O lento declínio da Europa

(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 24/03/2017)

nicolau

Esta semana foi péssima para a Europa: mais um atentado, desta vez em Londres, causando 5 mortos e dezenas de feridos; e mais uma prova da crescente divisão entre o norte e o sul, através das declarações lamentáveis do presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Diojsselbçoem, dirigida aos países mediterrânicos.

Na altura em que a Europa comemora o seu sexagésimo aniversário, são cada vez mais evidentes os sinais de desagregação da mais ambiciosa construção político-económica da história da Humanidade, idealizada por Robert Schumann e Jean Monet.

Sendo o Brexit a prova mais clara das forças centrífugas que se instalaram na União, outras se lhes juntam, nomeadamente as que vem da Polónia e da Hungria, onde as ideias extremistas ganham terreno e ameaçam arrastar outros por caminhos duvidosos onde os nacionalismos recrudescem e as velhas querelas que dilaceraram a Europa em duas guerras mundiais voltam á superfície.

Quem trabalha em Bruxelas afirma que o declínio se sente nas instituições comunitárias e na estagnação latente da Comissão Europeia. E há quem afirme: “amigo, isto parou no tempo e no espaço”. E quem assim fala trabalha há mais de 30 anos no coração da União.

São assim cinco os males que enfrenta a União Europeia: a divisão entre o norte e o sul; os riscos de desagregação, que aumentaram exponencialmente com o Brexit; uma deriva populista e autoritária que vem ganhando adeptos crescentes; uma guerra não declarada instalada no seu território e que faz vítimas em Madrid, Londres, Bruxelas ou Paris; e uma incapacidade de tomar decisões económicas em conjunto para relançar o crescimento ou para resolver a questão das dívidas soberanas.

A isto junta-se um panorama político mundial altamente volúvel: uma liderança errática e autocrática nos Estados, uma liderança matreira e agressiva na Rússia e uma liderança emergente e cada vez mais presente da China. Em relação a estas realidades, a Europa parece vogar ao sabor das surpresas e dos acontecimentos, com as respostas a serem individuais e não tomadas de posição colectivas.

Por isso, colocar a questão de saber se a União caminha para um declínio inexorável não é despicienda. Tudo parece apontar para aí, embora não seja de ignorar a resiliência que a EU já demonstrou ao longo de diversas crises. E pode ser que a aguda consciência que o mundo que se lhe seguirá será bem pior que o atual sirva para travar o que se apresente de momento como um inexorável declínio.


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3 pensamentos sobre “O lento declínio da Europa

