LA DIADA!

(Joaquim Vassalo Abreu, in Facebook, 13/09/2017)

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La DIADA é, como todos sabem, a festa Nacional da Catalunha e o seu feriado principal.

Eu, por acasos do destino, embora vá frequentemente a Barcelona, porque lá vive e trabalha a minha filha, o seu Companheiro e estuda o meu neto, fui lá passar este último fim de semana e, porque soube, que não sabia, que segunda 11 de Setembro se celebrava o dia da Catalunha, feriado portanto, disse adeus ao bilhete que tinha comprado para regressar no domingo à noite e comprei um outro, muito mais caro diga-se, para regressar ontem à noite, segunda feira e no fim das festas e manifestações. E não me arrependi.

Para quem me segue no Facebook fiz uma detalhada reportagem, com directos, filmes, fotos, observações e muito mais. Uma amiga até me disse que o Governo da Catalunha me deveria agradecer…

Mas voltando ao tema, para se saber as origens deste feriado e desta comemoração que, ao contrário do que é normal comemora, ou melhor relembra, a perda, e não a conquista da independência, basta ir à Wikipédia e está lá tudo. Mas eu que, como sabem, não reproduzo nada dessa fonte (apenas algumas vezes nela bebo o que realmente não sei), apenas vos digo que, para compreender aquilo que agora se passa é fundamental conhecer um pouco que seja da história da Catalunha e saber do significado dos seus símbolos.

O retrato que acima reproduzo, tão elucidativo que é, venha de que força vier, é uma marca profunda e sensível do que é, neste momento, o sentir da maioria dos Catalães. Essencialmente perante um governo central arrogante, retrógrado, reaccionário e mesmo fascista, que não representa, nem um pouco, o pensar da grande maioria dos Catalães.

As razões profundas são históricas e é preciso compreendê-las e compreendê-las é não só saber das históricas como das modernas e, a saber, a luta dos Republicanos contra os Franquistas na Guerra Civil e tudo o mais…

Mas o ar que se vive em Barcelona, que bem conheço, e em toda a Catalunha, é um ar de insatisfação perante a negação da sua vontade de pronunciamento. O direito a votar no Referendo de 1 de Outubro p.f, claro está! As manifestações multipartidárias a que eu assisti, como nunca na vida tinha assistido, foram reflexo disso mesmo e, por isso, se viam maioritariamente as camisolas verdes claras do “SI”! “SI” ao referendo! Ao direito ao democrático pronunciamento das suas vontades.

Claro que há posições mais moderadas e mais extremadas. ADA COLAU, por exemplo, a Alcadeza de Barcelona, pessoa ligada ao PODEMOS, que é mais pela Catalunha como estado Federal, assumiu uma posição institucional, não se opondo ao referendo e antes o defendendo, não aceitou abrir as portas do seu Ayuntamiento e deixar que funcionários seus nele participassem, ao contrário de outros, e foi objecto de grande critica por parte dos independentistas, principalmente do Partido Nacionalista, e que ficou bem demonstrado numa grande targeta que eu vi, filmei e mostrei junto à casa da minha filha, na praça da Igreja de Santa Maria del Mar e onde está o mausoléu e o monumento às vítimas perecidas às mãos de Franco,  e que dizia: “ COLAU, a Barcelona Votarem”, isto é, em Barcelona, quer tu abras o Ajuntamento ou não, iremos votar!

E no dia 1 de Outubro, pesem todas as divergências de opinião, eles vão votar. E vão votar em nome  da sua identidade, da sua profunda divergência do poder central, da sua autonomia, isso é claro, mas do seu desejo de, mesmo pertencendo, como pertencem, a um Estado ( e creio, pelo que ouvi, a maior parte ter consciência do que será ter uma independência pura e dura) terem políticas sociais próprias, terem uma fiscalidade própria, terem órgãos de soberania próprios e, finalmente, serem credores da sua  História!

Que é um País à parte é, tal como o é o País Basco!

Compreender é preciso, para não nos deixarmos levar por convicções anacrónicas!

Mais: vi muitas bandeiras da CE e nenhuma foi vetada, como ninguém foi vetado.

Mas assisti, in loco, à maior concentração de gente que alguma vez sonhei ver…

Foi concentração e não manifestação porque ela não chegou a andar…era impossível!

Mas a mensagem, essa é evidente e esclarecedora!

E, como reza o cartaz acima que fotografei de uma parede, “Sem Desobediência, não há Independência”!

 

Um pensamento sobre “LA DIADA!

  1. Pois… O problema é que na Catalunha (que visitei com muita regularidade quando trabalhei dois anos em Espanha) também há muitos, mas mesmo muitos, «Castelhanos», «Andaluzes», «Estremenhos», «Bascos», «Galegos», «Aragoneses», «Valencianos» e etc… E esses também iriam a votos…
    Entretanto, cá por mim, fazia o referendo já amanhã. E esse é mesmo o erro de «Madrid» e do sr, Rajoy.
    Só que suspeito que os nacionalistas não se calavam.

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