno

«Os Desafios da Social-democracia» é o artigo de opinião assinado por Pedro Nuno Santos na edição de hoje do «Público» ( Ver aqui ) e em que traça uma clara linha de demarcação entre as políticas que defende para o Partido Socialista – quão diferentes das dos seus congéneres europeus que devem  aos seus erros ideológicos e estratégicos os maus resultados eleitorais, que vêm acumulando! – e já antecipando ainda maiores divergências com o PSD, que deverá emergir do Congresso do próximo fim-de-semana, mormente em relação à questão de um salário universal, independente de se ter ou não um emprego.

Reiterando aquilo que, há muito vem defendendo, Pedro Nuno Santos considera urgente que a esquerda recupere para si o domínio de conceitos que foram seus e de que as direitas se apossaram e desvirtuaram sem o mínimo pudor. Como, por exemplo o do que significa fazer reformas: Houve um tempo em que, à esquerda, reformas foram a edificação de um Serviço Nacional de Saúde, a construção da escola pública, a criação e subida do salário mínimo ou a introdução do subsídio de desemprego. Quando hoje nos são pedidas reformas, sabemos que nos estão a pedir a facilitação dos despedimentos ou o plafonamento da Segurança Social. As “reformas” têm de voltar a significar o que sempre significaram para nós: progresso social, concretização de direitos e aumento de bem-estar.

Esse dividir de águas entre o que significa ser de esquerda ou de direita também se depreende da atitude relativamente à importância do Estado nas grandes questões políticas e sociais: só a defesa de um Estado social forte e universal pode garantir liberdade para todos, e não apenas para alguns: só um sistema de saúde público e universal garante a todos, do nascimento até ao fim  da vida, cuidados independentemente do seu rendimento; só um sistema público de pensões garante que ninguém chega à reforma dependente de terceiros ou da estabilidade dos mercados financeiros; só a legislação laboral pode proteger os trabalhadores da eventual discricionariedade dos empregadores.”

Fica aqui anotada, porém, a minha distância relativamente ao que defende Pedro Nuno Santos e que justifica o facto de me assumir como socialista em vez de social-democrata: falta o reconhecimento do papel determinante do Estado na economia, cabendo-lhe gerir e determinar as estratégias para o que nunca deveria ter sido privatizado, desde as redes elétricas aos combustíveis, dos correios aos transportes.

Algo que até na conservadora Inglaterra já é questão na ordem do dia por se encontrar número crescente de defensores da nacionalização do que, indevidamente, Thatcher & Cª tinham privatizado. Daí que me saiba a pouco o programa político defendido pelo autor do texto: O desafio da social-democracia não é hoje muito diferente do passado: garantir, num mundo em rápida mudança, a liberdade, a igualdade e a prosperidade dos cidadãos numa comunidade política que assenta num denso tecido de direitos e de deveres, de valores morais de justiça e de cooperação e de laços de interdependência e de reciprocidade.

Os tempos não voltam para trás e os reptos colocados às atuais esquerdas são muito diferentes dos do passado, quando a financeirização da economia mundial não atingira os níveis de acumulação de capital hoje verificados. Mas, quase no fim do texto, Pedro Nuno Santos deixa nas entrelinhas a  evidência de, também ele, não se contentar com o programa de mínimos denominadores comuns porventura justificado pela contenção devida ao cargo governamental que ocupa.

Porque o que depreender  da sua defesa do “papel do Estado no desenvolvimento da economia através do investimento público e de políticas de inovação, e na redistribuição do rendimento através da provisão de serviços públicos e de prestações sociais. Até onde quererá Pedro Nuno Santos avançar nesse investimento público com que o Estado pode desenvolver a economia?


Fonte aqui

3 pensamentos sobre “As claras linhas de demarcação entre as esquerdas e as direitas

  1. Não espero grande coisa de quem acha que este governo fez, tentou ou alguma vez teve intenções de “imprimir mudanças profundas nas políticas públicas” quando nem sequer é capaz de fechar a Celtejo ou denunciar o SIRESP.