  1. Pois é caro NS….
    …é a vida!
    Houve em tempos um português, que usou esta expressão e hoje está à frente da ONU (e já com alguns problemas para poder agradar – ou para não desagradar – aos yankees agora chefiados por um mentecapto), depois de ter organizado, com elevado esmero e pessoal interesse no desempenho, a grandiosa (arregimentou todos os fascistas saudosistas, e eram muitos os apoiantes do salazar e do caetano, até aos milhares de portugas que acreditavam que os comunistas comiam criancinhas e matavam os velhos, passando, obviamente, por todos e todas que queriam manter o sistema capitalista, doa quem doer) manifestação de 19/07/1975 , na Alameda D. Afonso Henriques em Lisboa, que foi o embrião da queda dos governos de Vasco Gonçalves (e a democrática solução de o substituir pelo ilustríssimo almirante pinheiro, o tal que, da varanda principal da AR, teve a brilhante, lúcida e adequada (aos “políticos ilustres capitalistas) capacidade de mandar “BARDAMERDA” os trabalhadores da construção civil, mas continuou no cargo porque para essa gentalha dos capitalistas (de que é exemplo acabado esse holandês de merda que agora evacuou a “do putas e vinho verde” dos “solistas europeus”) que o nomearam e apoiaram (alguns de fachada socialista – um nobre e sublime ideário que tarda em substituir o capitalismo, esse hidiondo sistema que há mais de 400 anos vem contribuindo para a dramática situação em que se encontram o planeta Terra e os povos que o habitamos -, outros de fachada social-democrara – um renovador e regenerador movimento social e político de inspiração marxista com mais de 100 anos de existência -, outros de fachada socialismo-humanista que nunca ninguém soube o que é, mas que o prof. Diogo, e os seus correligionários mais próximos ao tempo – o coitado do nuno melo ainda era petiz, e gajo das feiras e dos submarinos, ainda na irreverência, tinha outros interesses…), viria a tornar possível o 25.11.1975, urdido pela surra por esse “democrata” de Alcains que, agora se lamenta que “graças a Deus está sem problemas de maior na vida, mas teme pelo futuro dos netos”, quando os pais destes estão bem colocados e melhor remunerados em empresas onde os “amigos mandantes” (e directos herdeiros das benesses trazidas com esse golpe militar que deu honras ao defunto jaimito neves) entendem que devem pagar o favor deste militar (que não fez parte do 25 de ABRIL e nem, sequer, soube da sua existência senão depois da rádio o anunciar a todo o mundo, e por isso, para se vingar, saneou mais de 400 camaradas “perigosos comunas” mas wue arriscaram a vida no 35 de Abril, os tais das criancinhas e dos velhos…) que foi o rosto da interrupção da Gloriosa Revolução de ABRIL e do consequente restabelecimento do hediondo sistema capitalista.
    E esse dito portuga, hoje à frente da ONU, viria a ser PM, quase conseguiu a primeira maioria absoluta do partido dito socialista pois faltou apenas 1 deputado, mas que nem por isso, não obstante os “almoços não grátis” onde sempre estava presente “o queijo limiano”, levou, com a sua admirável governança, Portugal para “um autêntico pântano”, mas que, em vez de se esforçar, com trabalho e empenhamento (como tão bem soube utilizar na referida manifestação), para “drenar as águas pantanosas”, tomou a decisão de “abandonar o barco”, e os outros (os Zés Portugas, claro, coitados, que, para além de pagantes, só são merecedores “de tudo” durante as campanhas eleitorais) que se lixassem com um F maiúsculo, tendo entregue, de não beijada, o governo à direita.
    Era o tempo dos “do arco”, dos da alternância sem alternativa, nos comandos do capitalismo desenfreado, com a CR de 1976 (por ventura a mais progressista do mundo e sofragada pelo voto de mais de 92% dos portugas com direito ao voto) revista as vezes necessárias a que o capital pudesse pôr a pata no pescoço do Zé (e agora o Nicolau Santos, e mais uns quantos Nicolaus, queixam-se que a “coisa” começa a ficar negra.
    Mas ó Nicolaus, olhem que a saudosa Natália Correia, longe, muito longe mesmo, de ser uma Rosa Luxemburgo (a do SOCIALISMO OU BARBÁRIE), já alertava para a miséria e subserviência a que a integração de Portugal na então CEE iria conduzir Portugal!?!?….
    E o Carlos Carvalhas? ó Nicolaus?….
    E o Eugénio Rosa?….
    E o Otávio Teixeira?…
    E a Ilda Figueiredo?…
    E a, …?…. e o ….?…
    Bom, tá bem, ó Nicolaus, eu sei, estes e estas são comunas e as nossas criancinhas e os nossos velhos podem morrer de fome e subalimentação com as “coelhadas” e as “troikadas”, agora acabar com o sistema capitalista e substituí-lo por outro sistema melhor como, historicamente terá que acontecer, isso NUNCA porque não era isso que Robert Schumann e Jean Monet pretendiam e eles é que sabiam “da poda”, pois claro!…
    Só que, no planeta Terra, por fome e subnutrição, em cada minuto que passa, morrem 17 crianças, e hoje as organizações internacionais, dedicadas a estas dramáticas situações a que o sistema capitalista está a conduzir a humanidade, acabam de alertar para o facto de, só em 3 países africanos – Somália, Sudão e Nigéria, salvo erro -, estarem mais de 20 milhões de pessoas em risco de morrer de fome!?!?….
    20.000.000 !… porra, ó Nicolaus, tenham lá paciência, é muita gente, seres humanos com vocês, como eu, que vão morrer de fome, porra!…e só naqueles 3 países, xiça!….
    Afinal o que precisam vocês (os que têm o privilégio de escrever para informar) mais que aconteça para falarem a verdade, estas verdades, estes factos, estas constatações, pois verdades puras são e não defeitos, ó Nicolaus!…
    E, já agora, também, ó Estátuas?… Quando?…
    Do que é que precisam que mais aconteça para começarem a desmascarar o sistema capitalista????….
    Quando chegar a Vossa vez, é?!?!….
    Não esqueçam do que aconteceu ao Bertolo Brest, tá!?!?!…

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