O CAA ( Cromo Abreu Amorim) CANSOU-SE!

(Joaquim Vassalo Abreu, 14/02/2018)

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Na caderneta de cromos do PPD/PSD faltava este exemplar. De ombros largos e casaco ainda mais. Cabelo lambidinho, óculos a condizer e lábios finos que fazem soar as consoantes no final das frases: chama-se ele Carlos Abreu Amorim e cansou-se de tanta inglória “luta”. De uma “luta” contra nada!

O Carlos cansou-se do Abreu e ambos do Amorim. Por Carlos ninguém o conhece, por Abreu (cruzes canhoto) ainda menos e por Amorim tão pouco. Ele só existe na dimensão de um CAA. E cansou-se da vida que tem levado, a de pregador no deserto!

Ele sofre do síndrome da indissolubilidade do nome. Assim por inteiro até pode dizer algo a algumas pessoas mas, mesmo com a ajuda descritiva que acima dei, a maioria ainda se pergunta: Mas quem é?

É mais um desiludido da vida, um agastado com o ressurgir das forças progressistas e um amargurado com o sucesso da Geringonça.

Um ser para quem o crescimento económico é uma grande “chatice” e nunca poderia ser protagonizado por um governo de esquerda. Um cromo para quem a Geringonça é tão enfadante, que o faz perguntar-se: como é que é possível que na época das tecnologias sem limite, dos carros sem condutor, que até estacionam sozinhos e que qualquer dia até voam, como pode uma Geringonça assim funcionar? Ainda por cima com motores anacrónicos, como o PCP? Quem aguenta? Cansei-me, disse ele!

Apostou as fichas todas no cavalo do Lopes e diz agora que não se revê na estratégia do Rio. Mas qual estratégia, alguém sabe? Cansado, diz-se ele, mas eu acho que é de estar há tantos anos sentado naquela cadeira dura no Parlamento, sem cargo para ocupar, nem sequer o de presidente da bancada e sem nada para dizer…

E ocorreu-lhe então a sacramental e usual existencial pergunta: Que faço eu aqui? Coisa que nunca lhe havia ocorrido na vida, nem quando largou o colo do CDS para se lançar nos braços do PPD/PSD, à semelhança do seu arqui amigo Rangel. Nem quando trocou Gaia por Viana e Viana por Lisboa, preparando o regresso ao Porto porque lá por Lisboa, que tem o seu rio poluído, mora agora um Rio do Porto!

E se esse enorme líder, o Passos Coelho, um líder só comparável a Salazar, que colocou a populaça em “su” sítio e a pôs a pão e água, se cansou, porque não poderei eu cansar-me também, raciocinou filosoficamente ele? Se ao menos ainda houvesse crise e uma austeridade para defender…E lembrou-se do seu amigo Marcantónio que também se cansou, do Montenegro que também desertou, foi tratar melhor da vida e até disse “até um dia”, do Rangel que esse tem para aí uns seis empregos…e perguntou-se: quem raio sobra?

E depois, quem apoiar? De quem dizer mal? Do Rio? Esse nem lhe passa cartucho! Do Huguinho? Mas esse coitado… Disse que não acreditava na estratégia do Rio mas, se ao menos a conhecesse, poderia puxar da sua verve e fazer uma mocão ao congresso de ficar na memória, assim como a do Meneses que saiu de lá a chorar. Mas o Lopes diz que vai andar por aí sem sair de Lisboa…Que fazer, como dizia Lenine?

Mas, pensa também ele, para quê ir ao congresso? Se ainda lá aparecesse o Marcelo. Se ainda lá fosse o João Jardim. Ah e se lá fosse o Lopes…sem eles, que raio de congresso será esse?

Estou cansado, diz ele resignado. Vou é descansar. Vou descansar na Faculdade, uma meia dúzia de aulas por mês na oficial, mais meia dúzia numa pararela, um saltinho pelo escritório, um bla-bla numa televisão qualquer, isso é que é vida. Agora, estar sentado naquelas cadeiras duras do Parlamento, sujeito a ouvir as diatribes da Catarina, a aturar a boa educação do Jerónimo e a levar com o Costa de quinze em quinze dias? Cansei-me e pronto.

Se ao menos aparecesse mais um BES para eu poder estar assim numa comissão de inquérito a sério a mostrar toda a minha sabedoria e a minha peculiar maneira de falar…lamentou-se ele. Se ao menos houvesse um Centeno dos primeiros tempos a quem a gente chamava de tudo. Mas o meu país não quer…

No que ele (o País) se tornou, desabafa. Mas o bichinho não o larga, aquele que o faz palrear e, por isso, ele anda a matutar naquela ideia do Lopes ( o Lopes é muito para a frente em ideias), aquela de formar um Movimento, uma boa altura para voltar à extrema direita, onde com muito orgulho cresceu, acrescenta. Sim, extrema direita diz ele porque o resto está tudo ocupado e se ela existe e fecunda por essa Europa fora, porque não aqui também?

O ar por aqui está irrespirável para um “democrata” como eu, assegura ele. E um tipo com o seu passado não se pode sujeitar a estar eternamente num partido que se chama Social Democrata. Razão tem o Lopes em lhe chamar PPD: Partido Popular (tem) Dias!

Como o nosso inestimável e inefável CROMO “CAA”!


Fonte aqui

3 pensamentos sobre “O CAA ( Cromo Abreu Amorim) CANSOU-SE!

  1. Língua afiada e mentirosa, queria, quiçá, alcandorar-se a vôos de “águia” !
    Mas o seu partido, (todo em cacos partido…herança do aldrabão-mór !) não deixou !
    E deve ter tido a premonição de que o o novo” “ninho”, o iria despromover a “pardalôco !
    Adeus ! Para onde quer que vá…mande saudades ! Que é coisa que cá não deixa ( como diria Vasco Santana !)

  2. Vou ter saudades deste energúmeno que se baba de ódio a tudo o que é avanço, progresso, tolerância, propósito democrático, leis favoráveis aos mais carenciados, sobretudo trabalhadores (aqui a baba escorre com maior caudal), e sentido crítico das propostas dos seus parceiros da “agência de viagens” de que faz parte.
    Como é que eu agora olho para aquela primeira fila da bancada onde este ser se refastelava vendo passar os dias, os meses e os anos com o salário garantido, mais uns almoços do bom e do melhor e umas viagens à conta do Orçamento da assembleia nacional! Amorim, Hugo, Leitão, que trempe, que trindade! Vou ter saudades!

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