A presidente da IPSS do PS que apoiava o PSD 

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 18/12/2017)

Daniel

Daniel Oliveira

A tese que subrepticiamente foi sendo espalhada foi esta: Paula Brito e Costa estava feita com o Partido Socialista, onde desenvolveu uma rede de contactos e favores para depois lhes sacar o “guito”. Entre esses favores está uma viagem de ida num dia e volta no outro à Suécia, para participar numa conferência, de que todos devemos sentir imensa inveja. Podem ver AQUI a festa em que Sónia Fertuzinhos participou.

Apesar de já ter sido divulgado que Paula Brito e Costa fez parte da Comissão de Honra da candidatura do PSD à Câmara Municipal de Odivelas, em 2013, deixo aqui um vídeo que mostra que a relação da presidente da Raríssimas com o partido era um pouco mais próxima (a inauguração de uma sede partidária é um momento especialmente interno) e manteve-se pelo menos até abril de 2015, data destas imagens. No meio de um longo artigo e sem grande destaque, o “Observador” já tinha divulgado fotos que constavam no mural de Facebook de Paulo Brito e Costa, onde surge ao lado dos principais dirigentes locais e do secretário-geral do PSD. Ela não escondia o seu apoio ao partido. Curiosamente, estes registos desapareceram da memória por não se encaixarem na narrativa da IPSS que andava de braço dado com o PS.

Este vídeo prova alguma responsabilidade do PSD pelo que sucedeu na Raríssimas? Tanto como a relação de pessoas do PS com esta senhora. Nada. O que ele desmente é a tese que começa a circular, de que João Miguel Tavares foi o mais ousado e delirante autor e que resumiu nesta ideia: “Paula [Brito e Costa] tinha a casa. Vieira da Silva o ministério. Sónia [Fertuzinhos] tratava da estratégia. É o que basta para termos uma IPSS feliz”. A ideia é que a estratégia de Paula Brito e Costa dependia do regresso do PS voltar ao poder para que o “guito” pudesse finalmente chegar. Estratégia que o “DN” quase confirmava, divulgando a informação falsa e por si próprio desmentida de que o financiamento quadruplicou no atual governo. Afinal fora no governo anterior. E bem, porque resultava do aumento da oferta em cuidados continuados pelo qual o Estado paga.

Não deixa de ser estranho que quem está, como defende João Miguel Tavares, desde 2013 a preparar-se para o regresso do Partido Socialista ao governo se envolva tão ativamente, mesmo em vésperas de eleições, na vida partidária do PSD. Talvez seja altura deste debate voltar onde devia ter ficado

Enquanto a senhora se combinava com o PS (com a conivência ativa ou ingénua de Maria Cavaco Silva, Leonor Beleza ou Maria da Graça Carvalho), para ter uma “IPSS feliz”, participava na vida interna do PSD, apoiando candidaturas e participando em inaugurações de sedes. Não deixa de ser estranho que quem está, como defende João Miguel Tavares, desde 2013 a preparar-se para o regresso do Partido Socialista ao governo se envolva tão ativamente, mesmo em vésperas de eleições, na vida partidária do PSD. Talvez seja altura de este debate voltar onde devia ter ficado.

O que estas imagens desmentem é a vergonhosa tentativa de arrastar o triste caso da Raríssimas e de Paula Brito e Costa para a arena partidária. O que estas imagens exibem é até que ponto uma investigação jornalística se transformou numa campanha de intoxicação política.

Que fique claro: estou convencido que o PSD de Odivelas e a sua deputada Sandra Pereira, que em 2013 convidou Paula Brito e Costa para a Comissão de Honra da sua candidatura à Câmara, se aproximaram desta senhora pela razão que afirmou ao “Observador”: “Eu, tal como o Presidente da República, o ministro e várias outras figuras, valorámos o trabalho relevante, de reconhecido mérito nacional e até internacional na área das doenças raras”. E terá sido por isso mesmo que, em 2015, propôs com sucesso, enquanto vereadora, que lhe fosse atribuída a Medalha de Honra, grau de ouro, do município de Odivelas. Não recrimino Sandra Pereira, só não acho que a boa-fé seja um exclusivo de uma parte dos políticos.

 

5 pensamentos sobre “A presidente da IPSS do PS que apoiava o PSD 

  1. Antã prontos, agora já tá tudo bêm, se é do PSD, já nã fá mali. o PS fica feliz e vamos lá em frente.
    Tenham santa paciência.
    Não, há pachorra para corruptos, nem favores, nem tretas dessas, seja qual for a cor que tenham.
    O Daniel e a Estátua estão a pretender branquear o quê, com esta conversa? Politiquices de trazer por casa e atirar areia para os olhos?
    Não tinham já dito que a Dra. Maria Cavaco era a Madrinha da Instituição?
    Como é óbvio a Presidente da Raríssimas ia buscar fundos a quem lhe desse, quer fosse honesta, quer não fosse.
    E parece-me que a IPSS, em causa, ou qualquer outra não podem estar reféns de acordos partidários, não lhes parece?
    Aconselho, vivamente, a leitura da crónica de Francisco Moita Flores, no Correio da Manhã,
    Melhor explicado não poderia estar.
    http://www.cmjornal.pt/opiniao/colunistas/francisco-moita-flores/detalhe/mulher-rara?utm_medium=Social
    .

  2. Ouça lá!… E quem é o Moita Flores, esse pafioso jarreta e caquético reformado da PJ para botar opinião seja no que for e para ter mais credibilidade que outra pessoa qualquer? Que agora, mesmo com uma reforma choruda de mais de 3.500 euros por mês ainda tem o desplante de ser comentador da CMTV e cronista do CM onde vai mamar 3.000 euros por mês e onde diz as mais disparatadas baboseiras. Que levou a Câmara Municipal de Santarém à falência mesmo vendendo os terrenos da Escola Prática de Cavalaria aos Construtores Civis? Tenha mas é juizinho, que já tem idade para isso e saia de fininho sem ninguém ver. Está bem?

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