QUO VADIS, PEDRO?

(José Gabriel, in Facebook, 15/10/2017)

misericordia
Pedro, Pedro, que descuido é este em que vives? Deu-te a Providência – pela mão do outro Pedro e, depois, do António – uma ocupação – um emprego, vá – na qual, além das pingues recompensas, poderias ficar quietinho, de teus anos colhendo doce fruito, fazendo o teu número de “senador” – como diz a malta dos tablóides -, botando inocentes e banais sentenças e vais tu, sem resistir ao apelo do sarilho, mergulhas num jogo em que, permite que to lembre, perdeste sempre. Eu sei, eu sei, viste o Rio e não resistes ao mergulho. Fazes mal. Nota que foste abençoado com um nome que contém em si a tua actual profissão. Santa…são as primeiras sílabas do teu nome. Santa, é a Casa da Misericórdia que governavas – não muito bem, mas enfim…-, como se para tal fosses predestinado.

Pensas agora que te candidatas ao teu partido porque és o desejado. Não percebeste; és desejado, mas no lugar onde estás, onde não te metes em política, coisa para que não tens jeito nenhum mas parece a única que queres fazer.

Foste o único 1º ministro, que me lembre, que, liderando uma maioria parlamentar, conseguiu ser demitido pelo PR – e os efeitos colaterais deste facto ainda hoje se fazem sentir entre o teu povo.

Por um lado, compreendo-te: olhas para o Rio e sentes que, perante aquele deprimente deserto de ideias, aquela pequenez intelectual, a vitória é fácil. Mas é uma vitória de Pirro, por isso sai-te cara – a ti e aos outros. E repara: no trono da Santa Casa e nos diálogos gelatinosos com o Vitorino ainda vais disfarçando e há até quem te leve a sério.

O teu confronto com Rio vai tornar evidente a todos o que já é claro para muitos: não tens grande coisa na cabeça. Será deserto contra deserto. E não é só a ligeireza que te faz declarar a beleza de concertos Chopin que nunca existiram: é a incapacidade de assumir a tua ignorância disfarçando-a, sempre, com a segurança de quem pensa que todos os outros são uns imbecis. 

Pedro, Pedro, quo vadis?

4 pensamentos sobre “QUO VADIS, PEDRO?

  1. Pois é, prezado José Gabriel, concordo em absoluto consigo, mas antes permita que lhe agradeça esta pérola de texto, análise, retrospectiva e aconselhamento a um burguezote que, para além da lábia, de que qualquer advogado burguês sempre é capaz, que lhe tem vindo a possibilitar as tais “pingues recompensas”, neste oceano de prosápia e incompetências – ou terra de cegos, onde quem tem olho/lábia é rei -, e eu admito que todos estes fenómenos só são possíveis, ou para eles encontro justificação se aceitar como verdadeiro que se mantém aquela tese que o saudoso Mestre Guerra Junqueiro enunciou nos finais do séc. XIX: «…uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro…».
    De qualquer modo não acredito que o sempre bem penteado Santana, vá escutar, sequer, este seu (do prezado José Gabriel aconselhamento, quanto mais desistir do seu (do pedrocas, claro) caminho mais uma vez iniciado a caminho do “pote” que ele sabe ser infinitamente mais aliciante do que ser Provedor da Santa Casa da Misericórdia.
    Por outro lado também, eu acho, o “sulista” do ppd tem a certeza de que, mesmo que não venha a ganhar ao Rio, o lugar na Santa Casa está garantido pelo actual governo.
    Continuação de boa inspiração para que possa continuar a brindar-nos com outras pérolas, e um abraço, extensivo ao amigo da Estátuadesal por ter trazido aqui tão brilhante texto do,
    aci

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