O estranho fenómeno do Lidl

(In Blog O Jumento, 17/08/2017)

lidl

Se há contribuinte a quem o fisco não precisa de sugerir que peçam faturas são os comerciantes, podem evitar ao máximo emitir o papelinho maldito, mas na hora de as pedirem nunca se esquecem. É por isso que durante estas férias achei surpreendente um estranho fenómeno a que assistir diariamente na loja do Lidl na terra do Madurinho algarvio. Até cheguei a pensar que a Geringonça teria declarado um paraíso fiscal em Vila Real de Santo António.

Os primeiros clientes do Lidl são na sua maioria comerciantes que se abastecem de produtos que vão dos bolos aos queijos e fiambres. Nenhum deles queria fatura. Durante quinze dias não vi um único comerciante pedir fatura. Este fenómeno faz lembrar um outro que se generalizou quando o malfadado Núncio Fiscoólico era a última coca-cola do deserto na secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, de um dia para o outro muitos milhares de lojas e restaurantes afixaram avisos informado que “não se aceitam pagamentos por multibanco”.

O Núncio Fiscoólico aprendeu a usar o medo como forma de coagir os contribuintes a pagar o que deviam e o que não deviam, por isso lembrou- se de avisar os portugueses que iriam ser feitos cruzamentos entre as faturas emitidas e os pagamentos por multibanco. A resposta dos comerciantes foi imediata, para esperto, esperto e meio, uns deixaram de aceitar pagamentos por multibanco, outros passaram a emitir faturas apenas para os pagamentos feitos com cartões.

As medidas de combate à evasão fiscal, sejam as reais ou as de terror virtual costuma ter a mesma eficácia que o veneno para os ratos, começam por matar os ratos até que estes se habituam a resistir ao veneno e passam a alimentar-se deste. Se a ameaça feita aos portugueses de que passariam a ter os tostões contados pelo Big Brother do CDS criou algum terror, acabou por ser uma medida com efeitos perversos que não foram avaliados pelo espertalhão do Núncio Fiscoólico, hoje um advogado rico e bem sucedido da praça, acabaram por empurrar muitos milhares de contribuintes para a clandestinidade, onde estão a salvo de um fisco que insiste em cobrar e inspecionar sempre os mesmos.

É isso que explica o estranho fenómeno do Lidl, muitos comerciantes optam por ficar na clandestinidade fiscal e como não emitem faturas optam por fazer as compras no Lidl. Não só se escapam aos impostos como não deixam qualquer rasto, sejam faturas ou guias de transporte. Enfim, tratam o cão com o pelo do próprio cão.


Fonte aqui

4 pensamentos sobre “O estranho fenómeno do Lidl

  1. Um Post muito Inviesado. O que tem isso a ver com o Lidl? Devia obrigar os comerciantes a levar factura? O estranho caso do Lidl não se dará igualzinho no modelo e no pingo doce? Oh que estupidez
    Agora mesmoGostoResponderMais

  2. é com cada comentário realmente que ha gente muito pudica,se calahr são os primeiros a fugir aos impostos eu sou sincero só pago porque sou obrigado

  3. Assim, de longe (é como se estivesse noutro planeta a observar…) a solução parece «complicada» mas não será «complexa» – Obrigar o Lidl (e todas as outras lojas e mercados, claro…) a só fazerem/registarem vendas com registo de um numero fiscal por parte do comprador… O «software» para obrigar a isso até é capaz de já existir.
    Claro que os mesms compradores que agora não querem factura, podiam começar logo a dar numeros fiscais falsos ou de outras entidades (do ministro das finanças, por exemplo… eh eh eh) mas também para esses esquemas haveria soluções… Do estilo «as compras registadas contam para benefícios fiscais», e depois seria uma questão de calibrar este incentivo com a penalização… Como tudo isso pode ser programado em sistemas informáticos, talvez compense o «trabalhão» que aparentemente daria fazer todos os registos e calibragens.
    Gostaria de pensar que o pessoal que está na Autoridade Fiscal sabe o que é «análise de fluxos de fundos – ou de caixa»… E qual a relação que isto tem a ver com a calibragem de incentivos e penalizações fiscais…

  4. Nisto os portugueses são fantásticos, arranjam sempre solução para a fuga aos impostos. Depois dizem que na Suécia é que se vive bem, mas isso só acontece porque há lá muito mais suecos do que portugueses.

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