(Por Estátua de Sal, 23/09/2017, 18h)
Mas que grande tiro no pé, dr. Balsemão. Então o seu jornal, dito de referência, cai numa trapalhada deste jaez? Expliquemos o ocorrido.
Na edição de hoje, o Expresso dá conta da existência de um relatório, supostamente elaborado pelo Centro de Informações e Segurança militares (CISMIL), que arrasa o Ministro da Defesa e o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas no contexto da investigação ao desaparecimento do armamento dos paióis de Tancos.
Como não podia deixar de ser, os principais actores políticos vieram a pronunciar-se de imediato. Marcelo diz que tudo tem que ser investigado e aguarda detalhes mais aprofundados, nomeadamente saber se houve roubo ou não. Costa não se quis pronunciar muito sobre o tema, alegando estar em campanha eleitoral, mas foi dizendo que desconhece o relatório em absoluto. Assunção Cristas reiterou o pedido de demissão do Ministro da Defesa. Passos Coelho, mais uma vez a emprenhar pelos ouvidos tal como fez no caso dos falsos suicídios, exigiu de imediato explicações ao governo, acusou este de ocultar informação ao parlamento e ter tiques de autoritarismo e terminou perguntando: – “Temos de comprar o Expresso para saber o que se passa no país”? (Ver aqui).
Pois bem. Há pouco mais de duas horas, o Estado-Maior General das Forças Armadas desmentiu “categoricamente” a existência de qualquer relatório do Centro de Informações e Segurança militares (CISMIL) sobre o roubo de armas de guerra nos paióis de Tancos. (Ver aqui).
Como não tenho razões para achar que existam relatórios oficiais que são desconhecidos do Primeiro-Ministro, do Presidente da República e do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, só posso concluir que o Expresso, conscientemente ou não, publicou uma atoarda e não uma notícia escrutinada e credível, e que cada vez mais as suas práticas editoriais seguem na peugada das do Correio da Manhã.
Ora, há um quarto de hora, o Expresso veio afirmar que o relatório existe e é verdadeiro, apontando a sua autoria, não para o CISMIL, mas para “serviços de informações militares”, seja lá o que isso seja, o que retira o carácter oficial ao dito relatório e a exigência de este ser conhecido pelas altas autoridades políticas do país. Fala depois o Expresso em “fontes de militares no activo e na reserva”, e lembrei-me de imediato de uma outra situação recente a que o Expresso também deu muito relevo, já que também nesse caso havia “militares na reserva”.
Às tantas, os autores não passam de dois ou três marmanjos conotados com a direita radical e fascistóide, uma minoria ainda assim, que existe dentro das Forças Armadas. Como no caso dos generais que queriam entregar as espadas. Eram dois apenas, mas o Expresso também aí viu um pronunciamento militar em marcha.
Acresce que um documento, supostamente secreto, não ser entregue às entidades políticas e às chefias militares, que o desconhecem, mas sim ao Expresso, diz tudo sobre a credibilidade do documento e dos seus autores. Já se percebeu ao que vêm e o que pretendem, eles e o Expresso.
Tal é o desespero da linha direitista e facciosa que se instalou na redacção do Expresso que o mano Costa não resistiu a publicar em largas parangonas uma caixa, que ele supôs ser de largo poder destruidor, para o governo e para o PS, em vésperas de eleições autárquicas, criando um alarmismo social e político mais que injustificado. Penso que lhe irá sair o tiro pela culatra.
É por estas e por outras que o Expresso, SIC e companhia estão pelas horas da amargura no que toca à situação financeira. O Dr. Balsemão bem se pode queixar da ascensão do digital e das redes sociais, acusando estas últimas de produzirem fake-news.
Mas assumindo, ainda assim, que as redes sociais produzem e divulgam fake-news, não é essa a causa do descrédito e do mau desempenho económico da imprensa dita de referência. A razão principal é que resolveram alinhar por baixo, renderam-se ao populismo e ao imediatismo, deixaram de avaliar a qualidade das fontes e a veracidade dos factos, perdendo portanto a confiança dos leitores. Em suma, combater fake-news com fake-news parece ser a orientação do Expresso actual. Até o Observador começa já a ser mais credível. Sim, porque o Observador diz ao que vêm, e nunca quis convencer os leitores de ter um estatuto editorial independente.
