O LIVRO

(José Gabriel, in Facebook, 16/02/2017)

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O livro de Cavaco Silva, além de não ter qualquer garantia de verdade dos seus conteúdos – dado o autor, muito pelo contrário – é um golpe na fiabilidade da própria instituição presidência da República. A própria proclamação de Cavaco segundo a qual este livro é “uma prestação de contas aos portugueses” é – pela incapacidade do autor admitir o risco de subjectividade, considerando o texto completamente “objectivo” – a primeira e mais óbvia prova do pechisbeque político-literário que nos é oferecido. Mas os efeitos situam-se a outro nível. Quem estará disposto, agora, a ser completamente franco nas conversas reservadas com o presidente? Não que uma tal incomunicação – chamemos-lhe assim – impeça mistificações futuras, já que quem escreve este tipo de memórias mente quando e no que quer – sem ter, sequer, no caso presente, o mérito da qualidade literária. Mas, pelo menos, não será fornecido combustível para putativos incendiários políticos. Dir-se-á que Cavaco não tem credibilidade para provocar grandes prejuízos com as suas inconfidências e a parcialidade da sua narrativa. Mas o mal está feito e haverá sempre quem vá espojar-se neste material.


O sistema semi-presidencialista português tem os seus inegáveis méritos. Mas nem ele resistirá a muitos mais Cavacos e respectivas cavacadas.

E se Cavaco Silva quer mesmo prestar contas ao país, todos temos imensas perguntas a fazer-lhe que nada têm a ver com este desleal e sujo exercício de quadrilhice institucional.

4 pensamentos sobre “O LIVRO

  1. Além de publicar conversas privadas, coisa que dizia como PR, não fazer, há outro aspecto pior. Se o Sócrates estava a fazer tanto mal ao país, porque não o demitiu ?

  2. Por considerar Cavaco um homem pequeno, que não serviu o Pais mas serviu-se deste e distribuiu benesses pelos amigos, não vou perder tempo com a leitura e muito menos dar dinheiro a ganhar para engrossar a pensão de reforma e os lucros de negócios de “sorte” com aplicações como as do BPN.
    Mais grave do que tudo isto é o facto de, a serem verdadeiras as transcrições das conversas, esse senhor ter posto em causa a confiança que deveríamos depositar no órgão PR.
    Não foi por acaso que a sua popularidade ficou de rastos quando deixou de ser PM e muito mais enquanto PR.
    Pena foi que a imprensa e a campanha promocional tivessem lavado a sua imagem e que o erro tactico de Sócrates tivessem contribuído para a vitória eleitoral desta figurinha

  3. Faltava este exercício de alcoviteira póstuma para esculpir definitivamente o perfil de Cavaco como o ser mais mesquinho da política portuguesa no pós-25 de Abril.
    ….
    … “desconfiava de Sócrates” .. mas nunca desconfiou dos seus amigos e conselheiros Duarte Lima e Dias Loureiro …
    …”desconfiou do negócio da PT” … e certamente por isso condecorou o Zeinal Bava e o Henrique Granadeiro …
    Apanha-se mais depressa um mentiroso que um coxo ! criatura mais reles !

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