Repulsivo

(Por Joseph Praetorius, in Facebook, 2004/2017)

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Joseph Praetorius

O “Caso Sócrates” – nos seus desenvolvimentos anteriores como nos últimos – exigiria uma vaga de demissões disciplinares, processos criminais e, porventura, condenações ao cárcere de um leque apreciável de magistrados da hierarquia do MP.

Um ano de prisão “preventiva” sem nada nos autos (q.e.d.) depois de dois anos de inquérito; e seis meses depois de cessada a prisão ilegal (ela própria um crime indiciado, portanto) e ultrapassados todos os prazos, é um escândalo, diante do qual se deveria levantar toda a gente, nada haver ainda capaz de fundar uma acusação.

A última desculpa de mais rogatórias – uma das quais dirigida a Angola que jamais colaborou com as organizações judiciárias portuguesas – como fundamento para protelar um inquérito de prazos excedidos é nova razão de intervenção disciplinadora urgente.

Quanto aqui temos é a inépcia mais negra, matizada pela crueldade mais perversa e pela deslealdade absoluta, com o comprometimento óbvio de vastos escalões da hierarquia e até da estrutura sindical correspondente.

Isto deveria fazer extinguir o inteiro corpo de magistrados do Ministério Público e servir a enunciação de infracções que um novo estatuto dirigido a tais funções não pode deixar de prever. Importa não esquecer que os implantes de gente do MP em toda a estrutura do Ministério da Justiça, agravam as coisas.

A entrega das prisões a Celso Manata, por exemplo, outro fenómeno do MP (que declarou ter sido feliz ali, coisa em que acredito como manifestação de perversidade confessada) deve fazer reflectir sobre o perigo (para toda a gente) de titulares de acusação que podem dispor de polícia própria, que podem seleccionar o tribunal de instrução (podem escolher o fiscal dos seus actos) e têm um dos seus a controlar as cadeias (onde se morre mais do que nas prisões turcas, o que talvez integre um dos motivos da felicidade confessada de Celso Manata).

Gente infectíssima, esta. Lumpen com becas. De uma grosseria insuportável. Repulsivo, tudo isto. E aflitivamente dispendioso, para mais.

O perfil da Senhora Procuradora Geral é um digno documento instrutório da questão. Filha de magistrado director da PJ com uma reputação conhecida (e irmã de magistrado do mesmo corpo) é bem o exemplo do significado prático de famílias inteiras alojadas nas estruturas organizacionais do Estado.

E também isto tem que acabar, evidentemente. Se acaso puder alguma vez ter existido, confirmação que – já agora – conviria fazer e para a qual é necessário examinar a independência efectiva dos diferentes decisores que determinaram tais carreiras desde o ingresso.

Repulsivo isto, insisto. E o problema é que – como bem se demonstra – isto faz repulsivo tudo aquilo em que tocar. O país inteiro, em última análise.

Não pode ser.

Por Joseph Praetorius

6 pensamentos sobre “Repulsivo

  1. Concordo plenamente, e por estas e por outras que toda a gente fala da justiça Portuguesa,nao sei se Socrates tem culpas no cartorio ou nao, mas esta e a justiça que temos,juizes,sindicalistas,e fugas do ministerio publico para os media dizem tudo e uma vergonha

  2. O comentário não convoca a superioridade intelectual manifesta do comentador. Achei desprimorosa a alusão à família da magistrada visada. É um exemplo de narrativa verrina e venal, de um coração pesado e pouco pacificado. Há limites para a quantidade de sofrimento sentida. O comentador devia trabalhar o seu. Cumprimentos.

  3. O mais grave será o comportamento dos legisladores pois, os partidos políticos
    não encaram a situação de frente limitam-se a dizer à justiça o que é da justiça!
    Pior, nos orgãos que fiscalizam os magistrados CSM têm assento nomeados pe-
    los partidos, quando foi apreciado o caso do “super” juiz Alexandro faltaram os
    dois representantes do PS e, o apreciado foi salvo por um voto!

  4. JUNTO-ME, SEM RÉSTIA DE DÚVIDA, A TODOS QUANTOS PEDEM E EXIGEM UMA REVOLUÇÃO NA JUSTIÇA. SEPARAÇÃO DE PODERES SIM, BANDALHEIRA NA, E, O QUE SE ESTÁ A PASSAR É AUTÊNTICA BANDALHEIRA.
    SILVAMAGUS@GMAIL

  5. Este ‘jornalista’, parece que está com medo de alguma coisa. É que não faz sentido qualquer forma de desculpas ou crítica, a qualquer investigação que se faça a tão nojento personagem, que não hesitou em prejudicar a própria pátria, em benefício próprio. Como dizem no Brasil : Se gosta dele, leve-o para sua casa. É que, como já não está apto a corromper ou ser corrompido, talvez se dedicasse a roubar-lhe o recheio. Mas isso, vc não queria, certamente. Pois eu então não gostei que ele delapidasse o dinheiro dos PORTUGUESES, Veja lá ! Quem pagou isso tudo fomos NÓS, os contribuintes. (Incluindo as despesas do processo).
    Repulsivo ? Repulsivo é o senhor, a tentar entravar a investigação ao maior vigarista que jamais houve em Portugal. (Ressalvo Alves dos Reis)

  6. Este artigo diz tudo que gostaria de dizer porque ,primeiro vamos ficar sem saber se a acusação é justa e depois o acusado só no céu vai ter chance de um julgamento justo
    Que estranho estado de direito este!

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