Democracia cercada. Nos tempos que correm não existe em Portugal um verdadeiro órgão de comunicação social verdadeiramente isento. Ainda há alguns anos atrás tinha-se como referencia um ou dois jornais que não sendo um paradigma de total isenção pelo menos não alinhavam de maneira flagrante com o lixo que cerca a democracia. Lembro-me de se classificarem as pessoas pelo jornal que levavam para casa debaixo do braço. Um desses jornais era o Expresso. Hoje também se definem as pessoas pelos pasquins que carregam para casa alardeando uma erudição digna de caixote do lixo. A direita ao sofrer o rude golpe de ver a “geringonça” continuar a governar com cada vez mais resultados positivos não aguentou o embate, daí que que perdesse o norte e entrasse na liça fazendo dos seus órgão de comunicação o mesmo triste espectáculo que se observa nos pasquins de estimação da nossa praça. Estão neste caso o Expresso e o Público, órgãos eleitos por certa camada de pessoas que desejava ser um bocadinho mais informada. Hoje é a desgraça que se vê, rivalizando com pasquins como o Correio da Manhã e quejandos, perdendo o respeito dos seus fieis leitores que pouco a pouco os têm abandonado. Passa-se o mesmo na rádio e televisão. Também aqui a isenção é uma miragem. Antes pelo contrário o que se nota de maneira flagrante é uma atitude tendenciosa de direita, por vezes explicita, outras mais encapotada, mas sempre com a sua pontinha de fel. Chegados aqui, vejo-me confrontado com os velhos tempos da triste e nefasta ditadura salazarenga que para conseguir ser minimamente informado da realidade ciosamente escondida pelo regime de então, tinha de recorrer, correndo sérios riscos de denúncia por parte dos informadores (bufos) à PIDE, a ouvir clandestinamente, muito em surdina, a BBC, Rádio Deutschewelle, Radio Voz da Liberdade e tantas outras. Será que para termos uma notícia que se diga fidedigna tenhamos que ressuscitar essas rádios?
Muito assertivo comentário.
Mais uma fábula de autêntica cretinice jornalística! Vale tudo, tal é o desespero por não conseguirem fazer “desgovernar-se” a actual governança, essa sim, a conseguir dar-lhes a volta com a credibilidade que vão granjeando da população portuguesa! Começa-se a desenhar uma produção infindável de “cabalas”! E se não se descobrem os autores, é porque serão eles próprios os donos disto tudo…da imprensa dita livre, independente e credível!!!!
Sócrates podia ter decapitado o cavaquismo inteiro e forçado a deposição de Cavaco com o caso da máfia BPN e, infelizmente, não o fez. O agradecimento não foi grande, como se nota. A cortesia entre inimigos não é inconcebível. Mas é preciso ver de que inimigos se trata. No que às máfias fáscio-católicas respeita é melhor não perder mais nenhuma oportunidade de as remeter – a todas e inteiras – para os sítios onde melhor caibam. Nem me parece difícil. E convém começar pelo aparelho judiciário.” Por Joseph Praetorius.
Quem vai no entanto decapitar o PSD vai ser Passos, mesmo com a ajuda do Presidente Marcelo, provavelmente nas próximas eleições Legislativas não vai obter 20% dos votos.
Se os partidos que fazem parte da Geringonça tiverem juízo a direita vai ficar arredada do poder por muitos e longos anos. É o custo de terem metido cá a Troika.
Deus o oiça, deus o oiça. Esta gente é mais perigosa que alguma vez pensamos.
Bastaria ler as principais conclusões do suposto relatório, decalcadas das afirmações políticas de Cristas e Passos Coelho, para perceber que o suposto relatório é um nado morto, aliás nem existe mesmo. Um suposto relatório, feito por um serviço de Inteligência, e destinado a serviços de Inteligência nacionais, que chega à posse de um jornal, é um aborto, uma ferida insanável num serviço de Inteligência, que ofende o princípio básico de um serviço de Informações, segundo o qual, a Informação só é disponibilizada a quem dela carece. Só se a Informação interessa sobretudo ao Grupo Balsemão para alimentar o clima de medo, pânico que se está a instalar, tendente a criar restrições à liberdade individual e colectiva dos cidadãos, e serviços de segurança e policiais musculados.