  2. Foi com palavreado semelhante que o defunto charlatão enganou o Luso Zépovinho e a partir da Alameda D. Afonso Henriques, em 19.07.1975, arregimentando com ele toda a lusa direita (incluindo a fascista, pois se ainda hoje – 2018, 43 anos depois – por aí andam e cada vez com mais “tempos de antena” para, de igual modo, com “papas e bolos, enganarem os tolos”) iniciou a queda do último Governo do General Vasco Gonçalves (a quem o dito charlatão definiu como o seu maior inimigo de toda a sua vida), abriu o caminho ao homem de Alcains que, pela força das chaimites sob o comando do outro finado fascista Jamie Neves, em 25 de novembro desse mesmo ano de 1975, surgiria como a parte visível de um iceberg político, que viria a desmembrar a Lusa CR aprovada e promulgada em 25.04.1976 (porventura a mais progressista do planeta Terra – talvez concorrendo com a Constituição Peruana…), CR essa aprovada por todos os deputados constituintes eleitos numa eleição onde, como jamais viria a verificar-se, votaram mais de 92% dos portugueses inscritos e com direito a voto, tendo apenas votado contra os 15 deputados eleitos pelo chamado CDS – que de centro, de democrático e de social tinha nada, como hoje não tem -, como não podia deixar de ser porquanto nessa CR estava plasmado o Socialismo sem adjectivações e os ditos cujos deputados do dito cds “rosnavam” – termo este que tomo a liberdade de roubar ao vidente de Massamá, este, finalmemte a caminho do jazigo político que ele próprio edificou – era o “socialismo humanista”?!?!?!….). E depois, com 40 famigerados anos de governanças dos “do arco” e pelas manápulas do dito charlatão já finado (e que assim se safou de se sentar no banco dos réus quando chegar a hora da prestação de contas que o Luso Zépovinho um dia vai exigir, porquanto só os vivos lá se podem sentar – e ainda os há por aí, uns quantos figurões, que alinharam nos crimes cometidos contra o Zépovinho Luso e que lá terão que sentar-se):
    ▪regressou o criminoso do fascista spínola – a minúscula é da minha responsabilidade – foi perdoado pelos crimes do 11 de março de 1975, reintegrado nas FAs, promovido a marchal e até teve direito a placa toponímica em Lisboa, imagine-se;
    ▪regressaram os irmãos Melo (Jorge e José Manuel) para receberem de volta e com juros o “Grupo CUF” – que em 1974 já detinha/controlava mais de 30% da economia portuguesa;
    ▪regressou a família Champalimaud a quem foi devolvida, também com juros, a Siderugia, Companhia de Seguros e o Banco; e, o mais elequente,
    ▪regressou a família ES, a quem, também com chorudos juros, foram devolvidos o famigerado BES….do “impoluto ddt” (e 2° pai do chefezeco amarelo da chamada “ugt” carlos silva – que injusto eu estou sendo com quem até já ameaça o capital luso, e não só, interno com o aumento do SMN para os €615,00 já em 2019), mais conhecido pelo Dr. Ricardo Salgado, agora a contas com a justiça, casa e reforma penhoradas e a viver “à pala” de uma filha, coitada…
    E, mais recentemente, todos sabemos, pelas manápulas da cavaco&barroso&coelho&portas&relvas&gaspar&albuquerque&cia Portugal está como está e o Zépovinho Luso está como está e, 《Adeus mundo, cada vez a pior》!…
    E não fora o ter-se quebrado o famigerado “arco da governança” em Outubro de 2015, aonde é que isto já iria!?!?!…
    Meus ilustres articulistas e comentadores que se reclamam “das esquerdas” (faz-me lembrar um tal “catavento e comentador” que se conseguiu “guindar” até Belém dizendo em alto e bom som para o Luso Zépovinho escutar – e votar, claro, como votou -, quando acusado de ser de direita, respondia, que sim, vinha da direita, mas 《era da esquerda da direita), onde incluem a social-democracia, o socialismo (com minúscula – porque existe o Socialismo e até o SOCIALISMO, que até há quem o designe de “real”, mas que para mim é aquela etapa que o velho Karl designou como a etapa da Humanidade que há-de seguir-se ao hediondo capitalismo enquanto sistema económico e social dominante que há mais de 400 anos veio invadindo, ocupando, desrespeitando, explorando, roubando, escravizando, deportando, matando, dizimando, fez 2 guerras mundiais e tantas outras regionais/locais onde morreram milhões de seres humanos inocentos e grassou a pobreza e miséria por quase todo o planeta, provocou 2 crises económicas com idênticos resultados aos das guerras, tendo conseguido sair da de 1929 logo após 3 anos com a adopção das teorias – ao tempo, “novas teorias económicas”, as do Keynes – mas que, desta iniciada em 2007/2008, ainda não conseguiu sair, nem se sabe se sairá tal é o tempo que já leva – cerca de 10 anos – e as “novas teorias económicas” nunca mais surgem), e já agora o liberlalismo, e ainda o(s) “bloquismo(s)”, e quejandos…
    Meus lustres, dizia/escrevia eu, “de esquerda, ou das esquerdas”, não será já tempo de 《embalar a trouxa e zarpar》a caminho da verdade que devemos ensinar ao Zépovinho votante e pagante de que TUDO ISSO (o que diz/escreve o citado articulista e governante Nuno) não passa de “conversa fiada” e apenas tem o efeito de esconder as verdadeiras causas de todos os males que apoquentam a fragilizada Humanidade onde, lá terei que recordar a todos Vós, ja 1% detém tanta riqueza como os restantes 99%, e que a tendência é para acentuar as desigualdades ainda mais????!!!!!
    E desconhecem Vocelências que já alguém ensinou que 《o opressor não seria tão forte se não contasse nas suas fileiras com muitos dos oprimidos》?!?!?!?!…
    Ou desconhecem o que escreveram, em particular sobre Portugal, a saudosa Natália Correia e o “débil mental do comuna” – as aspas são da minha responsabilidade, tá!?!?… – Carlos Carvalhas, sobre a entrada de Portugal na então dita CEE (um clube de ricos) e na adesão ao Euro, respectivamente?!?!?!…
    Ou já esqueceram Vocelências o que também e ainda a saudosa Rosa enunciou: 《Socialismo ou Barbárie》!?!?!?!…
    E até o que vem defendendo o actual Chefe da ICAR, o Papa XICO, com maiúsculas, pois claro, porque merecidas no que ao capitalismo respeita!?!?!… para os incautos, posso recomendar uma leitura pela entrevista que o referido XICO deu a um jornalista da SIC e que até já está disponivel em CD/DVD!?!?!…
    E o que escreveu o velho Karl sobre o capitalismo enquanto sistema de vampiros, também nada Vos diz!?!?!…
    Ou será que TODAS estas pessoas que citei não passam de “débeis mentais”??????….
    Valha-Vos o S. Cristóvão, padroeiro das viagens, para Vos guiar ao MELHOR CAMINHO!….pelo menos enquanto houver tempo, claro!….
    Finalmente, também não esqueço de que, um dia – eu escutei numa TV da nossa praça -, o mesmo articulista e governante Nuno, falando lá no Rato para alguns seus correligionários, chegou a “sonhar” com as pernas dos banqueiros germânicos TODAS A TREMER!…《e esta, hen?!?!…recordando o saudoso F. PEÇA!….
    aci

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