“OS LOURENÇOS QUE SÃO CAMILOS”

(Joaquim Vassalo Abreu, 15/04/2017)

camilo lorenço, parvo, lambe botas (1)

Antes que decidissem acusar-me de ser ofensivo e sei lá que mais, eu resolvi alterar o titulo deste texto e, em vez de o destinar a um dromedário apenas, procurei ser mais abrangente e não me ficar apelas pelos “Areias”, como na canção juvenil.

Eu sei que o Lourenço não tem culpa de ser Camilo, tal como os “Areias” não têm culpa, sendo “Areias”, de ser apelidados de “camelos”.

É que na minha terra, Esposende, para além de muita areia, desde as extensas praias da Apúlia ao Ofir e até à foz do Cávado, retomando na de Esposende, Marinhas, Mar, Belinho e São Paio de Antas, vejam só quantos quilómetros de areia, há também muitos “Areias” e não consta que algum seja Camilo! Eu conheço os Areias Miranda, os Ferreira Areias e vice versa, os Areias Amaro e vice versa também, os Rodrigues Areias e vice versa ainda e, Camilos…nada!

Mas conheço uns Camelos! Sim, mas Camelos de verdade. O Sr. António Camelo, o dono dos conhecidos Restaurantes Camelo, em Meadela- Viana do Castelo e Apúlia-Esposende, por exemplo, que fez questão de registar mesmo o nome de Camelo como nome próprio. Mas estes Camelos, Camelos a sério, que conheço e até fiz há uns anos umas férias com o Sr. Camelo em Cabo Verde, são mesmo Camelos e não “Camilos”!

Fique claro, portanto, que não há aqui lugar para quaisquer comparações. Estou a falar de “Camilos” e não de “Camelos”, certo?

Agora, se alguém achar que o Camilo é um “Camelo”, isso é lá com ele. Eu preferiria que dissessem assim como o tipo é burro como um camelo”, como dizia um tio meu, o meu Tio Nel de boa memória, o Homem mais engraçado que conheci e que, tendo uma consideração e admiração incomensuráveis pelos filhos do nosso Pai, de quem era tio mas, dada a reduzida diferença de idades, foram educados como se irmãos fossem, quando algo dizíamos que não sabia ele, um perfeito perito na arte vernacular, arrancava uma palavra desse seu extenso dicionário e desabafava: Eu sou burro como um camelo”! E a gente ria e ria… É que ele nem era uma coisa nem outra: utilizava essa figura linguística para nos valorizar e para exacerbar os nossos conhecimentos e, mais, o seu extremo orgulho em nós!

Aliás, convém também esclarecer bem a inultrapassável diferença entre um “burro” e um BURRO! A menos que “burro” seja alguém que se queira armar em BURRO! Mas, como um dia escrevi, BURRO é mesmo BURRO, e não admite comparações (Já foi escrito há muito tempo, mas podem aqui recordar aqui), e a coisa mais deprimente que pode haver é ver um “burro” querer armar-se em BURRO!

Eu sei que o nosso Tio Nel quando desabafava e dizia” Eu sou burro como um camelo, também poderia dizer “Eu sou camelo como um burro”, e aí, por muito que não vos pareça, as coisas mudavam um pouco de figura porque, enquanto na primeira proposição ele dizia logo que o “camelo” era um “burro”, porque a ele o estava a comparar, aqui a ordem inverte-se e o “burro” é que passa a ser um “camelo”. Confusos? Não estejam pois, afinal, se pensarem bem, é mesmo muito simples e, atentos ao título, onde os “burros” são poupados, ele apenas refere Lourenços que são Camilos! Porquê? Porque há muitos Lourenços que não são Camilos, como também haverá por aí Camilos que não sejam Lourenços! Mas há quem acumule e, sendo Camilo, queira armar-se em “BURRO”, quando de “burro” não passa.

E isto porque ele pensa ser um resistente! Os cépticos, as pitonisas, o da SIC, o da Santa Madre Igreja, o João Jardim, corem, os da Europa, dizem que até as agências de rating, o INE, o Banco de Portugal e o Banco dos Bancos até…todos estão a curvar-se e a admitir que o raio do Costa, do Centeno, do Nuno Santos, da Catarina e do Jerónimo e aquela “jiga-joga” que inventaram afinal funciona…todos! Todos? Todos menos o Camilo, que por acaso também é Lourenço…

Porque tudo continua a ser muito perigoso, diz ele! E é, eu confirmo. Tudo pode, de repente, ir por água abaixo, diz também! E pode, eu também confirmo. E a continuarem estes desequilíbrios, iremos prosseguir em areias movediças! E não é que também concordo? Mas apenas porque anda por aí um “burro”, mas este mesmo “burro” e à solta, que pode fazer explodir com todas as suas e as nossas teorias. Tão só e não é nada despiciendo.

Pois é, eu até concordo com todos os seus receios, mas há uma grande diferença entre o que eu penso e este Governo e esta maioria pensam e o que ele julga: é que, para ele, o mundo deve ser, com todo o devido respeito por esse nobre animal, como o do “burro”! Onde este, por mais estóico que seja, por mais arretar que arrete, por mais que finque os pés, nunca deixará de ser animal de carga!

Mas, para nós, o Mundo pula e avança e só pode retroceder quando já avançou, quando foi empurrado pelos ventos da História, contra a resignação de ser-se “burro” e nunca conseguir ser um BURRO a sério, por muito que pense que o é.

PS- Que quer dizer, depois do que vou dizer, “pense bem”! É que, voltando ao nosso Tio Nel, uma vez numa Feira no Alentejo, um compadre estava desanimado pois o seu animal tinha estacionado e nem para trás nem para a frente! Não havia quem o conseguisse mover um centímetro que fosse. Até que chega o Tio Nel de cigarro na boca e, rindo-se, disse lá para os compadres: sois mesmo uns “trouxas”! Pega na “pirisca” do cigarro e mete-a no ouvido do animal…

Acho que o compadre não mais o apanhou… Percebeu Lourenço?

COM VOTOS DE BOA PÁSCOA PARA TODOS!


Fonte aqui

3 pensamentos sobre ““OS LOURENÇOS QUE SÃO CAMILOS”

  1. Olá (quase) vizinho… Vamos lá a acertar…quando vens de Esposende SAIS, nas pontes que atravessam o Lima, PRÁ DIREITA…. Se saíres pela ponte antiga, viras à direita em direcção à Meadela… Se saíres pela ponte nova, sais na Meadela e viras à direita em direcção a SANTA MARTA DE PORTUZÊLO…é lá que está o restaurante Camêlo…. Quanto ao (resto) texto…continua…espero ler-te mais vezes. Cpts josé carvalho

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