Balsemão já perdeu todo o vigor e já nem com comprimidos azuis lá vai, estando aprisionado por um grupo de meninos armados em censores, em Cónegos Remédios, que usam os títulos de imprensa para manobrar a chegada ao poder, mais parecendo o Daily Mail britânico, ou o luso Correio da Manhã. Muito sangue, muitas notícias explosivas, mas poucas Notícias e pouco Jornalismo.
Um suposto relatório que o Expresso garante ter em seu poder, mas que é desconhecido do Estado Maior das Forças Armadas, do Presidente da República e Chefe Supremo das Forças Armadas, do Governo e dos serviços a quem é destinado, não é um Relatório, é uma atroada, feito por militares que não honram a farda que vestem, porque a um militar exige-se que use o seu know how para a defesa da Pátria, não para jogos políticos que lhe devem estar interditos.
Depois de mais esta, a que se juntam os suicídios de Pedrógão, as listas de vítimas, e tantas outras mentiras, começo a recear pelo futuro político em Portugal,
É tempo de acordar e afastar de vez os perigos que nos atormentam e que provém de líderes frustrados porque o diabo nunca mais vem.
Excelente comentário, caro amigo!
Subscrevo inteiramente..
Que a coisa está a ficar estragada, deve estar… Até o comentador oficial Marques Mendes se recusou a comentar o assunto, hoje na SIC … porque não tinha tempo.
O Expresso faz parte dos Pasquins do sitio mal frequentado pela direita fascista, e onde se destacam o Correio da Manha, o Observador e a dupla Expresso/Sique!! O Expresso tornou-se também o sucessor do célebre diário fascista do regime salazarento e que dava pelo nome de “DIÁRIO DA MANHÔ de má memória e anti-comunista primário. Não nos podemos esquecer que a Sique é um verdadeiro ninho de fascistas em potência (recrutou mais uma “peça” muito recentemente) e que o Expresso, além do seu director, também o patrão é um saudosista da União Nacional, de que, aliás, foi deputado. Perante esta realidade não é de estranhar que tudo façam para pôr tentar derrubar o governo. Mais curioso ainda é verificarmos que os pasquins e os partidos da direita reáciionária estão mais preocupados em “demitir” o ministro e nada preocupados na descoberta dos «ladrões” das armas roubadas. Esta posição só pode ser justificada por estarem “por dentro do roubo” ou ter participado no mesmo. Que é o mais certo!! Tal como mos “Panamá Papers”, lembram-se????
«Como não tenho razões para achar que existam relatórios oficiais que são desconhecidos do Primeiro-Ministro, do Presidente da República e do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, só posso concluir que o Expresso, conscientemente ou não, publicou…», .muito bem Manuel G.
POLÍTICA
Tancos: investigador da PJM garante que Azeredo Lopes soube do encobrimento. Ministro desmente
HUGO FRANCO
JOANA PEREIRA BASTOS
MICAEL PEREIRA
PEDRO SANTOS GUERREIRO
RUI GUSTAVO
Nota. Pois é, quem é que no seu perfeito juízo ia agora pensar que o Ministro da Defesa (tal como o PM, o PR e o CEMFA) não sabiam do/s relatório/s sobre Tancos? E esses gajos do Expresso que se gabam de andar sempre tão atentos não o/s publicava? Publicou-publicou, o outro e este também!, pelo que uma parte do teu parágrafo n’A Estátua de Sal foi tão premonitório que ainda hoje se pode ler… com prazer.
Olha aqui:
https://expresso.sapo.pt/politica/2018-10-04-Tancos-investigador-da-PJM-garante-que-Azeredo-Lopes-soube-do-encobrimento.-Ministro-desmente#gs.enwippg
Ah, e queixa-te ao Tóino por andar a desenterrar estes Tesourinhos anti-Deprimentes.
António Verdades diz:
Outubro 7, 2018 às 10:56 pm