É preciso reinventar Portugal

(Por Carlos Esperança, in Facebook, 03/01/2018)

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Começo este texto com um título de fino recorte literário, totalmente vazio de conteúdo, para analisar o ambiente esquizofrénico que esta direita se esforçou a criar e manter.

Parece que voltámos ao tempo da ditadura fascista, então com enormes riscos de sermos deportados, presos, torturados e perseguidos, por dizer mal do Governo, agora sujeitos a bullying por dizer bem.

Hoje é preciso alguma coragem para defender o governo apoiado por mais de 60% dos portugueses através do PS, BE, PCP e PEV, com uma comunicação social nas mãos de grupos económicos que decidiam as políticas da direita ou do bloco central.

Talvez seja a aflição com os sucessos do Governo que transforma a direita urbana nesta direita trauliteira e miguelista, que vê os simpatizantes desta fórmula de governo como pessoas perigosas, aptas a fazerem às liberdades aquilo de que as suas eram capazes.

Com este governo, o País terminou o ano de 2017 com o menor défice da democracia, o desemprego mais baixo da década e o mais robusto crescimento económico do século. O sistema financeiro que Maria Luís deixou de rastos, com a ministra Assunção Cristas a votar a resolução do BES por sms, sem saber do que se tratava, está em vias de cura e a modernização dos setores económicos acompanham a digitalização dos serviços.

O ministro das Finanças, que a bancada do PSD recebeu com riso alvar, acabou por ser eleito presidente do Eurogrupo, enquanto a sua ministra trocou a ética pelos interesses e pôs o que apreendeu no seu ministério ao serviço de um fundo abutre estrangeiro onde os segredos valem mais do que o saber.

Sem ideologia, sem quadros, que, por pudor, abandonaram Passos Coelho, sem Cavaco, capaz de todos os fretes, sem outros trunfos para além de Rui Rio e Santana Lopes, esta direita vive das tragédias que morbidamente explora e dos incidentes que amplia.

Precisa de enlamear o Governo para fazer esquecer o seu, de enxovalhar os adversários para que o país esqueça a imensa podridão onde se atolaram as estrelas do cavaquismo e os banqueiros que patrocinavam esta direita e a franja da esquerda que a enfeitava.

Termino com uma banalidade. É preciso reinventar uma direita que não envergonhe.

5 pensamentos sobre “É preciso reinventar Portugal

  1. «Precisa de enlamear o Governo para fazer esquecer o seu, de enxovalhar os adversários para que o país esqueça a imensa podridão onde se atolaram as estrelas do cavaquismo e os banqueiros que patrocinavam esta direita e a franja da esquerda que a enfeitava.»

    Precisamente e ainda há dias o ministro do CDS/PP mais envolvido na corrupção do caso “Portucale” (e claro, nos outros também como nos submarinos) ao serviço do BES, o tal que na última hora de ser ministro assinou o despacho que permitiu a negociata e o abate de sobreiros, dizia a Centeno que este usava “máscaras” para disfarçar as contas ao mesmo tempo que usava a grande máscara que disfarçava a brutal vingança austeritária por castigo de culpa moral aplicada aos portugueses pelos medíocres interesseiros do seu governo que apelidava mascarando-o de “governo da troika”.
    O seu dele chefe de fila no partido e na corrupção foi mais longe apelidando Portugal um protectorado da troika. E um dos seus ainda mais abtruso e repugnante insultou os pais e avós dos portugueses incluindo os seus próprios chamando-lhes peste grisalha.
    Anda por aí um livro de uma profunda prostituta intelectual e um seu copincha com o título de “Julgamento do Regime” referindo-se ao caso do “processo marquês”. Só erraram no título visto que devia apelidar-se de “Julgamento do Cavaquismo” pois, na realidade, tal processo é uma reinvenção narrativa para mascarar-limpar os dejectos da corrupta podridão do cavaquismo e Sócrates a persona ideal, porque se opôs a essa podridão infecciosa, para ser imolada na praça pública e fazer a redenção catársica das massas lavadas e levadas mentalmente na onda das aparências dos factos.
    Em democracia a catarse da multidão não se faz por meio de religiosos rituais autos-de-fé mas sim por meio de rituais de informação para manipulação mental.

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