Um grande dia para Portugal e para os portugueses

(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 22/05/2017)

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A decisão da Comissão Europeia, “muito clara e unânime”, de retirar Portugal do Procedimento por Défice Excessivo representa uma extraordinária e importantíssima vitória para Portugal. Mas há muitas conclusões a retirar deste resultado.

O primeiro é que vale a pena lutar em Bruxelas pelas nossas ideias e convicções, em vez de aceitar acriticamente tudo o que a Comissão e o Eurogrupo recomendam. Por eles, nunca Portugal teria aplicado a política económica e orçamental que seguiu, de devolução de rendimentos, descida da carga fiscal direta, aumento do salário mínimo, reposição de vários apoios sociais e laborais.

Não só o Governo pôs em prática essas orientações, como conseguiu fazê-lo cumprindo as exigências de Bruxelas, nomeadamente no que toca à descida do défice, onde ultrapassou claramente a meta fixada pela Comissão (2% contra 2,5%).

Mais: todas as certezas que vieram do coração da União não se confirmaram. O crescimento fortaleceu-se em vez de abrandar. O número de postos de trabalho criados aumentou e o desemprego diminuiu. O défice orçamental diminuiu e o saldo primário manteve um excedente. Com o exterior continuou a verificar-se um saldo positivo. As exportações ganharam quota de mercado. E o investimento dá sinais de finalmente levantar a cabeça. Neste quadro, prever que a economia se vai deteriorar no próximo ano parece coisa de mau perdedor.

E essa má vontade só pode ser percebida, segundo ponto, porque o pensamento maioritário em Bruxelas continua a ser dominantemente neoliberal, detestando a solução política que governa Portugal e custando-lhe muitíssimo, do ponto de vista económico, aceitar que afinal uma estratégia alternativa à TINA (There Is No Alternative) não só existia e era viável com muito menos dor social, como poderia conseguir – como conseguiu – atingir e mesmo ultrapassar os resultados que eram exigidos ao país.

Terceiro: este resultado melhora extraordinariamente a imagem externa do país. Mas o trabalho não está acabado. Esperemos agora que as três agências de rating (Moody’s, Standard & Poor’s, Fitch), que continuam a classificar a nossa dívida externa como “lixo”, concluam finalmente que manter essa classificação já não é suportada em qualquer dado económico objetivo mas apenas em preconceitos ideológicos.

Quarto, este frágil caminho tem de ser protegido de decisões irresponsáveis. Quando chegou à liderança do PS, António Costa meteu no congelador um acordo que o seu antecessor, António José Seguro, tinha subscrito com o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, a descida anual de dois pontos na taxa de IRC. Isso é uma coisa, não desejável, mas encaixável no quadro de uma economia em crescimento. Mas uma subida do IRC, mesmo que seja a taxa marginal, como agora propõem o BE e o PCP, já não serve ninguém: nem o fisco, nem a imagem do país, nem a criação de emprego.

Quinto, é bom ter presente que os fatores externos condicionam fortemente estes bons resultados da economia portuguesa. O crescimento na União, em particular do nosso principal parceiro comercial, Espanha; e a forte insegurança que se vive no norte de África, desviando os fluxos turísticos para Portugal, são coisas que podem mudar a qualquer momento e a travar os dias felizes que vivemos.

Até lá, contudo, é tempo de brindar à saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo. Haverá imensas fragilidades e são muitos os que reclamam os louros. Mas o certo é que o país conseguiu aquilo que ninguém imaginava que pudesse atingir com este Governo e estas políticas.


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4 pensamentos sobre “Um grande dia para Portugal e para os portugueses

  1. E não ha que temer a victoria da chanceler, o ministro das finanças Schauble, e o proximo presidente do BCE o tal amigo dele tambem alemão? E a força da coligação de direita que ela vai ter de fazer?

  2. Caro Nicolau, essa de
    《…o país conseguiu aquilo que ninguém imaginava que pudesse atingir com este Governo e estas políticas.》
    não é bem assim porque houve muitos que imaginávamos e tínhamos a certeza de que só assim Portugal podia sobreviver ao estado miserável em que uma certa direita (a tal que vem da direita da direita) nos deixou com as principais figurinhas políticas da governança dos anos dos “do arco” a saber e a desmascarar (se bem que a procissão/geringonça ainda vai no adro) de que destaco, se me é permitido:
    um tal balsemão que continua a aguentar um grupo de mídia há muito tecnicamente falido; silva(zeco) de Boliqueime que punha a mulher a rezar à nossa (eu vendo a minha parte por uma mini e um pires de tremoços a quem na quiser comprar) senhora de Fátima (o maior embuste social luso desde 1143, a que, infelizmente, até o pobre do papa Francisco teve que engolir sapos e vir dar cobertura ainda por cima com a caricata santificação dos pobres pastorinhos a partir de uma fantochada de uns miseráveis, de espírito, brasileiros) para que fizesse milagres a Portugal; um tal isaltino; um tal duarte lima; um tal dias loureiro; o burguezote e anafado do angelo correia; um charlatão que girou sob a designação de soares, entretanto já a prestar contas lá no assento Etéreo onde subiu, mas que se livrou de as prestar aqui na Terra perante os milhões de portugas vítimas das suas pedantes e aburguesadas gabarolices; de um tal guterres que dantes não se sentia bem nos pântanos, adorava queijo lituano, mas agora aceitou liderar um dos maiores pântanos mundiais onde impera a lei do mais forte, sob a capa de uma pomposa designação de “Unidas”; um tal durão a quem a finada mulher cognominou de “cherne” versus peixe de águas profundas, é que ainda não foi indiciado, quanto mais julgado, pelos crimes de guerra de que fez parte integrante; um tal santana a quem as mulheres fizeram dele uma espécie de faraó; um tal marques mente, autêntico pavão a quem só faltam as penas; um tal zezito que foi hospedado, contra a sua vontade, em Évora e, ao que é suposto, corre sérios riscos de para lá voltar; um tal engenheiro do aeroporto na margem sul “jamais”; um tal medina que também tem lugar no “Eixo do mal”; um tal neves apadralhado; um tal lobito recentemente promovido a bufo pidesco com a história dos sms com que pretendiam correr com o Profesdor Doutor Centeno; um tal vitor gaspar(eco) agora a rir-se do bom povo luso a quem tanto devia e por isso quis pagar tendo, com a sua prática, metido o dedo no dito cujo, a esse mesmo povo e nem vaselina usou; um (ou uma, parafraseando esse outro “democrata” rodrigues dos santos) tal portas, o dos submarinos que levaram o jacinto leite capelo rego e a alice faria leite, por exemplo, a fazer depósitos em numerário, no valor de 1 milhão, na conta bancária da seita sediada no Largo do Caldas; um tal vidente de Massamá e maior aldrabão da Península Ibérica, enfim, e tantos outros, que urge julgar como criminosos, antes que morram!…

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