Lobo Xavier na aldeia da roupa branca

(Por Estátua de Sal, 02/03/2017, 0 horas)
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Estive a ver a Quadratura do Círculo. Mais uma vez Lobo Xavier parece uma lavadeira de Caneças, a tentar lavar mais branco a actuação de Paulo Núncio. A gente desculpa-te a solidariedade com o teu colega de escritório. Pareces um advogado a defender um criminoso. Cumpres o teu papel.
Mas a gente não te desculpa que nos queira tomar por parvos e que digas que os Ministros das Finanças são uns tótós, que não sabem nada do dinheiro que sai para os offshores. A gente não te desculpa que elogies o carácter de alguém que só à terceira vez, e forçado, conseguiu assumir a responsabilidade pela decisão que tomou de ocultar do público a fuga enorme de capitais para o estrangeiro durante a governação PSD/CDS. Que o defendas, vá que não vá. Mas que o queiras pôr num pedestal não é só ofensivo para os que te ouvem, é a prova do teu conluio com o visado e com os interesses daqueles que ele quis proteger. Por isso, a tua defesa do Núncio, não vale nada, vale zero.
Se fosses um homenzinho, e por consciência ética, tinhas pedido escusa do programa de hoje por não poderes, por a causa te ser tão próxima, comentar o tema com o mínimo de imparcialidade.
Mas como a procissão ainda vai no adro, como diz o Jorge Coelho, e vai andar na berra durante muitas semanas, o melhor mesmo é demitires-te da Quadratura, ou no mínimo, pedires licença sabática por tempo indeterminado.
Ficava-te bem mas duvido que o faças. Não vais perder essa tribuna de onde asperges o país com pacotes em barda de detergente.

 Nota: quem não assistiu ao programa pode vê-lo no link abaixo:

5 pensamentos sobre “Lobo Xavier na aldeia da roupa branca

  1. Hoje vi um figurao a fazer a triste figura de tentar justificar o injustificavel simplesmente psra defender o correlegionario

  2. O mais engraçado desta tralha toda dos «offshores» (estamos todos «offshore»…) é a inutilidade funcional do capital financeiro que para lá vai… Ou melhor, «serve de corda para nos enforcar» (ou de «espada de Damoclçes»…), mas disso fala-se muito pouco.

  3. Vi também a “Quadratura” com o interesse expectável.
    Vergonhoso, aviltante – é o que posso dizer da intervenção de A. L. X. Tanto mais vergonhoso e aviltante, quanto a própria linguagem corporal – não sou especialista – parecia trair algum constrangimento. Subscrevo todas as sílabas deste “artigo” (02/03/2017). Que o advogado defenda conforme possa o seu constituinte, ainda que com algum contorcionismo, é questionavelmente curial. Que um comentador tente explicar este “nunciamento”, justificá-lo, promovê-lo, elogiá-lo, apresentá-lo como modelo de conduta, isso já cai fora do mundo. Se a atitude do visado Paulo Núncio for considerada “elevação de carácter”, só pode sê-lo depois de esse carácter ter descido muito, muito baixo, muito abaixo da lama e do esterco. Espero que Passos e Maria Luís o tenham gratificado da maneira mais conveniente.
    Era elementar quer A. L. X. se eximisse de comentar o caso do seu colega; era elementar que não participasse nesse programa, ainda que fosse justificado com atestado médico – haverá por aí, ainda, algum médico venal? Agora, fazer aquela figura, depois da figura de quadrilheira a que já se tinha prestado na história do SMS, isso já cai fora do mundo. Conseguiu fazer o pleno. Conselheiro de Estado com erro de casting? Já tivemos um que chegue.
    Estou que este Lobo, quando houver de se apresentar ao barqueiro de Mestre Gil, há-de ter a declarar na sua taleiga “seiscentos virgos postiços … três armários de mentir / e cinco cofres de enleios, / e alguns furtos alheios, / … com dous coxins de encobrir.” Com a agravante que não estou a ver o dramaturgo a ter com este Lobo tanta complacência como ainda teve com Brízida Vaz, que tivera de “fazer pela vida”, coitada.
    Enquanto via Lobo Xavier naquela constrangedora arenga cheia de brotoeja, só me vinha à cabeça aquela anedota um tanto soez do fidalgote parvinho que decidiu assumir um descuido flatulento da marquesa anfitriã no sarau do paço e saiu-se “airosamente”: “Este peido da senhora marquesa, não foi a senhor marquesa que o deu, fui eu”.
    Uma trampolinice como esta de Lobo Xavier na Quadratura do Círculo — ou é de totó ou é pulhice.
    António Lobo Xavier nunca me pareceu totó.
    Gostaria de lho dizer pessoalmente, mas sei que vozes de burro não chegam àquele céu.

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